Esta imagem faz-me lembrar de um quadro que havia no nosso apartamento da Rua da Praia há muitos anos atrás: o rio, o moinho d’água, as casas de madeira, a brincadeira dos meninos... Poderia ilustrar aquele poema de Quintana, em cujos versos ele sugere que a vida é feita de eternos recomeços: “... Nunca dês um nome a um rio: sempre é outro rio a passar. Nada jamais continua, tudo vai recomeçar!...”.
CANÇÃO DO DIA DE SEMPRE
Mário Quintana (1906-1994).
Mário Quintana (1906-1994).
Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
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