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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Família Abarno 1ª Parte - Origens e Ancestrais Imigrantes











A ORIGEM DO SOBRENOME ABARNO 


O sobrenome italiano Abarno é de origem patronímica, derivando-se do nome pessoal do portador original do nome. Acredita-se que o sobrenome deriva-se de “Barno”, uma variação do nome Barnaba, que se deriva do latim “Barnabas”, o qual finalmente se deriva do aramaico Bar’ nabia, composto dos elementos “bar”, significando filho e “nabia” significando consolação. O nome Barnaba espalhou-se por causa da devoção a São Barnabé que, de acordo com o Novo Testamento, originalmente tinha o nome de José e, mais tarde, foi dado a ele pelos apóstolos o nome de Barnabas, ou Barnabé, no português. Portanto, o sobrenome Abarno significa “o filho ou o descendente de Barno” e é resultado do acréscimo da letra inicial “a” que se uniu à palavra.


Nota: nos registros civis mais antigos de San Fele, a grafia aparece também como Abbarno.



O sobrenome Abarno aparece nas regiões italianas da Basilicata, Lombardia e Molise
                                                                                                                       

O Brasão DO SOBRENOME ABARNO








AS ORIGENS


Os antepassados da família Abarno são oriundos da cidade de San Fele, Província de Potenza, na região italiana da Basilicata.



A CIDADE DE SAN FELE


San Fele teve seu início no ano de 969, não como uma cidade, mas como um castelo-fortaleza contra os Bizantinos. Foi-lhe dado o nome de San Fele, porque os primeiros construtores eram da cidade de Venosa (cidade da Província de Potenza) que foi erigida sob a proteção deste Santo. Do antigo castelo, existem apenas algumas ruínas. O criador e fundador do castelo foi Otto I da Saxônia. Após setenta anos da existência do castelo-fortaleza, surgiram as primeiras casas da aldeia, junto às suas muralhas. San Fele ergue-se sobre uma montanha a 937 m de altitude, entre os montes Castello e Torretta, na parte ocidental de Potenza, sendo um importante centro zootécnico, com grande potencial turístico.



Vista de San Fele


Localização de San Fele na Província de Potenza


Vídeo realizado por Alberto Nigro e colaboradores:






1881 - A EMIGRAÇÃO DE FRANCESCO ABARNO E DOS FILHOS VITOR (VITO) ABARNO E NICOLA ABARNO


A informação mais antiga de que se dispõe é a de que Vitor Abarno emigrou da Itália, chegando à América através do Rio da Prata no ano de 1874, estabelecendo-se na cidade de Salto, Uruguai. No ano de 1879, casou-se com a uruguaia Manuela Ygnacia Barbita Savia, filha de italianos, radicando-se, após o casamento, na cidade brasileira de Quarai RS. No ano de 1881, ele retornou à cidade-natal de San Fele, com a pretensão provavelmente de trazer a sua família para morar na América. Na listagem do relatório de saída da cidade de San Fele para a América do ano de 1881, constaram os nomes de Francesco Abarno e de quatro de seus seis filhos: 


Nº 1 - Abarno Francesco fu Carlo a. 60, figli Feliciana 45, Maria Emanuela 40, Giuseppe 32 cgto Angela Maria Trotta di Giuseppe a. 22, Vito a. 36, C. da Verdesca. 


Na verdade, todos estes membros da família Abarno não chegaram a emigrar, mas tão somente os que estão em negrito (recurso empregado no livro de onde foi retirado o registro, que neste texto está sublinhado). Este registro diz respeito ao trisavô Francesco Abarno, filho do falecido Carlo (a idade de Francesco conflita com outros documentos), a filha solteira Feliciana, que era costureira, falecida na data de 02/11/1882 em San Fele; Maria Emmannuela, freira, falecida em 10/12/1886 em San Fele; Giuseppe e a esposa Angela Maria Trotta (pai Giuseppe Trotta), casados em 05/02/1881, permaneceram em San Fele, onde tiveram doze filhos. Após o falecimento de Angela, Giuseppe casou-se novamente, falecendo este no ano de 1915 em San Fele. Vitor (Vito/Victor) era o filho de Francesco que morava na América (há também divergências com relação à sua idade). A Contrada da Verdesca ou Strada Verdesca ou Via Verdesca era o endereço onde os Abarno residiam. O grifo na relação (neste texto está sublinhado), conforme já explicado, corresponde aos emigrantes que realmente partiram: Francesco e Vito Abarno. 



As listagens desta pesquisa foram obtidas do Site da Sociedade San Felese de New Jersey, EUA, a qual se baseou no livro do Professor Pietro Stia, nascido e residente em San Fele, intitulado “San Fele La Grande Emigrazione”, que trata dos impactos culturais e econômicos que a emigração causou à cidade na segunda metade do Século XIX, incluindo também listagens de emigrantes, as quais foram parcialmente utilizadas pela referida Sociedade. A pesquisadora entrou em contato com o Presidente desta Sociedade americana, Sr. Thomas Frascella, o qual prestou alguns esclarecimentos importantes. Por exemplo, era uma prática comum as pessoas emigrarem em busca de trabalho nas Américas, não necessariamente para migrar em definitivo. Assim, os sanfeleses emigravam, voltavam a San Fele e retornavam ao continente americano seguidamente. Por esta razão é que algumas pessoas aparecem várias vezes nos relatórios de saída. Conforme Frascella, tendo em mãos o livro do Prof. Stia: “No livro alguns nomes estão realçados, os nomes em cada entrada e, às vezes, um ou mais dos sobrenomes estão em negrito. No caso de Francesco Abarno, de 60 anos em 1881, seu nome está realçado como o de Vito, de 36 anos, que também está em negrito, indicando que estavam saindo ou saíram juntos, segundo os registros da cidade naquele ano. Só estes dois nomes daquela entrada estão em negrito”.


No mesmo relatório de saída de San Fele vemos:


Nº 4 - Abarno Nicola di Francesco cgto Angela Maria de Vico fu Nicola, figli Maria Antonia 10, Francescantonio 4, C. da Verdesca.



Nicola Abarno, filho de Francesco, casado com Angela Maria de Vico (pai falecido Nicola de Vico), com os dois filhos sobreviventes (as outras três filhas faleceram na infância) e residentes na Contrada da Verdesca. Continua o Sr. Frascella: “No caso de Nicola Abarno, ele é único em negrito naquela entrada, então eu afirmo que ele deixou os outros para trás”. Obs.: o nome que estava em negrito neste texto está sublinhado. 


