Mensagem

Os artigos veiculados neste blog podem ser utilizados pelos interessados, desde que citada a fonte: GÖLLER, Lisete. [inclua o título da postagem], in Memorial do Tempo (https://memorialdotempo.blogspot.com), nos termos da Lei n.º 9.610/98.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Família Mossmann 3ª Parte - Ramo Anna Catharina Mossmann Welter


ANNA CATHARINA MOSSMANN 


Assinatura de Anna Catharina Mossmann Welter


Anna Catharina Mossmann, minha tetravó (4ª avó), filha Johann Jacob Mossmann e Maria Gertrudes Neumann, nasceu em 19/05/1816 na cidade de Fronhofen, na Renânia-Palatinado, Alemanha. Foi batizada em 21/05/1816, na Igreja Católica da cidade de Biebern. Nos registros do Brasil, ela é chamada de Catharina Mossmann.


Fronhofen - Renânia-Palatinado - Alemanha


A Igreja Católica de Biebern

O CASAMENTO COM JOHANNES JOSEPH WELTER 


Anna Catharina Mossmann casou-se com Johannes Joseph Welter (*31/01/1811 Buch, Renânia-Palatinado, Alemanha/+13/02/1856 Rio Pardo RS), meu tetravô (4º avô), filho de Johannes Welter e de Margaretha Ries, entre os anos de 1837-1838, provavelmente na Igreja Matriz de São Leopoldo RS. Deste matrimônio, resultaram nove filhos.



OS FILHOS (VER FAMÍLIA WELTER)


I-Catharina Welter (*1838 Ivoti RS/+RS) casou-se com Eduard Grünewald (*Selau, Prússia Oriental/+RS), filho de João Gotttlieb Grünewald e Florestina Semel, na data de 26/05/1860, em São Leopoldo (Cúria Metropolitana de Porto Alegre, Casamentos, São Leopoldo, Livro nº 2, pág. 48). Tiveram pelo menos cinco filhos: Carlos, Eduardo João, Christina, Luiza e Carolina;


II-Barbara Welter (*14/05/1840 Costa da Serra, Estância Velha RS/+09/11/1914 Despique – Pareci Novo RS), minha trisavó (3ª avó), casou-se com Pedro Schuster (*1840 Picada Verão, Sapiranga RS/+07/06/1889 Despique, Pareci Novo RS), meu trisavô (3º avô), filho de Andreas Schuster e Maria Anna Kossmann, na data de 21/05/1861, em Dois Irmãos RS, onde Pedro Schuster residia (Cúria Metropolitana de Porto Alegre, Casamentos, Dois Irmãos, Livro nº 1, pág. 14). O casal teve onze filhos: Catharina, Carlos, Philippe, Carolina, Ernesto, Elisabetha, Maria, Guilherme, Albino, Anna Catharina e Pedro Aloysio;



Túmulo de Barbara Welter - Despique, Pareci Novo RS



III-Carlos Welter (*Fevereiro/1842 Costa da Serra, Estância Velha, RS - Cúria Porto Alegre, Capela de Santana - Azevedo, Livro Batismos nº 3, fl. 90 verso/+Antes Novembro/1867 Paraguai). Carlos era 2o. Sargento do 11º Corpo de Voluntários da Pátria de São Leopoldo. Não se casou, nem teve filhos. Foi ferido na Batalha de Curupaiti, falecendo posteriormente no Paraguai;


IV-Francisco Welter (*16/03/1847 Costa da Serra, Estância Velha RS - Cúria Porto Alegre, São Leopoldo, Livro Batismos n. 2, fl. 175 verso/+após 1867 RS). Foi padrinho de casamento da irmã Maria Josefa com o primo Paulo Welter, na data de 25/06/1867 em São Leopoldo RS (Cúria Porto Alegre, São Leopoldo, Livro Casamentos n. 2, fl. 135). Sem mais notícias;


