INPS – INSS, IAPAS e INAMPS
Ingressei no serviço público federal, como meu primeiro trabalho, no antigo INPS, no cargo de Agente Administrativo, em 10/03/1977, aos 21 anos de idade. Fui admitida, depois de prestar concurso público pelo DASP. Quem noticiou o concurso foi o meu irmão Roque, que também fez a inscrição. Era preciso ter apenas o 1° grau completo. Embora ele estivesse trabalhando naquela época na Receita Federal, não era concursado, por isso, precisava garantir o seu futuro. A minha melhor amiga na época, a Beth, também se inscreveu. Este concurso foi realizado em 1976, se não me engano. Havia muitos candidatos, mas também havia muita oferta de vagas. Naquele tempo, o salário era bom. Para quem não tinha salário nenhum, era algo extraordinário. Não lembro qual foi a minha colocação no concurso, mas fui a primeira de nós três a ser chamada. Lembro-me da papelada que tive que assinar e dos exames médicos que tive que fazer. Estreei a minha Carteira de Trabalho. Naquela época, mesmo como celetista (funcionária regida pela CLT), ingressava-se através de concurso público.
Fui lotada na Secretaria Regional de Contabilidade e Finanças, cujo Secretário era o Sr. Modesto Rodrigues Tolosa (falecido em 2014, aos 82 anos). O nosso prédio, o Edifício Brasiliano de Moraes, situa-se até hoje na Avenida Borges de Medeiros, n° 536, esquina com a Rua Riachuelo. O meu irmão chegou a trabalhar neste prédio, depois de passados muitos anos, mas quando este já era funcionário do Ministério da Saúde. Se não me engano, trabalhei no 5° andar. Fui lotada na Coordenadoria Regional de Finanças, parte integrante da Secretaria de Finanças. O Coordenador chamava-se Jacob Silvino Jacobi. Comigo lá trabalharam a Yolanda, a sua filha Vera Lúcia, que foi secretária do Coordenador, a outra Iolanda, que era de Caxias do Sul, o Sr. Carlos Costa, que gostava de contar anedotas e a Rejane, que era formada em Direito. Havia também o Carlos Difini, que também era engraçado e o Telvi, sempre de boa paz. O serviço em si era tranqüilo. Fazia conferências de coisas, que nem entendia muito bem para o que serviam. Passava parte do tempo conversando com a Vera Lúcia, com quem aprendi a fazer contas de crediário e ficar no vermelho. Ela era muito legal. Fazia o curso de Letras, mas em pouco tempo se casou, saindo do Instituto. Foi neste ano que resolvi fazer os exames supletivos: uma parte em julho/77 e a outra em dezembro/77.
O Edifício Brasiliano de Moraes, na Av. Borges de Medeiros, nº 536, no Centro de Porto Alegre RS – Imagem Google Maps Street View |
Dos colegas da Pagadoria, na mesma Secretaria, lembro-me do Nilmar, que era o Chefe, do Carlinhos, da Maria da Graça, que veio a ser minha colega no Tribunal anos mais tarde, mas que depois pediu transferência para a cidade de Torres, do colega Barroca, da Jane Schio, do Sanchez, que era muito divertido, e de outros que não lembro mais os nomes. Ficamos lá por pouco tempo, pois fomos todos transferidos para o edifício ‘Cristaleira’, aquele prédio todo envidraçado, na Rua Jerônimo Coelho, n° 127, esquina com a Avenida Borges de Medeiros. Este prédio, ou pelo menos parte dele, pertenceu ao antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários ou IAPB. Lembro-me que ia lá quando era criança, cuja entrada ficava na escadaria da Borges, para providenciar consultas médicas com a minha mãe, já que meu pai era bancário. Este Instituto foi incorporado ao INPS posteriormente. Quando estava trabalhando no ‘Cristaleira’, no ano de 1978, cursei o 1° semestre do curso de Geografia. Para isto, tive que requerer horário especial. Em julho/1978, ingressava no curso de Nutrição.
