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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Viagens - Ivoti RS


Núcleo de Casas Enxaimel na cidade de Ivoti RS


UM POUCO DA HISTÓRIA DE IVOTI


A colonização de Ivoti pelos imigrantes alemães começou em 1824, a maioria deles vinda da região do Hunsrück. A história da ocupação começa com 48 lotes de terras distribuídas aos colonos ao longo do Arroio Feitoria (Picada das 48 Colônias). As primeiras denominações que a região recebeu foram Berghanthal (Vale dos Berghan, família que primeiramente se fixou no vale do Arroio Feitoria) e Berghanschneis (Picada dos Berghan). Em 04/11/1867, passou a se chamar Bom Jardim, pois as terras eram especialmente propícias ao cultivo de flores. Naquela época, Bom Jardim era o 3º distrito de São Leopoldo. Na data de 31/05/1938, o nome foi alterado para Ivoti que quer dizer “Flor” em tupi-guarani. Ivoti, conhecida como a “Cidade das Flores” emancipou-se em 19/10/1964 após pertencer ao Município de Estância Velha. Dentre as suas primeiras localidades, destacam-se: a Picada 48, a Picada Feijão (Vale dos Feijões) e a Nova Vila.



Paisagem campestre no bairro Feitoria Nova


Na Picada 48 encontramos locais interessantes como o criatório de javalis com espécies de origem alemã e a Cachaçaria Weber (Weber Haus), a qual funciona desde 1968. Além das cachaças, fabrica licores de frutas feitos com cachaça. Na Picada Feijão, que no passado chamava-se Bohnenthal, produz-se os vinhos Berwian, com a particularidade de serem produzidos no porão de uma casa construída com a técnica enxaimel. Esta casa pertenceu há mais de cem anos aos Bohnenberg, local onde havia uma sapataria e uma alfaiataria. No ano de 1920, passou a pertencer à família Berwian que, na década de 90, transformou-a numa pequena vinícola. Na Nova Vila, (também chamada de Neudeutschland), encontramos hotel e pousada com ótimas acomodações, esta última conta com um parque aquático e recantos inspirados em diversos locais do mundo.


A economia da cidade está alicerçada principalmente nas atividades do ramo coureiro-calçadista e nos de alimentação e confecções. Ivoti Possui cerca de 18.000 habitantes e está a 55 km de Porto Alegre, localizando-se na região da Encosta da Serra gaúcha. A flor-símbolo de Ivoti é a Petúnia.



O Hotel Spazio - Ivoti RS

A CULTURA


A cidade de Ivoti preserva a cultura alemã através de festas como a Festa do Colono, no mês de julho, o Kerb, em janeiro e a Oktoberfest em outubro. A cidade conta com restaurantes que oferecem a cozinha típica alemã, sociedades culturais, corais, grupos de dança, bandas e orquestra. A língua alemã é oferecida na rede pública no Ensino Fundamental e, no Instituto de Educação de Ivoti, está em seu currículo até o Ensino Médio. O Armazém Fritzen, na Feitoria Nova preserva as características das antigas vendas coloniais. Antigamente, os homens lá se reuniam para beber e jogar, havendo bailes em determinadas épocas.



A Ponte do Imperador sobre o Arroio Feitoria

RELATOS DE VIAGEM


Estive em Ivoti pela primeira vez em 02/01/2006. A primeira referência que guardo dela é a Avenida Presidente Lucena que corta a cidade do começo ao fim. Não se trata de uma via plana, mas sim de uma via ondulante, com aclives e declives que se vão alternando. Lá estão o comércio e demais serviços, a Prefeitura, as Sociedades Harmonia e Concórdia, a Igreja Católica, as praças... Ao longe, vemos que a cidade está cercada por montanhas. Ao final da avenida, após a Igreja Católica, numa curva acentuada à direita, temos a oportunidade de percorrer a chamada Rota Romântica do Município. Lá encontramos a Ponte do Imperador, que se ergue sobre o arroio Feitoria, arroio este que é tributário do Rio dos Sinos. A ponte construída em estilo romano, que dista 2 km do centro, foi concluída em 1855. D. Pedro II a percorreu nos áureos tempos da monarquia e foi tombada como Monumento Histórico Nacional. A construção da ponte teve como objetivo estabelecer o fluxo das mercadorias produzidas na região em direção à Capital.