Nicola partiu sem a mulher e os filhos, juntamente com o pai Francesco e o irmão Vitor. Os três devem ter desembarcado no porto de Buenos Aires, pois os emigrantes normalmente entravam na América do Sul através do porto da capital argentina. Os registros de chegada de passageiros imigrantes pesquisados através de entidades especializadas abrangeram os anos de 1882 a 1960. Não foi encontrado até o momento o registro de chegada de Nicola Abarno, seu pai Francesco e o irmão Vitor, por não ter sido encontrada a listagem de 1881. Quanto ao Uruguai, consultado o Archivo General de la Nación, situado em Montevidéu, este declarou que somente possui uma base de dados sobre imigrantes entre os anos de 1840 a 1870. Informou, ainda, que no período de 1880 a 1900, houve um incêndio que destruiu praticamente toda a documentação migratória deste período.


Segundo relato de Leone Di Benedetto, genro de Nicola Abarno, este partiu para a América no ano de 1881 e, depois de residir no Uruguai, veio para o Rio Grande do Sul, onde exerceu a profissão de comerciante ambulante, fixando-se por último na cidade de Alegrete, na Rua Bento Manuel, esquina com a Rua Floriano Peixoto. Sua mulher e filhos ficaram esquecidos na Itália por muitos anos, contando estes apenas com o produto do trabalho de Angela Maria de Vico como meio de subsistência. Anos mais tarde, graças ao seu trabalho e ao auxílio de parentes, a família viajou para a América em 1887, a fim de procurar por aquele que os havia esquecido, e que já havia constituído uma família clandestina (Arquivo Público do RS, Ação de Sonegados, Nº 1921, Ano 1900, Alegrete, 24/08/1900).


Depois de chegarem à América, Nicola, o pai Francesco e o irmão Vitor foram para a cidade de Salto, Uruguai, onde a esposa deste último, grávida da segunda filha, Gavina Abarno, o esperava, ao lado da primeira filha, Angela Maria. Porém, Vitor possuía residência e negócios na cidade de Quarai no Rio Grande do Sul. Na certidão de nascimento da filha Gavina Abarno, cujo registro foi feito na data de 24/02/1882 pela sogra em Salto, Uruguai, esta afirma que o pai Vitor Abarno estava residindo na cidade de Quarai. Francesco e o filho Nicola acompanharam Vitor e sua família até esta cidade do Rio Grande do Sul, onde Nicola exerceu a profissão de comerciante ambulante. Em meados de 1882, Nicola radicou-se na cidade de Alegrete RS, estabelecendo a sua casa de negócios. Conforme o livro Gli Italiani Residenti in Salto, citado anteriormente, Vitor teria vindo morar em Salto neste mesmo ano. O pai Francesco provavelmente tenha acompanhado o filho neste retorno, antes de voltar à Itália em ano ignorado. No ano de 1887, trouxe à América a nora Angela Maria de Vico e os netos Maria Antonia e Francesco Antonio, filhos de Nicola Abarno.



1887 - A SEGUNDA EMIGRAÇÃO DE FRANCESCO ABARNO, A NORA ANGELA MARIA DE VICO ABARNO E OS NETOS MARIANTONIA E FRANCESCANTONIO ABARNO

Na listagem do relatório de saída de emigrantes de 1887 vemos:


Nº 1 - Abarno Francesco fu Carlo a. 71 Bue Air 10 Feb.

Francesco Abarno (filho do falecido Carlo), com destino a Buenos Aires, partida prevista em 10/02/1887.


Nº 52 - de Vico Angela Maria fu Nicola a. 38 con figli Abarno Maria Nicola a. 14 e Francesco a. 10 Bue Air 8 Feb.


Angela Maria de Vico (filha do falecido Nicola), com os filhos (aqui há uma confusão, pois em lugar de Mariantonia é colocado o nome Maria Nicola), a filha com 14 anos e Francesco (Francescantonio) com 10 anos, com destino a Buenos Aires, com partida prevista em 08/02/1887. Obs.: na Itália, usa-se o sobrenome antes do nome, para designar uma pessoa.

Obs.: o grifo encontra-se no livro do Professor Stia, mas neste texto está sublinhado.


Complementa o Sr. Frascella: “A respeito da entrada de Vico, etc., Maria e Francesco estão realçados no livro, o que significa que eles estão de saída por si só ou com a pessoa principal”. Tendo em vista estes fatos, Francesco Abarno teria retornado a San Fele depois de 1881, provavelmente em 1886, partindo novamente para a América do Sul, desta vez acompanhado da nora e dos netos. Eles partiram de San Fele para Buenos Aires no navio Umberto I. Este navio chegava a fazer um percurso primeiramente de Nápoles a Gênova, de onde partia para a América, detalhe obtido pela análise de um acidente que aconteceu durante este percurso em outubro de 1887. Os emigrantes partiam de trem de San Fele para Nápoles. 



Centro de Estudios Migratorios Latinoamericanos – CEMLA – Buenos Aires, Argentina

Registro de chegada de Francesco Abarno (clicar na foto para melhor visualização):




Appelido y Nombre: Abarno, Francesco, Edad: 71, Estado Civil: V (viúvo), Professión: agricultor, Religión: Catolica, Nacionalidad: Italiana, Barco: Umberto I, Procedencia: Genova, Fecha de Arrivo/Puerto: 01/05/1887 – Buenos Aires, Nacido en: Desconocido.


Registro de chegada de Angela Mª de Vico e filhos (clicar na foto para melhor visualização):





Appelido y Nombre: De Vico, Angela, Edad: 38, Estado Civil: C (casada), Professión: Jornalero (trabalhadora), Religión: Catolica, Nacionalidad: Italiana, Barco: Umberto I, Procedencia: Genova, Fecha de Arrivo/Puerto: 01/05/1887 – Buenos Aires, Nacido en: Desconocido.

Appelido y Nombre: De Vico, Francesco, Edad: 10, Estado Civil: S (solteiro), Professión: Desconocida, Religión: Catolica, Nacionalidad: Italiana, Barco: Umberto I, Procedencia: Genova, Fecha de Arrivo/Puerto: 01/05/1887 – Buenos Aires, Nacido en: Desconocido.

Appelido y Nombre: De Vico, Maria, Edad: 14, Estado Civil: S (solteiro), Professión: Desconocida, Religión: Catolica, Nacionalidad: Italiana, Barco: Umberto I, Procedencia: Genova, Fecha de Arrivo/Puerto: 01/05/1887 – Buenos Aires, Nacido en: Desconocido.