V-Maria Josefa Welter (*08/08/1848 Costa da Serra, Estância Velha RS - Cúria Porto Alegre, São Leopoldo, Livro Batismos n. 2, fl. 207 verso/+RS) casou-se com o primo Paulo Welter (*05/09/1844 São Leopoldo RS/+RS), filho de Johannes Welter e Maria Catharina Heil, na data de 25/06/1867, em São Leopoldo RS (Cúria Porto Alegre, São Leopoldo, Livro Casamentos n. 2, fl. 135). O casal teve dez filhos: Guilhermina, José Carlos, João, Nicolau, Alfonso, Paulina, Maria Amália, Ottilia, Maria Olga e Paulo Filho;


VI-José Welter (*23/05/1851 Costa da Serra, Estância Velha RS - Cúria Porto Alegre, São Leopoldo, Livro Batismos nº 2, fls. 294 verso e 295/+antes de abril/1856 RS);


VII-João (Johannes) Welter (*06/06/1853 Costa da Serra, Estância Velha RS - Cúria Porto Alegre, São Leopoldo, Livro Batismos n. 3, fls. 57 e 57 verso/+07/09/1931 São Vendelino RS) casou-se com Margarida Farth (*08/04/1864 São Vendelino RS/+26/10/1931 São Vendelino RS), filha de Elias Farth e Margarida Geiss, na data de 11/06/1870 em São Vendelino RS (Cúria Porto Alegre, São Vendelino, Livro Casamentos n. 1, fl. 3 verso). Era gêmeo de Luiza Welter. Foi sepultado no Cemitério Católico de São Vendelino. O casal teve sete filhos: Pedro, Carolina, Carlos, Maria, Magdalena, Apolonia e João; 


VIII-Luiza Welter (*06/06/1853 Costa da Serra, Estância Velha RS - Cúria Porto Alegre, São Leopoldo, Livro Batismos n. 3, fl. 57 verso/+RS) casou-se com João Jotz, filho de Guilherme Jotz e Thereza Luft, na data de 30/10/1877 São José do Hortêncio RS (Cúria Porto Alegre, São José do Hortêncio, Livro Casamentos n. 3, fl. 12 verso). Casou-se pelas 9 horas da manhã, na Capela dos 14 Auxiliadores. Consta que residia na freguesia de São José do Hortêncio. Esta capela situava-se na Picada Quatorze Colônias (Vierzehn Kolonien), que ficava ao leste da Picada 48, na entrada Picada do Cadeia (São José do Hortêncio), aberta em 1829; 


IX-Josephina Welter (*Outubro 1855 Ivoti RS/+02/05/1880 Picada 48, Ivoti RS) casou-se com Henrique Arnecke (*1851 Winzenburg, Alemanha/+25/11/1891 Picada 48, Ivoti RS), filho de Henrique Arnecke e Christina Almenstädt, na data de 14/01/1873, na cidade de Ivoti RS (Cúria Porto Alegre, Ivoti, Livro Casamentos n. 1, fl. 25). O casal teve quatro filhos: Catharina, Guilherme, Henrique e Maria. Josephina faleceu aos 23 anos de idade, depois do parto, em sua residência na Picada 48, Ivoti RS. No mesmo dia faleceu a filha Maria, que foi batizada às pressas. No mesmo dia faleceu a última filha Maria, que foi batizada às pressas. Possuía com o marido meia colônia no lote que fora de sua mãe Catharina, o de nº 14, na Picada 48, Ivoti RS, com 50 braças de frente e 1600 braças de fundos. 



A PROFISSÃO DE JOSEPH WELTER 


Pelos registros, Joseph teria se dedicado à agricultura e à pecuária, dado que chegou a possuir 40 cabeças de gado em terras do atual Município de Estância Velha. Ele, o pai Jacob, os irmãos Pedro (Peter) e Johannes passaram a serem colonos do Governo, em que pese a viagem para o Brasil tenha sido realizada de forma privada. Posteriormente, Joseph dedicou-se ao comércio, chegando a possuir uma casa comercial em Rio Pardo, vendendo diversos tipos de mercadorias. 