Peças do Museu Oscar Becker


Junto à Ponte do Imperador, vemos o Núcleo de Casas Enxaimel, no bairro Feitoria Nova, que apresenta o maior número de casas enxaimel do Brasil e é onde está situado o Museu Oscar Becker. Foi a partir deste local que Ivoti se desenvolveu. Realmente, parece que o tempo voltou para trás e estamos a circular por uma rua no passado de nossos colonizadores alemães.



Recanto do Memorial da Colônia Japonesa


A Colônia Japonesa veio a ser formada no Município a partir de 1966. Mais um local interessante para se visitar e admirar a importante contribuição da cultura japonesa é o Memorial da Colônia Japonesa.



Uma interessante coleção de bonecas japonesas


E as praças? A Praça Concórdia, situada em frente à Sociedade Concórdia, é um local agradável para descansarmos, enquanto ouvimos o barulho das águas e apreciamos a beleza de suas fontes, principalmente nos verões de extremo calor, como este em que escrevo. Após as 20 horas, a temperatura se torna mais amena, lembrando-nos, afinal de contas, que estamos na serra gaúcha... A Praça Neldo Holler situa-se perto da Igreja Evangélica, possuindo diversas espécies de plantas que proporcionam um agradável refúgio nos dias de sol. Foi concebida pelo paisagista Burle Marx. As ruas, no seu entorno, possuem belas casas e, ali perto, encontra-se estabelecido o Instituto de Educação de Ivoti.



A dança das águas na Praça Concórdia


A outra praça, que fica ao lado da Prefeitura de Ivoti e que fiz questão de conhecer, é a Praça da Emancipação. O terreno desta praça pertenceu a Adolf Schallenberger, o qual foi casado com Louise Göller, filha de Peter Göller e de Maria Arndt, neta de meu trisavô Johann Göller. A praça foi erigida e assim batizada em homenagem à emancipação do Município em 1964. Foram mantidas algumas árvores antigas que lá existiam ao tempo de seus primeiros donos.


Estas considerações vêm de encontro aos motivos de eu ter preparado esta primeira viagem a Ivoti. Viajei até lá com o objetivo de ampliar a minha pesquisa sobre os meus antepassados e, partindo de detalhes e de minha costumeira intuição, fui bem sucedida. Foi providencial haver táxis na cidade, sem os quais muitas coisas não poderiam ter sido realizadas.



A Praça da Emancipação


Um pouco mais adiante da Praça da Emancipação, foi erigida a Igreja de São Pedro dos Apóstolos, para sanar a perda da antiga Matriz de mesmo nome, comprometida por um incêndio em 1924. Depois deste triste evento, praticamente só restaram as paredes da antiga Igreja, que foi tombada como patrimônio histórico do Estado. Quem sabe algum dia ela seja totalmente restaurada e possamos admirar este templo com toda a sua grandeza.



A Igreja de São Pedro dos Apóstolos


O interior da Igreja com o telhado já reformado


Lá, por exemplo, batizaram-se a minha bisavó Catharina Schuster, a minha trisavó Bárbara Welter, casaram-se meus trisavôs Margarida (já viúva de Johann) e Georg Strasser e outros tantos eventos de meus queridos parentes, que por lá viveram.



