Mensagem

Os artigos veiculados neste blog podem ser utilizados pelos interessados, desde que citada a fonte: GÖLLER, Lisete. [inclua o título da postagem], in Memorial do Tempo (https://memorialdotempo.blogspot.com), nos termos da Lei n.º 9.610/98.

domingo, 5 de abril de 2020

Família Di Giuseppe 4ª Parte - Ancestrais e Descendentes


ROCCO NICOLA DI GIUSEPPE


Rocco Nicola Di Giuseppe – Foto: Acervo de Lisete Göller - Colorização Reinaldo Elias


Rocco Nicola Di Giuseppe, meu avô, nasceu às 23 horas do dia 23/03/1876, na cidade de Anzi, na Província de Potenza, Itália, na residência de seus pais, Francesco Paolo Donato Di Giuseppe e Filomena De Fina, na casa da Via Valletta, nº 3 (Stato Civile Italiano, Potenza, Anzi, Atto di Nascita, Anno 1876, nº 34, fl. 12 verso). Foi batizado na mesma data, na Igreja de San Giuliano de Anzi. Constou em sua Carteira de Identidade como descrição física: cabelos castanho-claros, olhos azuis e altura 1,68 m. Sua religião era a católica.


Vista de Anzi – Foto: Jose Enrique Carmaran Saccomandi – 24/05/2017


A Chiesa Madre de San Giuliano, onde Rocco Di Giuseppe foi batizado,  foi reconstruída no século XIX, utilizando-se a estrutura já existente do século XVI – Foto: Site do Comune de Anzi


Assinatura de Rocco Di Giuseppe


A PROFISSÃO


Exercia a profissão de Sapateiro (Calzolaio), especializado na confecção de botas, e Cambista (Comerciante) no Brasil.


A IMIGRAÇÃO NO BRASIL


No ano de 1900, aos 24 anos, Rocco Di Giuseppe saiu de sua cidade natal rumo à América do Sul, chegando ao porto de Buenos Aires e, após, à cidade portuária de San Pedro, localizada na Província de Buenos Aires, a 175 km da Capital argentina, na fronteira com o Brasil. Desta cidade, entrou neste país, para residir na cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, onde viviam seus irmãos Nicola e Giosuè. Em 1902, quando os seus irmãos resolveram tomar rumos diferentes, Rocco migrou para a cidade de Alegrete, no mesmo estado brasileiro, onde fixou residência e lá permaneceu até a sua morte. As informações principais foram encontram-se em sua Certidão de Registro de Estrangeiro. Infelizmente, não foi possível identificar o navio em que Rocco veio para a Argentina, possivelmente pelo fato de ter a listagem de passageiros do mesmo se extraviado. 


Mapa indicativo do percurso de Buenos Aires até a cidade portuária de San Pedro na Argentina


Rocco Di Giuseppe aos 24 anos na cidade de San Pedro, Argentina – Ano de 1900 – Foto: Acervo de Lisete Göller


Vista de San Pedro no início do Século XX – Foto: Internet


A referida Certidão de Registro de Estrangeiro (Livro nº 3, fl. 57, Delegacia de Polícia de Alegrete, 4ª Região Policial) comprova que ele não se naturalizou brasileiro, pois o Decreto nº 3.010, de 30/08/1938, estabelecia que os estrangeiros devessem manter regularmente informações sobre a permanência legal no país. Como residia numa cidade do interior, este registro era feito na Delegacia de Polícia local. Rocco e os demais imigrantes que com ele conviveram em Alegrete não podem ser considerados colonos, mas, sim, imigrantes urbanos. Os colonos viviam em Colônias propriamente ditas, relativamente isoladas umas das outras e sobreviviam da agricultura. Os imigrantes urbanos representavam uma minoria nas cidades já plenamente consolidadas.