Centro Altreitalie, Globus et Locus, Torino, Itália


Registro de chegada de Francesco Abarno (clicar na foto para melhor visualização):






Cognome: Abarno, Nome: Francesco, Età: 71, Sesso: M, Stato Civile: Vedovo, Professione: Agricultore, Religione: Cattolico, Porto: Genova, Nave: Umberto I, Data di Arrivo: 13/05/1887, Istruzione: Sa (sabe ler).


Registro de chegada de Angela Mª de Vico e filhos (clicar na foto para melhor visualização):




Cognome: De Vico, Nome: Angela, Età: 38, Sesso: F, Stato Civile: Sposata, Professione: "Jornalero", Religione: Cattolico, Porto: Genova, Nave: Umberto I, Data di Arrivo: 13/05/1887, Istruzione: Sa (sabe ler).

Cognome: De Vico, Nome: Maria, Età: 14, Sesso: F, Stato Civile: Nubile, Professione: “Sinprofesi”, Religione: Cattolico, Porto: Genova, Nave: Umberto I, Data di Arrivo: 13/05/1887, Istruzione: Non sa (não sabe ler).

Cognome: De Vico, Nome: Francesco, Età: 10, Sesso: M, Stato Civile:  Celibe, Professione: - , Religione: Cattolico, Porto: Genova, Nave: Umberto I, Data di Arrivo: 13/05/1887, Istruzione: Non sa (não sabe ler).



Nota 1: as idades de Angela e Maria apresentam divergências. A profissão de Angela Maria (Jornalero) não foi traduzida para o italiano, permanecendo a palavra em castelhano, que significa trabalhador diarista. A profissão de Francesco foi descrita como agricultor, ao invés de ferreiro (fabbro ferraio), mas havia o fato de que os agricultores imigrantes gozavam de privilégios especiais. 

Nota 2: as datas de chegada em Buenos Aires de cada Instituição diferem entre si: 01/05/1887 e 13/05/1887. A ampla base de dados do CEMLA, que é Argentina, parece-nos mais próxima da realidade, sendo, portanto, a primeira data a mais confiável. Como a viagem durava 22 dias, a família Abarno deve ter realmente partido de Gênova no final do mês de março de 1887.

Nota 3: Centro Altreitalie: para a Argentina há dados no período de 1882 a 1920. CEMLA: os dados abrangem o período de 1882 a 1960.

Nota 4: os imigrantes que residiram na fronteira do Rio Grande do Sul, pelo menos a maior parte, chegaram ao Brasil via Argentina. Ler a matéria do navio Umberto I de bandeira italiana que fazia este roteiro.


Após a chegada a Buenos Aires, onde devem ter ficado por algum tempo, Francesco Abarno, Angela Maria de Vico, Mariantonia Abarno e Francescantonio Abarno seguiram para a cidade de Salto, Uruguai, ao encontro de Vitor, que lá residia com a família. Em 03/10/1888, Francesco é referido como o pai adotivo de Mariantonia Abarno, no casamento desta com Leone Di Benedetto, declarando para este fim o seu consentimento. O matrimônio ocorreu na cidade de Salto. Na época do nascimento dos netos Carlos Abarno (*17/03/1893), Francisco Abarno (*22/05/1894) e Maria Luisa Abarno (*19/08/1896), Francesco estava residindo na Itália, conforme os registros de seus nascimentos. Ele voltaria para a América somente em 06/07/1898, no navio Perseo, que atracou no porto de Buenos Aires, ano este em que a nora Angela Maria 
e a segunda esposa, Vita Maria Vincenza Tauriello, já haviam falecido, a primeira em Quaraí e a segunda em San Fele. Francisco Abarno faleceu em 25/04/1900 na cidade de Alegrete RS.



Imigrantes recém-chegados a Buenos Aires (Foto: Coleção de Frank e Frances Carpenter) 


O NAVIO HUMBERTO I 1878 – 1917



Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 20/02/1992


O Umberto I é visto aqui atracado no porto de Livorno (Itália) por volta de 1898




A Societá Rocco Piaggio & Figli - fundada em Gênova (Itália), em 1870, pelo armador Rocco Piaggio - havia sido constituída para explorar uma linha de passageiros entre a Itália e a América do Sul, na época pioneira da emigração italiana para o Brasil e o Prata. O início modesto era condicionado pelos poucos recursos financeiros disponíveis e só permitia a entrada em serviço de um navio de linha. Era este o Ester, construído no Estaleiro de Briasco, em Sestri Ponente, no mesmo ano da fundação da companhia. Era um clipper de madeira de apenas 807 t.a.b., que inaugurou o serviço em outubro, saindo de Gênova para Nápoles, Rio de Janeiro, Montevidéu, Buenos Aires, Rosário e Assunção, fazendo a viagem com apenas seis nós por hora de velocidade e levando dois meses para realizar só a ida. Em 1880, rebatizado Pampa, o navio pioneiro foi destruído por um incêndio no porto de Santos. No entretempo, a Rocco Piaggio havia comprado outros navios de segunda mão e colocado os mesmos na linha sul-americana. Eram estes o Columbia, o Ester, o Maria e o L'Italia. 


Novo navio - Em 1878, fora encomendado, aos estaleiros MacMillan, na Escócia, um navio que deveria permitir à companhia enfrentar a concorrência na rentável linha de emigrantes. No mesmo ano, no mês de agosto, foi lançado ao mar, batizado com o nome de Umberto I (numa homenagem ao rei italiano de então) e, no mês de dezembro iniciou a sua viagem inaugural, entre Gênova e Buenos Aires, com o casco branco e sob o comando do capitão Merlani. Com uma circular - datada de 1º de julho de 1872 e assinada pelo Sr. Bartolomé Bignone, italiano emigrado e proprietário de terras na Argentina - fazia-se um convite publicitário destinado àqueles que tinham a intenção de partir para a América do Sul. Esta circular era distribuída nas regiões italianas através do agente do Sr. Bignone, um tal Pellegrino Buscaglia, de Gênova, e dava uma ideia do pensamento existente na época em Buenos Aires em relação à imigração. Transcrevemos aqui alguns pontos desta circular: 


O abaixo assinado, Bartolomé Bignone, encorajado pela absoluta falta de braços que se faz sentir na República Argentina, como também por um decreto-lei do governo argentino que protege o imigrante, e na consideração que uma nova era de paz e progresso é iniciada para esta república, estabeleceu um grande escritório, onde, ao chegarem, as famílias de imigrantes possam rapidamente encontrar trabalho nas províncias deste país. A falta de braços na agricultura é muito grande, sobretudo nas regiões onde a ferrovia estendeu a sua presença no interior do país. O clima é muito saudável e os terrenos, férteis. A colocação (dos colonos) é gratuita, assim como o são o transporte ferroviário ou de barco para aqueles que queiram de Buenos Aires prosseguir com destino a uma colônia no interior; tais pessoas devem, porém, imediatamente avisar nossa agente no momento da atracação de seus navios em Buenos Aires. 