O Edifício Cristaleira, na Rua Jerônimo Coelho, nº 127, no Centro de Porto Alegre RS – Imagem Google Maps Street View |
Um pouco de história. O Instituto Nacional de Previdência Social – INPS – foi criado no ano de 1966, a partir da fusão de todos os Institutos de Aposentadoria e Pensões existentes no país, que foram criados a partir de 1930, por determinação do Presidente Getúlio Vargas. Estes institutos eram organizados por categorias, como por exemplo, o IAPB (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários) e o IAPC (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários), entre outros. No ano de 1977, foram fundados o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS) e o Instituto de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS). Neste mesmo ano, iniciou-se a fusão da parte financeira do INPS com o IAPAS, até 1990, quando passou a existir o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). A parte relativa à previdência e assistência social do INPS passou ao SINPAS e a relativa à assistência médica, que era mantida pelo INPS, foi assumida pelo INAMPS, que acabou por ser extinto, passando estas atribuições ao SUS, que hoje conhecemos.
A nossa Secretaria Regional de Contabilidade e Finanças passou a pertencer ao IAPAS, que veio a funcionar no 10° ou 11° andar, não lembro bem, do ‘Cristaleira’. Lá era bem mais espaçoso e agradável. O setor de Contabilidade era separado do nosso. Não tínhamos muito contato. Isso hoje é uma ironia (me formei em Contabilidade), porque, naquela época, eu não ligava para nada disso. Depois de um tempo, fomos parar no térreo, já que a Pagadoria envolvia trânsito de pessoas pagando ou recebendo, e a Coordenadoria recebia o pessoal, que trazia os documentos dos bancos conveniados. Ficamos do lado direito de quem entra no prédio. Lembro-me que, nesta época, trabalharam conosco a Dona Élida, a Dona Carmem, a Jane, que era secretária do Coordenador, o Luiz Fernando, que era o bonitão do setor, o Paulo, que só falava em futebol, a Maria Erbênia, a Maria Edi, que depois fez um concurso, optando por sair do IAPAS, o Ney Brum (falecido em 1998), que fazia serviços auxiliares. Algum tempo depois, o Coordenador, o Seu Jacobi, se aposentou, ficando no seu lugar o Sr. Moacir Rodrigues. Este era magrinho e muito ativo. Com o passar dos anos, quando nem estava mais lá, ele foi designado como Secretário e, depois, como Presidente do IAPAS, o mais alto cargo da instituição.
Quando estive perto de fazer os estágios finais do curso de Nutrição, este foi um período bem tumultuado. Ocorre que a possibilidade de trocar de Instituto estava chegando ao fim. Depois de certo mês, isto não mais seria possível. Eu queria ir para o INAMPS, precisamente para o Hospital Presidente Vargas. Cheguei a escrever para o Ministro da Previdência, o Jair Soares, fiz contatos com meio mundo, pois o Coordenador da época não queria me liberar. Fiquei sentida com ele. Se bem me lembro, nem falava mais com ele. Esta fase, antes de ir para o Hospital, não me traz muito boas recordações. Achava tudo um saco. Teve uma época em que fiquei na Pagadoria. Estava cheia da cara de todos. Precisava renovar a minha vida. E estava chegando uma nova oportunidade...
Na Coordenadoria, fazia basicamente a conferência decendial da prestação de contas dos responsáveis pelas agências do interior. Aprendi determinado ‘truque’, através dos dados apresentados, para saber se eles estavam ou não mentindo com os dados apresentados. Se estivessem errados, tinha que telefonar para o agente, pedindo-lhe que enviasse outra MD (Movimentação de Disponibilidades). Depois, passei a fazer a conferência dos documentos, que representavam o total arrecadado pelos bancos. A conferência de todos os bancos era dividida entre eu e mais dois colegas. Fazia enormes somas dos documentos suportes, para ver se batiam com o documento principal. Cheguei também a fazer memorandos, essas coisas de secretaria.
Uma coisa legal é que, quando entramos no Instituto, fizemos cursos de treinamento. A gente achava um saco, mas hoje acho que é importante conhecer o funcionamento, a estrutura do lugar em que trabalhamos. Eram bons também esses primeiros tempos, porque a gente chegava a ganhar um salário por ano de empréstimo a juros bem baixos. Se a gente não quisesse receber, tinha que solicitar seu cancelamento. Com o decorrer do tempo, os nossos aumentos foram minguando. No começo, não se fazia greve no serviço público, mas depois veio a moda da greve branca, em que a gente só ficava por ali, mas não atendia ao público. O nosso ponto era assinado em folhas individuais. Se a gente não ia, ganhava código de falta sem justificativa, o que não era tão grave, já que não tínhamos direito à licença-prêmio nem nada. Como celetistas, tínhamos o 13° salário, o que depois foi estendido aos estatutários. De outras vantagens não me lembro, porque faço confusão com os nossos direitos relativos ao Estado.