O LOCAL DE RESIDÊNCIA (VER A GENEALOGIA DE UM SOBRADO 1ª A 4ª PARTES) 


Os Welter vieram no ano de 1833 para o Rio Grande do Sul, conforme consta no registro de terras de Peter Welter, irmão de Joseph, na Linha Nova. Baseando-se na análise dos documentos e registros da Igreja, como por exemplo, as assinaturas de Joseph e de seu irmão Johannes que constam no Livro da Igreja na data de 07/12/1834, Johannes Joseph e sua família residiram inicialmente na Picada Bom Jardim (atual Ivoti) na época do casamento. Eles eram proprietários de metade do Lote nº 17, na Ala Leste, nesta cidade, onde residia a família de Catharina Mossmann. Na referida meia-colônia, com 39.515 braças quadradas, havia uma casa de moradia e pés de laranja plantados. Posteriormente, residiram em outros locais da Colônia de São Leopoldo. A filha Barbara nasceu na data de 14/05/1840, na antiga colônia de Costa da Serra, que correspondia às atuais áreas de Campo Bom e Hamburgo Velho, o que leva à conclusão de que a família residia nesta colônia por volta do ano de 1840. 


No recenseamento feito no início de 1849, por ordem do Diretor da Colônia de São Leopoldo, consta que a família Welter morou na região denominada de Campo Ocidental, que corresponde atualmente aos territórios dos Municípios de Estância Velha e Portão. Provavelmente, as terras situavam-se em Estância Velha, por ser limítrofe ao Município de Ivoti. Naquela época, Joseph tinha 38 anos e Catharina 33 anos de idade. Os filhos contavam com as seguintes idades: Catharina (11 anos), Barbara (9 anos), Carlos (7 anos), Francisco (2 anos) e Maria (6 meses). Os Welter possuíam uma escrava negra católica de 19 anos chamada Thomazia. Além das terras, eram proprietários de 40 cabeças de gado e 2 cavalos. Estância Velha era uma planície com colinas baixas, coberta de capim alto, ideal para a criação de gado bovino e cavalar.


Mapa do ano de 1849

 

Joseph Welter tinha contatos comerciais na cidade de Rio Pardo, uma das mais importantes daquela época. Dentre estes conhecimentos, estava o de Carlos Oestreich, alemão comerciante, estabelecido naquela cidade. Na data de 30/07/1851, Carlos Oestreich utilizou o serviço do Cartório de Rio Pardo para efetuar uma escritura de dívida com hipoteca, chamando o Tabelião para ir até a sua casa. O casal Oestreich havia feito um empréstimo com Joseph Welter, no valor de 2 contos e 240 mil réis em moeda corrente, com garantia hipotecária do sobrado de sua propriedade. No documento consta que Joseph residia na Colônia de São Leopoldo (no Campo Ocidental, que corresponderia atualmente à Estância Velha, como referido anteriormente). A finalidade da dívida era a construção de uma casa de sobrado com sotéia. O casal teria o prazo de um ano, a partir do dia 1º de agosto, de saldar a dívida, caso contrário, deveria pagar ao credor 1% de juros ao mês, até saldar a dívida e os prêmios mensais. Assinaram: Carlos e Catharina Oestreich, Joseph (Jozé) Welter, uma testemunha e o Tabelião. Ao que parece, ele utilizou este empréstimo para quitar uma dívida anterior com Pedro Badet, que residia em Porto Alegre, pois a mesma vencia no mesmo mês. Por ter certa urgência e por estar certamente doente ou convalescendo, o documento foi feito na sua própria casa (Arquivo Público do RS, Rio Pardo, Livro de Transmissões/Notas, 2º Tabelionato, nº 12, fls. 37 a 38 v - 15/02/1851 - 11/08/1853).


