Esta publicação tem como objetivo elucidar um dos acontecimentos mais intrigantes da história da imigração alemã no Rio Grande do Sul: a viagem de dezenas de famílias de imigrantes, que teriam embarcado no lendário navio Cecília, o qual teria sofrido um quase naufrágio no Canal da Mancha depois de uma tempestade e, após, terem sido salvas e encaminhadas ao porto inglês de Falmouth, lá permanecendo durante vários meses, antes de finalmente viajarem para o Brasil a bordo do navio James Laing.
Uma Lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos, possuindo caráter fantástico e/ou fictício. As lendas combinam fatos reais e históricos com fatos irreais que são meramente produtos da imaginação aventuresca humana (Fonte: www.dicionarioportugues.org). O ponto central da referida lenda gira em torno do navio Cecília ou Cäcilia, sobre o qual nunca foi encontrada comprovação documental, mas que entrou para o cenário histórico através dos ecos dissonantes da tradição oral.
De certa forma, este engano histórico, além de subtrair a verdade dos fatos, desviou-nos do caminho da importante pesquisa acerca do verdadeiro navio, o "Helena e Maria", o qual foi relegado a um papel secundário na história da nossa imigração. Esta foi a embarcação que verdadeiramente sofreu sérias avarias no Canal da Mancha, cujos episódios subsequentes resultaram nos acontecimentos que já conhecemos.
Através da apresentação deste estudo, realizado pelo historiador e genealogista alemão Friedrich Hüttenberger, cuja publicação foi autorizada pelo autor, conheceremos o cenário histórico, a cronologia e o desenvolvimento dos principais fatos relacionados à difícil viagem dos nossos imigrantes, que chegaram ao Brasil em 08/02/1829.
Friedrich Hüttenberger
"NÓS VAMOS JOGAR O CAPITÃO COM TODOS OS LUTERANOS NA ÁGUA"
Relatório testemunhal do imigrante para o Brasil, Johannes Weber de Bosenbach, sobre a catástrofe do "Helena & Maria" em 1828 em Falmouth e a "Lenda-Cäcilia"
tradução e adaptação por:
Flavio Eduardo Pahl e Ulisses Guilger
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A "Lenda-Cecília" - ficção e verdade sobre a imigração alemã ao Sul do Brasil
Há muita coisa colocada ao público no Rio Grande do Sul, onde, entre 1824 a 1830, alemães imigraram. Vem sendo divulgada lenda sobre uma viagem desastrosa do navio "Cäcilia" com descendentes Moselanos, Hunsrükianos e Palatinos, salvos na costa da Inglaterra de uma emergência marítima da viagem. Livros e internet que falam sobre este mito se prendem na tradição oral que foi passado de geração em geração. Desta tradição oral deu-se o início à Festa de São Miguel na (cidade) de Dois Irmãos tendo em vista uma promessa feita no navio avariado de que todo ano fariam festa em homenagem a São Miguel por terem sido salvos da morte. Um exame minucioso sobre as datas, fatos referentes à lista de passageiros, relatos em jornais tanto Ingleses como Holandeses, registros de Igrejas Inglesas e Alemãs e correspondências recebidas de imigrantes, mostram, porém, que no decorrer de quase 200 anos, que a partir destes fatos, isto se tornou um mito, uma lenda que apresenta uma falsa verdade, modificada através dos anos e que não resiste a uma verificação histórica.
Segue a lenda como está sendo contada no livro sobre a história de Dois Irmãos de Clarice Arandt (1), para mostrar como numa análise histórica esta tradição oral foi falsificada.
“...no ano de 1827 saiu do Porto de Hamburg o veleiro "Cäcilia". A bordo viajavam grande quantidade de imigrantes da região de Trier com destino ao Rio Grande do Sul onde iriam se estabelecer como agricultores.
No Canal da Mancha o navio foi surpreendido por uma violenta tempestade que causou grandes avarias. Quando o capitão se deu como perdido, ele e a tripulação pegaram dois botes salva-vidas e deixaram os pobres coitados a seu destino. O navio inclinou-se para o lado e os pobres viajantes viram aproximando sua hora, quando o imigrante de nome ALTAMAYER propôs que todos deveriam prometer de que se fossem salvos e chegassem ao Brasil, o dia de sua chegada seria lembrado na forma de um feriado, o qual seria escolhido o santo do dia e que deveria ser celebrado todos os anos, de descendente a descendente, e Deus ouviu a prece deles. Para que o navio, que já estava inclinado, se endireitasse propôs PHILIPPE SCHMITZ o seguinte: “vamos procurar encurtar o mastro”, o plano foi aceito e todos os carpinteiros ajudaram Schmitz a encurtar o mastro, o navio se tornou um destroço, sem vela e sem mastro, e ficou à deriva. Sobre estes destroços ficaram três semanas à deriva até que um navio Inglês os achou e os levou até o porto Inglês, mais próximo, de Plymouth. Lá ficaram dois anos e já tinham quase posto no pensamento ficar para sempre na Inglaterra.
É contado que, um dia, quando as mulheres alemãs estavam lavando roupa na praia passou o Capitão do “Cäcilia”. Sob o comando da senhora BOHNENBERGER, todas as lavadeiras deram uma surra no Capitão com as roupas molhadas e todos os Ingleses riram muito.
Durante a estadia foi reconstruído o navio para realizar a travessia para o Brasil. Nesse navio finalmente os imigrantes de Trier desembarcaram em 29 de Setembro de 1929. Em “Baumschneiss” (Dois Irmãos), onde muitos fixaram residência. Até hoje, no dia 29 de Setembro, é feriado e é celebrada a festa de São Miguel ou “Sankt Michaelskerb”.”
Conforme a lenda difundida em Dois Irmãos até o ano da chegada é falso, sem comprovação de veracidade, pois foi passado "boca a boca", cada um acrescentava um pouco, sendo acrescentado de detalhes falsos, tudo foi feito por associações e grupos, misturando tudo: o infeliz navio que no texto de Philipp Schmidt imigrou, era o “Helena e Maria” que saiu a 06 de Janeiro de 1828 (2) e não em 06 de Janeiro de 1827.
O mencionado porto de saída de Hamburg não procede. O “Helena e Maria” saiu no porto de Texel, Amsterdam (3). Provavelmente saiu de Hamburgo um navio "Cecília" mas este grupo não estava no navio lenda "Cecília" que se quebrou. Há outras versões de que o navio "Cecília" saiu de Bremen, porém estas informações foram dadas por agentes de Bremen, mas não confirmadas. Alguns grupos de imigrantes saíram de Bremen para o Brasil, mas não esse grupo, apesar de ter informações do Consulado Brasileiro em Bremen , ou de agentes de Bremen.
Este grupo deveria ser de Trier, conforme dito acima. Isto está correto mas o navio não era o “Cäcilia” e sim “Helena e Maria”. Nesse navio, o imigrante do Palatinado Johannes Weber, escreveu em 1828, numa carta (4) recém redescoberta, que teria mais ou menos 40 famílias “vom Moselstrom” (do rio Mosel) que já estavam instalados no "Helena e Maria", antes que outras famílias do Palatinado Oeste, região de Kusel, chegassem. Weber mencionou em sua carta o navio de imigrantes com o nome de “Maria Helena”, (apresentação popular, o correto é “Helena e Maria”). Além disso, estavam a bordo famílias do Hunsrück, como, por exemplo, Johannes SPINDLER de Niederhosenbach, que já escreveu sobre o mesmo assunto na longa carta do ano de 1828 (5).
Que o Rio Grande do Sul era o objetivo dos imigrantes está correto, pois era conhecido por todos em Hunsrück, também pelos naturais do Mosel e do Palatinato, sabiam através de notícias do Brasil que o clima era ameno e eram boas condições para a agricultura. Além disso, não eram os imigrantes que decidiam onde eles poderiam se estabelecer; isto foi estabelecido pelo governo brasileiro do Rio. Estabeleceu-se que a partir de Novembro de 1827 seriam mandados imigrantes alemães para o Estado de São Paulo. Algumas famílias do “Helena e Maria” foram dirigidas para lá enquanto que outras, embora da mesma aldeia, foram para o Sul.
A “violenta tempestade” foi um furacão como não se tinha visto há muito tempo no Canal da Mancha. A história de que o navio sofreu grandes avarias condizem com a verdade: O “Helena e Maria” perdeu os três mastros (6). Que o capitão e a tripulação abandonaram o navio e que os imigrantes foram deixados a sua sorte não é correto. Testemunhas oculares como SPINDLER e WEBER relatam, ambos, de que os marinheiros ficaram no navio durante a tempestade e o Capitão Bartholomeus KARSTENS, foi com sua tripulação e passageiros até Falmouth. Ele, em carta aberta e publicamente, agradeceu o seu salvador, o Capitão Edward JENNINGS (7) do navio “Plover packet”. Contrário à lenda de que os deixou à própria sorte porque o navio não poderia mais vir ao Brasil, embora tenham pago grande soma, ele mandou reparar o navio para transportar os passageiros mas os imigrantes não aceitaram. O Estado Maior da Marinha Inglesa numa inspeção considerou o navio não navegável (8).
Que os imigrantes acreditavam que tinha chegado a sua hora, que foi feito orações pedindo a Deus, tanto o temente a Deus, Johannes WEBER em sua carta como a lenda se igualam.
Que o “Helena e Maria” perdeu os mastros, isto está documentado. Que o marceneiro Philipp SCHMITZ com ajuda cortou os mastros para pôr o navio em pé novamente foi só mencionado nas lendas orais, mas pode ser verdadeiro. SCHMITZ realmente foi passageiro desse navio, e WEBER relata que as “partes superiores dos mastros”, na noite da tempestade, quebraram e caíram. Se já não tinham os mastros e o navio estava muito avariado, é tecnicamente correto jogar o resto dos três mastros por cima do tombadilho. É significativamente melhor.