O CASAMENTO


Rocco casou-se aos 28 anos, com Alfonsina Abarno (*01/01/1890 Alegrete RS/+13/12/1953 Porto Alegre RS), esta com 15 anos de idade, filha de Nicola Abarno e Maria do Carmo Machado, cujo casamento civil foi realizado às 15 horas do dia 18/03/1905, na casa do sogro Nicola Abarno. Foi Juiz de Paz o Dr. João Paulo de Freitas Valle. As testemunhas foram Francesco Lorenzo, artista, natural da Itália, Carmem Machado, João Alves Pahim, criador, e Francisca de Souza Pahim (CRCPN Alegrete, Livro B-3, fl. 46, nº 24). Após, o casamento religioso foi realizado na mesma data, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição Aparecida do Alegrete. Foram testemunhas Francisco Lorenzo e João Alves Paim (Cúria de Uruguaiana, Livro Casamentos Alegrete 1880-1911, Livro nº 12, fl. 64 v). O casal teve dois filhos, que deixaram descendências: Francisco Paulo Abarno Giuseppe e Philomena Abarno Giuseppe.


Alfonsina Abarno


A antiga Igreja Matriz de Alegrete RS – Anos 1900 – Fonte: O Município de Alegrete, Luiz Araujo Filho


O interior da Igreja Matriz por volta de 1908 – Fonte: O Município de Alegrete, Luiz Araujo Filho


O LOCAL DE RESIDÊNCIA


Rocco Di Giuseppe e Alfonsina Abarno residiram na Rua Marquês do Alegrete (número ignorado), onde nasceu minha mãe, Philomena. Esta rua situa-se junto à Praça Gen. Osório, em continuação à Rua Waldemar Masson. No ano de 1905, a Rua Marquês do Alegrete possuía 12 casas térreas. Mais tarde, residiram na Rua Bento Manoel, nº 735. 


Alfonsina Abarno Giuseppe, com a filha Philomena, nos fundos da casa da família, hoje não mais existente, que pertenceu ao casal Rocco e Alfonsina, localizada naquela época na Rua Bento Manoel, nº 735 – Alegrete, 12/10/1948 – Foto: Acervo de Lisete Göller

Talvez tenham residido anteriormente na casa da Rua Bento Manoel, nº 32, que Alfonsina herdou de seu pai, Nicola Abarno, após o inventário em 1918 (Arquivo Público, Inventários, Alegrete, Órfãos e Ausentes, nº 2.301, Maço 103, Estante 66, Ano 1918): “Um prédio construído de paredes de tijolos e coberto por telhas de barro, sito à Rua Bento Manoel, nº 32, cujo valor é de cinco contos de réis”. Como as numerações das casas foram mudando com o tempo, não é possível saber com certeza de que se trata ou não da casa de número 735. No ano de 2002, quando estive em Alegrete visitando a prima-irmã Alfonsina Juliani Giuseppe, esta contou-me que a casa da Rua Bento Manoel nº 735 já havia sido desmanchada, mas a base sólida, ou seja, as fundações feitas em pedra, sobre a qual havia sido construída, permaneceu na construção da nova casa posteriormente edificada. Infelizmente, não fui fotografá-la. Ao longo do tempo, deve ter tido vários proprietários. Numa inspeção através do Google, encontrei esta casa que talvez seja a que foi construída sobre a base da casa de meus avós, mas é apenas uma hipótese.


Possivelmente esta casa na cidade de Alegrete na atualidade tenha sido construída sobre a base de pedras que havia na edificação da casa de meus avós – Fonte: Google Street View


GENEALOGIA DE ROCCO NICOLA DI GIUSEPPE – FILHO DE FRANCESCO PAOLO DI GIUSEPPE E FILOMENA DE FINA

Primeira Geração

1. Rocco Nicola Di Giuseppe nasceu em 23 março 1876 em Anzi, Potenza, Basilicata, Itália. Ele faleceu em 31 agosto 1949 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil de câncer de fígado.


Rocco Nicola Di Giuseppe


Rocco casou-se com Alfonsina Abarno, filha de Nicola Maria Abarno e Maria do Carmo Machado, em 18 março 1905 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Alfonsina nasceu em 1 janeiro 1890 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Ela faleceu de câncer em 13 dezembro 1953 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.


