No ano de 2019, comemoramos os 190 Anos da chegada da Família Schmitz, vindos de Klüsserath, Renânia-Palatinado, Alemanha, composta por Philipp Schmitz, a esposa Susanna Rohr e os filhos Maria Anna Schmitz e Peter Schmitz. A viagem da Família Schmitz está inserida num assunto polêmico, que é a viagem do lendário navio Cäcilia, que teria saído de Bremen, sofrido um quase-naufrágio no Canal da Mancha, tendo seus ocupantes sido resgatados por um navio inglês, o qual os levou para a cidade portuária de Falmouth, onde passaram a viver por quase 2 anos, até que o governo brasileiro contratasse o navio James Laing, para trazê-los para o Brasil.
Este assunto já foi detalhado nas publicações Família Schmitz (Philipp) – A Viagem de Navio e A Lenda do Navio Cecília (Cäcilia). Esta pesquisadora segue o mesmo entendimento do genealogista alemão Friedrich Hüttenberger, que pesquisa há muitos anos o engano histórico sobre o citado navio, o qual concluiu que o Cäcilia nunca existiu, mas apenas e tão-somente o veleiro chamado Helena e Maria, sobre o qual há provas irrefutáveis de sua existência.
De forma resumida, a Família Schmitz teria partido de Klüsserath em 11/11/1827 até Bingen. De lá, seguiram até Amsterdã, onde havia sido contratado pelo grupo de emigrantes o Comandante Bartolomeus Karstens, que possuía um velho veleiro com três mastros, um hoeker holandês, chamado ‘Helena en Maria’ ou ‘Helena e Maria’. Por causa de seu tamanho, ele não poderia zarpar direto de Amsterdã, por isso, ele sairia do porto de Texel, uma das Ilhas Frísias, situada ao norte de Amsterdã. Entretanto, como o veleiro já havia excedido a sua capacidade de passageiros e bagagens, houve um sério conflito com aqueles que não puderam nele embarcar. Os passageiros que ficaram para trás, inclusive alguns deles foram separados de suas famílias, embarcaram algum tempo depois, no bergantim holandês Alexander, que partiu para o Rio de Janeiro. Mais tarde, estes imigrantes vieram a integrar a Colônia de Santo Amaro em São Paulo.
Imagem de um antigo Hoeker, como o ‘Helena e Maria’, veleiro que era utilizado normalmente para a pesca no Mar do Norte – Fonte: http://ijsselvallei.info/ |
O ‘Helena e Maria’ seguiu viagem em 06/01/1828. Na data de 12/01/1828, o veleiro foi atingido por uma violenta tempestade no Canal da Mancha, perdendo os três mastros, cujas partes superiores se partiram e caíram. Na tradição oral, que era narrada para o Cäcilia, o marceneiro Philipp Schmitz (o Grande, tido como primo de nosso Philipp Schmitz, o Pequeno), com ajuda dos imigrantes, teria tido a idéia de cortar os mastros, como tentativa de estabilizar o navio. O incidente aconteceu na Ponta de Lizzard ou Manacle Rock, perto da cidade portuária de Falmouth, onde o Canal da Mancha se encontra com o Oceano Atlântico.
Depois da tempestade, o ‘Helena e Maria’ ficou à deriva por cerca de 3 dias, sendo socorrido pelo navio Plover Packet, que os levou ao porto de Falmouth em 15/01/1828. Os passageiros ficaram nesta cidade no período de 15/01/1828 a 10/12/1828. Seguiu-se que o próprio governo inglês, com a ajuda da comunidade inglesa, em termos de roupas e mantimentos, providenciou o navio James Laing, para levaram os emigrantes para o Brasil, o qual zarpou em 10/12/1828, chegando ao Rio de Janeiro depois de quase dois meses.
Veleiro semelhante ao James Laing (imagem com finalidade meramente ilustrativa) – Fonte: Internet |
O ‘Diário do Rio de Janeiro’, na edição de 10/02/1829, publicou a chegada do James Laing em 08/02/1829, com os 305 colonos. Os membros da Família Schmitz foram embarcados em 10/04/1829, no veleiro costeiro ‘Florinda’, para o porto de Rio Grande no Estado do Rio Grande do Sul e, após, foram encaminhados para a Capital Porto Alegre, onde chegaram em 14/05/1829, finalizando assim a grande odisséia, que começou na cidade natal, na data de 11/11/1827.
Brigue-Escuna semelhante ao Florinda – Autor: desconhecido |
Cabe aqui referir que o nascimento do filho Peter Schmitz ocorreu em trânsito, possivelmente entre Klüsserath e Amsterdã, no ano de 1827, que é o ano de nascimento que consta em sua lápide no Cemitério Católico de Bom Princípio RS.
O KERB DE SÃO MIGUEL
A lenda do Cäcilia resultou também na história de que os imigrantes alemães, em agradecimento por terem chegado sãos e salvos ao seu destino no Brasil, haviam proposto festejar a data de salvamento anualmente, fato que ficou relacionado com as comemorações da Festa de São Miguel no mês de setembro. A festa, chamada de Kerb de São Miguel, acontece há 190 anos, na cidade de Dois Irmãos, no Rio Grande do Sul, mantendo-se até a atualidade, posto que muitos daqueles imigrantes foram lá residir.
Fotos: Site da Prefeitura de Dois Irmãos RS |
Como esta pesquisadora não poderia deixar de exprimir de alguma forma a satisfação em relembrar a chegada de nossos imigrantes há 19 décadas, sabedora das dificuldades em reunir os relativamente poucos descendentes dispersos pelo nosso Estado, quiçá pelos outros Estados brasileiros, nasceu a idéia de participar de algumas atividades de cunho artístico, social e religioso na cidade de Porto Alegre, ao longo deste ano de 2019, buscando prestar uma singela homenagem aos nossos ancestrais Philipp Schmitz e Susanna Rohr.
DESCENDENTES DOS SETES RAMOS DA FAMÍLIA DE PHILIPP SCHMITZ E SUSANNA ROHR
O casal Schmitz teve 7 filhos, que deixaram descendência, formando os 7 grandes ramos da família: Maria Anna, Peter, Mathias, Ignês, Margaretha, Carlos e Catharina.
1-RAMO MARIA ANNA SCHMITZ CASADA COM PETER SCHMITZ*
*Filho dos imigrantes Philipp Schmitz (Senior) e Maria Merges, de Klüsserath, Renânia-Palatinado, Alemanha
2-RAMO PETER SCHMITZ CASADO COM MARGARETHA LINK
3-RAMO MATHIAS SCHMITZ CASADO COM MARIA SCHMAEDECKE
4-RAMO IGNÊS SCHMITZ CASADA COM JOSÉ SCHMITZ*
*Filho dos imigrantes Philipp Schmitz (Senior) e Maria Merges, de Klüsserath, Renânia-Palatinado, Alemanha
5-RAMO MARGARETHA SCHMITZ CASADA COM JOHANN GÖLLER
*Neta dos imigrantes Nicolau Schmitz e Anna Maria Schmitz de Mastershausen, Renânia-Palatinado, Alemanha
6-RAMO CARLOS SCHMITZ CASADO COM MARIA THERESA ARENDT (ARENT)
7- RAMO CATHARINA SCHMITZ CASADA COM GEORG JUNGES
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