As vantagens mencionadas são dadas preferencialmente a: 


1)aqueles que sejam agricultores não idosos e que possuam família; 


2)aqueles que tenham uma profissão, como carpinteiro, ferreiro, operário de construção, operário de máquinas;


3)aqueles que possuam um certificado de boa conduta e de profissão emitido por autoridade local italiana; 


4)aqueles que não tenham cumprido alguma pena de prisão. 



Serão excluídos automaticamente os aleijados e os que não puderem trabalhar por razões médicas. 


Antes da criação, na Itália, da agência oficial Comissariado Geral para a Emigração, era assim que vinham sendo recrutados aqueles que sonhavam com uma nova vida nas Américas, homens que embarcavam em navios como o Umberto I. 


Na NGI - O Umberto I realizava a viagem Gênova - Rio de Janeiro - Santos-Montevidéu e Buenos Aires em 22 dias e, até 1885, data de sua incorporação à NGI, foram realizadas mais de 40 viagens redondas (ida e volta) na Rota de Ouro e Prata. Em julho de 1885, a companhia Rocco Piaggio foi absorvida pela Navigazione Generale Italiana, e o Umberto I, junto com outros quatro navios, passou para as cores preta e branca do novo armador, continuando, porém, a servir a linha para a América do Sul.






Em outubro de 1887, o Umberto I encalhou na costa tirrênica, quando em viagem de Nápoles a Gênova. Foi safado da incômoda situação alguns dias depois por rebocadores e conduzido em seguida até La Spezia, onde sofreu reparos aos danos. No verão de 1896, sob o comando do capitão Chiodo, o Umberto I realizou o que na época constituía uma verdadeira novidade no Mediterrâneo, ou seja, uma viagem-cruzeiro de luxo que o levou a diversos portos da Espanha, do Marrocos, da Tunísia e da Sicília. Dois anos antes, ele havia sido retirado da rota sul-americana e empregado na linha que ligava Gênova a Alexandria, no Egito, linha esta que havia sido concedida à NGI em 1893, junto com outras de importância média. Tais concessões faziam parte da reforma iniciada em 1891 pelo governo italiano, reforma destinada à melhoria das ligações marítimas entre o reino e outros países. O Umberto I permaneceu em serviço nessa rota mediterrânea até o ano de 1910, quando foi cedido pela NGI a outra empresa de navegação italiana, a Societá Nazionale di Servizi Maritimi (SNSM). Cabe notar que, além do Umberto I, nada menos do que outros 64 navios da NGI passaram ao mesmo tempo à propriedade da SNSM.


Cargueiro - A Societá Nazionale di Servizi Maritimi logo em seguida revendeu o Umberto I à empresa dos estaleiros Orlando, de Livorno, Itália, que procedeu à sua transformação em navio cargueiro. Quis o destino que nessa nova condição, e com o mesmo nome, o Umberto I voltasse a frequentar a velha rota para a América do Sul, desta vez levando em seu bojo mercadorias, ao invés de passageiros. A idade do navio, no momento de sua transformação em cargueiro, já era respeitável, 32 anos de mar! Durante a Primeira Guerra Mundial, de 1914 em diante, o ex-transatlântico, ex-mercante de carga, foi transformado em cruzador-auxiliar de escolta pela Marinha Italiana e é nessa condição de uso que o Umberto I encontrou o seu fim. No dia 14 de agosto de 1917, às 18h30, quando se encontrava ao largo da ilha de Gallinara, escoltando um comboio que se dirigia ao porto de Gênova, foi atacado e alvejado com o canhão de bordo pelo submarino UC-35. O disparo posterior de um torpedo fez com que o antigo navio desaparecesse imediatamente, com a perda de 26 homens de sua tripulação. 



UMBERTO I 


Outros nomes: nenhum

Bandeira: italiana

Armador: Societá Rocco Piaggio & Figli

País construtor: Grã-Bretanha

Estaleiro construtor: MacMillan (porto: Dumbarton)

Ano da viagem inaugural: 1878 

Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 2.822 

Comprimento: 109 m 

Boca (largura): 12 m 

Velocidade média: 14 nós 

Passageiros: 980 

Classes: 1ª - 80, 2ª - 90, 3ª - 810


Ver a continuação: Família Abarno 2ª Parte – Ancestrais e Descendentes                                                                                                  


Família Abarno 5ª Parte - Ancestrais e Descendentes - Nicola Abarno (2)


A UNIÃO DE NICOLA ABARNO COM MARIA DO CARMO MACHADO (2ª ESPOSA)


Nicola Abarno, meu bisavô, teve como companheira Maria do Carmo Machado (*1857/1858 Alegrete RS/+21/07/1896 Alegrete RS), minha bisavó, não tendo se casado e nem vivido com ela, por estar ainda legalmente casado com Angela Maria De Vigo, a qual veio a falecer no ano de 1897. Sabemos muito pouco sobre Maria do Carmo, além da informação de que esta teria uma ascendência indígena, provavelmente Charrua, mesclada com ancestrais portugueses. Ela tinha uma irmã chamada Carmen Machado. Maria do Carmo, em certa ocasião, pediu ao Juiz que Nicola Abarno assumisse a criação de seus filhos Conrado e Manoel Victor, tendo voltado atrás e recuperado a guarda dos mesmos. Porém, no ano de 1888, requereu ao Juiz que seus filhos fossem entregues novamente ao pai Nicola Abarno. Este respondeu à intimação e, na data de 04/04/1888, pediu ao Juiz a tutela dos filhos menores, tendo em vista a impossibilidade material e moral da mãe de mantê-los junto a si. O Curador Geral não se opôs à solicitação. Assim sendo, Nicola Abarno foi nomeado tutor de Conrado e Manoel Victor (Arquivo Público do RS, Alegrete, Tutela, Órfãos e Ausentes, Nº 1.198, Maço 60, Estante 65, Ano 1888. Tutelados: Conrado e Vitor Manuel (constou Emanuel). Tutor: Nicola Abarno).