Alfonsina Abarno Giuseppe


Eles tiveram os seguintes filhos (Terceira Geração)

+ 2 M i. Francisco Paulo Abarno Giuseppe nasceu  em 23 maio 1906 e faleceu em 7 setembro 1977.


Francisco Paulo Abarno Giuseppe (Filho)


+ 3 F ii. Philomena Abarno Giuseppe nasceu  em 16 novembro 1925 e faleceu em 10 fevereiro 1996.


Philomena Giuseppe Göller (Filha)


Segunda Geração

2. Francisco Paulo Abarno Giuseppe (Rocco Nicola) nasceu em 23 maio 1906 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Ele faleceu em 7 setembro 1977 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil.

Francisco casou-se com Carmen Orofino Juliani, filha de Gabriel Juliani e Maria Dominga Orofino, em 25 setembro 1926 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Carmen nasceu em 16 maio 1904 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Ela faleceu em 7 outubro 1964 em Alegrete, Rio Grande do Sul.


Carmen Juliani Giuseppe


Eles tiveram os seguintes filhos (Terceira Geração)

+ 4 M i. Walter Juliani Giuseppe nasceu  em 22 junho 1929 e faleceu em 30 janeiro 2002.


Walter Juliani Giuseppe (Neto)


5 F ii. Alfonsina Juliani Giuseppe nasceu em 22 janeiro 1936 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Ela faleceu em 1 outubro 2009 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil.


Alfonsina Juliani Giuseppe (Neta)


3. Philomena Abarno Giuseppe (Rocco Nicola) nasceu em 16 novembro 1925 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil e foi crismada em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Ela faleceu em 10 fevereiro 1996 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil de infarto agudo do miocárdio e foi sepultada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

Philomena casou-se com Egon Göller, filho de Jacob Göller Sobrinho e Idalina Schmitz, em 26 fevereiro 1949 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Egon nasceu em 13 agosto 1921 em Pareci Novo, Rio Grande do Sul, Brasil. Ele faleceu em 12 agosto 1993 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil e foi sepultado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.


Egon Göller


Eles tiveram os seguintes filhos (Terceira Geração)

6 F i. Eneida Göller nasceu em 30 dezembro 1949 em Carazinho, Rio Grande do Sul, Brasil. Ela faleceu em 30 dezembro 1949 em Carazinho, Rio Grande do Sul, Brasil e foi sepultada na mesma data em Carazinho, Rio Grande do Sul, Brasil.


Túmulo de Eneida Göller (Neta)


7 M ii. Roque Göller nasceu em 22 dezembro 1950 em Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil. Ele faleceu em 18 janeiro 2017 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Roque casou-se com (1) Elizabete Maria Baum, filha de Henrique Baum e Verônica Fachiolli, em 25 maio 1973 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. 


Roque Göller (Neto)


Roque também casou-se com (2) Ceni Dorvalina Fonseca, filha de João José da Fonseca e Zilda Souza, em 3 dezembro 1994 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Ceni nasceu em 2 abril 1956 em São Lourenço do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil.


Ceni Dorvalina Fonseca Göller


+ 8 F iii. Lisete Göller nasceu  em 6 fevereiro 1956.


Lisete Göller (Neta)



Terceira Geração

4. Walter Juliani Giuseppe (Francisco Paulo Abarno Giuseppe, Rocco Nicola) nasceu em 22 junho 1929 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Ele faleceu em 30 janeiro 2002 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil de câncer de pâncreas.

Walter casou-se com Terezinha Fabres Marques, filha de Maurílio Marques e Cecília Fabres, em 16 junho 1951 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Terezinha nasceu em 20 março 1929 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Ela faleceu em 15 maio 2010 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil.


Tereza Marques Giuseppe


Eles tiveram os seguintes filhos (Quarta Geração)
9 M i. Walter Marques Giuseppe nasceu em 14 setembro 1954 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Ele faleceu em 14 setembro 1954 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil.

+ 10 M ii. Marco Antônio Marques Giuseppe nasceu  em 23 agosto 1956.



