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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Café Esquina do Tempo - Mapa-Mundi















RELATO DE VIAGEM


HAMBURGO - O CAMINHO DE VOLTA, 168 ANOS DEPOIS...


Apesar de já ter viajado para a Alemanha, ainda não havia tido a oportunidade de conhecer a cidade de Hamburgo. Porém, no ano de 2015, ela estava incluída no roteiro de viagem que contemplava este país. Havia um motivo a mais para conhecê-la: este foi o ponto de partida para muitos emigrantes alemães, que escolheram o Brasil como segunda pátria. Esta cidade-estado, situada às margens do rio Elba, possui um dos maiores portos do mundo, daí a sua importância histórica, para nós descendentes de imigrantes alemães.


Junto ao Rio Kleine Alster, com as Alsterarkaden (arcadas) ao fundo

Segundo a carta de Johann Anschau, futuro esposo de Elisabetha Göller, que relata a viagem de navio aos seus familiares e amigos na Alemanha, este e a Família Göller zarparam do porto de Hamburgo no dia 04/05/1847, no brigue-escuna Antonia. Depois de navegarem por pouco mais de dois meses, chegaram à capital do Rio Grande do Sul na data de 16/07/1847, a bordo do vapor Porto-Alegrense e, após, seguiram à cidade de São Leopoldo, onde desembarcaram em 19/07/1847.


A Rathaus ou Prefeitura de Hamburgo

Não se pode deixar de admirar a capacidade de reerguimento e superação da cidade, após lembrar a ocorrência do Grande Incêndio de Hamburgo, ocorrido entre 5 e 8 de maio de 1842, quando um terço da cidade foi destruído, com dezenas de mortes, milhares de pessoas desabrigadas, igrejas e prédios incendiados, como o da Prefeitura, perdendo esta a maior parte de seus arquivos. Acredito que este fato tenha colaborado para a perda das informações sobre as listagens de emigrantes antes de 1850, que tanto frustra as expectativas dos nossos pesquisadores. A reconstrução de Hamburgo durou mais de 40 anos.


O Grande Incêndio de Hamburgo de 1842 – Peter Suhr

Assim, cumpri o meu rito de volta à antiga pátria de meus antepassados, retornando ao lugar de onde partiram, trazendo na bagagem incertezas e esperanças de conquistar uma vida melhor... 



segunda-feira, 20 de maio de 2013

Café Esquina do Tempo














RELATO DE VIAGEM


O CANAL DA MANCHA, 184 ANOS DEPOIS...

 
Navegando pelas águas do Canal da Mancha


A Inglaterra estava incluída no nosso roteiro de viagem à Europa do ano de 2012. As recordações da viagem do ano anterior ainda estavam bem vivas em nossa memória, o que de certa forma contribuiu para que nos sentíssemos mais à vontade em terras inglesas. Saímos do porto de Calais, na França, num moderno ferryboat, atravessando por cerca de duas horas o famoso Canal da Mancha, até chegarmos ao porto de Dover na Inglaterra. 


No porto de Calais, preparando-nos para entrar no Ferryboat no Píer 9

Nesta etapa da viagem, pelo menos para mim, foi um momento importante para fazer uma reflexão. Os meus tetravós Philipp Schmitz, Susanna Rohr e a filha Maria, vindos de Klüsserath, na Alemanha, deixaram o porto de Texel, na Holanda juntamente com outros emigrantes, na data de 06/01/1828, a bordo do veleiro de três mastros Helena e Maria de bandeira holandesa. A quase trágica viagem encontra-se descrita em livros sobre os imigrantes alemães, embora a tradição oral tenha creditado ao navio o nome inverídico de Cecilia (Cäcilia). Antes de entrar no Mar do Norte, em direção ao Oceano Atlântico, ao chegar ao Canal da Mancha, sofreram uma forte tempestade hibernal em 12/01/1828, a qual teria durado 23 longas horas, nela perecendo 22 pessoas. Conta-se que o veleiro estava quase inclinado a ponto de afundar. Para se reerguer novamente, outro Philipp Schmitz, chamado de “O Grande”, que era famoso carpinteiro, teve a ideia de cortar os três mastros para poder equilibrar o navio. A decisão foi acertada, mas ficaram à deriva, sem direção, e tendo perdido a maior parte dos suprimentos.


O Canal da Mancha: ontem e hoje


Três dias se passaram, quando um navio inglês, o Plover Packet, os avistou e os rebocou para o porto inglês de Falmouth, onde permaneceram por quase um ano espera de uma solução. A Inglaterra providenciou o aluguel do veleiro inglês James Laing para conduzi-los ao Brasil. Assim, em 10/12/1828, onze meses depois, viajaram para o Brasil. Após dois meses de viagem, entraram no porto do Rio de Janeiro, na Armação da Praia Grande (atual Niterói) em 08/02/1829.


O mapa do Canal da Mancha, entre a França e a Inglaterra

Os imigrantes saíram do Rio de Janeiro em 10/04/1829, no brigue-escuna Florinda, chegando a Porto Alegre em 13/05/1829. No dia seguinte, em 14/05/1829, chegaram a São Leopoldo. Anos mais tarde, nasceria a minha trisavó Margaretha, que se casou com Johann Göller, meu ancestral. Assim sendo, a visão do Canal da Mancha trouxe-me à tona esta história que, felizmente, teve um final feliz. Se assim não fosse, eu não estaria aqui para contá-la...


As impressionantes falésias do porto de Dover - Inglaterra


Fotos: arquivo pessoal da viagem de 2012. Figura do veleiro e o mapa foram tirados da Internet.