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sábado, 13 de dezembro de 2014

Memórias de Estudante III - Os Idiomas


O ITALIANO


Hoje é um dia especial como aluna do curso de italiano: o recebimento do Certificato di Conclusione dei Corsi de Lingua e Cultura Italiana. Passo a relembrar o primeiro dia de aula, no tempo em que as aulas eram realizadas no prédio da Sociedade Italiana, os colegas que estudaram comigo no decorrer de todos estes anos, sendo que alguns deles desistiram no meio do caminho, outros tantos se formaram antes de mim, pois me afastei em determinados períodos, além daqueles poucos com os quais ainda mantenho contato. É hora também de evocar a sabedoria dos mestres que acompanharam esta trajetória, assim como de homenagear o nosso saudoso mestre dos cursos de culinária na Sociedade Italiana, Professor Francesco Rosito, que desvendou para nós um pouco dos segredos dos sabores da Itália. 


A nossa turma do último semestre do curso, tendo ao centro o Prof. Alessandro Andreini


Comecei a estudar o italiano, um tanto tardiamente, influenciada pela origem de meus antepassados maternos, ou seja, dos genearcas italianos, que foram o meu avô, pai de minha mãe e o meu bisavô, pai de minha avó. Comecei sem grandes pretensões, com o intuito de conhecer o idioma e conseguir ler textos em italiano, principalmente os registros de cartório a serem pesquisados. No longínquo mês de agosto de 2007, comecei o curso na ACIRS – Associação Beneficente e de Assistência Educacional do Rio Grande do Sul, com aulas na Sociedade Italiana até o 5º Nível. Depois da abertura de outra sede da escola, desta vez nas proximidades da Sociedade, as aulas passaram a serem dadas no novo local da Av. Oswaldo Aranha. Neste ano de 2014, esta última sede encerrou as suas atividades, transferindo-se para um prédio próximo, com maior capacidade de atendimento, situado na mesma avenida.  



A Sociedade Italiana do RS inaugurada em 10/09/1908


A Sociedade Italiana, localizada na Rua João Telles, nº 317, no Bairro Bom Fim em Porto Alegre, foi instituída no ano de 1893, inicialmente com o nome de Sociedade Bella Aurora, pelos italianos Giuseppe Bellebon, Pietro Guzzi, Pietro Dalla Riva e Giorgio Bianchin, com o intuito de dar apoio aos imigrantes italianos que chegavam à cidade, com poucas condições financeiras e sem terem lugar para pousar. Assim sendo, a Sociedade funcionou como escola para os filhos dos imigrantes, albergue e centro cultural. Provavelmente, o embrião desta entidade tenha sido a Scuola Italiana Campo da Redempção, que foi fundada em 11/11/1893. No ano de 1896, a Sociedade passou a se chamar Società Italiana di Beneficenzia e Istruzione Princepessa Elena Di Montenegro, em homenagem a esta princesa que se casou com o rei Vittorio Emanuelle. Nos anos 1950, a denominação em português passou a ser Sociedade Italiana de Beneficência e Instrução Elena Di Montenegro. No ano de 1961, o nome foi mudado para Centro Ítalo Brasileiro e, nos anos 1990, foi alterado para Sociedade Italiana do Rio Grande do Sul, que é a atual denominação. Atualmente, a Sociedade realiza atividades sociais, culturais, gastronômicas e de ensino da língua italiana.



A cerimônia de entrega dos Certificados de Conclusão na ACIRS



A Associação Beneficente e de Assistência Educacional do Rio Grande do Sul, fundada em 22 de julho de 1991, é uma sociedade civil e privada, sem fins lucrativos, que tem como objetivo principal o de divulgar a língua e a cultura italianas, a fim de que os descendentes encontrem sua identidade histórica e social, através da promoção de cursos, seminários, exposições e outras manifestações culturais (Fonte: site da ACIRS).