Marco Antônio Marques Giuseppe (Bisneto)


11 F iii. Cláudia Marques Giuseppe nasceu em 11 outubro 1964 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil.


Cláudia Giuseppe Brandolt (Bisneta)


Cláudia casou-se com Renato Brandolt em 12 janeiro 1990 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Renato nasceu em 30 setembro 1963 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil.



Renato Brandolt


8. Lisete Göller (Philomena Abarno Giuseppe, Rocco Nicola) nasceu em 6 fevereiro 1956 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

Lisete teve a seguinte filha (Quarta Geração)

12 F i. Fernanda Göller nasceu em 22 agosto 1984 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.


Fernanda Göller (Bisneta)



Quarta Geração

10. Marco Antônio Marques Giuseppe (Walter Juliani Giuseppe, Francisco Paulo Abarno Giuseppe, Rocco Nicola) nasceu em 23 agosto 1956 em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil.

Marco casou-se com Vera de Oliveira em Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil. Vera nasceu em 28 dezembro 1959 em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil.

         Marco e Vera tiveram os seguintes filhos (Quinta Geração)

13 M i. Matheus de Oliveira Giuseppe nasceu em 1 setembro 1987 em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil.


Matheus de Oliveira Giuseppe (Trineto)


14 F ii. Juliana de Oliveira Giuseppe nasceu  em 5 dezembro 1989 em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil.


Juliana de Oliveira Giuseppe (Trineta)



INFORMAÇÕES HISTÓRICAS


Rocco Di Giuseppe


Rocco di Giuseppe pouco revelou sobre a sua vida na Itália, creio que por motivos de foro íntimo, talvez pela tristeza de lembrar-se de sua terra natal e de seus pais falecidos. Na época em que emigrou, a Itália era um Reino, sendo considerado um assunto tabu para os imigrantes, os quais se lembravam das privações pelas quais passaram e da condição de servos que não podiam ter as suas próprias terras. As lembranças dos imigrantes eram tão-somente o local exato onde viviam e não do ‘comune’, da província ou do próprio Reino. Era como se tudo o mais não tivesse relação com eles...


Como já revelado na postagem da 3ª Parte da Família Di Giuseppe, Rocco teve outros dez irmãos, cinco deles falecidos ainda na infância. Seus últimos contatos com a família foram com os irmãos Giosuè Di Giuseppe, que residiu na cidade de Salto, Uruguai, onde faleceu, e Nicola Di Giuseppe, que, depois de residir em Uruguaiana RS, não se obteve mais notícias. Talvez seja este, ou ainda o outro irmão, Ernesto Di Giuseppe, que tenha se tornado dono de um hotel na cidade de Florença, na região da Toscana. A neta Alfonsina Juliani Giuseppe contou-me que, há muitos anos atrás, um dos irmãos de Rocco havia mandado um cartão postal para ele, com notícias da família, fazendo o convite para ir visitá-los na Itália. Porém, o cartão postal foi parar nas mãos de um amigo italiano, que se esqueceu de dá-lo ao destinatário. Depois de passados muitos anos, quando o tal amigo já havia falecido, a família encontrou o cartão num baú e o entregou ao filho Francisco, meu tio, pois o vô Rocco havia morrido há anos atrás. Depois disso, o cartão foi perdido com o passar dos anos, assim como as preciosas informações nele contidas...



Rocco Di Giuseppe


Numa determinada época que não sei precisar, segundo relato de minha mãe, meus avós Rocco e Alfonsina possuíram um hotel na cidade de Erechim, no Rio Grande do Sul, chamado Hotel dos Viajantes, tendo como sócios os cunhados de Rocco, Manoel Victor Abarno e Doralina Pietro Abarno (Chininha), que se dividiam nas diversas funções de atendimento aos hóspedes. Por razões de saúde de Alfonsina, a qual veio a sofrer de paralisia das mãos (creio que sobreveio após o não tratamento de uma síndrome do carpo, a qual conheço bem), dado que passava roupas diariamente com o antigo ferro a brasa e, em seguida, lavava roupas no tanque com água fria, o que resultaria num constante choque térmico, a família voltou à cidade de Alegrete. A única referência documental da época, além do relato oral, foi encontrada no inventário do sogro Nicola Abarno, realizado no ano de 1918, onde constou que o casal Manoel Victor Abarno e Doralina Pietro ainda residia em Erechim, mas a filha Alfonsina e o genro Rocco residiam em Alegrete. 