O casal teve ainda mais três filhos: minha avó Alfonsina Abarno, Mathilde Abarno, que faleceu criança, e Euclydes Abarno. Nicola e Maria do Carmo tiveram cinco filhos na constância desta união. Constou no inventário de Nicola Abarno, em 1918: “VI – Que o 'de cujos', durante o seu primeiro estado de viuvez, houve com D. Maria do Carmo, mulher solteira, com quem não tinha impedimento para casar, os seguintes filhos naturais: Conrado Abarno, Victor Manoel e Alfonsina Abarno, atualmente casada com Roque Di Giuseppe, os quais estão legalmente reconhecidos.” Segue: “Filhos naturais reconhecidos: Conrado Abarno, solteiro, maior; Manoel Victor Abarno, casado, maior, Alfonsina Abarno Di Giuseppe, casada com Roque Di Giuseppe. VII - Que, ainda, todos os herdeiros residem nesta cidade, com exceção de Conrado Abarno, que é domiciliado em São Luiz Gonzaga e Manoel Victor Abarno na Colônia Erechim, neste Estado”. Entretanto, no decorrer das pesquisas, foi descoberto mais um filho de Nicola Abarno e Maria do Carmo Machado, chamado Euclydes Abarno, cujas informações serão descritas mais abaixo.


Maria do Carmo faleceu os 38 anos de idade, na data de 21/07/1896 (CRCPN Alegrete, Livro C - 3; fl. 193, n. 56), na cidade de Alegrete, sendo sepultada no dia seguinte no Cemitério Municipal de Alegrete. O registro do Livro de Óbitos da Igreja refere que Maria do Carmo era de tez indiática, não menciona o estado civil, nem o nome dos pais, por serem provavelmente falecidos à época. Segundo contava a filha Alfonsina, minha avó, a sua mãe havia morrido de tuberculose quando era ainda criança. Alfonsina teria ajudado a mãe durante a doença, sendo que as pessoas comentavam sobre o perigo de que a menina pudesse vir a contrair a doença (Cúria de Uruguaiana, Livro Óbitos Alegrete nº 7, fl. 47 v).



Registro de Maria do Carmo no Livro de Óbitos da Igreja Católica de Alegrete


Filhos com Maria do Carmo Machado:


VI-Conrado Abarno (*19/03/1883 Alegrete RS/+05/05/1955 Porto Alegre RS) casou-se em primeiras núpcias com Honorina Ribeiro (*17/09/1891 São Luiz Gonzaga RS/+21/04/1923 Passo Fundo RS), filha de Domingos Ribeiro e Maria do Carmo Pinto, na data de 05/11/1906, na cidade de São Luiz Gonzaga RS (CRCPN São Luiz Gonzaga, Livro B–5, fl. 36/37, nº 37), tendo o casal três filhos. Casou-se em segundas núpcias com a viúva Ursulina Soares Trindade (Lica) (*04/04/1902 Alegrete RS/+26/02/1983 Porto Alegre RS), filha de João Soares de Lima e de Ritta Soares da Trindade, na data de 25/11/1925, em Porto Alegre (CRCPN Porto Alegre, 1ª Zona, Livro B–62, fl. 155 verso, nº 717), tendo o casal dois filhos. Conrado era Capitão do 28º Corpo Auxiliar da Brigada Militar, segundo informação de Alfonsina Juliani Giuseppe, servindo na cidade de São Luiz Gonzaga RS. Conrado faleceu aos 82 anos de idade (CRCPN Porto Alegre, 4ª Zona, Livro C–96, fl. 224, nº 74.070) e foi sepultado no Cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre, local onde também foi sepultada Ursulina (Setor B-3, nº 6.907). Ursulina teve o filho Aiardi do primeiro casamento e uma filha de criação chamada Vera.



Conrado Abarno - São Luiz Gonzaga 30/08/1925


Atrás, da direita para a esquerda: Conrado, minha mãe Philomena, Rafael Souza, Mathilde Borba de Souza, Salvador Borba. Sentadas, da direita para a esquerda Ursulina (Lica), Doralina Pietro Abarno (Chininha), Nina Soares de Abreu. O nome da menina é desconhecido.


Filhos de Conrado Abarno e Honorina Ribeiro:


VI-1-Antônio Ribeiro Abarno (*29/10/1907 São Luiz Gonzaga RS/+10/09/1984 Porto Alegre RS), contador, casou-se com Morena da Silva Abarno (05/02/1907 Triunfo RS/+04/02/1996 Porto Alegre RS), filha de Avelino José da Silva e de Palmira Bittencourt da Silva. Estão sepultados no Cemitério da Santa Casa de Porto Alegre (Ala São Miguel, 4ª Ordem, nº 856). Foram padrinhos de batismo de Lisete Göller, filha da prima Philomena Abarno Giuseppe.


Filhos de Antônio Ribeiro Abarno e Morena da Silva Abarno:



Antônio Ribeiro Abarno e Morena da Silva Abarno


VI-1-1-Anerom da Silva Abarno (*18/02/1930 Porto Alegre RS), advogado aposentado da Caixa Econômica Federal, casou-se com Ana Maria Tubino (*22/06/1933 Porto Alegre RS/+14/08/1996 Porto Alegre RS), sepultada no Cemitério São Miguel e Almas em Porto Alegre. São suas filhas: Anete Maria Abarno (*25/05/1953 Porto Alegre RS), artista plástica, casada com Paulo Fernando Gonçalves Peres (*09/01/1935 Arroio Grande RS/+25/10/2013 Arroio Grande RS), desenhista, gravador e pintor premiado no país e no exterior; Arlete Maria Abarno (*27/05/1956 Porto Alegre RS) casada com Matusalém Marcelino Alves (*16/11/1951 Porto Alegre RS);


VI-1-2-Paulo Antônio da Silva Abarno (*07/04/1932 Porto Alegre RS/+23/08/2021 São Paulo SP), Diretor da empresa Porto Seguro, casou-se com Eunice Terezinha Vitello (*07/01/1934 RS/+08/05/2002 Porto Alegre RS) em primeiras núpcias, e com Maria Leonilda Santos (*06/03/1949 São Paulo SP) em segundas núpcias. São filhos de Paulo Antônio da Silva Abarno e Eunice Terezinha Vitello: Paulo Ricardo Vitello Abarno (*01/03/1954 Porto Alegre RS) casado com Mary Ângela Fesser Parissi (*19/05/1957 RS); Jorge Alberto Vitello Abarno (*26/01/1955 Porto Alegre RS/+04/08/2018 Garopaba SC); Mario Antônio Vitello Abarno (*17/05/1964 Porto Alegre RS) casado com Maria Aparecida de Lima (*19/05/1959 RS) em primeiras núpcias e, com Rosinei Almeida Camargo (*28/02/1968), em segundas núpcias; André Luiz Vitello Abarno (*16/10/1969 Porto Alegre RS) casado com Micheline Moreira Maicá (*12/07/1971). Filha de Paulo Antônio da Silva Abarno e Maria Leonilda Santos: Paula Abarno (*23/11/1984 São Paulo SP);