A sugestão de festejar nos anos que se seguissem ao salvamento e lembrá-lo, provavelmente, seria um elemento da lenda e questionável de que em face da iminente morte por afogamento pudesse se pensar alguma festa posterior (9). Se esta sugestão foi feita depois pelo imigrante chamado “ALTAMAYER” deve ser grande confusão feita pelos imigrantes, pois todas as pessoas com os nomes ALTMEYER já tinham chegado a Porto Alegre em 16.12.1827 (10) e, portanto, não poderiam estar com Philipp SCHMITZ (11) no mesmo navio.
Um dos pontos que se aumentou muito no decorrer das décadas sobre a lenda é o que se fala de que o navio após o furacão ficou avariado, os destroços (12) ficaram à deriva por três semanas no mar. Na verdade foram três dias. O registro do navio no “Lloyd’s List” dá a exata data da chegada ao porto de Falmouth: foi no dia 15 de Janeiro de 1828 e a tempestade começou no dia 12 de Janeiro.
O caso da emergência não aconteceu em Plymouth, como diz a lenda, mas na Ponta de Lizzard (Manacle Rock) perto de Falmouth onde o Canal da Mancha se encontra com o Atlântico. Escreveram de Falmouth, Johannes SPINDLER e Johannes WEBER. Eles estavam na mesma viagem que Philipp Schmitz. Há aí muitos casos de nascimento e morte que foram documentados pelas famílias de imigrantes na igreja de Falmouth no ano de 1828 (13), e somente no ano de 1828, não em 1827.
Outro exagero que aparece na lenda é que os imigrantes ficaram aportados dois anos na Inglaterra. Na verdade ficaram menos de um ano, de 15.01.1828 a 10.12.1828, apenas 11 meses. É certo que deixaram a pátria em fins de 1827 e só chegaram ao Brasil em 1829, mas não eram dois anos em Falmouth. Não havia mais testemunha viva e, portanto, as informações do passado ficaram obscuras.
O episódio da senhora BOHNENBERGER (14), da surra com as lavadeiras pode ser deixado de lado ou esquecido, pois não é importante. De qualquer, sendo verdade elas teriam batido não no Capitão do “Cäcilia”, mas no Capitão Bartholomeus KARSTENS do “Helena e Maria”. Esse surra relatada, por Johannes WEBER é certo que se encaixaria bem para os Moselanos Católicos, que são bastante briguentos e que se xingam, pois antes da saída do navio diziam que iriam “jogar o Capitão e todos os Luteranos ao mar”.
O final da lenda está correto, quando, na Inglaterra, um outro navio foi colocado à disposição, para trazê-los ao Brasil, embora não direto para o Rio Grande do Sul, como sugere a lenda, mas para o Rio de Janeiro, e mais tarde para o Sul do Brasil.
A data da chegada ao Rio Grande do Sul, supostamente em 29.09.1829, é seguramente incorreta. Este grupo misto de imigrantes Moselanos, Palatinos e do Hunsrück que sobreviveram à avaria em Falmouth, chegaram a Porto Alegre em 14 em Maio de 1829 no costeiro Florinda, entre eles os já mencionados na lenda o marceneiro: Philipp SCHMITZ, a resoluta senhora BOHNENBERGER e os escritores das cartas Johannes WEBER e Johannes SPINDLER.15 Assim sendo, a promessa da Festa de São Miguel, a 29 de Setembro não é fundamentada na data de chegada dos imigrantes. A razão da escolha desta data deve ser outra.
Porque com todos estes testemunhos, a história desse grupo do “Helena e Maria” o nome foi trocado para "Cäcilia"?
É possível a existência de um navio com esse nome que ter se acidentado. Havia muitos acidentes marítimos nos anos de 1820 e seguintes. Esta pode ser a razão que o nome "Cäcilia" se enraizou no Sul do Brasil, e mais tarde quando quase nenhuma das testemunhas de Falmouth já estavam vivas, foi espalhada a lenda do nome "Cäcilia" e assim, finalmente, misturou com o nome "Helena e Maria" embora escrito, mas historicamente falso.
O testemunho de Johannes Weber sobre a catástrofe do "Helena e Maria" em 1828.
Há poucos anos os descendentes de famílias originárias do Palatinado, estabelecidos em São Paulo, souberam a origem de seus antepassados (de onde saíram), porque isso foi perdido e só agora com a propagação da INTERNET houve interesse, entre os descendentes no Brasil, em saber sobre essas origens. (16)
Por causa de uma carta do imigrante Johannes Weber de Neunkirchen, Bosenbach que estava guardada e esquecida nos USA (17) apareceu uma nova visão da imigração dos anos 1827 a 1829 e aumentou a lenda da imigração, de famílias do oeste do Palatinado para o Brasil, referente a catástrofe do navio "Cäcilia" que saiu de Bremen ou de Hamburg. A carta de Johannes Weber tem datas e fatos bem detalhados e que nos permite reconstruir exatamente a viagem desse grupo de imigrantes e a catástrofe com o navio. Em seguida a carta será apresentada.
A maior parte dos imigrantes para o Brasil nos anos de 1824 e 1830 veio das regiões a esquerda do Rheno, primeiro os Hunsrückianos e Moselanos onde predomina a população de religião católica, da Diocese de Trier e, em seguida, do Palatinado onde vivia a população protestante.
Através de informações obtidas do Consulado Brasileiro em Bremen, do Major Schäffer, de colaboradores no Sudoeste da Alemanha, vê-se que a maior parte dos imigrantes do Palatinado e de Hunsrück não fez a viagem para Bremen ou Hamburg e, sim, para Amsterdam. Essa rota está, inclusive, documentada nos mapas da imigração da região de Kusel. Na primeira imigração, o Comissariado de Kusel (governo regional) mandou relatório/lista (18) completa para o Reino da Bavária onde aparece a seguinte anotação: "Na noite de 7 para 8 de Novembro de 1927, provavelmente, foram para Bingen e de lá para Amsterdam". Somente na lista de imigração da Prefeitura de Quirnbach (ex: Nicolaus Backes) está anotado que ele em 15 de Novembro foi para Bremen, mas também está escrito que Backes começou a viagem em Amsterdam junto com os outros do oeste do Palatinado.
A viagem marítima ia sempre para a Capital Brasileira do Rio de Janeiro, onde os imigrantes eram registrados. Aí eles precisavam ficar a bordo ou nos armazéns do Porto até receber o transporte seguinte. Somente alguns dias depois ou semanas eram transportados do Rio para outras cidades do sul. Nos primeiros anos da imigração alemã iam para Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul e a partir de 1827, por ordem imperial alguns foram para Santos no Estado de São Paulo. Aí chegaram em 28 de Junho de 1828 no navio "Rocha" com 160 pessoas do Oeste do Palatinado, região de Kusel. Foi anotado pelas autoridades do Palatinado: "saído clandestinamente" (19).
Na lista de passageiros do navio "Rocha" estava anotado que oito famílias tinham ainda parentes em outro navio (20), no "Helena e Maria". Não se entendia a razão pelas quais as famílias foram separadas - pais, crianças e bebês. A causa principal era a superlotação e o aperto do navio. A contagem das pessoas que eram colocadas a bordo levava em conta as condições financeiras dos mesmos, era um despropósito e isto provocava desconfiança, inimizade e medo, além disso, havia também a questão religiosa, como a carta de Johannes Weber salienta. O aperto e o excesso de passageiros geravam um ganho extra para o Capitão, quanto mais passageiros colocasse, mas isto provocava mal entendidos e brigas com fundo religioso.
O navio "Helena e Maria", na narração de Weber em sua viagem de imigração, estando na costa da Cornualha entrou em um furacão, perdeu seus mastros, estava já prestes a afundar quando ele foi salvo por um navio inglês e foi rebocado até porto de Famouth (21). Lá os imigrantes ficaram retidos e dependentes da benevolência dos Ingleses. De Falmouth, Weber escreveu a seguinte carta para sua mãe em Neunkirchen, após nove meses na Inglaterra, mas nunca recebeu resposta da carta que escreveu em Janeiro de 1828.
O cristão de 36 anos, o imigrante Johannes Weber, colocou em sua carta um salmo, bem apropriado para a situação de salvos de perto da morte: "Nós temos um Deus que lá ajuda, um Senhor que nos salva da morte". Com isto o simples tecelão de linho, que vivia como lavrador em Bosenbach mostrou ser bom conhecedor da Bíblia e que sabia falar e escrever muito bem, o que não era muito comum entre os camponeses da época. Em sua "segunda vida", no Brasil ele vai atuar como professor em escola, auxiliar do Pastor e faz o primeiro livro de sua comunidade chamada "Dois Irmãos". A milagrosa salvação, no último minuto, aumentou muito a crença que devia ter antes de viajar. O estilo de sua carta esta cheia de temeridade a Deus. Em seis momentos de sua carta ele se refere a Deus.
Essa carta era em primeiro lugar endereçada a sua mãe, que enviuvara recentemente em Neunkirchen, mas ele menciona também sua numerosa família: sua "sogra" que vive em Hachenbach, Magdalena Wegemann, a viúva de Adam Linn, aos seus irmãos: Jacob, Peter e Adam, as suas irmãs Greta e Bienchen, ainda solteiras, que vivem com sua mãe, como também seus cunhados e tantos outros. Além disso, a carta se refere a outros parentescos, principalmente, os de Neunkirchen, Föckelberg e Niederstaufenbach, ainda a numerosos membros de parentes afastados da família Weber de Reichenbach, Gimsbach e Neunkirchen. Aos parentes da mãe Wollschläger, manda uma nota de "rodapé", onde pede que sua carta fosse levada aos seus parentes e conhecidos de Bosenbach, para que os seus também soubessem como foi salvo com a ajuda de Deus. Esses pensamentos, quase missionários, que fala não só no mencionado Salmo do início como também no final da carta como motivo, sobretudo, "...para que vocês vejam como é grande o que Deus fez por nós".
O pedido de Weber de que essa carta fosse guardada "comunitariamente", foi respeitado por sua mãe e pelos seus familiares nos USA. Ele se esforçou muito por isto porque ele sabia a dimensão histórica da tragédia dos imigrantes. Outro motivo era a narração de um cronista que narra a seus familiares os acontecimentos de onde se encontrava.
