Mensagem

Os artigos veiculados neste blog podem ser utilizados pelos interessados, desde que citada a fonte: GÖLLER, Lisete. [inclua o título da postagem], in Memorial do Tempo (https://memorialdotempo.blogspot.com), nos termos da Lei n.º 9.610/98.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Viagens - Dois Irmãos RS



Recanto da Praça dos Imigrantes - Dois Irmãos RS


Situada na encosta do Planalto Meridional, Dois Irmãos situa-se a 50 km de Porto Alegre, possuindo uma população de 28 mil habitantes. O nome da cidade vem dos morros gêmeos, que podemos observar na parte sul do Município. A história da colonização alemã deixou em Dois Irmãos marcas indeléveis no tempo, observadas na arquitetura, nos usos e costumes e na gastronomia. O turismo é uma das apostas da cidade, quando passou a integrar a chamada Rota Romântica juntamente com outros municípios, que compõem o segmento turístico para a serra gaúcha.



Vista parcial da cidade de Dois Irmãos RS


A região de Dois Irmãos foi colonizada por imigrantes alemães a partir do ano de 1825. Com a denominação lusa de Picada ou Linha Dois Irmãos, o seu território pertenceu à antiga Colônia de São Leopoldo, englobando vários municípios hoje emancipados, como Ivoti, Morro Reuter e Santa Maria do Herval, entre outros. Mais tarde, recebeu o nome de Picada Baumschneis, referência feita ao imigrante Pedro Baum, que foi um dos primeiros colonizadores da região. No ano de 1829, com a chegada dos imigrantes náufragos do navio Cäcilie ou Cecília, a Picada ganhou um novo impulso, que veio culminar na sua posição como município independente.



Esculturas representando uma família de imigrantes alemães na Praça dos Imigrantes


A Linha ou Picada Dois Irmãos era constituída originalmente por 249 lotes, sendo que os primeiros a serem ocupados situavam-se no atual centro da cidade. Naquela época, o contato entre esta e as outras colônias era feito através de uma estrada, que veio a ser conhecida como Travessão Rübenich. O Travessão era dividido em 16 lotes de terras, dedicados à agricultura e à pecuária. No Travessão (que também foi chamado de Schwabenschneis ou Picada dos Suábios) desenvolveu-se favoravelmente o comércio, contando a localidade com armazéns, alambiques, moinhos, serrarias, além de uma escola.


A linha amarela delimita a antiga área da Linha ou Picada Dois Irmãos


A Ponte de Pedra, construída em 1855 sobre o Arroio Feitoria, fazia a comunicação entre o centro da Picada e o Travessão, na estrada que ligava São Leopoldo à serra gaúcha.



A Ponte de Pedra sobre o Arroio Feitoria


No Lote nº 3 do Travessão de Dois Irmãos, viveram os integrantes da família Schuster, dentre os quais os meus tararavós Andreas Schuster e Maria Anna Kossmann Schuster. Visitar a cidade e a localidade de Travessão foi uma oportunidade de conhecer de perto o lugar onde eles viveram, além de compreender melhor o contexto histórico daquela época, que apenas conhecia das informações contidas nos livros.



Os lotes do Travessão de Dois Irmãos: o Lote nº 3 pertencia à Família Schuster


Ao fundo, a localização aproximada do Lote nº 3 (linha perpendicular ao espectador)


No Travessão Rübenich, encontramos o Centro Comunitário Jacob Feiten, local da antiga residência do professor da Escola do Travessão. Neste espaço, a comunidade realiza festas e eventos como cursos e palestras.



O Centro Comunitário Jacob Feiten


A Casa Rübenich foi construída com a técnica enxaimel, sendo que a cozinha foi edificada separadamente, como era costume na época para prevenir incêndios. Foi construída por Johann Jacob Dienstmann entre os anos de 1850 e 1860. No ano de 1910, foi comprada por Alberto Rübenich, onde passou a funcionar um armazém. Atualmente, faz parte da Associação da Rota Cultural Baumschneis.



A Casa Rübenich


O Cemitério Evangélico, que existe desde 1852, situa-se onde foi demarcada a área do Lote nº 16 do Travessão. Nele encontramos túmulos no estilo gótico, decorados com símbolos antigos.



O Cemitério Evangélico


No Centro de Dois Irmãos, encontramos a antiga Igreja Matriz de São Miguel, que foi edificada em 1868. Após o seu tombamento e restauro, ela passou a funcionar como centro de eventos culturais. A nova Igreja Matriz está localizada aos fundos da igreja antiga.



A antiga Igreja Matriz de Dois Irmãos


A atual Igreja Matriz de São Miguel de Dois Irmãos


O Museu Histórico, ou Casa Kieling (uma das famílias proprietárias), foi construído por um integrante da família Weinmann de São Leopoldo, na metade do século XIX. Num anexo da casa, funcionava um armazém e uma padaria. Posteriormente, a casa foi sendo sucessivamente vendida a diversas famílias, mas passou a ser utilizada apenas como residência. O imóvel foi construídao com a técnica enxaimel e, após ser adquirida pela Prefeitura, a casa foi restaurada e transformada em sede do Museu Histórico Municipal, que está localizado na Avenida São Miguel.



O Museu Histórico Municipal resgata a história dos imigrantes


Um antigo armazém reproduzido no Museu


A cozinha dos nossos imigrantes


No porão da casa


A gosto pela música é uma das heranças deixadas pelos imigrantes



Da última vez que estive em Dois Irmãos, com a intenção de visitar também Santa Maria do Herval, hospedei-me no Hotel Di Fratelli, cujo estilo lembra o enxaimel, com detalhes que lembram as origens alemãs da cidade. Uma ótima opção para os viajantes que buscam as suas origens.



O Hotel Di Fratelli


Detalhe do jardim interno do hotel




Texto e fotos do ano de 2009.







5 comentários:

  1. Parabéns! Excelente trabalho. Alguém informa onde consigo lista com a distribuição dos lotes fo Travessão, procuro a família Ellwanger.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. No Travessão não há Ellwanger, mas, sim, na Picada Dois Irmãos. No lote n. 8, Jorge Frederico e no lote n. 9 o Pedro. Procure na internet para comprar o livro Povoadores Alemães do RS, de Otávio Augusto Boni Licht.

      Excluir
    2. Faltou dizer que estes lotes acima são do lado Leste, ou seja, da direita, para quem vai na direção norte.

      Excluir