VI-1-3-Jorge da Silva Abarno (*11/01/1935 Triunfo RS), dentista, casou-se com Regina Maria Leal Jung (*18/01/1943 Porto Alegre RS) em primeiras núpcias, e com Norma Glaus (*19/06/1944 RS) em segundas núpcias. Filha de Jorge da Silva Abarno e Regina Maria Leal Jung: Cristiane Jung Abarno (*16/04/1969 Porto Alegre RS), comerciante, casada com Elton Carneiro Dias (*12/07/1969 Porto Alegre RS). Filho de Jorge da Silva Abarno e Norma Glaus: Marcelo Glaus Abarno (*03/01/1979 Porto Alegre RS) casado com Juliana Borges (*11/02/1985 Campo Grandes MS);

VI-1-4-João Carlos da Silva Abarno (*27/07/1943 Porto Alegre RS), dentista, casou-se com Maria Izabel Bohrer Pitrez (*12/07/1957 Porto Alegre RS). Filhos de João Carlos da Silva Abarno e Maria Izabel Bohrer Pitrez: Lucas Pitrez Abarno (*08/10/1980 Porto Alegre RS), funcionário do Tribunal de Justiça Militar do RS e Clarissa Pitrez Abarno (*04/09/1985 Porto Alegre RS);


VI-1-5-Ana Maria da Silva Abarno (*12/01/1945 Porto Alegre RS) casou-se com Luiz Francisco Bossle da Costa (*01/05/1943 RS). Filhos de Ana Maria da Silva Abarno e Luiz Francisco Bossle da Costa: Luciana Abarno da Costa (*03/07/1968 Porto Alegre RS), médica, casada com José Ricardo Fabris (*01/06/1962 RS); Letícia Abarno da Costa (*01/07/1970 Porto Alegre RS) casada com Alexandre Lubisco Pandolfi (*09/03/1971 RS); Lísia Abarno da Costa (*28/06/1972 Porto Alegre RS) casada com Roberto Vasconcelos Martins (*25/10/1969 RS) em primeiras núpcias, e com Fábio Maltz Sclovsky (*26/07/1966 RS) em segundas núpcias; Luiz Eduardo Abarno da Costa (*08/10/1981 Porto Alegre RS), advogado, casado em primeiras núpcias com Joana Gallego Ziero e, em segundas núpcias, com Aline de Souza Pagnussat.



Filhos de Antônio Ribeiro Abarno e Morena da Silva Abarno: Ana Maria, João Carlos, Jorge, Paulo Antônio e Anerom



VI-2- Mathilde Ribeiro Abarno (*18/05/1909 São Luiz Gonzaga RS) tinha o apelido de Rolinha. Era deficiente visual.



VI-3-Armando Ribeiro Abarno (*10/07/1911 São Luiz Gonzaga RS/+24/07/1993 Porto Alegre RS), aposentado, casou-se com Lucia Schreiner (*22/12/1919 Porto Alegre RS/+07/08/2019 São Paulo SP). Armando faleceu aos 81 anos de idade, às 12 horas, em decorrência de cardiopatia isquêmica e complicações (CRCPN Porto Alegre, 4ª Zona, Livro C-232, fl. 49 v, nº 92.496), sendo sepultado no Cemitério de Viamão RS. Residiam em Porto Alegre. São seus filhos:



Armando Abarno, filho de Conrado Abarno



VI-3-1-Luis Carlos Abarno (*03/01/1945 Porto Alegre RS/+05/02/2005 Gramado RS) casou-se em primeiras núpcias com Terezinha Gasparina Abarno, tendo os filhos Marcelo Luis, Anderson e Charles Leonardo; em segundas núpcias, casou-se com Carmen C. Abarno, tendo os filhos Felipe e Caroline;


VI-3-2-Márcia Abarno (*11/08/1951 Porto Alegre RS) casou-se com Romeu Gressler, tendo os filhos Rafael e Roberto;



VI-4- Walter Ribeiro Abarno (*23/09/1913 São Luiz Gonzaga RS/+Entre 1918 e 1923 RS). Sem mais notícias;


Filhos de Conrado Abarno e Ursulina Soares de Abreu (Lica):


VI-5-Tupy Soares Abarno (*19/01/1927 Santo Ângelo RS/+18/05/2001 Porto Alegre RS) era comerciante e foi casado. No ano de 1947, era 3º Sargento da Reserva da FAB. Viveu no Rio de Janeiro até pelo menos os anos 1960;


VI-6-Giovanni Soares Abarno (*1928 RS/+01/08/1996 Porto Alegre RS) era solteiro e comerciante. Foi sepultado no Cemitério São Miguel e Almas de Porto Alegre (Setor B-3, nº 6.907). Deixou uma filha chamada Aline Abarno.



Giovanni  e Tupy Abarno - Porto Alegre 25/04/1931



VII-Victor Manoel Abarno - Nezinho (ou Manoel Victor Abarno) (*15/04/1885 Alegrete RS/+19/04/1966 Porto Alegre RS). No registro de batismo de Victor Manoel, constou que este nasceu na data de 03/04/1886: "No dia vinte e quatro de junho de mil oitocentos e oitenta e seis, batizei solenemente a Victor Manoel, filho natural de Maria do Carmo, nasceu no dia três de abril de mil oitocentos e oitenta e seis; foram padrinhos Luiz (...) e Coralina da Conceição e, para constar, lavrei este termo que assinei. O Vigário Frederico Catani (Cúria de Uruguaiana, Livro Batismos Alegrete nº 18, fl. 10 v)”. Por ter sido registrado anos mais tarde, o pai Nicola Abarno cometeu um erro, quando forneceu ao Cartório a data de 15/04/1885 como sendo a de seu nascimento; por isso, a data oficial seria esta. Victor Manoel casou-se com Doralina Pietro (Chininha) (*20/05/1891 Alegrete RS/+30/10/1964 Porto Alegre RS), filha de Rosalino Pietro e de Rita Joaquina Barbosa, na data de 20/02/1908, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição Aparecida do Alegrete (Cúria de Uruguaiana, Livro Casamentos Alegrete 1880-1911, Livro nº 12, fl. 81). Casaram-se no civil na mesma data (CRCPN Alegrete, Livro B - 3; fl. 159, n. 14). Na época do casamento, Manoel Victor era militar.