Um fato ou uma realidade, que sempre se repetiu para mim, foi o de trabalhar com um monte de gente, principalmente mulheres. Isso causa certo estresse com o tempo. Além do mais, temos muito tempo para fofocar, o que acaba causando inimizades, algumas eternas... O que era bom neste meu trabalho é que o prédio ficava perto de onde residia. Morava na Rua dos Andradas, indo almoçar em casa. Depois, quando estava no curso de Nutrição, jantava, descansava um pouco, e ia para a faculdade. Apesar de o horário ser das 8 h e 30 min às 12 h, e das 13 h 30 min às 18 h, não cansava tanto. Não sei se era por costume, ou se era por ser mais jovem. Não sei dizer... O meu período de trabalho no IAPAS foi de 10/03/1977 a 31/03/1982. Após esta data, ingressei no INAMPS.
Ao desenvolver este assunto há anos atrás, quando ainda não era genealogista, nem poderia imaginar que o nosso Coordenador, Jacob Silvino Jacobi, era descendente da Família Anschau. Esta família tem ligação com a descendência de Elisabetha Göller, a irmã de meu trisavô Johann Göller, que foi casada com Johann Anschau, um dos imigrantes desta família. Jacob Silvino Anschau Jacobi nasceu em 31/10/1914, em Poço das Antas RS, e faleceu em 14/07/1986, sendo enterrado no Cemitério de Viamão RS. Jacob era descendente de Anton Anschau, um dos irmãos de Johann Anschau. Casou-se com Léia Lauredano, com quem teve os filhos Sandra, Pedro, Lenara e Roseli. Jacob Silvino era oriundo do IAPC, antigo instituto dos comerciários. Foi uma pessoa muito íntegra, de personalidade calma e ponderada, tendo grande conhecimento técnico relativo ao trabalho que desenvolveu ao longo de muitos anos. Ele foi o meu primeiro Chefe, tendo se aposentado em 19/01/1979. A ele presto aqui esta singela homenagem!
Jacob Silvino Anschau Jacobi, o meu primeiro chefe, no meu primeiro emprego, com a esposa Léia Lauredano – Foto Site da Família Jacobi |
Tendo em vista a minha necessidade de fazer os estágios obrigatórios da Faculdade de Nutrição, a qual cursava, tratei de conseguir a minha transferência para o INAMPS, a fim de trabalhar no Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas – HMIPV, que foi publicada em 01/04/1982. A partir desta data, passei a ser funcionária deste Instituto, sendo lotada no Serviço de Nutrição e Dietética, chefiada na época pela Nutricionista Lívia. O Hospital localiza-se até hoje na Avenida Independência, n° 661, esquina com a Rua Garibaldi. Além de mim, na mesma situação, havia a Maria Conceição, que estava se formando na UNISINOS e a Luisa Maria, que também era funcionária e minha colega de Faculdade do IMEC, a qual havia sido transferida para o HMIPV. Além disso, o Hospital firmou convênios com as faculdades de Nutrição existentes naquele tempo, as da UNISINOS e do IMEC, a fim de que os seus alunos pudessem ali estagiar. As minhas colegas de Faculdade, Neide e Denise, por exemplo, chegaram a estagiar lá por meio deste convênio. A Lívia era a nossa supervisora de estágio.
No começo era tudo novidade. Lembro-me da Iara Margarida, que dizia ser a “flor” da Nutrição, a nossa secretária, que era muito engraçada. Anos mais tarde, encontrei-a trabalhando na Patronal, que era o nome dado antigamente ao nosso plano de assistência médica funcional. Sei que hoje em dia ela mora em outra cidade. Havia a Eloíza, apelidada de Lolô, que era Economista Doméstica, infelizmente já falecida; a Elena, Nutricionista formada, com quem tive alguns atritos, mas nada sérios; a Silvana, outra Nutricionista, que era paulista e mulher de um médico; a Irene, que era Nutricionista da Produção e a Lourdes, Nutricionista da Dietoterapia, que vivia falando “Ai, que amor...”.