No dia 13/06/1855, falecia Carlos Oestreich em Rio Pardo. Na data de 09/07/1855, foi feita a escritura de venda e dação em pagamento (datio in solutum) entre o filho André Marques Oestreich, autorizada pelo Juiz de Órfãos e com a carta alvará de autorização, e José Welter, comprador e credor de seu finado pai Carlos Oestreich. A viúva, filhos e genros haviam renunciado às suas quotas de herança, tendo em vista as dívidas deixadas pelo de cujus. A casa de sobrado na qual Carlos exercia o seu negócio estava com dívidas, e o filho André habilitou-se judicialmente para vender os bens da herança e, com o produto da venda, poderia pagar todas as dívidas da mesma. Entre os credores estava José Welter, a quem a casa fora hipotecada. Neste documento é referida como “casa de sobrado coberta com soteia, sita na Rua da Ladeira (Rua Júlio de Castilhos), fazendo canto com a que segue para o Passo de Jacuí (em outro trecho é substituída por Rua da Praia, que é a Rua General Câmara), com fundos competentes, dividindo-se por um lado com casas de José Ignácio da Silveira e por outro com as de João Fischer, pela quantia de 3 contos de réis, e porção de mercadorias e móveis nela existentes, pela quantia de 2 contos de réis, perfazendo 5 contos de réis, abatidos 3 contos, 180 mil réis que a herança devia ao credor e comprador, restando 1 conto e 820 mil réis, recebendo a importância das mãos de José Welter. No documento constam os nomes dos filhos ainda menores: Carolina e João Luis Oestreich. Assinam André Oestreich, José Welter, uma testemunha e o Tabelião (Arquivo Público do RS, Rio Pardo, Livro de Transmissões/Notas, 2º Tabelionato, nº 14, fls. 6, 6v, 7, 7 v e 8 - 09/06/1855 - 14/09/1857). 


Os Welter precisariam de mais recursos para residir em Rio Pardo. Joseph Welter e Catharina Welter possuíam a metade das terras que formavam o Lote nº 17, Leste, da Picada Bom Jardim (Ivoti RS), a qual foi vendida ao vizinho Pedro Müller, em 27/07/1855, pela quantia de 1 Conto e 300 mil Réis. Pedro Müller ficou com a área total de 79.030 braças quadradas (Arquivo Público do RS, São Leopoldo, Livro de Transmissões/Notas nº 3, fls. 84 e 84 v).



Localização do Lote nº 17, Leste, da antiga Picada Bom Jardim (Ivoti), ao lado do lote onde se encontra a Igreja Protestante


Uma nova etapa surgia para a família Welter em Rio Pardo. No sobrado que havia tomado posse e onde seria a morada de sua família, Joseph estabeleceu a sua casa de negócios no andar térreo, comercializando diversas mercadorias, tais como: alimentos e bebidas (café, vinho, aguardente, cerveja inglesa, genebra, conhaque, absinto, capilé, latas de sardinha, pimenta do reino, canela, cravo, erva-doce, cominho, chás, alfazema, melado, vinagre, sal, erva, farinhas, feijão preto, arroz, açúcar, bacalhau e rapadura); mercadorias diversas (sabão, velas, chifres de vaca, charutos, fósforos, fumo, azeite, louças, utensílios de cozinha, pólvora, material de costura, linhas em novelos, botões de madrepérola, tinta de escrever e rapé); vestuário (tamancos, chapéus de palha, fazendas como chita, algodão e tecidos para calças, chapéus de Braga, lenços de seda, retalhos, paletó de riscadinha e pares de meias, inclusive para senhoras); ferragens (chumbo de caça, tesouras de alfaiate, cadinhos de ourives, balanças, foices, correntes), dentre outras mercadorias. Naquele tempo, as mercadorias vindas de Porto Alegre chegavam ao porto de Rio Pardo e iam para frente da Igreja de São Francisco, onde ficavam por cinco horas para comercialização. Entre os séculos XVIII e XIX, Rio Pardo destacava-se pela intensa atividade comercial. O transporte pluvial foi fundamental para abastecer este entreposto, que revendia para as casas comerciais da Campanha, Missões e Campos de Cima da Serra, produtos como sal, açúcar, bebidas, móveis, tecidos, etc.