Doralina Pietro Abarno



Assinatura de Doralina Pietro


Na data de 01/01/1909, tiveram o único filho chamado Victor Pietro Abarno. Na época do nascimento do filho, Victor Manoel era militar do 30º Batalhão de Infantaria. Ao deixar o Exército, seguiu a profissão de portuário e nela permaneceu até a sua aposentadoria. Antes de vir morar em Porto Alegre, o casal foi dono de um hotel na cidade de Erechim RS, chamado ‘Hotel dos Viajantes’, trabalhando neste a irmã Alfonsina e o cunhado Rocco Di Giuseppe. Por razões de saúde de Alfonsina, a qual veio a sofrer de paralisia das mãos, a família desta voltou a residir na cidade de Alegrete. A única referência documental da época desta informação histórica foi encontrada no inventário de Nicola, realizado no ano de 1918, onde consta que o casal Manoel Victor e Doralina ainda residia em Erechim. A família transferiu-se para Porto Alegre antes do ano de 1949, residindo no Bairro Tristeza, na Rua Gen. Rondon nº 1.037. Em determinada época, Victor Manoel teve perda da visão. Já viúvo, faleceu por insuficiência cardíaca e arteriosclerose (CRCPN Porto Alegre, 5ª Zona, Livro C–13, fl. 42, nº 7.164), sendo sepultado no Cemitério da Vila Nova em Porto Alegre. Doralina foi sepultada no Cemitério da Santa Casa (Nicho 171, Quadra 25, 3ª Ordem, Térreo - Subsolo). 


Filho de Manoel Victor Abarno e Doralina Pietro Abarno: 


Victor, Ceci (Octacilia), Chininha (Doralina) e José Luiz - Aniversário de meu irmão - Porto Alegre 22/12/1951


VII-1-Victor Pietro Abarno (*01/01/1909 Alegrete RS/+20/08/1989 Porto Alegre RS) casou-se com Octacília Maria Dias de Farias (Ceci) (*22/11/1907 Porto Alegre RS/+21/01/1994 Porto Alegre RS), filha de Inocêncio José de Farias e de Ambrosina Maria Dias, funcionária pública estadual aposentada, falecida por infecção respiratória (CRCPN Porto Alegre, 5ª Zona, Livro C-54, fl. 154, nº 10.754). Victor foi sepultado no Cemitério Municipal da Tristeza (1ª Quadra, nº 40) e Octacília no Cemitério da Santa Casa de Porto Alegre. A família residia nos últimos anos na Rua Liberal nº 3.164, em Porto Alegre. Victor ficou cego, assim como o pai, e era um excelente músico.

Victor Abarno fez parte do Regional Piratini, um conjunto que se apresentava dentro da antiga programação da Radio Farroupilha, como por exemplo, no Programa Infantil O Clube do Guri. Este programa era realizado semanalmente e era comandado por Ary Rego entre os anos de 1950 e 1966. O pianista Ruy Silva tocava no referido programa, com o acompanhamento musical realizado pelo Regional de Victor Abarno, que utilizava os seguintes instrumentos: cavaquinho, violão, violão tenor, flauta, pandeiro e bateria. Os músicos eram o Victor - também conhecido como “Japonês” -, Zico, Plauto Cruz, Zeno Ribeiro e Antoninho Maciel. Eles eram músicos conceituados na época, atuando também em outros horários na rádio Farroupilha, não participando dos ensaios propriamente ditos. No dia do programa, eles eram orientados pelo pianista Ruy Silva. Disse Ary Rego: “Esses aí (risada), era só dizer o tom prá eles, não precisava nem o Ruy tocar, era só dizer: é fá maior e eles ‘tavam’ tocando juntos...” (Ary Rego, com Dayse Rego pg. 41).

O Regional fazia parte do elenco de contratados da Rádio Farroupilha, na fase em que a Rádio pertencia aos Diários Associados de Assis Chateaubriand. O conjunto acompanhou a apresentação de artistas de renome nacional daquela época, como Elizeth Cardoso, Nelson Gonçalves, Emilinha Borba, Linda e Dircinha Batista. 


Victor Pietro Abarno


Filho de Victor Pietro Abarno:

VII-1-1-José Luiz Farias Abarno (*27/09/1950 Porto Alegre RS), representante comercial, foi casado com Leila Galante, em 06/03/1976, em Porto Alegre. Tiveram os filhos: Vítor Vinícius Galante Abarno, André Luiz Galante Abarno, Diretor-Geral da Rádio Velha Capital FM 105.1 de Viamão RS, fundada em 15/02/2006, João Paulo Galante Abarno e Bruna Isadora Galante Abarno.


Vítor Vinícius com os filhos: da esquerda para a direita Audrey (1a.), Brenda (3a.), Mallory (4a.) e Victor Pyetro (na frente, de casaco vermelho)


José Luiz casou-se em segundas núpcias com Teresa Rodrigues, tendo o filho Leonardo Abarno, este casado com Aline Freitas, tendo a filha Moana Abarno.


José Luiz com a esposa Teresa e o filho Leonardo




VIII-Alfonsina Abarno (*01/01/1890 Alegrete RS/+13/12/1953 Porto Alegre RS), minha avó, casou-se com o italiano Rocco Di Giuseppe (*23/03/1876 Anzi, Província de Potenza, Itália/+31/08/1949 Alegrete RS), meu avô, filho de Francesco Di Giuseppe e de Filomena De Fina, na data de 18/03/1905 em Alegrete RS. O casal teve dois filhos. No inventário de Nicola, coube a ela a casa situada na Rua Bento Manoel, nº 32 em Alegrete, que posteriormente mudou o número para 735, nos Anos 1940.  



Minha avó Alfonsina Abarno Di Giuseppe e minha mãe Philomena - Alegrete 1947


Filhos de Alfonsina Abarno e Rocco Di Giuseppe:


VIII-1-Francisco Abarno Giuseppe (*23/05/1906 Alegrete RS/+07/09/1977 Alegrete RS) casou-se com Carmen Orofino Juliani (*16/05/1904 Alegrete RS/+07/10/1964 Alegrete RS), filha de Gabriel Juliani e de Maria Dominga Orofino, na data de 25/09/1926, na cidade de Alegrete RS, e tiveram dois filhos. Era funcionário público aposentado, comerciante e dono de armazém. Ficou cego devido a um glaucoma, quando trabalhava em sua repartição pública. Faleceu de infarto do miocárdio e Carmen faleceu devido a um câncer de pulmão. O casal foi sepultado no Cemitério Municipal de Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil.