Weber já tinha escrito da Holanda, em 18 de Dezembro de 1827, para sua família, portanto, cinco semanas após terem saídos do Palatinado. Ele narrou a viagem pelo Glan até a cidade de Bingen e de lá até Amsterdam, até este ponto da viagem. Esta carta, porém, não foi guardada, pelo menos, não chegou até nossos dias. Também uma segunda carta de Weber foi perdida, a de 14 de Janeiro de 1828, portanto um dia após o furacão, ainda durante as manobras do malfadado navio. Ele escreveu mais de uma carta, ou não chegaram ou se tornaram ilegíveis. Ele dá o relato: "...14 de Janeiro... porque o barbeiro...", mas o papel da carta de 14 de Janeiro molhou, ficou ilegível ou se perdeu, de qualquer forma, está claro para ele que esta notícia não chegou a sua casa e por isto começa a narrativa em 19 de Dezembro de 1827.
Este foi o dia da partida de Amsterdam. Os imigrantes, que tinham contratado a viagem com o Comandante Karstens, pagaram uma importância muito alta como pré pagamento (22). Este Capitão ou armador tinha uma velha fragata chamada anteriormente de "Thalia"; como serviria como navio de imigração, instalou diversos beliches na depois chamada "Helena en Maria". Em função de seu tamanho de três mastros ele não poderia zarpar direto de Amsterdam e por isto, saíram de Texel, em uma ilha. Para a viagem de Amsterdam até Texel, Karstens conseguiu um pequeno navio, com cerca de 250 pessoas (23), onde todos do Palatinado conseguiram lugar. À época de Natal e cerca de duas semanas de espera os imigrantes ficaram em "Glanstrom" (24), porto da cidade dos heróis. Quando eles chegaram a Texel em 06 de Janeiro de 1828, já estavam 40 famílias de Moselanos com suas malas e objetos pessoais no "Helena e Maria". Estes deveriam fazer uma composição entre 275 a 300 pessoas (25).
O "Helena e Maria" já estava, presumidamente, bem cheio. A saída, como Weber relata, estava prevista para daí uma hora, mas quando o Comandante ordenou que os pertences do navio pequeno passassem para o navio grande e estas famílias tinham que obedecer a ordem dada, isto foi notado pelos Moselanos e Hunsrükianos que já estavam acomodados, em grande quantidade, e viram que não havia lugar embaixo para as malas e objetos. As poucas famílias do Palatinado teriam que deixar seus pertences em cima, o que não era possível numa viagem longa, porque tudo o que estavam levando ficariam sujeitos às intempéries e às águas. Quando cerca de dez famílias colocaram seus pertences no "Helena e Maria", os Moselanos já aquartelados proibiram o transporte de suas malas para baixo e então começou uma briga. Como fala Weber, os palavrões eram indesejados, malditos e jurados. E quando disse: todo tipo de pessoas, ele quis dizer palavras indecentes e que não somente existia gente de bem, educadas e religiosas, mas também pessoas mal educadas.
A saída prevista estava amargamente próxima, com pouco tempo para acomodar as 40 famílias na fragata. De toda forma os Moselanos se posicionaram contra o embarque dos Palatinos, contra a ordem do Capitão. Com o navio já lotado, começaram a gritar que queriam "jogá-lo na água" se ele não soltasse as amarras. Visto que os recém chegados em sua maior parte eram protestantes e os Moselanos, que eram católicos, começaram a ameaçar os infiéis e que também iriam jogá-los na água. Dessa forma o Capitão, que estava sob pressão deu o comando para zarpar sem tomar conhecimento de que se alguma família tinha membros no navio enquanto outros estavam cuidando do transporte de seus pertences e, portanto, não tinham mais a possibilidade de chegar a seus parentes no "Helena e Maria". Weber escreve em sua carta que o Capitão teve medo, apressou tudo e provocou a maior confusão.
Por isso Peter Bauer (52), de Bosenbach estava já a bordo, porém sua mulher e quatro filhos não.
Daniel Samsel (46), de Essweiler, tinha sua mulher Charlotte Kilian com sua irmã, a viúva Philippina Böber, com suas quatro crianças, que tinham entrado antes a bordo e ele ficou cuidando das bagagens, quando o navio partiu. Ele nunca mais viu sua mulher, porque ela morreu na viagem para o Brasil.
A família de Friedrich Häsel (53) de Dennweiler-Frohnbach também foi separada: seu filho mais velho Peter Häsel (32), sua mulher Catharina Schreiner (37) e seu filho Friedrich Häsel (22) já estavam a bordo. Estavam também a bordo Elisabeth Fischer (20), mulher de seu filho Friedrich Häsel e sua pequena criança Catharina. Quanto aos outros quatro homens de sua família estavam ainda com a bagagem: o pai Friedrich, os filhos: Jacob (19), e Friedrich Häsel Jr. e o cunhado Heinrich Fischer (23) de Massweiler, e, portanto, não foram juntos.
Muito dramática deve ter sido, a saída atabalhoada do "Helena e Maria" de Texel, para a família de Friedrich Theobald de Ulmet. Conforme o relatório do Comissariado de Kusel os imigrantes clandestinos de 07.11.1827, enviado ao governo da Baviera (26), Friedrich Theobald aparece no 35º lugar, com a mulher e 3 crianças e como profissão: "agricultor". Ele tinha casa e bens no valor de 1000 florins e tinha leiloado ou vendido particularmente para viajar. Foi ainda notado que Friedrich Theobald tinha recebido documentos para o Brasil e passaporte antigo. Theobald nascido em 1793 em Erdesbach, filho de Johannes Theobald e Margaretha Werle, era casado com Katharina Braun desde 03.04.1814, que era filha de Peter Braun de Ulmet. Os primeiros três filhos desse casamento tinham morrido. Em 1821, Margaretha já tinha nascido (27), o mais velho entre os jovens do relatório do Comissariado estatal era Friedrich, nascido em 11.10.1819 e a criança de dois anos Maria Catharina nascida em 11.11.1825. Uma menina que nasceu em 1821 já era falecida há quatro anos, morreu antes da imigração. Em Novembro de 1827 Catharina estava novamente grávida, depois de gravidez em espaço regular de dois anos: 1819, 1821, 1823, 1825, e estando na a espera na Holanda nasceu uma criança (28).
Quando os pais da família Theobald estavam para colocar seus pertences no navio, foram surpreendidos com a partida repentina do navio, pois as quatro crianças já estavam no navio "Helena e Maria", ou eles estavam em terra ou no pequeno navio. As crianças foram seguramente entregues sob a guarda de outros imigrantes: a família George Robinson (29) estava já completa no deck e a senhora Catharina Schunck (nascida Schorg) de Ulmet (30) que estava com três crianças (31) e um neto (32), assim como a filha Elisabeth com o marido Adam Pabst (33) , seu marido Heinrich (34) e o filho mais velho (35) cuidavam dos pertences. Também Philippina Gilcher com seu marido Peter Häsel (36) de Ulmet, com duas crianças (37) já estavam a bordo, enquanto que sua filha Catharina de 19 anos e seu filho Peter (38) de 13 anos estavam em terra ou no pequeno navio. A surpreendente pressa do Capitão Karstens para soltar as amarras não deu oportunidade para os pais Theobald chegar a seus parentes no Helena e Maria". O filho mais velho que estava no veleiro ficou "responsável" pelas duas crianças e o bebê de um mês enquanto os pais surpreendidos deveriam estar procurando, de qualquer maneira, resolver o problema. Mas isto não foi possível porque o barco grande de três mastros já estava em viagem e junto com outros do Palatinado teriam que conseguir outro navio. Isto só foi possível dois meses (39) depois, para os imigrantes que ficaram para trás, com o veleiro holandês "Alexander", que viajaram para o Rio de Janeiro(40) . Daí, em 20.08.1828, foram levados para Santos, no navio "Rocha"(41) e daí para Santo Amaro. Na lista de passageiros (42) sabemos que Friedrich Theobald e sua esposa Catharina chegaram ao Brasil sem seus quatro filhos. Em nota, no rodapé desta lista, diz que quatro pessoas dessa família deveriam estar no "Helena e Maria".
O "Helena e Maria" zarpou de Texel em 6 de Janeiro de 1828, como Weber mencionou e está indicado no jornal Holandês "Amsterdamsche Courant" de 7.1.1828. O que causou uma boa impressão nele foi a vista da Costa Inglesa (Costa Branca Inglesa), enquanto o tempo ainda estava bom. Mas no dia 10 de Janeiro veio uma tempestade que durou até 12 de Janeiro e foi um dos piores furacões no Canal da Mancha e o "Helena e Maria" foi atingido por ele. O navio, na tarde do dia 12, foi atingido por enormes ondas e quando o furacão aumentou às 9 horas da noite o navio começou a adernar como disse Weber em seu relatório.
Todo relato do naufrágio está na última página da carta de Weber mas, pela parte que se salvou da carta, pelo relato podemos sentir que tinham nos olhos como certa a morte - pela vida cristã - na sua angústia, ficaram em oração para os céus. O bíblico Johannes Weber cita em sua carta na passagem correspondente na bíblia, no livro de Jonas (43) : "você me jogou no fundo do mar, Salvai-nos." e que presidiu toda a reza quando a água começou a subir. Nem "os marinheiros" podiam fazer mais nada. O que aconteceu e a avaria do "Helena e Maria" sabemos através da imprensa e pode-se ver, também nos fragmentos da carta de Weber que durante a noite, de madrugada, às três horas, as partes superiores dos mastros do navio se quebraram e o navio perdeu sua manobrabilidade.