O FALECIMENTO DE JOHANNES JOSEPH WELTER 


Johannes Joseph Welter veio a falecer em 13/02/1856, numa quarta-feira, na cidade de Rio Pardo RS, aos 45 anos de idade, por afogamento, sendo sepultado no Cemitério existente atrás da Igreja Matriz daquela cidade (Igreja de Nossa Senhora do Rosário). Conforme informações obtidas em seu inventário, Joseph teria desaparecido no dia treze daquele mês, tendo sido encontrado morto no dia seguinte, data em que foi sepultado (Arquivo Público do RS, Inventários, Nº 260, Maço 9, Estante 71, Ano 1860, 1º Cartório Órfãos e Ausentes, São Leopoldo - Porto Alegre). Este é o registro que consta na Cúria Metropolitana de Porto Alegre, cuja menção à idade não corresponde à realidade, dado que temos a informação sobre sua data de nascimento na Alemanha (Cúria Metropolitana de Porto Alegre, Rio Pardo, Livro de Óbitos Nº 6, pg. 58): 


“Aos quatorze de fevereiro de mil oitocentos e cinqüenta e seis anos, nesta cidade de Rio Pardo, faleceu por ter se afogado José Welter, casado, natural da Alemanha, com cinqüenta e quatro anos de idade (?). Foi por mim devidamente encomendado e jaz sepultado no cemitério nesta Matriz. Para constar, mandei fazer este assento que assino. O Vigário João Baptista da Motta Velloso.” Obs: o registro foi transcrito no português atual. 


Do antigo Cemitério da Matriz, que havia nos fundos da Igreja Matriz, não restaram vestígios. O sepultamento parece ter contrariado uma proibição que havia naquela época, pois, em 10 de maio de 1851, o vereador Oliveira Lima pede que seja comunicado ao Vigário a proibição de qualquer enterro no cemitério da Matriz, podendo serem feitos os sepultamentos dali em diante no cemitério no Moinhos de Vento, no antigo cemitério, até que ficasse pronto o Municipal (Uma luz para a história do Rio Grande: Rio Pardo 200 Anos: cultura, arte e memória, Vogt & Romero, Editora Gazeta Santa Cruz, 2010). 


Conforme pesquisa realizada no Arquivo Histórico de Rio Pardo, em registros existentes nos Livros da Câmara Municipal, na época do fato foi aberto um processo ex-ofício para averiguar as circunstâncias da morte de Joseph Welter, dentro do qual teria havido a pronúncia de um suposto réu (os registros não mencionam o nome deste), inquirição de cinco testemunhas e realização do exame de corpo de delito. O processo foi remetido à Justiça e o Juiz, em sentença datada de 08/03/1856, concluiu que não procedia contra pessoa alguma a responsabilidade por sua morte, despronunciando assim o réu. Concluíram que se tratava de suicídio. O Município foi condenado a pagar a metade das custas do processo. Os autos deste processo não foram localizados, para uma melhor análise dos fatos (Livro de Atas da Câmara Municipal Nº 448, páginas 171 (Sessão de 15/04/1856) e 174 (Sessão de 13/05/1856); Livro de Registros Gerais Nº 51, páginas 265, 266 e 267 de 15/04/1856 – Arquivo Histórico de Rio Pardo). 


A casa da família Welter situava-se a poucos metros do Passo do Jacuí (hoje denominada de Praia dos Ingazeiros), local onde muito provavelmente Joseph teria se afogado. Trata-se de uma praia do Rio Jacuí. Se foi procedente ou não a versão de suicídio, jamais teremos certeza. O fato é que os negócios pareciam ir bem e Joseph havia comprado há pouco tempo a casa de sobrado que era bem localizada. Assim sendo, a verdadeira causa de sua morte permanecerá para nós um mistério.


À esquerda, o sobrado de dois andares em Rio Pardo RS


O DESTINO DA FAMÍLIA WELTER 


Joseph não deixara testamento e a viúva Catharina foi a inventariante. Deixou os oito filhos menores: Catharina (16 anos) Barbara (15 anos), Carlos (14 anos), Francisco (10 anos), Maria (8 anos), os gêmeos João e Luiza (3 anos) e Josephina (6 meses). O filho José, que nasceu em 23/05/1851, não consta na relação de herdeiros no inventário, devendo ter falecido provavelmente em Estância Velha, pois nos livros de óbitos de Rio Pardo da Cúria Metropolitana seu nome não foi encontrado. Catharina ficou como tutora de seus filhos. 


