Cornelius Wickert (*17/05/1824 Buch, Renânia-Palatinado, Alemanha/+03/07/1907 Dois Irmãos RS), filho de Peter Wickert e Anna Maria Ries, imigrou com a família para o Brasil, chegando ao Rio Grande do Sul provavelmente na data de 28/08/1857, no barco a vapor Continentista, na mesma viagem em que vieram as famílias dos irmãos Peter Joseph Wickert, casado com Anna Maria Schwaab, e Anna Maria Wickert casada com Peter Ruwer. A família de Cornelius Wickert não foi relacionada no Códice C-234, talvez por lapso das autoridades, que registravam as entradas dos imigrantes.
Cornelius era casado com Margaretha Susanna Adams (*1825 Alemanha/+17/12/1899 Dois Irmãos RS), tendo os filhos João Pedro Wickert, Maria Margarida Wickert e Maria Wickert, nascidos em Buch. No Brasil, teve pelo menos outros seis filhos, dentre eles Jacob, Maria Magdalena, Maria Gertrudes e José João. Cornelius foi o primeiro professor de Walachai, atual localidade de Morro Reuter RS, lecionando entre os anos de 1866 e 1872. Após, passou o cargo para o sobrinho Pedro Wickert, filho do irmão Peter Joseph Wickert, mudando-se com a família para o Travessão Dois Irmãos, onde lecionou por mais 20 anos. Fonte: A História de Walachai, de João Benno Wendling.
O texto a seguir, publicado no Forum do GenealogiaRS, aqui reproduzido com a autorização do autor, traz importantes informações a respeito das cartas enviadas pela família Wickert aos parentes residentes na cidade de Buch, matéria que foi veiculada pelo jornal alemão “Rhein-Zeitung”, cujas imagens encontram-se ao final do texto.
Autor: Heinz Schmidt
A informação é um tanto antiga, data de janeiro ou fevereiro de 2016, saiu na “Rhein-Zeitung”, mas creio que pode ser de interesse para quem pesquisa ou descende do imigrante Cornelius WICKERT (*17/5/1824 Buch/ +03/07/1907 Dois Irmãos RS) casado com Margaretha Susanna ADAMS. Eis os principais tópicos, em resumo:
Ao desativar a casa de seus falecidos pais, a Sra. Birgit Wagner, de Buch, encontrou sete cartas de antepassados da família Wickert emigrados para o Brasil. Reconhecendo a importância histórica dos textos, ela autorizou sua divulgação. O material foi publicado no “Jahrbuch für westdeutsche Landesgeschichte” após análise do historiador Rudolf Zimmer, que também redigiu comentários adicionais sobre a documentação.
As duas primeiras missivas, datadas de 1870 e 1871, levam a assinatura de Cornelius Wickert, que emigrou de Buch em 1852 (ou depois de 1853 ?), com a esposa e dois filhos, estabelecendo-se na Picada Dois Irmãos (Baumpikade). Pelo menos outros seis filhos nasceram no Brasil. Presume-se que as cartas tenham sido endereçadas a irmão(s) de sua esposa, já que os irmãos de Cornelius também haviam tomado o caminho da emigração para o Rio Grande do Sul.
O autor da terceira carta, datada de 1878, foi Jacob Wickert (*28/07/1858 Picada Wallachei), filho de Cornelius. As cartas de números 4 e 5, redigidas em 1882 e 1887, provém novamente do genearca-imigrante e as duas últimas, datadas de 1888 e 1894, levam a assinatura de Jacob.
Os Wickert relatam detalhadamente as condições de vida na colônia, mas pouco falam das dificuldades que possivelmente enfrentaram na nova terra. Há, no entanto, reiteradas referências a situações de quase fome (“drückende Nahrungssorgen”) que levaram a família a trocar o Hunsrück
pela América do Sul.
De acordo com as cartas, dois dos oito filhos de Cornelius tiveram a oportunidade de estudar e de se tornaram “Staatslehrer” (professores da rede pública). O velho Wickert pôde bancar as despesas com a educação dos filhos porque dispunha de três fontes de renda: além de agricultor, era também professor e “Heilpraktiker” (terapeuta não diplomado, curador, talvez naturopata). Numa região em que os médicos eram raros, Cornelius tornou-se um curador afamado e admirado pelos pacientes. Muitas vezes as pessoas lhe pagavam três ou quatro vezes mais do que ele lhes havia solicitado. Na primeira carta, Cornelius pede ao cunhado que lhe envie medicamentos.
Em todas as missivas há referências aos desafios que a vida nos impõe, e Cornelius aponta reiteradamente a Igreja Católica como fonte de princípios de vida e de sua vitalidade.
As cartas passaram pelas mãos de sucessivas gerações em Buch; consta que uma delas foi perdida e outras duas não estão mais completas. Os originais são guardados por Birgit e seu marido Gerhard Wagner. Ela é sobrinha-trineta da imigrante Margaretha Susanna Adams e de Johann Peter Adams, destinatário inicial das cartas. O casal procura contato com parentes no Brasil (isto foi em 2016, talvez já tenham estabelecido contato, não sei ao certo).
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