O imigrante Johannes SPINDLER de Niederhosenbach no Hunsrück escreveu na sua carta (44), mais ou menos, a mesma coisa porem foi mais drástico: "nós perdemos os três mastros esta noite, dois marinheiros foram lançados fora do tombadilho e também 20 dos nossos colonizadores. Todos os beliches do navio se quebraram. A água penetrou no navio e quem não saísse logo se afogaria."(45) Mas nas notícias dos jornais nada se falou de mortos, isto parece ser o certo, porque a carta do jovem Weber nada fala sobre isso. É certo que Johannes SPINDLER fez a mesma viagem que Weber, embora não tenha dado o nome do navio, mas ele dá a data de saída como sendo 6 de Janeiro de 1828 - nesse dia só saiu um navio para o Brasil (46) , o "Helena e Maria". Mais adiante, também, coincidem SPINDLER e WEBER quanto à data do furacão, e o local que teve o furacão, mais precisamente, de 12 para 13 de Janeiro de 1828 diante da Costa Inglesa. SPINDLER, também, escreve que o navio perdeu os mastros e que foi rebocado por navio Inglês até o porto Falmouth. Neste ponto, não existem mais dúvidas, SPINDLER e WEBER escreveram sobre o mesmo navio, embora muitos brasileiros se apeguem à lenda de que foram salvos da emergência do navio "Cecília"(47). Johannes SPINDLER e Johannes WEBER chegaram à mesma data em 24.5.1829 a Porto Alegre, como imigrantes do Palatino Ocidental, que saíram de Falmouth.
O que podemos saber através do Jornal da época da Cornualha é que o navio Correio "Plover Packet" sob o comando do Capitão Edward JENNINGS rebocou os destroços do "Helena e Maria" até o porto de Falmouth (48) e quatorze dias depois aparece no Jornal "West Briton", de 1.2.1828, em carta aberta o agradecimento do Capitão Bartholomeus KARSTENS a seu salvador Edward JENNINGS, que, com sua experiência e perícia em manobras, conseguiu trazer até o porto os destroços do "Helena e Maria" sem mastros, e oferece 30 Gineas como retribuição pelo seu esforço, pondo à disposição, ele e sua agência em Inglesa em "Benfild and Lake". No dia seguinte, o mesmo jornal apresenta a resposta aberta do salvador que fala sobre o que fez, que providenciou socorro ao "Helena e Maria", porque julgou ser necessário e dispensou a oferta desta soma para não trazer mais embaraços ao Capitão KARSTENS (49) .
Mas, o que aconteceu com as crianças de Theobald? Outros passageiros, provavelmente, cuidaram deles, embora também tivessem perdido tudo na tempestade e estavam na benemerência dos habitantes de Falmouth, sem levar em conta religião ou nacionalidade, sobretudo pela generosidade do Lord de Dunstanville, vice-presidente da "Sociedade de Auxílio a Estrangeiros Necessitados". (50)
Em situação de emergência o destino atinge primeiro os mais fracos. Neste caso foram as crianças de Theobald, sem os pais. Nos registros de morte de Falmouth descobrimos que em 30 de Janeiro de 1828, duas semanas após a catástrofe a mais jovem criança da família, Caroline Theobald, um bebê sem mãe morreu com a idade de dois meses. No dia 14 de Abril seguiram-se sua irmã Elisabeth Theobald com quatro anos (51). Entre outros de Ulmet que cuidaram destes também tiveram casos como o das crianças de Theobald que morreram em Falmouth. A família de George Robinson que imigrou com três crianças precisou enterrar em 18 de Fevereiro de 1828 em Falmouth sua filha Caroline, nascida em 28.9.1825. A mãe Elisabeth, nascida em Alt, iniciou a viagem grávida e deu a luz em Falmouth, quatro semanas após o furacão e esta recebeu o nome de "George Falmouth Robinson", mas, devido às circunstâncias, morreu quatorze dias depois (52). Alguns casos de morte dessas famílias do Palatinado se encontram na lista de sepultamentos de Falmouth, como a família de Peter Häsel (53), de Dennweiler-Frohnbach, Karl Huber (54) de Techenhäuschen/ Kusel, Jacob Drumm (55), esposo de Katharina Gilcher (56) de Thallichtenberg e Johannes Baum (57) de Elzweiler.
Chama-nos atenção de que os imigrantes que morreram na Inglaterra, somente três adultos foram enterrados na Igreja de Falmouth, e 28 crianças; com exceção de três, todos morreram na primeira semana da tragédia. A maior parte das mortes foi em Janeiro e Fevereiro de 1828 (58) praticamente, logo após o naufrágio, causadas pelo inverno, doenças provenientes do frio, da umidade, da fadiga ou por alimentos inadequados ou nenhum alimento.
Os imigrantes viviam no Porto de Falmouth, fora das instalações da cidade, como é escrito nos registros de sepultamentos, e também, como Johannes SPINDLER diz e Johannes WEBER escreveu em sua carta "on the Liesick", estou deitado nos cais, donde se deduz que morava no navio (59). Na conclusão da carta de WEBER, trás ainda uma comunicação familiar, bem pessoal de anunciar o nascimento e morte juntos. Ele escreve que Deus chamou seu neto, o que se pode comprovar nos registros da Igreja de Falmouth. O nascimento do filho de Peter SCHMIDT e sua mulher, enteada de Johannes WEBER, registrado em 17 de Março de 1828 e batizado em 23 de Março (60). Entretanto, o casal SCHMIDT chegou sem o filho ao Brasil pois, com certeza, o pequeno SCHMIDT morreu em Julho e que o relato, provavelmente, estava na parte perdida da carta de WEBER.
Outra notícia que demonstra a situação econômica dos náufragos, é que recebiam auxílio da população de Falmouth, e que também procuravam tornar-se auto suficientes. Dessa maneira a mulher de WEBER e seu genro conseguiram emprego que lhes garantiam 15 florins por semana, o que deu para ultrapassar a fase mais aguda.
O "Helena e Maria" foi reparado, mas os imigrantes não queriam ser transportados por ele porque achavam inseguros e um laudo oficial da suprema autoridade marítima Inglesa, o Lord Alto Almirante (61), afirmou que o navio não era seguro. Como o "Helena e Maria" foi reparado, mas não foi mais considerado navegável passaram a buscar outro meio de transporte. Somente após muitas pedidos o Governo Inglês (62) pôs um navio à disposição deles, mas que a roupa (chegava novamente o inverno) e os mantimentos ficavam por conta deles. Essa ajuda foi dada, em parte pela comunidade Inglesa e, em fins de 1828, o navio "James Laing" foi colocado a disposição deles no Porto de Falmouth (63) . Em 10 de dezembro de 1828, quase um ano depois do início da viagem na Holanda, o navio zarpou de Falmouth com os imigrantes, e dois meses depois, sem qualquer acontecimento, chegaram ao Rio de Janeiro.
A maior parte dos Hunsrükianos, Moselanos e Palatinos foram registados em 18/03/1829 no Rio de Janeiro, embarcados em 10 abril de 1829 no veleiro costeiro "Florinda" e encaminhados para Porto Alegre no Rio Grande do Sul, onde chegaram em 14 de maio de 1829. Os imigrantes que tinham parentes em São Paulo que haviam chegado no navio "Alexander" em Junho de 1828, podiam segui-los e, portanto, após um ano e meio puderam abraçá-los novamente. Eles ficaram no Hospital Militar nos arredores da cidade de São Paulo que tinha, na época, vinte mil habitantes. Estes que foram separados, acidentados e, felizmente, sobreviventes com seus companheiros eram esperados pelos que já tinham chegado. Muitos infelizes como a família Theobald de Ulmet, a família Häsel de Dennweiler-Frohnbach, e Daniel Samsel de Essweiler não viram mais alguns de seus parentes. Ao menos uma família, após a catástrofe marítima e a morte de um filho, desistiu de imigrar: Johannes Baum e sua mulher Charlotte Dahm que voltaram ainda em 1828 para Elzweiler no Palatinado. A sua casa eles tinham, inteligentemente, não vendido, mas deixada aos cuidados de uma irmã.
Em Novembro de 1828 receberam os imigrantes do Palatinado, entre eles, Friedrich Theobald, o seu lote de terra a mais ou menos 40 km ao sul da cidade de São Paulo e a 12 km da Vila de Santo Amaro (64), hoje Colônia. Aí poderiam se estabelecer se aceitassem as condições (65). Johannes WEBER e sua mulher, sua enteada e o marido Peter SCHMIDT foram os primeiros a se estabelecerem no Rio Grande do Sul na Colônia "Walachei", aí, também, chegou a primeira criança da família Peter SCHMIDT, sobrevivente. Logo depois a família mudou-se para Dois Irmãos onde WEBER trabalhou como professor na escola e como Pastor auxiliar, assim sendo conseguiu transmitir sua crença cristã e, com mais fervor, devido sua milagrosa salvação daquela emergência marítima.
pág. 1
pág. 2
O papel sofreu muito com a idade de quase 2 seculos, danos causados pela água, e frequente abertura nas linhas de dobra, de modo que a escrita não é bem legível nestas linhas. A parte direita da pagina 3 está faltando.
pág. 3
Transcrição da carta de Johannes WEBER de Falmouth, 1828
e reconstrução da pagina 3 parcialmente perdida
“Wir haben einen Gott der da hilft
und den Herrn, Herrn der vom Tode errettet - Psalm 68, v.21
Engeland
Liesick den 20 Nov. 1828
Liebste Mutter, und Mitmutter, Geschwister, Schwäger
und Geschweyen , Freunde und Verwante, und alle Bekante,
Ich will euch nach dem obgemelten Spruch zu wißen thun,
da mit ihr sehen könt wie große Dinge der Herr an uns gethan hat.
Ich habe euch ja letzd Jahr am 18ten Dezember (…) wieder in Holand
zurück geschrieben, wie es uns von Haus ergangen ist, bis dorthin.
Jetz will ich euch auch zu wißen thun, wie es uns ergangen
ist, von dort an bis hieher.
Den 19ten December 1827 sind wir auf dem Kapetin seinem Schiff
auf dem Decksel bis an das Nordsee an die Statd Helter gefahren.