Erechim no início do Século XX – Fonte: Internet


A antiga Colônia Erechim foi fundada no ano de 1908, tomando impulso no seu desenvolvimento no ano de 1910, com a chegada dos primeiros imigrantes italianos vindos do Vêneto, que ali chegavam através da ferrovia. A partir deste ano, começaram a abertura de ruas e a construção de casas de madeira. Inicialmente, havia dois barracões para hospedagem dos imigrantes, enfermaria e depósito de materiais, nove casas comerciais, uma barbearia, uma alfaiataria, três sapatarias e um açougue. Em 1914, este foi o povoado que mais prosperou naquela região. Com o crescimento do mesmo e de sua forte economia, a Colônia de Erechim foi elevada à categoria de município em 30/04/1918 (Fonte: Wikipedia).

Com base neste pequeno histórico de Erechim, acredito que o fato narrado sobre o hotel deva ter ocorrido entre os anos de 1814 e 1818. O fato de haver italianos nesta cidade deve ter contribuído para a migração de meus avós, acompanhados por Manoel Victor e Doralina. Naquela época, os meus avós já tinham o filho Francisco Paulo, nascido em 1906, assim como o outro casal possuía o filho Victor, este nascido por volta de 1808.


A MAÇONARIA


Rocco Di Giuseppe deixou para nós a sua Medalha Maçônica. Acreditava-se que ele tivesse feito parte de uma das Lojas da Maçonaria da cidade de Alegrete. Porém, entrando em contato com um integrante da mesma, que por sinal era um pesquisador, nada foi encontrado que reportasse ao meu avô. Outra possibilidade é a de que ele tivesse entrado na Maçonaria através de alguma Loja da cidade de Uruguaiana, onde residiu por dois anos. Tentei fazer contato, mas não obtive sucesso até o momento. Parece-me que as Lojas atualmente existentes foram fundadas em anos posteriores ao período em que ele por lá viveu (1900 a 1902).


A Medalha da Maçonaria, que pertenceu ao meu avô Rocco Di Giuseppe, revela que ele chegou ao grau Mestre, o mais alto da Loja Maçônica, pois o compasso se encontra sobre o esquadro, com o significado de que o espírito se sobrepõe à matéria – Foto: Acervo de Lisete Göller


Descrição dos símbolos:

Ao centro da Medalha, vemos a letra G, que significa originalmente a ciência da Geometria, segundo as Enciclopédias Maçônicas de Coil e Mackey, embora tenha adquirido outros significados com o decorrer do tempo.

O Esquadro representa simbolicamente moralidade, retidão, imparcialidade e a ação do Homem sobre a matéria e sobre si mesmo. O Compasso simboliza o espírito e as diversas formas de raciocínio.  Como este desenha arcos de circunferência, resulta daí a simbologia do relativo (círculo), que depende do ponto inicial (absoluto). O Esquadro e o Compasso simbolizam respectivamente a materialidade e a espiritualidade do Homem respectivamente.

O círculo traçado pelo compasso representa a Loja Maçônica no seu sentido mais amplo, sendo formada por maçons, que se reúnem periodicamente em assembléias, seguindo um determinado rito. Na hierarquia maçônica, existem as Lojas Simbólicas (do 1º ao 3º grau), as Lojas de Perfeição (do 4º ao 14º grau), os Capítulos (do 15º ao 18º grau), os Conselhos de Cadosch (do 19º ao 30º grau), os Consistórios (31º ao 32º grau) e o Supremo Conselho (33º grau).

Na Loja Simbólica, os maçons estão organizados em três graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre. Neste último, o maçom adquire todos os direitos e prerrogativas maçônicas, podendo ocupar quaisquer cargos da Loja.