Frequentei as aulas de italiano, mas fazendo paradas estratégicas, às vezes para estudar outra língua, outras vezes por motivo de viagem. Houve semestres fáceis, outros mais difíceis, mas este é um fato normal no estudo de línguas. O italiano tem as suas peculiaridades e, à medida que estudamos o idioma, este vai se tornando cada vez mais complexo. O ideal é procurar inserir a língua no nosso quotidiano: nas leituras, nos filmes, nas músicas e, sobretudo, nas viagens para este belíssimo país chamado Itália... 

E o tempo passou. Chegou, finalmente, a tão esperada conclusão do curso no ano de 2014, que teve a cerimônia de entrega dos certificados na novíssima sede da ACIRS, que ainda nem conhecíamos. Neste sentido, fomos os pioneiros nesta nova fase da escola. Mas o estudo deverá continuar. Este foi apenas o fechamento de mais um ciclo...



Na despedida da ex-sede da ACIRS, com os colegas e professor do último nível


sábado, 1 de novembro de 2014

Memórias de Estudante III - Os Idiomas


O FRANCÊS


O gosto pela língua francesa é uma coisa bem antiga. No meu tempo, ensinavam o francês no Colégio Sévigné. Não sei se ainda continuam a ensinar este idioma. Na época em que fazia o curso de Geografia na PUC, no ano de 1978, matriculei-me na Aliança Francesa, cuja antiga sede era na Rua João Manoel, quase esquina com a Rua dos Andradas em Porto Alegre. Naquela época vigia o método “De Vive Voix”, que não me agradou nem um pouco, pois para mim era importante apreender ao mesmo tempo a pronúncia, o significado e a escrita, diversamente do que nele acontecia.

Anos mais tarde, voltei à Aliança Francesa, lá estudando entre os anos de 1994 a 1999. Faltavam apenas dois semestres para completar o curso básico de quatro anos, que coincidiram com uma época de turbulências na minha vida. O último semestre foi muito triste em termos de escola. Houve a venda da sede da Aliança para a escola de inglês Yazigi, a qual procedeu às reformas que se acharam necessárias, derrubando até mesmo paredes, paredes estas que foram as nossas salas de aula... As últimas aulas e o exame foram feitos no último andar, que ainda estava intacto. Neste mesmo andar, a Aliança continuou funcionando por mais algum tempo, mas as turmas de francês passaram a existir de uma maneira mais restrita, isto é, nem todos os níveis eram oferecidos a cada semestre. Aquele era o “nosso espaço” que estava deixando de existir. Vão ficar as saudades do Bar da Aliança, tão aconchegante e com acesso a um pequeno terraço, das aulas aos sábados, quando ali nos reuníamos para conversar e lanchar descontraidamente... 

Depois de um longo afastamento, voltei a estudar no Instituto Roche no ano de 2004, desta vez a partir do começo do curso. Foi neste período em que viajei pela primeira vez à França, seguindo um roteiro chamado Tour de France VI, que contou com a presença do Professor de Francês e Historiador Alexandre Aimé Ernest Roche. Aproveito este post para fazer uma homenagem póstuma ao eminente Mestre, embora não tenha sido sua aluna de francês diretamente. Ele faleceu, após uma longa jornada de vida riquíssima, na data de 21/12/2011.


Com o Prof. Alexandre Roche - Honfleur, Normandia, França, 2005

Nova parada. Os estudos de francês só retornaram a partir do ano de 2008, na nova sede da Aliança Francesa, de forma alternada com as aulas de alemão e de italiano, e até mesmo de inglês. Cheguei ao nível intermediário, entrando na nova nomenclatura de ensino europeia, que acabou ocasionando um descompasso, por motivos que deixo de referir, mas que me fizeram deixar para trás a Aliança Francesa, talvez para sempre... Quem sabe algum dia volte a estudar esta língua que me acompanhou desde os bancos de escola, e que é tão bonita e sonora... 