Da haben wir gelegen bis den 6ten Januar 1828. Da sind
wir nach dem Nordsee abgefahren, aber – leider wie,
nicht ihn Gottes Nahmen, sondern ihn Wünschen, Fluchen und
Schwören, weil wir allersorten Menschen auf dem Schiffe hatten.
Nemlich der Kapetin hatte zwey Schiffe, ein kleines wo die Kolonisten
vom Klanstrom darein waren, und ein groses Schiff
Maria Helena genannt, darein waren die Kolonisten vom
Moselstrom , ohngefehr 40 Haushaltungen.
Jetz sagte der Kapetin alle die in dem kleinen Schiffe
wären solten mit ihren Vermögen auf das grose Schiff
kommen, dann in einer Stunde thäten wir absegelen.
Und wir thaten es und trugen unser Vermögen auf
das grose Schiff, und unsere Kästen musten oben auf …
____________________________
1 Geschweye – altertümlich für „des Mannes Schwester“, hier eher im Sinne von Schwestern der Schwäger gemeint.
2 Kurzes Wort nicht lesbar; das Papier hat ein Loch an dieser Stelle.
3 Texel
4 den Helder
5 d.h. der Glan, aus dessen Nähe die westpfälzer Auswanderer alle stammten
6 der Name des Schiffes war eigentlich „Helena und Maria“, wurde aber abgekürzt häufig als „Maria Helena“ zitiert, analgog zu einem Mädchennamen, so auch bei Edmundo Zenha, A Colonia Alema de Santo Amaro, SP 1950, S.74 ff.). Das Schiff war wohl ein älteres Modell, denn zuvor war es schon unter dem Namen „Thalia“ gesegelt und wurde erst nach einem Eigentümerwechsel auf „Helena und Maria“ getauft
7 in der Tat stammten viele dieser Familien aus Klüsserath und Umgebung an der Mosel, damals zu Preußen gehörig; andere kamen vom Hunsrück bzw. preußischem Gebiet nördlich des Glan.
Seite 2:
dem Schiffe stehen bleiben, weil die vom Mosel-
strom mit uns und dem Kapetin einen grosen Streit
angefangen hatten, denn diese sagten wir werden den
Kapetin mit samt den Luterischen ihn das Waßer schmeisen.
Aber wir hatten keine Furcht vor diesen Menschen, sondern
wir verliesen uns auf Gott.
Und die Moseler Kolenisten trungen so hart auf den Kapetin,
daß er vor Angst nicht wuste, was er thun solte. Da rief er
durch ein Megaffon hinüber ins andere Schiff das komme in schneller
Eill und nahm das große Schiff und führet uns auf das
Nordsee und das kleine Schiff blieb stehen und 10 Fammilijen
wurden getrennt wo etliche auf dem kleinen und etliche
auf dem grosen Schiffe waren und die meisten vom
Klanstrom blieben zurück in Holland und ich habe erfahren
daß sie am 22.ten Merz mit einem holländischen
Schiff nach Brasilgen abgefahren sind und sie seien
alle glücklich in Rio Schenero angekommen.
So sind wir am 6ten auf dem Nordsee fort gefahren,
und den 7ten sind wir zwischen Frankreich und Engelland
durchgefahren, da habe ich die Gegent von Brihtanien
gesehen, den 10ten haben wir ein wenig Storm gehabt
bis den 12ten nachmittags um 4 Uhr, da erhob sich der
Storm so sehr daß das Schiff mit Wellen bedeckt
wurde. Das dauerte bis abends 9 Uhr da fing das
Schiff an zu sinken weil der wilte Stormwind
blies; dachten wir ihn Meres Fluthen unsern Untergang gewiß…
Seite 3:
Versuch einer Rekonstruktion aus den Zeilenanfängen
(links die noch erhaltenen Wörter und Wortanfänge, rechts in Klammern mögliche sinngemäße Ergänzungen nach den Kriterien der erkennbaren Satz- und Wortanfänge, der Zeilenlänge, dem bisher bekannten Geschehen, den bekannten genealogischen Fakten und erfolgten historischen Recherchen und dem Duktus des Weber’schen Stils.)
(1.Zeile fehlt,) (nicht mehr vermeiden zu können.)
Unsere Schiffart g.. (ging ihrem sicheren Ende entgegen)
dann wir sahen u … (uns bereits dem Untergang geweiht)
und gaben einander (Trost und Hoffnung auf einen)
Seligen Tod, (das war aber schwer, denn man)
mag nicht versaufen. (Die Wellen brachen jetzt ganz )
häufig in das Schiff, (das der Wind immer wieder)
____________________________
8 das Wort ist wegen eines Loches im Papier nicht komplett lesbar.
9 Die folgenden Wörter sind im Falz verborgen und kaum oder nur teilweise lesbar. Rekonstruktion in Kursivschrift
hochwarf. Jetz wurden (die Wellen so mächtig, dass man
das Wasser nicht mehr (aus dem Schiff kriegen konnte )
Die Materosen haben (es versucht, aber umsonst. Da)
sind die Wellen h) (hoch über das Schiff gekommen.
und ein jedes ruft (um Hilfe und betet laut zu Gott,)
dann das Wasser g… (ging immer höher und wir beteten:)
Du warfest mich ihn (die Tiefe mitten im Meer. Rette uns.)
Des Morgens um 3… (Uhr gab es einen lauten Krach)
und das obere th… (Theil der Masten brach ab. Die Trümmer)
haben auf der De… (Deckfläche alles zerstört. Wir wären)
zugrunde gegangen (alle miteinander, ohne Zweifel, da
haben wir Errettung (von einem Schiff bekommen, das)
uns mit einem Kr… (Kran in nach Falmouth schleppte)
da hatten wir n… (noch Glück in diesem Unglück, da wir be-)
harrlich und (inbrünstig gebetet haben. Meinen Brief)
vom 14ten Jenner… (werdet ihr vielleicht nicht erhalten haben)
weil das Babier… (verloren gegangen ist. Am 17.März 1828)
um 3 Uhr hat uns… (der allmächtige Gott einen kleinen Enkel-)
sohn beschehret u… (und wir haben ihn hier taufen lassen. Aber)
im Monat July… (ist er leider gestorben. Inzwischen haben)
meine Frau und der Pe… (Peter Schmidt Arbeit gefunden. Sie verdienen)
alle Woche 15 Gulten (und so brauchen wir keine fremde Hilfe mehr.)
Ich hoffe mein Schreiben (kommt diesmal gut bei euch an; wir verbleiben)
und grüßen euch a… (alle miteinander recht herzlich)
Randnotizen:
S. 1: Schicket mir im Brief ein Biesen Tabaksamen.
Machet die Adres an Kapetin King in Falmouth
in Engeland, über Amsterdam, über London.
Dieser jemand ist mir ein sehr guter Freund,
und inwindig in den Brief schreibet meinen Namen John Weber auf dem Liesick.
S. 2: Wann ihr den Brief erhalten thut, so seumet auch nicht und schreibet mir
zurück und machet die Adres an Kapetin King in Falmouth.
S.3: Schicket ihn nach Bosenbach und Hachenbach und behalet ihn gemeindschaftlich.
__________________________________
10 Bibelzitat: Jona 2:3.
11 Das genaue Geburtsdatum stammt aus Falmouth (Falmouth parish church baptism register), das mir vom Cornwall Records Office zur Verfügung mitgeteilt wurde. Taufe am 23.3.1828.
12 Peter Schmidt und Frau sind ohne Kinder in Brasilien angekommen, wie die von Carlos Hunsche veröffentlichen Listen ausweisen.
13 Weber war mit seiner Stieftochter „M.Elisabeth“ BARTOLOME und deren Mann Peter Schmidt unterwegs.
14 Captain King war zu dieser Zeit der Hafenkommandant in Falmouth.
15 Weber hatte nach Bosenbach geheiratet; die Familie seiner Frau (LINN) wohnte in Hachenbach.
Tradução da carta de Johannes WEBER em português
"Nós temos um Deus que nos ajuda, e o Senhor, Senhor que nos salva" – Salmo 68 v.21
Inglaterra
Liesick, 20 de novembro de 1828
Mais querida mãe, sogra, irmãos, irmãs , genros, noras (66), amigos parentes e conhecidos.
Eu quero que saibam - de acordo com estas palavras - do salmo acima, e possam ver que grande coisa o Senhor fez por nós.
Eu escrevi para vocês no último ano em 18 de Dezembro, passado {...} (67) ainda na Holanda, como nós saímos de casa até lá. Agora quero que vocês saibam o que aconteceu conosco desde que saímos de lá até aqui.
Em 19 de Dezembro de 1827, nós viajamos com Capitão em seu navio até Decksel (68) até o mar do norte na cidade de Helter (69). Lá ficamos até o dia 6 de Janeiro de 1828. Naquele dia, viajamos novamente para do mar do norte, mas – infelizmente não em nome do Senhor, mas em juramento, maldição e ameaças, porque tínhamos toda espécie de pessoas a bordo.
O Capitão tinha 2 navios, um pequeno onde estavam os colonos do Rio Klan (70) e um grande navio chamado Maria Helena (71) onde estavam os colonos do Rio Mosel, cerca de 40 famílias.
Então o Capitão disse: todos aqueles que estão no navio pequeno devem passar para bordo do navio grande com todos seus pertences porque dentro de uma hora iriam partir. E nós fomos apanhar nossas caixas e pertences para trazer ao navio grande e que deveriam ser (...ilegível...) de cima (...ilegível...) nossos pertences deveriam estar em cima do navio porque os colonos do Rio Mosel iniciaram uma grande briga conosco e com o Capitão. Eles diziam que iriam jogar o Capitão na água e junto todos os luteranos.
Mas não tínhamos medo daquelas pessoas, porque cremos na vontade de Deus.
[Página 2]
Os colonos Moselanos de imediato enfrentaram duramente o Capitão, sem saber o que fazer e com medo diante do medo, gritou através de um(...ilegível) {megafone) (72) (...ilegível...) sobre um outr (...ilegível) {o} navio (73) e apressadamente zarpou para o Mar do Norte, o pequeno navio ficou para trás e 10 famílias. Alguns no pequeno navio e outros no grande, e a maioria dos colonos do Rio Klan ficaram para trás, na Holanda e eu soube que eles partiram para o Brasil em 22 de Março com um navio holandês e que todos viajaram para Rio de Janeiro.
