A localidade de Morro dos Bugres (Bucherberg) - Santa Maria do Herval RS |
O MORRO DOS BUGRES (BUCHERBERG)
A primeira vez que tomei conhecimento da existência de Morro dos Bugres, uma localidade de Santa Maria do Herval, foi através de minhas pesquisas sobre os meus antepassados Schmitz. Entretanto, somente em outubro de 2009 decidi ir até lá, fazendo antes uma parada estratégica na cidade de Dois Irmãos. Com a ajuda de um taxista, foram percorridos cerca de 5 km, desde a sede do Município até o centro de Morro dos Bugres, através de uma estrada estreita de chão batido, com uma infinidade de curvas em subida. O caminho surpreendeu-nos com belíssimas paisagens, à medida em que alcançávamos o alto da montanha, com a visão dos morros recobertos por mata nativa, separados por vales profundos, e de onde podíamos vislumbrar as inúmeras cachoeiras que o Município possui.
O centro de Morro dos Bugres |
Chegando ao Morro dos Bugres, conheci a Capela de São Francisco Xavier, o cemitério em frente à mesma, os dois salões da comunidade, o bar e algumas residências. Percorri o cemitério em vão, porque não encontrei as lápides ou cruzes de meus tataravôs Johann Peter Schmitz e Elisabeth Dapper, porque estas o tempo se encarregou de levar. Naquela oportunidade, fiquei sabendo do trabalho de pesquisa da historiadora Solange Johann e da elaboração de um livro sobre a localidade. Posteriormente, através de um contato com a Prefeitura de Santa Maria do Herval e com a própria Solange, soube da comemoração no final daquele ano dos 160 Anos de Fundação da Comunidade Católica de Morro dos Bugres, do lançamento do livro “Do Velho Mundo para Bucherberg ou Bugerberg, um Novo Mundo” e da inauguração do Memorial dos 40 Sócios Fundadores.
A Capela de São Francisco Xavier com os preparativos dos 160 Anos da Comunidade Católica |
Foi então que, no dia 6 de dezembro de 2009, atendendo ao gentil convite da historiadora, já que a família Schmitz foi uma das cem primeiras famílias que ali se estabeleceram, voltei ao Morro dos Bugres. Antes, porém, passei pelo centro de Santa Maria do Herval, que ainda não conhecia. Trata-se de uma encantadora cidade erigida sobre um vale e sob a graça e proteção de altas e belas montanhas. A sede do Município teve o início de sua colonização em 1844, quando então se chamava Picada Herval ou Teewald. Foi o primeiro distrito de São Leopoldo e o segundo de Dois Irmãos, emancipando-se em 12 de maio de 1988. Conheci a Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, erigida no ano de 1860, que inicialmente era de madeira, porém este antigo prédio foi destruído por um vendaval.
A Igreja Matriz de Santa Maria do Herval |
Ao lado da Igreja, pude apreciar um jardim denominado “O Relógio do Corpo Humano”, dividido em canteiros, lembrando um relógio, onde foram plantadas as ervas destinados à saúde dos órgãos do corpo humano, com a indicação de seus horários de descanso e o nome das ervas. A cidade, além das construções modernas, ainda conserva algumas casas enxaimel bem conservadas, feitas com barro, pedras e areia de rio. O dialeto alemão, é claro, ainda ecoa por toda a parte...
O Relógio do Corpo Humano - Santa Maria do Herval RS |
A procissão que abria a comemoração saiu da Igreja na sede do Município. Na frente do cortejo, ia um carro-pipa para molhar a estrada, diminuindo o desconforto da poeira que o deslocamento de veículos ocasionava. Num caminhão, seguiam o sacerdote, os coroinhas, os anjinhos, algumas pessoas da comunidade e os músicos. Atrás deste, uma fila de carros completava o cortejo, incluindo o nosso táxi. Este último, por sua vez, procurou ultrapassar todos os veículos, porque todo taxista sempre tem pressa de chegar a algum lugar, em que pese a dificuldade de percorrer um caminho estreito. Lá chegando, dispensei o táxi, e pude fotografar a chegada da procissão na frente da Capela de São Francisco Xavier, naturalmente com a recepção calorosa dos fiéis e com salvas de fogos de artifício.