Francisco Abarno Giuseppe, Carmen Juliani Giuseppe e o neto Marco Antônio Juliani Giuseppe - Alegrete RS


Filhos do casal:


VIII-1-1-Walter Juliani Giuseppe (*22/06/1929 Alegrete RS/+30/01/2002 Alegrete RS); Economista, ex-vereador de Alegrete. Faleceu de câncer do pâncreas e foi sepultado no Cemitério Municipal de Alegrete, Rio Grande do Sul Brasil. Casou-se com Terezinha Fabres Marques (*20/03/1929 Alegrete RS/+15/05/2010 Alegrete RS). O casal teve três filhos: Walter Marques Giuseppe (*14/09/1954 Alegrete RS/+14/09/1954 Alegrete RS); Marco Antônio Marques Giuseppe (*23/08/1956 Alegrete RS) foi casado com Vera de Oliveira (*28/12/1959 São Leopoldo RS). Era funcionário do Banco Banrisul S. A., e a esposa era funcionária aposentada da Caixa Econômica Federal de Novo Hamburgo. Residem em São Leopoldo RS. O casal tem dois filhos: Mateus e Juliana; Cláudia Marques Giuseppe (*11/10/1964 Alegrete RS) casada com Renato Brandolt (*30/09/1963 Alegrete RS). Cláudia é professora aposentada do Município de Alegrete e Renato é Funcionário Público Federal aposentado, lotado que foi no Hospital de Alegrete. Este chegou a cursar Medicina.


VIII-1-2-Alfonsina Juliani Giuseppe (*22/01/1936 Alegrete RS/+01/10/2009 Alegrete RS). Aposentou-se como professora do Município de Alegrete. Residia na Rua Waldemar Masson, n. 333, Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Não se casou e nem teve filhos. Alfonsina foi sepultada no Cemitério Municipal de Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. 



VIII-2-Philomena Abarno Giuseppe (*16/11/1925 Alegrete RS/+10/02/1996 Porto Alegre RS), minha mãe, casou-se com Egon Göller (*13/08/1921 Pareci Novo RS/+12/08/1993 Porto Alegre RS), meu pai, em 26/02/1949, Alegrete RS, tendo o casal três filhos. Philomena: Certidão de Nascimento - CRCPN Alegrete, Livro A-23, fl. 135 verso, nº 144; Certidão de Casamento - CRCPN Alegrete, Livro B-22, fl. 201, nº 34; Certidão de Óbito - CRCPN, Porto Alegre, 1ª Zona, Livro C-39, fl. 43, n. 15.123. Faleceu por infarto agudo do miocárdio. Egon era bancário aposentado do Unibanco S.A. Faleceu por insuficiência cardíaca e AVC. Teve Mal de Alzheimer. O casal foi sepultado no Cemitério Irmandade São Miguel e Almas de Porto Alegre (1ª Ordem, Setor A - 1, nº 10.210). 



Minha avó Alfonsina junto à minha mãe Philomena, ao meu pai Egon e ao meu irmão Roque - Porto Alegre 1953


Filhos do casal:


VIII-2-1-Eneida Göller (*30/12/1949 Carazinho RS/+30/12/1949 Carazinho RS). Viveu poucas horas. O parto foi realizado aos oito meses de gestação. Eneida foi sepultada no Cemitério Municipal de Carazinho, Rio Grande do Sul, Brasil;


VIII-2-2-Roque Göller (*22/12/1950 Ijuí RS/+18/01/2017 Porto Alegre RS) casou-se com Elizabete Baum (*17/07/1953 Guaíba RS) em primeiras núpcias e com Ceni Dorvalina Fonseca (*02/04/1956 São Lourenço RS) em segundas núpcias, em Porto Alegre RS. Era Funcionário Público Federal aposentado do Ministério da Saúde. Faleceu de infarto e insuficiência renal. Foi sepultado no Cemitério São Miguel e Almas em Porto Alegre;


VIII-2-3-Lisete Göller (*06/02/1956 Porto Alegre RS), Funcionária Pública Estadual aposentada. Formada em Nutrição, em 1982, pelo Instituto Metodista de Educação e Cultura (1ª Turma) e em Ciências Contábeis, em 2002, pela UFRGS. Tem uma filha: Fernanda Göller (*22/08/1984 Porto Alegre RS).



IX-Mathilde Abarno (*1892 Alegrete RS/+06/10/1897), conforme o registro de óbito no Livro da Igreja, Mathilde faleceu de tuberculose pulmonar aos 4 anos de idade, sendo sepultada no dia seguinte no Cemitério Municipal de Alegrete (Cúria de Uruguaiana, Livro Óbitos Alegrete n. 7, fl. 50 v). No registro civil de óbito consta que o mesmo foi declarado por José de Lima e atestado pelo Dr. Honorino de Oliveira (CRCPN Alegrete, Livro C - 4; fl. 13 v, n. 90).




X-Euclydes Abarno (*1893 Alegrete RS/+Antes de 1973 RS), Sapateiro de profissão, era casado com Placidina Souto (*1893 RS/+17/02/1950 Carazinho RS). Tiveram seis filhos:



Assinatura de Euclydes Abarno


X-1-Ruy Abarno (*07/10/1914 Carazinho RS/+30/04/1973 Carazinho RS), Mecânico, casou-se com Carlota Geisler Schicht (*29/08/1922 Passo Fundo RS/+22/05/2005 Carazinho RS), filha de Wenceslau Schicht e Mari Geisler, na data de 04/12/1945, na cidade de Carazinho. O casal teve os filhos Luiz Afonso Abarno e Nádia Abarno. Ruy Abarno faleceu de infarto. O casal foi sepultado no Cemitério Municipal daquela cidade. Ruy Abarno é citado como testemunha no registro de nascimento de meu irmão Roque Göller, nascido em 22/12/1950, em Ijuí RS. Meus pais, no ano anterior, depois de casados, foram morar em Carazinho, onde meu pai já trabalhava. Infelizmente, não tenho mais informações, pois a minha mãe é falecida. O fato é que Ruy e minha mãe seriam primos e, certamente, se conheciam e mantinham contato. Depois, quando meu pai foi transferido para Ijuí, ocorreu o nascimento de meu irmão, sendo este registrado tendo como testemunha Ruy Abarno. 


X-2- Oreosil Abarno (*06/07/1916 Carazinho RS);


X-3- Victor Abarno (*17/07/1918 Carazinho RS);


X-4-Nelson Abarno (*1921 RS);


X-5-Donosor Abarno (*1922 RS);


X-6-Jovani Abarno (*1933 RS).


Ver a continuação: Família Abarno 6ª Parte – Ancestrais e Descendentes – Nicola Abarno (3)