Então partimos no dia 6 em direção ao Mar do Norte, no dia 7 viajamos através da (...ilegível...) e vimos a costa da Inglaterra. No dia 10 tivemos uma pequena tempestade até o dia 12 pela tarde até pelas 4 da manhã quando a tempestade aumentou e o navio foi coberto pelas ondas. Mais tarde pelas 9 horas quando começou a inclinar devido ao vento selvagem que soprava; estávamos certos que afundaríamos por causa das inundações...
[Pag. 3 Procurei uma reconstrução através do início da linha à esquerda estão as palavras e início das palavras existentes, e a direita em parênteses possíveis complementos de acordo com o critério do comprimento da frase, as frases e palavras até aqui conhecidas, os eventos descritos até o momento, os fatos genealógicos conhecidos e pesquisa históricas e a forma do estilo Weber]
(1. Frase falta) (não foi mais possível saber)
Nossa viagem de navio...(não terminou com segurança)
Então nós vimos...(o nosso fim próximo)
E demos uns aos outros... (consolação e esperança uns aos outros)
Morte certa... (isso foi difícil, a eles)
Não gostariam de se afogar... (as ondas quebravam agora)
Muitas vezes no navio... (o vento forte continuava sempre)
Soprando. Agora...(As ondas eram tão poderosas que)
A água não mais...(saia para fora do navio)
Os marinheiros...(tentava algo, mas nada. Que)
as ondas...(atingiam encima do navio)
E todos pediam...(por ajuda e rezando para Deus)
E então a água...(enchia cada vez mais e nós rezávamos)
O Senhor me jogou...(para o fundo no meio do mar. Nos salvou.) (74)
Durante a manhã pelas 3...(houve um grande estrondo)
E a parte superior...(dos mastros quebraram. Os destroços)
caíram sobre o convés...(e o tudo ficou destruído. Nós estávamos)
arruinados e ficamos...(todos juntos, sem dúvida, que)
fomos salvos...(por um navio, que)
com um...(guindaste nos arrastou em direção a Falmouth)
e nós tivemos...(ainda sorte nesse desastre, que nós)
muito...( fervorosamente rezamos. Minha carta)
de 14 de Janeiro...(talvez vocês não tenham recebido)
porque terá se...(perdido. Em 17 de Março de 1828) (75)
às 3 da manhã nós...(deu, Deus todo, um pequeno neto)
filho lindo...(e nós o batizamos. Mas)
no mês de Julho...(ele infelizmente morreu (76) . Nesse meio tempo)
minha mulher e Pe...(ter encontraram trabalho. Ele ganhava)
por semana, 15 florins...(e não precisávamos mais nenhuma ajuda de estranho)
Eu espero que minha carta...(chegue bem desta vez para vocês. Nós permaneceremos bem)
e saudações a vocês...(de todo coração)
Rodapé:
pg. 1
Mande-me, por carta, um pouco de semente de tabaco. Use o endereço do Capitão King em Falmouth na Inglaterra, via Amsterdam, através de Londres. Esta pessoa é um grande amigo meu e internamente na carta escreva o meu nome John Weber no Liesick.
pg.2
Quando receber a carta, sem demora, me escreva de volta e coloque o endereço do Capitão King em Falmouth (78).
pg.3:
Envie a carta para Bosenbach e Hachenbach (79).
Carta do imigrante Johannes SPINDLER de 7.3.1828 de Falmouth/Inglaterra para seu irmão em Niederhosenbach/Hunsrück (80)
Muito amado e estimado irmão e senhora cunhada.
Não é nenhuma maldade por ter feito esperar por notícias, agora ao lerem saberão em que situação eu e minha família nos encontramos, vocês compreenderão. Espero encontrar vocês em boa saúde que é a grande alegria do coração. Também nós, graças a Deus, estamos com boa saúde mas insatisfeitos com nosso destino. Vocês ficaram sabendo que eu e minha família fomos a Bremen. De lá, deixamos nossa Pátria para encontrar no Brasil um novo lar (81). No dia 6 de Janeiro partimos com bom vento ao mar mas, diante da Costa Holandesa, pegamos uma terrível e amedrontante tempestade que, desde 1 hora do dia 12 até 12 horas do dia 13, nos jogava de um lado para outro até que sofremos a quebra do navio., perdemos nessa noite os 3 mastros, 2 marinheiros caíram do tombadilho, 20 dos nossos colonizadores e quebraram todos os beliches do navio. A água entrou no navio e quem não saísse logo seria se afogar. Fizemos uma oração juntos e quando nosso azar parecia mais negro um navio chegou a nós e rebocou os restos quebrados com os sobreviventes ao porto da cidade de Falmouth, na Inglaterra. O Capitão vendeu o navio e fugiu com o dinheiro e a caução do banco em Amsterdam (82). Agora não temos nem navio, nem Capitão, nem dinheiro. A Inglaterra fez muito bem para nós mas tem pouco espaço para nós, o dinheiro acabou e nós não temos nenhuma perspectiva de como sair daqui. Já perguntamos aos senhores que poderiam providenciar nossa viagem para a América mas não obtivemos resposta e a Inglaterra não que mandar gente para o Brasil. Vivemos na esperança de ir para a Filadélfia mas só Deus sabe quando. Nós temos um desejo: querido irmão, faz a gentileza de mandar uma carta para sabermos se estão espertos e saudáveis e poderemos ouvir sua opinião.
Caro irmão, faça seu filho Christian saber do nosso destino e que o seu padrinho manda muitas lembranças. E se você escrever para meu endereço através de Londres para Falmouth, para Willian Reavel, alfaiate de Falmouth mas com letras latinas. Nós mandamos lembranças a vocês todos, de todo coração.
Johannes SPINDLER
Falmouth, 7 de Março de 1828.
PS. Caro irmão leia para nossa irmã a carta e faça ela saber de nosso destino no mar. Päth dormiu durante toda tempestade e não percebeu nada. Está cheio de energia e saudável e manda muitas lembranças a God como a todas minhas crianças. Com muitos abraços.
NOTAS:
1 Arandt, Maria Clarice: História da Colonização de Dois Irmãos, Dois Irmãos, 1999.
2 Aviso de saídas de navios do Jornal "Amsterdamsche Courant" de 7.1.1828.
3 Informação da saída de navio na carta de Johannes Weber em 20.11.1828.
4 Carta de 20.11.1828 de Falmouth para sua mãe Rosina Weber em Neunkirchen, redescoberto em 2013 por John V. Richardson, PhD, Inglewood, na bibliotheca “Kate Love Simpson Library“, McConnelsville, Morgan County, Ohio , EU.
5 Parte compacta do Werle-Fauser, Hilde, completo em Engelmann, Erni Guilherme: A Saga do Alemães, Santa Maria, Brasil, 2004, pg. 78.
6 Bouma, G. N.: Lista de Saída de Navios da Holanda de 1820 a 1900, pg 295: "Helena e Maria de Thalia 1828, B. Karstens.
7 No Jornal "West Briton" de 8.2.1828 pg. 3A, carta de Karstens de 1.2., resposta de Jennings de 2.2.1828.
8 Parte de notícia do "London Times" de 23.10.1828 pg. 2D.
9 Extraído do livro de Engelmann "A Saga dos Alemães" onde aparece a lenda do "Cecília" com a data errada de 6.1.1827.
10 Hunsche, Carlos: O Imigrante Alemão para o Sul do Brasil entre 1824-1830.
11 Philipp Schmitz veio com sua mulher e duas crianças em 14.5.1829 junto com a família de Adam Sander (Konken) e George Robinson (Ulmet) e Nicolaus Müller (Spesbach) para Porto Alegre (Hunsche).
12 "Lista do Lloyd" de 18.1.1828 "Falmouth, 15 de Janeiro: o 'Plover Packet' chegou aqui, rebocando o "Helena e Maria", Kersten, de Amsterdam para o Brasil que encontrou em "Manacle Rock" neste dia, totalmente desmantelado".
13 Dados obtidos no "Escritório de Cornualha" - www.cornwall-opc-database.org
14 Uma família católica Abraham Bohnenberger (6 pessoas de Niederalben perto de Offenbach/Glan) da mesma forma que Weber e Spindler no navio "Florinda" em 10.4.1829 em transporte do Rio para Porto Alegre ("Aviso do Governo" - Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul). Eles estavam com o grupo de Trier/Klüsserath e o do Hunsrück junto no "Helena e Maria" e os Protestantes do Palatinado.
15 Na falta da lista original de navios foi enviado cópia para Hunsche.
16 Veja o artigo de Friedrich Hüttenberger “Heimlicherweise nach Brasilien”, Pfälzisch-Rheinisch Familienkunde, Ludwigshafen 2006, vol. XVI, pg. 42. Versão inglês:
http://www.huettenberger.homepage.t-online.de/to%20Brazil2.htm
17 Carta se refere a 3 folhas de Johannes Weber escrita em Falmouth, Cornualha em 20 de Novembro de 1828 e enviada para sua mãe Rosina Weber née Wollenschäger, e depois levada para ela e seus filhos Peter e Adam Weber, e Catharina Bischoff em 1833 para os EU - Ohio. A carta permaneceu com a família até 1996, e depois numa bibliotheca publica.
18 Lista dos emigrantes do Arquivo do Comissariado de Kusel de 8.1.1828. O Prefeito de Bosenbach e Essweiler fixaram a data de saída na noite de 6 para 7 de Novembro.
19 Veja Friedrich Hüttenberger PRhFk, 2006, p.42.
20 H. Gilcher, Bosenbach; Theobald, Ulmet; P. Häsel, Ulmet; H. Schunck, Ulmet; P. Bauer, Bedesbach; D. Samsel, Essweiler; F. Häsel sr., Frohnbach. Weber escreveu que 10 famílias foram separadas.