A Missa realizada na entrada da Capela de São Francisco Xavier |
A missa foi realizada logo a seguir, porém em frente à Capela, por razões da limitação do espaço interno do prédio. A entrada foi recoberta para tornar o lugar mais confortável aos fiéis. Antes do serviço religioso, foram apresentadas ao público a foto mais antiga da Capela, que no passado era de madeira, a imagem do Santo que foi trazida da Alemanha e a cruz de ferro, com um galo na ponta, estas últimos existentes desde a criação da primeira construção.
O interior da Capela de São Francisco Xavier |
Cabe aqui fazer um pequeno histórico da Capela. A primeira Capela localizava-se no lado oposto da rua onde hoje se encontra a atual Capela. O terreno desta última foi doado pelo imigrante Nicolau Weber, cujo Lote era o de nº 82, para que se construísse a nova Capela. O cemitério antigo ficava ao lado da primeira Capela, porém este se localizava mais abaixo do atual cemitério. Com o tempo, as lápides dos primeiros imigrantes, que eram apenas singelas cruzes, foram vencidas pelo tempo, deixando de existir possíveis vestígios deste cemitério. A Capela de São Francisco Xavier é mais antiga do que a Igreja de Nossa Senhora da Auxiliadora, que se chamava Nossa Senhora da Ajuda, na sede de Santa Maria do Herval, e até mesmo do que a Igreja de São Miguel em Dois Irmãos.
Foto da 1ª Capela de São Francisco Xavier, em madeira, ao lado do antigo Cemitério |
O Cemitério, no outro lado da avenida, em frente à atual Capela de São Francisco Xavier |
Após a celebração, houve o lançamento do Memorial dos 40 Sócios Fundadores da Comunidade Católica, pioneiros estes que se uniram em favor da construção da Capela, da escola e do cemitério, elementos essenciais para a consolidação desta comunidade, que teve o seu marco inicial no ano de 1849. Os imigrantes e suas famílias residiam em três localidades que pertenciam naquela época à Linha de Dois Irmãos: Morro dos Bugres ou Bucherberg (em Santa Maria do Herval), Jammerthal (hoje pertencente ao Município de Picada Café) e Wallachei (pertencente na atualidade a Morro Reuter). O primeiro professor da comunidade foi o imigrante Johann Nicolaus Müssnich, que também providenciava os enterros, era o sacristão da Capela e preparava as crianças para a Primeira Comunhão, até o ano de 1879. No Memorial, estavam inscritos para a posteridade, dentre outros nomes, os de Peter Hartmann que foi casado com Elisabeth Schmitz, Peter Zimmer, sogro de Johann Peter Schmitz Filho, Peter Bender, sogro de Gertrudes Schmitz e Jakob Ritter, tio por via de casamento, de Peter Hartmann citado acima.
O Memorial dos 40 Associados Fundadores da Capela de São Francisco Xavier |
Por derradeiro, ocorreu o tão aguardado lançamento do livro sobre a história do Morro dos Bugres, cujo exemplar me foi devidamente autografado pela historiadora Solange Johann. Posteriormente, constatei que somos parentes, pelos elos dos nossos ancestrais de sobrenome Schuster. Seguiu-se o concorrido almoço com música típica alemã e muita animação, que são tão característicos das comunidades germânicas. Este é o breve relato que faço da minha participação nas comemorações de 160 Anos de Morro dos Bugres.
Solange Johann autografando o livro "Do Velho Mundo para Bucherberg ou Bugerberg, um Novo Mundo" |
Lisete Göller – Tataraneta dos imigrantes Johann Peter Schmitz e Elisabetha Dapper. Texto e fotos do ano de 2009.
Boa Tarde! Muito interessante o relato sobre a viagem a Santa Maria do Herval. Em breve vamos visitar a região. Parabéns pelo Blog!
ResponderExcluirMelânia e João Muller
Boa tarde Lisete meu nome é Inácio dapper eu gostaria muito saber dos meus tataravós meus não sei de nada deles como eu consigo meus avós eram Pedro Dapper e ANA Dapper meu número 51983245239zap ou dapperinacio88@gmail.com
ResponderExcluirOlá, não estudo famílias Dapper imigrantes. A minha tetravó Elisabeth Dapper veio casada da Alemanha com Johann Peter Schmitz. Creio que na Internet possas achar pesquisadores deste sobrenome.
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