Uma das turmas da Aliança Francesa - Porto Alegre RS, 17/12/2011



Memórias de Estudante III - Os Idiomas


O ALEMÃO


Estudar o alemão veio com uma conseqüência natural dos meus estudos sobre a genealogia de meus antepassados. A proposta inicial era compreender os textos que acessava pela internet, não tendo a menor pretensão de dominar este difícil idioma. Penso que me faltou a familiaridade desde a infância com o alemão, essencial para ultrapassar os momentos difíceis do aprendizado. E as dificuldades são muitas... Aliada àquela premissa, um incentivo a mais para aprender o alemão foi a amizade que iniciei com Fridolin Feil da cidade natal dos meus antepassados, embora me comunicasse com ele através de uma tradutora. No mês de março de 2007, ingressei no 1º semestre no Instituto Goethe. Tive certa dificuldade em me adaptar, mas o semestre foi concluído com boas notas. Um ano depois, concluí o 2º semestre, mas não com menos dificuldades.


Instituto Goethe - 2007


Achei que fosse desistir de vez, mas, no ano de 2009, optei por fazer um semestre à guisa de revisão na Escola Up de Idiomas e, no início de 2012, um semestre no NELE/UFRGS, com aulas no Campus da Agronomia. De lá para cá, deixei o aprendizado de lado. Mas os livros estão lá na estante em compasso de espera... Às vezes, reconheço palavras do alemão aqui e ali na internet, provando que nem tudo é realmente esquecido... 



Memórias de Estudante III - Os Idiomas




O INGLÊS

O inglês vem dos tempos do Colégio Sévigné, cujas aulas começaram no curso ginasial. Como este idioma vive no nosso dia a dia, é muito mais fácil de memorizar e compreender o seu vocabulário. Naquele tempo, o inglês era a linguagem das músicas. Como estava na minha fase musical, tinha certa intimidade com o idioma. Cursei até o 4º semestre do Cultural (ICBNA), nos tempos do 2º Grau em 1973, fazendo antes um teste de conhecimentos da língua para o ingresso.

Bem mais tarde, nos anos de 2006 e 2007, matriculei-me no curso da FARGS, na Rua Mal. Floriano, descendo o Colégio Sévigné, que oferecia cursos de línguas para o público externo. Cursei três semestres e gostava de frequentar as aulas. As turmas eram pequenas e, com isto, o ensino era bem produtivo. Mas 2006, de certa forma, foi um ano traumático para mim na área do trabalho, quando tive que me adaptar a uma determinada situação que gerou muito estresse. Cursar o inglês foi uma forma de compensação. No mês de agosto de 2007, depois de um teste de nivelamento, retornei ao Instituto Cultural, matriculando-me no Prime 2, um curso dado de forma mais acelerada. Ia às aulas no período da noite. Quando se trabalha, é difícil continuar a estudar levando-se em conta os sacrifícios e renúncias que temos que fazer. Foi assim que o inglês parou por aí...





Memórias de Estudante III - O Desenho




No passado gostava de rabiscar algumas coisas parecidas com desenhos, mas não cheguei a desenhar propriamente, como o fazem determinadas pessoas que já nascem com este talento. Os desenhos da minha infância eram os habituais produzidos pelas crianças. Nada tinham de extraordinário. Eram aquelas casas com chaminé fumegando, cortinas nas janelas, cercas em volta da casa, árvores em volta do terreno, nuvens esparsas no céu, um sol cheio de raios... Lembro-me que uma vez, numa turma de um ano qualquer do Colégio Sévigné, pediram que a gente fizesse um desenho, o que resultou posteriormente na visita de um vendedor de enciclopédias. Ele foi até a nossa casa, levando o meu desenho, para demonstrar que eu tinha “talento”, de modo que tal afirmativa impressionasse os meus pais a ponto de adquirirem os livros. Desenhei uma casa horrorosa, colorida de verde, certamente devendo ter gasto boa parte do lápis realizando tal proeza. A mãe meio que “esculachou” a minha obra de arte, dizendo que não via nada de mais, sabedora que tudo não passava de uma armação. A manobra do vendedor não dera certo...