Os vitrais são o céu e as núvens


As colunas junto à entrada principal da Igreja


Ao fundo da Igreja, fica o Cemitério Católico de Ivoti. Infelizmente, parte do antigo Cemitério que havia no passado deixou de existir. Foi transformado num estacionamento. Por esta razão, não encontrei as lápides que deveriam estar por lá, conforme os registros obtidos na Cúria Metropolitana de Porto Alegre. É um fato lamentável...



A porta lateral que vai dar no estacionamento


Visitei uma localidade, que antigamente era chamada de Bohnenthal ou Vale dos Feijões, conhecida por Picada Feijão. Fui até lá com o objetivo de confirmar algumas informações obtidas nos registros da nossa Cúria. Situa-se num vale muito bonito, cercado de montanhas e de matas nativas. Indo pela Picada 48, o acesso é feito através de uma estrada de terra com muitas curvas. Ao longo da via, há muitas propriedades que exibem fartas plantações a perder de vista...



Pelos caminhos de Bohnenthal


Chegando ao “centro” do Vale, vemos algumas casas, a escola, a pequena Capela de São João Baptista, que foi construída no ano de 1932. No passado, era um prédio de madeira. No Vale dos Feijões, foi onde viveu e faleceu o meu trisavô imigrante Johann Göller, após se casar com Margarida Schmitz, vindo este de Dörrebach, na Alemanha, aos 17 anos, deixando em Picada Holanda (distrito de Picada Café) sua mãe e irmãs, com as respectivas famílias.



A Capela de São João Baptista, com o cemitério ao lado


Foi realmente emocionante encontrar a sua lápide tão simples, mas tão importante para mim, erigida que foi há mais de 120 anos. Lá estava gravada a data de seu nascimento, que tanto procurava, sendo confrontada com o registro na Alemanha... Alguns símbolos estavam ali desenhados como dois castiçais, quatro sóis, cada um com raios de oito pontas, ramos de palmas e um coração alado, livre, como alguém que partiu para a liberdade, levando consigo o que realmente há de mais precioso que se pode levar desta terra devotada ao esquecimento: o amor dos seus entes que foi conquistado durante a sua vida.



Encontrei no pequeno Cemitério junto à Igreja outras lápides de filhos e genros com as marcas que o tempo inexorável não procurou poupar. Infelizmente, as inúmeras lápides existentes fora de seus primitivos lugares, caídas ao solo, puseram fim a qualquer tentativa de identificar o local exato de sepultamento dos três filhos menores de Johann. Apenas ficaram de pé a lápide do pequeno Johannes e das duas filhas que constituíram famílias em Ivoti, Maria Göller Marmitt e Margaretha Göller Jung...



Na Picada 48 Alta, tendo ao fundo a vista do centro de Ivoti 


No dia seguinte, fui até a Picada 48. Esta é uma localidade de Ivoti, perto do Vale dos Feijões e quer dizer “48 Colônias”, na verdade. É um local muito interessante para se obter uma bela visão da cidade de Ivoti. Por lá, viveu meu trisavó Georg Strasser com sua família, entre outros parentes. Há na Picada somente propriedades, não contando esta com nenhuma capela ou cemitério. Depois, fui mais uma vez ao Vale dos Feijões, perto dali, para rever o local. É interessante registrar que o táxi que me levou a esta localidade era do simpático senhor Beno Mossmann. Ele é descendente de um dos ramos de meu pentavô Jacob Mossmann. Ele veio a morar justamente onde o seu ancestral havia morado e deixado este mundo... Assim, naquele derradeiro dia 04/01/2006, com a máquina cheia de fotos e anotações na agenda, tomei o rumo de Porto Alegre, passando antes por Estância Velha, que se encontra a meio-caminho de Ivoti... Naturalmente, retornei a esta cidade em outras oportunidades.



Texto de 2006 revisado, com algumas fotos posteriores







Um comentário:

  1. Ivoti, a Berghahnerschneiß", foi colonizada pelo meu quinto avô Johann Heinrich Berghan.
    Sempre bom ler estas histórias!

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