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quinta-feira, 11 de junho de 2015

Família Kossmann - Militares


OS DESCENDENTES KOSSMANN NA GUERRA DO PARAGUAI


A GUERRA DO PARAGUAI

A Guerra do Paraguai, o mais longo conflito armado da América do Sul, teve início na data de 13/12/1864, quando o ditador paraguaio Solano López declarou guerra contra o Brasil. O conflito envolveu a chamada Tríplice Aliança, formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai, que lutou contra aquele país, terminando somente com a morte de Solano López em 01/03/1870.


A Batalha do Avaí (Detalhe) - Autor: Pedro Américo - Museu Nacional de Belas Artes

Há controvérsias em torno dos motivos que desencadearam esta guerra. Uma das razões seriam os planos de conquista do território brasileiro por parte do ditador paraguaio. Além disso, o Paraguai havia se manifestado contrário à invasão brasileira no Uruguai, e teria se antecipado a uma possível invasão do Império brasileiro em seu próprio território. Solano López apostava que o conflito não se estenderia por muito tempo, mas aconteceu o inverso. A guerra trouxe prejuízos ao próprio país, com a perda da maior parte de sua população, além das desastrosas consequências econômicas, sociais e políticas, que se refletem até a atualidade.


Oficiais Brasileiros na Guerra do Paraguai

Na Guerra do Paraguai houve diversas batalhas, dentre as quais a Batalha de Curupaiti, da qual participou Peter Schmaedecke (*18/04/1842 São Leopoldo RS), filho de Christine Kossmann e Ernst Schmaedecke, como 2º Sargento no 2º Corpo do Exército, comandado pelo Conde de Porto Alegre, o General Manuel Marques de Souza. Ao 2º Corpo do Exército haviam sido incorporados o 11º Corpo Provisório de Cavalaria da Guarda Nacional de Santana do Rio dos Sinos (atual Capela de Santana RS), que era formado por moradores desta povoação, assim como o 12º Corpo Provisório de Cavalaria da Guarda Nacional de São Leopoldo, composto por moradores desta colônia, que faziam parte das unidades paramilitares chamadas de Voluntários da Pátria, e que se destinavam a reforçar os efetivos das forças militares do Exército Brasileiro.


Distintivo de Voluntário da Pátria usado no braço esquerdo do uniforme - Fonte: Wikipedia


A BATALHA DE CURUPAITI


A Batalha de Curupaiti ocorreu no dia 22/09/1866. O ataque combinou a investida da esquadra comandada pelo Vice-Almirante Joaquim Marques Lisboa e a infantaria do 2º Corpo do Exército, sob o comando do General Guilherme Xavier de Souza, além do reforço das tropas aliadas argentinas. Estas forças foram rechaçadas com sucesso pelas tropas inimigas paraguaias. A derrota vitimou 412 militares brasileiros, além de resultar em 1.589 feridos e 10 desaparecidos. Dentre os feridos, estava o jovem Peter Schmaedecke, com a idade de 24 anos. Na relação de participantes da guerra, não consta a informação de que ele tenha retornado da mesma. (BECKER, 1968, p. 193)



Trincheira de Curupaiti - Autor: Cándido López

Escreveu Klaus Becker:

Como soe acontecer em todas as guerras, as vitórias não são consecutivas. Também surgem os reveses, e tal ocorreu na Batalha malograda de Curupaiti. Segundo Carlos Von Koseritz, esse revés deve-se ao comando infeliz do Barão de Porto Alegre. Naquela batalha, aliás, o referido militar colocou os alemães e descendentes novamente na ponta do ataque, de maneira que dessa vez o corpo de São Leopoldo, tal qual todos os demais corpos que participaram dessa operação malograda, sofreu pesadas baixas. Repelidos pelos paraguaios, aquelas forças brasileiras tiveram de recuar até a altura do forte de Curuzu, onde permaneceram por quase um ano, sofrendo constantes baixas por força de epidemias, principalmente pelo cólera morbus. (BECKER, 1968, p. 76)