O meu grupo trabalhava das 7 h às 19 h. Explico melhor: o pessoal da manhã trabalhava das 7 h às 13 h e o da tarde das 13 h às 19 h. O pessoal gostava mais de trabalhar pela manhã. Era uma agitação só. As prescrições dos pacientes geralmente eram feitas nesta etapa do dia. Toda a rotina no que se referia às refeições dos pacientes e dos funcionários no refeitório acontecia com mais intensidade neste período. Fui destacada para trabalhar à tarde na Dietoterapia, que era bem mais tranquila, mas geralmente ficava sozinha por lá, para o que desse e viesse. A Produção, que se ocupa do controle, da confecção e fornecimento das refeições, era assumida pela Lolô, uma pessoa muito tranquila.
À tarde, fazia as alterações nos mapas do lanche da tarde, da janta e da noite, se houvesse mudança da prescrição médica ou alta do paciente. Alguns pacientes que fariam algum exame, ou tinham uma cirurgia marcada, ou fariam algum parto, entravam na condição chamada NPO que é “nada por via oral”. Assim, tudo para eles era cancelado. O HMIPV é um hospital materno-infantil na sua essência, atendendo casos de alto risco, tanto para a gestante quanto para o bebê, assim como atendia pacientes pediátricos. Além disso - pelo menos na minha época era assim -, este possuía setores de Hemodiálise, Banco de Sangue (fornecíamos lanches para os doadores), UTI, Pediatria, Obstetrícia, Emergência, Ambulatório, Consultórios, Farmácia, Lavanderia e outros setores comuns a todos os hospitais.
Na Nutrição, havia o Lactário, a Dietoterapia, a Produção, o Almoxarifado (também despensa), a Cozinha Geral e a de Dietoterapia, o Refeitório e a Secretaria. Acho que fiz uns seis relatórios de estágio sobre o Serviço de Nutrição naqueles primeiros meses e que deram muito trabalho... Na verdade, nem todos os estágios poderiam ter sido feitos lá, como o de Nutrição em Saúde Pública, que foi feito meio no sufoco, com elaboração de questionários e entrevistas. Se assim não fosse, teríamos que ir, por exemplo, para as vilas. Os originais ficaram na Faculdade, e as cópias acabaram indo fora. Dos livros de Nutrição, só sobraram hoje o Manual de Dietas e a Tabela de Composição Química dos Alimentos. Tive inúmeros livros, que acabaram sendo vendidos.
O Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas, no Bairro Independência, em Porto Alegre RS – Imagem Google Maps Street View |
No começo era tudo novidade. Lembro-me da Iara Margarida, que dizia ser a “flor” da Nutrição, a nossa secretária, que era muito engraçada. Anos mais tarde, encontrei-a trabalhando na Patronal, que era o nome dado antigamente ao nosso plano de assistência médica funcional. Sei que hoje em dia ela mora em outra cidade. Havia a Eloíza, apelidada de Lolô, que era Economista Doméstica, infelizmente já falecida; a Elena, Nutricionista formada, com quem tive alguns atritos, mas nada sérios; a Silvana, outra Nutricionista, que era paulista e mulher de um médico; a Irene, que era Nutricionista da Produção e a Lourdes, Nutricionista da Dietoterapia, que vivia falando “Ai, que amor...”.
O meu grupo trabalhava das 7 h às 19 h. Explico melhor: o pessoal da manhã trabalhava das 7 h às 13 h e o da tarde das 13 h às 19 h. O pessoal gostava mais de trabalhar pela manhã. Era uma agitação só. As prescrições dos pacientes geralmente eram feitas nesta etapa do dia. Toda a rotina no que se referia às refeições dos pacientes e dos funcionários no refeitório acontecia com mais intensidade neste período. Fui destacada para trabalhar à tarde na Dietoterapia, que era bem mais tranquila, mas geralmente ficava sozinha por lá, para o que desse e viesse. A Produção, que se ocupa do controle, da confecção e fornecimento das refeições, era assumida pela Lolô, uma pessoa muito tranquila.