Lápis Aquarela - 1998

Passado muito tempo, no ano de 1988, resolvi freqüentar um curso de desenho. Não estou bem lembrada, mas acho que se chamava Stylus a tal escola, situada na subida da Rua Dr. Flores, em direção à Av. Salgado Filho. No começo até que tudo ia bem. A minha professora era uma senhora chamada Ana e, se não fosse por ela, acho que teria continuado. Ela era muito crítica. Achava sempre que estava tudo torto. Só que, quando ela ia demonstrar como queria o esboço, eu achava que os traços dela não ficavam muito melhores do que os meus. A minha irritação era tanta que ela percebeu e passou a ser ríspida comigo. Acabei cancelando as aulas. Não tenho certeza, mas parte deste pessoal da escola passou a fazer parte da END, a Escola Nacional de Desenho, onde estudei depois. 


Carvão e Giz - 1988

Voltei às aulas somente em 1996, na END, que naquela época localizava-se na Galeria do Rosário. O meu professor chamava-se Fernando. Este foi um período muito produtivo. Ele era crítico, como todos os professores da área costumam ser, mas era legal e tinha muito talento. Ele gostava de trabalhar com histórias em quadrinhos. Nesta escola aprendi a usar grafite, nanquim, lápis-aquarela e os de cor, carvão, dermatograph, sanguina, conté e comecei a trabalhar com aquarela. Os meus temas preferidos eram as paisagens e as marinhas. Os temas mais odiados eram a naturezas-mortas e os objetos geométricos. A técnica que exige mais do aluno é a do nanquim. Mas pode ser dominada até a perfeição: é só não respirar nos momentos mais críticos...


Nanquim - 1997

Houve uma exposição, numa determinada época, em que os alunos da END participaram com suas obras devidamente escolhidas pelos professores. Não lembro onde esta foi realizada. Não fui até lá em função do meu horário de trabalho. Participei com um desenho a grafite, cujo tema foi escolhido e desenvolvido por mim, com a ajuda do meu professor. Era uma estátua de um grego junto a ruínas da antiga Grécia. Houve depois uma exposição dentro da própria escola, em que este e mais dois desenhos meus foram expostos. 


Grafite - Exposição 1996


O tempo passou. O curso devia durar cerca de um ano ou um ano e meio. Mas, quando chegou este suposto término, comecei a perceber que não era bem assim. Às vezes, os fins podem ser eternos... Não queria sair uma artista de lá, apenas ter o domínio básico das técnicas e receber o certificado da Escola. Por exemplo, eu via um colega de aula, bem jovem, que desenhava muito bem e que havia começado o curso antes de mim. Ele fazia aquarelas que nunca se acabavam, isto é, uma atrás da outra. Se ele que tinha talento estava naquela situação, imaginem o que aconteceria comigo? Mesmo largando o curso, continuei um bom tempo desenhando sozinha. O bom disto é que a gente escolhe o que quer desenhar, aquilo que contém um significado especial para nós. É horrível desenhar coisas por imposição. Apesar de tudo, valeu a pena ter lá estudado. 


Aquarela - 1998

Lembro-me, ainda, que costumava desenhar na Creche Cejuquinha, nas minhas horas vagas de Tesoureira, numa fase artística bem produtiva. Fazia as ilustrações para os meus poemas. Havia também aquelas vezes em que ficava desenhando nas férias, quando estava no apartamento da praia. Como foi bom aquele tempo... No ano em que escrevo estas memórias (2003), a motivação para continuar a desenhar ou pintar foi-se embora naturalmente. Quem sabe em algum dia do incerto futuro voltem a soprar os bons ventos da criatividade?


O que poderia dizer mais sobre a nobre arte do desenho e da pintura? Acredito que, lá pelas tantas, durante a realização da obra, o criador torna-se criatura. A obra é quem vai pedindo os seus traços, as suas sombras, os seus detalhes, definindo assim a sua misteriosa individualidade, como se fosse outro ser. É como se a intenção do artista deixasse de existir e, ao criar uma identidade para a obra, esta passasse a comandar o seu prosseguimento e a sua finalização. É como se a obra adquirisse vida própria! 


Para colorir a sua mente e o seu coração!



Texto escrito em outubro/2003 e revisado em novembro/2014.