Foram inventariadas a casa e as mercadorias, definidos os devedores (Christóvão Baum, do Faxinal e Rita e Pedro Heissmann, de Capivari) e os credores (João Jaeger de Porto Alegre, Guilherme Bormann, da campanha, Kopp & Rech, José Rodrigues de Oliveira, João Raupp e Irmãos, Holtzrreisig e Companhia, Guilherme Stoll, Francisco P. da Rocha Paranhos e a viúva de Valentim Diehl). Catharina pediu ao juiz que alguns dos gêneros e fazendas não entrassem na partilha, para que pudesse saldar as dívidas. Assim foi feito, porém o dinheiro dos devedores não conseguiu cobrar. 


Catharina, na data de 09/05/1856, pede um alvará ao juiz para a venda da casa da família. Querendo retirar-se para as colônias do município de São Leopoldo, onde dizia ter amparo de parentes e família, pediu a remoção dos bens de seus filhos, que tinham partes da casa de moradia para a aquisição de outros bens de raiz em São Leopoldo, além de poder vender a sua própria parte para esta aquisição, ou seja, queria aplicar o produto da venda das partes na aquisição de outros bens imóveis. Dizia ser mais vantajoso, porque o aluguel da casa era bom, mas não dava sequer o juro da lei. Prometeu prestar contas da venda. Provavelmente, neste mesmo ano, Catharina tenha ido morar com os filhos em Ivoti (ou Picada Bom Jardim que pertencia a São Leopoldo), onde viviam alguns membros da família Mossmann e da família Welter. O negociante Jacob Luchsinger, em Rio Pardo, ficou sendo o seu locatário, tendo o encargo de vender os gêneros. Parte destes levou para Ivoti e parte foi vendida em leilão em Rio Pardo, rendendo, porém, menos do que valiam. Somente em 04/09/1858 foi lavrada a escritura de venda para Jacob Luchsinger, através de procuração feita a Apolinário Francisco Ferreira Guimarães. Foi vendida por 1 conto e 650 mil réis em três pagamentos: 1 conto de réis à vista e dois de 325.000 réis, no prazo de seis e nove meses respectivamente. Catharina estava morando em Picada 48, localidade de Ivoti com os seus filhos (Arquivo Público do RS, Transmissões, Rio Pardo, Livro nº 16, 2º Notário). 


Em 31/08/1859, foi determinado que Catharina, na qualidade de tutora de seus filhos menores, prestasse contas, o que foi feito posteriormente por carta precatória ao Juiz de Órfãos de São Leopoldo. Esta apresentou as escrituras de compra dos imóveis, nomeando como procuradores os senhores Francisco Coelho de Souza e Epifanio Orlando de Paula Fogaça, para tratar de sua prestação de contas, que foi apresentada somente em 14/08/1860. Nela constou que, com o saldo da venda do sobrado em Rio Pardo e das mercadorias da casa de negócios, pagando-se as dívidas e contabilizando-se o prejuízo pelo não recebimento dos devedores, Catharina, como tutora, comprou para seus filhos a Colônia nº 2, à esquerda (Ala Oeste), na Picada Café (não corresponde aos limites da atual cidade, mas aos de Ivoti, na Picada Feijão), com 39 braças de frente e 1.600 braças de fundos, dividindo-se por um lado com terras de Pedro Schmidinger ou Schmisinger (sic) e, pelo outro, com Miguel Calsing por 2 contos e 400 mil réis. A colônia foi vendida por Frederico Bonnenberger, Guilherme Petry, Jacob Petry e suas esposas Ângela Bonnenberger, Catharina Petry e Maria Petry, respectivamente, através do procurador destes, Guilherme Ries em 30/07/1860. Catharina e seus filhos foram representados pelo procurador Francisco Coelho de Souza (Escrivão). Fonte: Inventário de Joseph Welter, fls. 52 a 56 e Arquivo Público do RS, São Leopoldo, Livro de Transmissões/Notas nº 7, fls. 99 a 101 v).