À tarde, fazia as alterações nos mapas do lanche da tarde, da janta e da noite, se houvesse mudança da prescrição médica ou alta do paciente. Alguns pacientes que fariam algum exame, ou tinham uma cirurgia marcada, ou fariam algum parto, entravam na condição chamada NPO que é “nada por via oral”. Assim, tudo para eles era cancelado. O HMIPV é um hospital materno-infantil na sua essência, atendendo casos de alto risco, tanto para a gestante quanto para o bebê, assim como atendia pacientes pediátricos. Além disso - pelo menos na minha época era assim -, este possuía setores de Hemodiálise, Banco de Sangue (fornecíamos lanches para os doadores), UTI, Pediatria, Obstetrícia, Emergência, Ambulatório, Consultórios, Farmácia, Lavanderia e outros setores comuns a todos os hospitais.
Na Nutrição, havia o Lactário, a Dietoterapia, a Produção, o Almoxarifado (também despensa), a Cozinha Geral e a de Dietoterapia, o Refeitório e a Secretaria. Acho que fiz uns seis relatórios de estágio sobre o Serviço de Nutrição naqueles primeiros meses e que deram muito trabalho... Na verdade, nem todos os estágios poderiam ter sido feitos lá, como o de Nutrição em Saúde Pública, que foi feito meio no sufoco, com elaboração de questionários e entrevistas. Se assim não fosse, teríamos que ir, por exemplo, para as vilas. Os originais ficaram na Faculdade, e as cópias acabaram indo fora. Dos livros de Nutrição, só sobraram hoje o Manual de Dietas e a Tabela de Composição Química dos Alimentos. Tive inúmeros livros, que acabaram sendo vendidos.
No dia da formatura em Nutrição: eu (centro), Roseli (atrás à esq.), Nilva (atrás à dir.); na frente (da esq. p/dir.) a Professora Gilca, Neide, Wilma e a Nutricionista Lívia – IMEC – 14/08/1982 |
Não me lembro bem do que havia de tão errado com aquele trabalho no Hospital, mas lembro-me que havia os plantões mensais, uns dois por mês, que duravam 12 horas, e tínhamos que ficar nele sozinhas (conforme a escala), como responsáveis pelo serviço e pelo pessoal. A gente tinha que trabalhar às vezes na Páscoa, no Natal, nos feriados... Não tínhamos escolha... A falta de pessoal também era outro problema. Os funcionários faltavam muito, e a gente tinha que remanejar o pessoal com muito tato, para não acabar fazendo inimizades. Pedia assim: “será que tu poderias ir...”. Fiquei sabendo que a Conceição quase apanhou de uma copeira, que não gostava de sair do seu andar. Eu já não trabalhava mais lá quando isto aconteceu... No Carnaval, era quase trágico. Depois das 19 h, ficavam apenas duas funcionárias da noite: uma para fornecer o lanche e as mamadeiras e outra no lactário. Quando faltava uma delas, era medonho. Outra coisa chata era de sempre estarem interrompendo a gente para pedir material, o qual era fornecido através de uma requisição preenchida por nós como solicitação ao almoxarifado, sendo que íamos lá buscá-lo. Ao invés de pedirem tudo de uma vez só, pediam aos pingos. Era irritante. Parecia que a gente estava ali só para aquilo. Depois, com a implantação de outro sistema, elas mesmas iam pegar o material no Almoxarifado, ou então, pegavam direto do estoque existente no nosso armário. Ridículo era o nosso uniforme. As Nutricionistas vestiam uma roupa de cor verde, uma espécie de verde-limão azulado. Uma coisa horrível... As funcionárias das Copas vestiam uniforme amarelo, as do Lactário vestiam rosa, e as da Cozinha vestiam-se de branco.