21 Reportagem em jornais da Cornualha: "West Briton" de 18.1.1828, do "Royal Cornwall Gazette" de 2.2.1828 e a lista do "Lloyd" de 18.1.1828: "Falmouth, 15 de Janeiro o "Plover Packet" chegou aqui, rebocando o "Helena e Maria"...neste dia, totalmente desmantelado".
22 Notícia no "London Times" de 23.10.1828, pg 2, coluna D.
23 Os da lista do Comissariado de Kusel (202 pessoas) e tambem algumas outras famílias não registradas em Kusel: Heinrich Helfenstein e Dorothea Gilcher e Jacob Drumm e Catharina Gilcher de Tallichtenberg, Nicolaus Müller, Peter Schuck, Catharina Jung, Jacob Grossklos e Adam Kappel de Kusel, Nicolaus Glaser de Ulmet, ao todo cerca de 45 pessoas.
24 Weber escreveu "Klanstrom".
25 O jornal "Royal Cornwall Gazette" em 25.10.1828 fala de "cerca de 305" imigrantes alemães em Falmouth para o Brasil. Chegaram 313 pessoas em Rio em 8/02/1829.
26 Arquivo original da Comarca de Kusel, emigração.
27 Joh. Adam *29.4.1815, M. Elisabeth *8.12.1816, M. Catharina * 21.3.1818.
28 Lista de sepultamentos de Falmouth (http://www.cornwall-opc-database.org) e a data saída e da chegada da família Theobald ao Brasil.
29 Georg Friedrich Robinson *22.81784, em Lauterecken, casou-se em 31.10.1815 com Elisab. Alt e três filhos: Peter, 9 anos (81819). Carl, 5 anos (*3.10.1822), Carolina, 2 anos (*28.9.1825).
30 Nascido em 10.12.1779 em Rathsweiler.
31 Nascido em 23.7.1808, em Horschbach, Binchen *6.3.1818 em Ulmet, Julchen *5.11.1820 em Ulmet.
32 Johann Pabst*10.7.1825 em Ulmet.
33 Adam Pabst *23.3.1803 e sua esposa Elisabeth Schunck *17.12.1803
34 Heinrich Schunck, Pastor *24.6.1776 em Einoellen.
35 Heinrich Schunck *3.5.1810 em Bedesbach.
36 Philippina Gilcher *29.2.1784 em Rathsweiler, casado em 24.11.1805 com Peter Häsel *1781
37 Jacob Häsel *26.9.1822 e Adam Häsel *18.7.1818 em Ulmet.
38 Katharina Häsel *24.5.1808, Peter Häsel *2.1.1815 em Ulmet.
39 Johannes Weber menciona o 22 de Março de 1828 como dia da saída para viagem.
40 Notícias posteriores por Friedrich Rheinberger de Erdesbach de 11.3.1852.
41 Autêntico em Edmundo Zenha, A Colônia Alemã de Santo Amaro, São Paulo, 1850, pg.74.
42 "Lista D" em Edmundo Zenha.
43 Jonas 2.3.
44 o original da carta foi perdida por bomba que caiu em 1944 na casa de Norbert Spindler em Kassel/Alemanha, mas uma fotocopia existe no arquivo de Hartmut Wettmann.
45 Citação do original. Uma cópia do artigo por Hartmut Wettmann em "O longo caminho para uma nova Pátria", publicada no "Hunsrück" em 1980.
46 Lista dos navios no Jornal "Amsterdamsche Courant" de 7.1.1828.
47 De Erni G. Engelmann no "A saga dos Alemaes", Santa Maria, 2004, pg. 77.f. http://www.doisirmaos.rs.gov.br/doisirmaos/doisirmaos/historia/ http://sandefest.4t.com/contact.html
48 "West Briton" 18.1.1828, pg.2d e 3b, "Royal Cornwall Gazette" de 2.2.1828, pg.3a.
49 "West Briton" de 8.2.1828, pg. 3a.
50 "Royal Cornwall Gazette" 2.2.1828, pg. 3a.
51 http://www.cornwall-opc-database.org
52 "Falmouth parish burials", http://www.cornwall-opc-database.org
53 Peter Häsel *5.3.1795, filho do imigrante Friedrich Häsel de Dennweiler-Frohnbach e Elisabeth Zimmermann, casado em 8.7.1822 com Catharina Schreiner. Seus filhos: Friedrich *9.8.1826 e falecido em 1.2.1828 em Falmouth, e Philippina falecida em 24.5.1828 em Falmouth com apenas 14 dias.
54 Karl Huber, 32 anos com a esposa e 6 filhos com idades de 1,2,6,8,10 e 13 anos. O filho mais novo Heinrich morreu em 26.11.1828 em Falmouth com 2 anos de idade.
55 Jacob Drumm, nascido em 9.5.1781 em Thallichtenberg, faleceu em 26.11.1828 em Falmouth – um acidente na pedreira, onde trabalhava ("Falmouth parish burials"). Os descendetes falam de assassinato.
56 Catharina filha de Nickel Gilcher, nascida em 15.3.1783 em Rehweiler, casada com Jacob Drumm em 1810.
57 Johannes Baum, 46 anos, com su esposa Charlotta Dahm e 4 filhos. O filho mais velho Johannes Baum (*10.12.1816) faleceu em 31.1.1828 em Falmouth.
58 Registros de "Falmouth Parish Church".
59 Não há nenhum localidade "Liesick" em Cornwall. Pode ser que a palavra signifique: (navio) deitado ou doente.
60 Comunicado do Arquivo de David Thomas, do "Cornwall Records Office" de Falmouth em 22.7.2014.
61 Notícia do "London Times" de 23.10.1828, pg.2d.
62 Veja "London Times" de 23.10.1828, pg 2d, da mesma forma que no "Royal Cornwall Gazette" de 25.10.1828, pg. 3f.
63 "Royal Cornwall Gazette" de 6.12.1828, pg. 3c.
64 "Lista F" de Zenha, a.a.O., pg. 85.
65 Zenha pg 36.
66 “Geschweye” : forma de falar arcaica : a irmã do cunhado.
67 Falta palavra pois havia buraco no papel.
68 Texel , o porto maritimo de Amsterdam
69 Den Helder, pequena cidade perto de Texel.
70 Os imigrantes Palatinos eram originários da região próxima do rio Glan.
71 O nome do navio era "Helena e Maria" mas foi adulterado para "Maria Helena" pelos que escreveram.
72 Buraco no papel e então falta palavra.
73 Palavras ilegíveis pois se encontram na dobra do papel.
74 Citação de Jonas 2:3.
75 Data precisa do nascimento vem de Falmouth (Falmouth parish Church baptism register) do escritório do Arquivo de Cornwall. Batismo em 23.3.1828.
76 Peter Schmidt e senhora chegaram ao Brasil sem filhos, lista de Carlos Hunsche.
77 Weber estava com a enteada M. Elisabeth Bartolome e o marido Peter Schmidt.
78 O Capitão King era o Comandante do Porto de Falmouth nessa época.
79 Weber de Bosenbach, a família de sua mulher (Linn) morava em Hachenbach.
80 Transcrição da cópia da carta original de Hartmut Wettmann, editor do artigo "A Viagem Perigosa" no (almanaque): Heimatkalender Landkreis Birkenfeld, 1980, pg 194f.
81 Carlos Hunsche compreende destes capítulos que Spindler saiu de Bremen e veio direto para o Brasil. Não é correto. Spindler deixou a patria viajando de Bremen para Holanda.
82 Spindler estava em Amsterdam para pagar a viajem e para ser embarcado no "Helena e Maria".
Autor: Friedrich Hüttenberger, Spinosastrasse 21, 67663, Kaiserslautern.
E-mail: ff.huettenberger@t-online.de
Boa noite.
ResponderExcluirAcabo de madrugar a noite a dentro lendo este dramático relato esclarecedor de importantíssima causa. Historiadores são pessoas atípicas que vão a fundo até o último detalhe para desvendar e lucidar fatos e o autor tem o dom.
Sou descendente gerânico por parte de geração passadas paternas e busco como todos a história de nossos antepassados. Ainda com dificuldades o fio da minha história não se resolveu mas sei que uma biza vó minha de nome Bertha Heller nasceu em 12/02/1886 na comunidade de Baumschinese ( Dois Irmãos ) filha de Henrich Heller e Charlotta Hack. Do Outro lado são das famílias Kloss e Schú que sei muito pouco. A pista foi dada com essa espetacular leitura e vou me arriscar em procurar as listas dos navios Helena e Maria e o veleiro Holandês Alexander e mais o navio costeiro Rocha se seus sobre nomes constam nessa desaparecida fatia histórica que o povo brasileiro desconhece por completo e merecedora de um filme.
Agradecimentos pela descoberta deste excelente blog, fruto de esforços dos poucos que utilizam de seu tempo precioso para compartilhar sem custo algum o conhecimento da historia dos imigrantes.
Grande abraço
Obrigada pelas amáveis palavras. O autor genealogista está empenhado nesta tarefa de resgatar as listas dos navios mencionados. Abraço.
Excluirespetacular resgate historico e importante esclarecimentos.
ResponderExcluirFantastico!notavel e importante trabalho de elucidação historica
ResponderExcluirSou Paulo (Schunck) Knippel Galletta e estou procurando a história da família Schunck há muitos anos. Minha trisavó JULIANA SCHUNCK estava com a mãe CATHARIANA e 3 irmãos no navio HELENA MARIA. Só agora, com este excelente trabalho com muitíssima documentação, consegui entender o porque da família ter vindo em 2 diferentes navios. Desejo agradecer aos pesquisadores/historiadores a divulgação destas informações que enriquecem a história de nossa família. Deus os protejam,
ResponderExcluirAgradeço esta tua contribuição sobre o assunto, Paulo. Abraços.