Com o passar do tempo, as terras já não valiam o preço que custaram, porque eram porções insignificantes, não suficientes para adquirirem os meios de subsistência pelos meios da agricultura. Catharina havia tratado uma compra de terras na Picada 48 e, para tanto, pediu ao Juiz dos Órfãos de São Leopoldo e ao Curador-Geral para efetuar a venda pelos filhos menores. Com o dinheiro desta venda e mais outra parte em dinheiro, poderia fazer tal aquisição. Catharina como tutora dos filhos João, Luisa e Josefa e os outros filhos que alcançaram a maioridade venderam as suas partes a Carlos Sänger na data de 05/11/1867. Consta que a área era de 39 braças por 1374 braças, diversamente da mencionada na compra em 30/07/1860 (Arquivo Público do RS, São Leopoldo, Livro de Transmissões/Notas nº 14, fls. 127 v a 129).


Catharina havia comprado na Picada 48 (Ivoti RS), na data de 03/02/1857, por escritura pública feita a Pedro Schmitt e sua mulher Julianna Schmitt, metade do Lote nº 14, ou seja, 80 mil braças quadradas, com uma casa de moradia e benfeitorias, por 1 conto e 500 mil réis (Arquivo Público do RS, São Leopoldo, Livro de Transmissões/Notas nº 4, fls. 77 e 77 v). Posteriormente, comprou de Miguel Schu e sua esposa Felippina, em 27/02/1862, mais ¼ desta colônia ou 40 mil braças², por 700 mil réis (Arquivo Público do RS, São Leopoldo, Livro Transmissões/Notas nº 9, fls. 73 v e 74).


Com a permissão judicial, Catharina comprou para os filhos menores, João, Luisa e Josephina, o restante da área do Lote nº 14 na Picada 48 Colônias (Ivoti RS), com 21 braças e ¾ de frente, por 1600 braças de fundos, incluída uma pequena casa e benfeitorias, pertencente a Eduardo Grünevald e sua mulher Catharina Welter, irmã dos menores, por escritura pública lavrada a 05/11/1867 e pelo preço de 1 conto de réis. Catharina alegava que nas terras havia uma pequena casa de qualidade superior, tendo esta capacidade suficiente para nela morar com os filhos menores, João, Luisa e Josephina  (Arquivo Público São Leopoldo, Livro Transmissões/Notas nº 14, fls. 129 v a 130 v).


As filhas Catharina, Barbara e Maria eram casadas na época. O filho José falecera antes de abril de 1856. Carlos faleceu entre 1866 e 1867 na Guerra do Paraguai, sem deixar descendentes e do filho Francisco não se tem notícias. João, Luisa e Josephina casaram-se posteriormente. Josephina foi a única que permaneceu na Picada 48, no mesmo lote em que vivia a mãe, até a sua morte prematura durante o parto da última filha.



Localização do Lote nº 14, na Picada 48 (Ivoti RS), onde se lê o nome do filho João Welter - Mapa de 1870


O FALECIMENTO


Catharina faleceu em 11/10/1883, aos 67 anos de idade, segundo consta, de apoplexia, na cidade de Ivoti, no Rio Grande do Sul. Teria sido sepultada no Cemitério Católico daquele Município, porém a sua lápide não foi encontrada. Refere-se que a parte mais antiga deste Cemitério foi transformada em estacionamento, ocasião em que foram destruídas as lápides existentes neste local. 



O registro de Catharina Mossmann Welter no Livro de Óbitos da Igreja de Ivoti


No século XX, a casa que pertenceu a Joseph Welter sofreu um incêndio originado na Padaria Sperb, que funcionava no andar térreo, restando apenas as paredes da casa em péssimo estado. Com grande satisfação soube que, no ano de 2001, a casa havia sido tombada como patrimônio histórico do Município de Rio Pardo e deverá ser restaurada de forma a restabelecer a sua arquitetura original. No ano de 2009, a casa apareceu no selo de comemoração dos 200 Anos da Câmara de Vereadores do Município (o sobrado de dois andares à esquerda).




Selo dos 200 Anos de Rio Pardo RS


Ver a continuação: Família Mossmann 4ª Parte – Ramo Johann Mathias Mossmann




2 comentários:

  1. Estimada Sra. Lisete:
    Sou tataraneta de Eduardo João Grünewald e estou procurando maiores referências dele. Como sou igualmente pesquisadora da genealogia da minha família, ficaria muito feliz em compartilhar informações.
    Muito Obrigada,
    Abraços.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Maria do Carmo, escreve para lisetegoller@gmail.com Abraços.

      Excluir