Foram consideráveis as baixas sofridas pelo 2º Corpo do Exército na malograda Batalha de Curupaiti e, consequentemente, também as do 1º Corpo de Caçadores a Cavalo, que foi elogiado em várias ordens do dia. Da turma de São Leopoldo e arredores faleceram em combate os Sargentos Jacob Schilling, Carlos Hartz e o soldado Jakob Timm. Na relação dos feridos encontramos os seguintes nomes: Eduard Lamp, Jacob Calsing, Mathias Dilly, Peter Tatsch, Jakob Docknorn, Peter Rübenich (que posteriormente faleceu num hospital), 2º Sargento Karl Welter, Johann Innoque (?), Carl Innoque (?), Heinrich Petry, Emanuel Blatt, 2º Sargento Peter Schmiedinger, Jakob Maurer, Quartel-mestre Karl Schnell, Peter Quelien (?), 1º Tenente Andreas Ries, Sargento Brodt, Josef Eugen Diehl (2º Sargento), Wilhelm Ciltener (= Kiltner), Sargento Josef Sauer, Mathias Henz, Heinrich Efbareveul (= Ohlweiler), Peter Fritscher (= Fritsch), Martin Schuck (= Schuh), Johann e Peter Velter (= Welter), Christian Chaver (=Schäfer), Georg Clock (ou Kluck?), Jakob Cornelho (=? Cornelius), Herbeider (=?Heinrich, Horbach ou Horbater) e Jakob Creceder (= Kressler) de Dois Imãos, falecido mais tarde em consequência dos ferimentos recebidos na Batalha de Curupaiti. Como se vê da relação acima, os nomes alemães estão com uma grafia bastante deturpada e nem sempre é fácil descobrir a grafia certa, já que na língua alemã não existem regras ortográficas para os nomes próprios. (BECKER, 1968, p. 78 e p. 79)


Nota: O sobrenome Schmaedecke aparece como Schmiedinger.


Depois de seis anos de guerra, Caxias foi chamado para liderar o Exército Brasileiro, o qual reorganizou as tropas e venceu as últimas batalhas, até chegar à Capital Assunção no ano de 1869. A última batalha foi liderada pelo Conde D’Eu. No ano de 1870, a guerra chega ao seu final, quando foi morto Francisco Solano Lopez na Batalha de Cerro Corá.

Dos remanescentes dos nove corpos rio-grandenses que lutaram na Guerra do Paraguai, ou seja, 10% dos que haviam inicialmente partido, foi formado o 39º Batalhão de Voluntários da Pátria, que era composto por cerca de 400 homens, dos quais mais ou menos um terço era de origem alemã, sendo recebidos entusiasticamente em Porto Alegre ao meio-dia de 28/04/1870. Os militares esperavam ansiosamente a oportunidade de pedirem a baixa do serviço militar, para se unirem aos seus familiares, mas tiveram que esperar até o dia 6 de junho, até que viesse a papelada que ainda estava no Paraguai, sendo assim possível proceder ao cálculo de seus respectivos soldos.


DESERÇÃO

O ofício do Tenente-Coronel Antonio José da Rocha Junior, Comandante do 12º Corpo de Cavalaria de Guardas Nacionais, datado de 19/02/1866, o qual foi expedido do “Acampamento em marcha no Paço do Umbú”, contém a relação de 104 nomes dos Praças deste Corpo, que desertaram desde 02/07/1865 até 31/01/1866. Nela encontramos o nome de Ernesto Schuster (*1844 Dois Irmãos RS/+30/11/1931 Harmonia RS), com 22 anos de idade, filho de Maria Anna Kossmann e Andreas Schuster. A deserção seguramente possibilitou ao jovem Ernesto, casado há poucos meses, obter uma numerosa descendência. O documento se encontra no Arquivo Histórico do Estado do Rio Grande do Sul. (BECKER, 1968, p. 179)


BIBLIOGRAFIA

PETRY, Leopoldo. São Leopoldo. São Leopoldo RS: Editora Rotermund, 1964.

BECKER, Klaus. Alemães e Descendentes – do Rio Grande do Sul – na Guerra do Paraguai. Canoas RS: Editora Hilgert & Filhos Ltda., 1968.

MOREIRA BENTO, Cláudio. Estrangeiros e Descendentes na História Militar do Rio Grande do Sul – 1635 a 1870. Porto Alegre RS: Editora A Nação e Instituto Estadual do Livro, 1976.

DONATO, Hernâni. Dicionário das Batalhas Brasileiras. São Paulo SP: Ibrasa, 1996.



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