O relacionamento com as colegas não foi muito fácil. Houve uma colega que trabalhou por lá algum tempo, a ‘Maria’ (nome fictício), que era de amargar. Uma vez o seu mapa da merenda da noite estava tão errado, precisando de tantas rasuras, que tive que refazê-lo. Era comum acontecer. Acho que fazia os mapas quando as prescrições ainda nem haviam mudado e, quando mudavam, se atrapalhava toda e não alterava o que tinha que alterar. Fiz então o mapa do meu jeito. Só que para uma das pacientes ela havia combinado o lanche de uma maneira e, com a troca, ela acabou ganhando outra coisa. Foi então que a colega soube que o mapa havia sido refeito. Havia dado confusão de manhã, mas, quando eu cheguei, ela já tinha ido para casa. Outra coisa que me incomodava era o fato de ficar sozinha à tarde. Embora os mapas já tivessem sido alinhavados pelas outras colegas, eu era sempre solicitada para cima e para baixo, para fazer mudanças. Isso acontecia, porque o pessoal preferia trabalhar pela manhã, para ter o resto do dia livre. Além disso, o pessoal da manhã tinha com quem dividir os seus problemas, já eu não... E, quando fui trabalhar lá, eu pesava entre 48 kg e 49 kg. Depois, comecei a engordar com as comidas servidas no refeitório, carregadas na gordura. A mãe sempre cozinhava com pouca gordura. Para mim, isto foi impactante: comecei a andar para trás desde aquele tempo...
Com o passar do tempo, fui me enchendo de tudo aquilo. Mesmo antes de me formar, comecei a fazer o curso de Farmácia e já pensava em trabalhar na Farmácia do Hospital. A pressão que sentia pelo nosso tipo de trabalho foi aumentando, e os relacionamentos foram ficando cada vez mais difíceis. Um dia tive um chilique em casa, chorando muito e coisa e tal, para convencer a todos de que era melhor eu sair de lá. Assim, mesmo com o pedido de demissão, coisa que ninguém por lá tinha coragem de fazer, mesmo cumprindo o aviso prévio, a Lívia não se intimidou e não me liberou para outro setor. O Hospital poderia ter evitado a perda de mais uma funcionária, já que é difícil manter um quadro, e tudo dependia de concurso. A saída oficial aconteceu em 03/06/1983, aos 27 anos de idade.
Depois, ainda fiquei por um bom tempo em contato com a Conceição. Sinto a sua falta, mas nem sei por onde ela anda. A Lívia saiu de lá, ficando no atendimento dos pacientes de ambulatório. As outras colegas foram saindo com o tempo. Hoje, quase nada mais sei sobre o destino delas e o das funcionárias copeiras, cozinheiras, etc. Éramos mais de 40 pessoas. São os fatos da vida.
Após sair do HPV, fiquei cerca de três anos sem trabalhar. O meu saudoso pai pagou durante este tempo as minhas contribuições como “Contribuinte em Dobro” junto à Previdência Social. Este período abrangeu de 01/07/1983 a 30/05/1986, ou seja, 2 anos e 11 meses. Depois disto, entrei noutra fase da vida laborativa. Durante este período de espera, passei em concursos como o de Nutricionista na Universidade Federal de Santa Maria em 1983, mas quando fui chamada não assumi por motivos pessoais; o concurso de Agente Administrativo na Dataprev em 1984, que tinha poucas vagas e não fui chamada e o de Agente Administrativo no Tribunal Regional Eleitoral em 1985, para o qual não fui chamada pelo mesmo motivo. O próximo concurso abriria as portas para uma nova etapa da vida, mas o assunto ficará para o próximo capítulo.
Olá Lisete. Pesquisando o nome do Coordenador Regional Financeiro, seu Jacob, achei teu blog. Entramos no mesmo concurso, talvez em turmas distintas, meu nome Marco Aurélio Flôres Rubim, e ainda tenho contato com outro ex-colega, Lair Arena, que me pede pra lembrar de alguns outros colegas. A vovó, D Élida, era pessoa muito querida e trabalhamos lado a lado no Ed. Cristaleira, também com Erbênia, sob a chefia do Sanchez. Depois fui designado pelo seu Modesto para chefe do setor de benefícios. Boas lembranças daquela época. Abraços.
ResponderExcluirOlá, Marco Aurélio! Não lembro de ti, mas certamente, se eu pudesse te ver, eu lembraria. Não recordo de todos os que trabalhavam na Pagadoria. Era muita gente... Fiquei feliz com o teu contato. Os anos passam, mas as lembranças ficam! Abraços.
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