ExcluirSchunck é uma das famílias mais tradicionais que existem em Santo Amaro, São Paulo. Acredito que fazem parte desse naufrágio, pois é uma coisa obscura por aqui, mas na região que chamamos Colônia, citam constantemente esse acidente. Uma família Schunck de São Paulo tem uma agência funerária em um lugar chamado Embu Guassu.(as vezes escrito com ç)
ExcluirTudo leva a crer e confirmada por varias pessoas, mas que ainda procuro algo mais que Nicolau Glaser e Julianna Grub de Ulmet que estão na lista do navio Rocha, são os pais de meu trisavo Christiano.Sou do Paraná Triste a saga deles, mas feliz por descobrir sobre eles.
ResponderExcluirParabéns pelo elucidativo trabalho! Só não consegui ainda entender a origem do nome Cäcilia do navio Helena Maria! Abraços!
ResponderExcluirNinguém sabe o porquê da troca de nomes. Como a história foi passada oralmente, talvez alguém tenha se atrapalhado com o nome de mulher que o navio tinha e passado adiante este erro. Também é possível que o navio tenha ganhado um apelido, como era comum antigamente. Digo isto pelo que li dentro do contexto da imigração italiana, em que os imigrantes tinham este costume. Talvez nunca saibamos a verdade...
Desculpe-me por não ter me identificado no comentário anterior! Meu nome é Erni Guilherme Engelmann, sou autor da trilogia "A saga dos Alemães - do Hunsrück para Santa Maria do Mundo Novo - edição bilíngue (alemão/portugues)! Hoje é dia 09.05.2019! No próximo sábado 11.05.2019, teremos encontro do grupo de estudos Genealógicos, na cidade de Dois Irmãos. Nosso grupo é conhecido como Genealogia-RS e somos comandados pelo colega Nélio Schmidt. Nosso colega Décio Schauren, fará uma exposição clara desta matéria, baseado nestas novas descobertas relativas a este histórico fato! Estarei presente e espero que uma versão definitiva sôbfre a origem do nome "Cäcilia" possa ser descoberta! Informar-lhe-ei oportunamente! Abraços agradecidos!
ResponderExcluirPor favor tem a lista de passageiros deste navio? Procuro por João (ou Johann) Weber e esposa Maria Salome. Qualquer informação ficaria muito grata. e-mail: sisterqueiroz@gmail.com Muito obrigado
ExcluirNo navio havia Johann Weber, mas era casado com Filipina Bartholomä Linn.
ExcluirIncrível. Meus antepassados vieram neste navio. "Familia Drumm". Sempre soube dessa história, porém agora, bem mais rica em detalhes. Em 2019 descobri no cemitério da Lomba Grande-Novo Hamburgo, o túmulo de Anna Julianna Drumm, passageira do navio, filha de Jacob Drumm(assassinado no porto de Falmouth)ou acidente na pedreira.
ResponderExcluirDear Mrs Göller,
ResponderExcluirI have read your blog with interest. In the meantime, together with Friedrich Hüttenberger, I have published a book in which much more information can be found about the journey of the 514 German migrants who wanted to leave for Brazil in 1827 with the Helena and Maria. The book, geuitels "Gelukzoekers gestrand" was published by Amsterdam University Press and is written in Dutch. A short visual summary with Portuguese subtitles can be found at https://youtu.be/HOprjBqmUys
Sincerely, Onno Boonstra
Thanks for the contact, Mr Boonstra. The information is very interesting. I'll post it on the blog later. Congratulatios for the book.
ExcluirVerdade. Meu antepassado Georg Friederich ROBINSON.
ResponderExcluirQue belo trabalho. Sou descendente do Geog Robinson. Foi um dos fundadores da Colônia do Mundo Novo. Finalmente as dívidas dobre o navio Cecília foram esclarecidas. Joel Robinson jorel15@sinos.net
ResponderExcluirFiquei emocionado com essa história.
ResponderExcluirSerá possível encontrar mais informações sobre o Heinrich Fischer que acompanhava a família de Friedrich Häsel? Acredito que seja ele meu antepassado, nascido em 1804 em Massweiler, e tinha Johann como primeiro nome.
Sou descendente de Jacob Drumm, provável que tenha sido assassinado no Porto de Falmouth apenas um dia antes do embarque para o Brasil. Vieram a esposa Catharina Gilcher(Drumm) e suas filhas katharina Drumm e Anna Julianna Drumm.
ResponderExcluirBoa noite. Procuro alguém que tenha vindo da Alemanha com o sobrenome Gehrke ou Klement.
ResponderExcluirSou descendente do Imigrante Jorge Robinson, meu nome é Daniel Edison Robinson. Muito obrigado , finalmente uma versão plausível.
ResponderExcluirQue bom que gostaste. Abraço.
ExcluirSaudações, Lisete Göller! Meu nome é Juarez Stein. Resido em Dois Irmãos desde 1964. Aprecio muito a história de nossa comunidade. Quanto ao tema em questão, permita-me fazer algumas observações e questionamentos. Antes, porém, meus sinceros cumprimentos pelo trabalho desenvolvido com o propósito de elucidar a questão.
ResponderExcluirDevo concordar que o Cecília não tenha chegado ao Brasil, que talvez os náufragos não tenham permanecido tanto tempo na Inglaterra, que o período à deriva não corresponda ao ocorrido, que a data da chegada do grupo de Dois Irmãos não tenha sido na que está sendo celebrada, enfim. Ótimo que tudo isso esteja sendo corrigido. Existem relatos baseados no trabalho do padre Amstad, outros baseados rigorosamente na tradição oral. Sim, muitas circunstâncias merecem ser clareadas! Também quanto ao porto de saída existem divergências. Chega-se a mencionar Falmount e Flymount como local de permanência na Inglaterra. Algumas questões:
- O grupo era formado por inúmeras famílias. Algumas foram para Dois Irmãos; outras, para Ivoti, Lomba Grande... Se a data da chegada a São Leopoldo estivesse sendo utilizada, também imigrantes de São José do Hortêncio - ou de Ivoti - teriam guardado a data. A promessa pode ter sido feita em Dois Irmãos, pelo grupo que aqui se instalou (a promessa de guardar a data de 29.09, dia de São Miguel);
- Protestantes e Católicos saíram brigando do porto da Holanda. A história conta que os cristãos brigavam muito. Em 1832, os Católicos daqui inauguraram a sua primeira Capela, homenageando São Miguel; os Evangélicos inauguraram a sua primeira igreja em 1834, no dia 29.09.1834, homenageando, assim, São Miguel, circunstância absolutamente relevante;
- de 1824 até 1830, 5.350 imigrantes teriam chegado à região (São Leopoldo, Hamburgo Velho, Ivoti, Estância Velha, Campo Bom, Dois Irmãos...). Em 1832 e 34, anos das inaugurações, quantas pessoas moravam na localidade hoje denominada Dois Irmãos? Poucas. Muito poucas! Um naufrágio, uma promessa feita - talvez na chegada no povoado - jamais seria esquecida!
- a senhora conhece, certamente, o abaixo-assinado feito por católicos locais, solicitando autorização para celebrar e festejar
o dia de São Miguel no dia 29.09, como o faziam os Evangélicos, quando os superiores da Igreja exigiram que fosse transferida a festa para o domingo seguinte. No documento de 1883 se fala da promessa cumprida ao longo de 53 anos, das dificuldades enfrentadas no mar...
- quanto ao nome Cecília, sinceramente, não sei como surgiu.
Assim, respeitosamente, concluo a minha manifestação. Muitas são as dúvidas. É certo que a data de 29.09, dia de São Miguel, representa muito para a nossa comunidade, merecendo, assim, a questão, o máximo de cuidado, zelo e respeito ao ser abordada. Abraços!
A publicação é baseada no estudo realizado por Friedrich Hüttenberger, o qual publicou um livro sobre o assunto, que o senhor pode adquirir: A Lenda do Veleiro Cäcilia escrito por ele, com a partipação de Décio Aloísio Schauren. Ele estudou exustivamente o assunto, desde a Alemanha, até a Holanda e Inglaterra. Não existe qualquer prova documental sobre o Cecília, mas, sim, quanto ao Helena e Maria, que partiu em 06/01/1828 da Holanda. Esta saída está documentada em jornal da época. Em 12 de janeiro, aconteceu a tempestade, ficando à deriva por 3 dias, sendo socorrido pelo navio Plover Packet, que coduziu o navio até Falmouth. Há, inclusive na imprensa, o agradecimento do capitão do Helena e Maria ao navio e a todos os envolvidos. No período de 15/01/1828 a 10/12/1828, houve vários registros como prova, desde os eclesiásticos de nascimentos e óbitos de alemães aos da própria imprensa inglesa, de que o fato existiu. No final de 1828, o navio James Laing levou os 305 passageiros para o Rio de Janeiro. Está no Diário do Rio de Janeiro que levou 61 dias, chegando nesta cidade em 08/02/1829. Fora o Jornal do Comércio, que também noticia a vinda. Eles foram embacados depois em veleiros para o RS, no caso dos meus parentes, no Florinda que chegou em 14/05/1829.
ExcluirEsta exaustiva história é para lhe mostrar a cronologia dos fatos. Não se trata de história oral, através da qual cada um acrescenta algum elemento fantasioso. O fato de terem feito uma promessa a um Arcanjo, como São Miguel, guardião e guerreiro, a fim de que salvasse a todos da horrível tempestade, é compreensível, mais ainda que, ao chegarem em seus destinos, prestassem-lhe homenagem no dia de seu onomástico, no dia 29 de setembro. Eles não chegaram em 29 de setembro no RS. Não existe esta listagem. O tal de Altmayer, que seria responsável pela sugestão, teria vindo em 1827. Não há prova de que tenha existido outro relacionado ao navio em questão. O que teria a acrescentar, fruto de minhas pesquisas com imigrantes italianos, é que, em tempos longínquos, os imigrantes costumavam dar apelidos aos navios. O nome escolhido era assunto entre eles. Sugiro também que veja a minha publicação Família Schmitz (Philipp) – A Viagem de Navio (por comentário não é possível acessar ao link), que possui as imagens dos documentos mencionados. Abraço.