A MAÇONARIA NO RIO GRANDE DO SUL


A Maçonaria chegou ao Rio Grande do Sul em 1831, com a fundação da Loja Philantropia e Liberdade, na cidade de Porto Alegre. Mais tarde, outras Lojas foram sendo organizadas dentro do Rio Grande do Sul. No ano de 1883, todas as Lojas do país se fundiram e formaram o Grande Oriente do Brasil. Dez anos mais tarde, o Grande Oriente do Rio Grande do Sul tornou-se independente. Hoje é Membro-Fundador da Confederação Maçônica do Brasil e está filiado à Confederação Maçônica Interamericana, contando com 260 Lojas e mais de 10 mil Obreiros, com sedes administrativas localizadas em Porto Alegre. Na história da Maçonaria de Alegrete, destacaram-se as seguintes Lojas: Loja Humanidade e Justiça, Loja Triunpho da Razão e a Loja Luz e Verdade. 



A SOCIEDADE ITALIANA DE ALEGRETE


Rocco foi membro da Società di Mutuo Soccorso - Unione Italiana, de Alegrete, fundada em 15/08/1883. A sociedade tinha a finalidade de prestar auxílio aos seus associados, promovendo o seu melhoramento moral, econômico e humanitário. Os sócios doentes obtinham auxílio financeiro, médico e farmacêutico, durante pelo menos seis meses. Embora fosse criada para prestar socorro aos italianos radicados em Alegrete, no quadro social também havia sócios honorários e beneméritos de outras nacionalidades, bem como de brasileiros, como determinação legal. O prédio da Sociedade Italiana foi construído em estilo renascença no ano de 1907, na antiga Rua Ipiranga, nº 27, atual Rua Gaspar Martins, cujo nome passou a ser Sociedade Ítalo-Brasileira Guilhelmo Marconi.


A Sociedade Unione Italiana – Década de 1910 – Fonte: Município de Alegrete, de Luiz Antonio Araújo Filho, 1908


Rocco Di Giuseppe e os membros da Sociedade Unione Italiana de Alegrete – Fonte: Jornal Gazeta de Alegrete – Edição de 25/10/1973


O FALECIMENTO


Rocco Di Giuseppe aos 73 anos – 1949


Rocco Di Giuseppe faleceu aos 73 anos, às 19 horas, na data de 31/08/1949, em sua residência, na Rua Bento Manoel, nº 735, de câncer hepático, cujo óbito foi atestado pelo  atestado pelo Dr. Ananias. Declarou o óbito o neto Walter Giuseppe, que assinou o registro. (RCPN Alegrete, Livro C-31, fl. 264 e verso, nº 296). Foi sepultado no Cemitério Municipal de Alegrete, no jazigo da família, onde estão também sepultados Rosa Basile, a 4ª esposa do sogro Nicola Abarno, a cunhada Maria Lizena Abarno, o filho Francisco Paulo Abarno Giuseppe e a nora Carmen Juliani Giuseppe.

A esposa, minha avó, Alfonsina Abarno, faleceu aos 63 anos, às 9 horas e 10 minutos, do dia 13/12/1953, na residência da filha Philomena Giuseppe Göller, na Rua dos Andradas, nº 381, ap. 2, atualmente inexistente, em Porto Alegre RS, de câncer genital,  atestado pelo Dr. Francisco Carneiro Becker. Declarou o óbito o genro Egon Göller (CRCPN Porto Alegre, 4a. Zona, Livro C-91, fl. 248 F, nº 69.612. Foi sepultada no Cemitério da Irmandade São Miguel e Almas de Porto Alegre (1a. Ordem, Setor A1, nº 10.270), onde se encontram atualmente o genro Egon Göller, a filha Philomena Giuseppe Göller e a filha de criação Eulália Rodrigues.



A Bisneta Fernanda Göller junto ao Túmulo de Rocco Di Giuseppe (lápide junto às flores) – Alegrete RS - Julho/1987 – Foto – Acervo de Lisete Göller



VER A CONTINUAÇÃO: FAMÍLIA DI GIUSEPPE 5ª PARTE – ANCESTRAIS E DESCENDENTES




Nenhum comentário:

Postar um comentário