O CASAMENTO DE NICOLA ABARNO COM MARIA EUGENIA BELHOMET (3ª ESPOSA)
Nicola Abarno casou-se aos 56 anos com Maria Eugenia Belhomet (*02/12/1874 Alegrete RS/+12/10/1901 Alegrete RS), viúva do italiano Luis (Luigi) Lucchese, com 22 anos de idade, na data de 26/03/1898, às 16 horas, na casa de José Pinto da Trindade, na cidade de Alegrete RS (CRCPN Alegrete, Livro B – 2, fl. 25 verso, nº 57). O Juiz de Paz chamava-se Antônio Vital d’Oliveira. Nesta ocasião, fizeram o reconhecimento dos filhos havidos na união estável de Nicola Abarno com Maria do Carmo Machado: Conrado, com 14 anos, Manoel Victor, com 12 anos e Alfonsina, com 8 anos. Foram testemunhas: João Paulo de Freitas Valle, advogado, Pascoale Pesce, italiano e artista, e Carolina Maria da Conceição.
Assinaturas de Nicola Abarno e de Eugenia que assinou Lucchese Belhomet |
Eugênia era filha do francês Augustin Nicolas Belhomet (*1849/1850 Paris, França/+24/01/1899 Alegrete RS) e de Francisca Lucrécia de Carvalho (*Alegrete RS/+Set/1878 Alegrete RS). Foi batizada no dia 25/12/1874, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição Aparecida de Alegrete, sendo padrinhos Nicolau Baráh (?) e Maria Eugênia de Aguiar. Foi celebrante o Vigário José Antônio de Almeida e Silva (Cúria de Uruguaiana, Alegrete, Livro de Batismos nº 10, fl. 340 v).
Eugênia faleceu aos 26 anos de idade de tuberculose pulmonar, às 2 horas do dia 12/10/1901, em sua casa, na Rua Mal. Floriano nº 21 em Alegrete (CRCPN Alegrete, Livro C – 4; fl. 135 v, nº 148), atestado pelo Dr. Aristides Marcelino. No inventário consta que a filha Carmen (Carmella) tinha três anos e a filha Lizena oito meses de idade. Eugênia foi sepultada no Cemitério Municipal de Alegrete. No inventário de Eugênia, como havia uma dívida de 1.287$650 a ser paga a Luchsinger & Cia., foi leiloada uma parte de campo da casa onde residiam na Rua Mal. Floriano com a Rua Bento Manoel, avaliada em 4.000 réis. O leilão foi realizado em 31/03/1902 (Arquivo Público Alegrete, Inventário, Órfãos e Ausentes, N 1.894, Maço 83, Estante 66, Ano 1901). O casal teve duas filhas.
Belhomet - Brasão (França) |
Belhomet tem origem toponímica e a palavra possui o sentido de “bel orme” (belo olmo, que é o nome de uma árvore).
OS FILHOS DA TERCEIRA UNIÃO
XI-Carmen Abarno (Carmella, Nena) (*17/04/1899 Alegrete RS/+07/01/1982 Bagé RS), registrada por Nicola Abarno (CRCPN Alegrete, Livro A, fl. 151 v, Reg. nº 81), foi batizada com o nome de Maria Carmella, no dia 14/10/1899, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição Aparecida de Alegrete. Seus padrinhos de batismo foram Manuel Jacintho de Freitas e Rita Lopes de Freitas (Cúria de Uruguaiana, Alegrete, Livro de Batismos nº 22, fl. 42 v). Casou-se no religioso no dia 30/07/1919, com Gil Ouriques Ribeiro (01/09/1891 Uruguai/+13/07/1971 Bagé RS), filho de José Gabriel Ribeiro (*25/08/1860 RS) e de Rosalina Ouriques (*13/08/1870 RS). Neste registro da Igreja, aparece o nome Carmen (nome pelo qual ela era conhecida e que difere do nome de batismo).
Consta no registro que o noivo era natural de Bagé, mas está incorreto, pois nos documentos relativos ao casamento civil é mencionada a sua cidadania uruguaia, residindo este, juntamente com seus pais, na cidade de Bagé. Consta também, neste registro da Igreja, que o pai Nicola Abarno era casado com Eugenia Belhomet apenas no civil (Cúria de Uruguaiana, Alegrete, Livro de Casamentos nº 14, fl. 12). O casamento civil realizou-se às 8 horas do dia 30/07/1919, em Alegrete RS (CRCPN Alegrete, Livro B–6, Reg. nº 70, fl. 34), na casa da madrasta, a viúva Rosa Basile Abarno. O Juiz de Paz foi o Major Feliciano Febronio Rodrigues e as testemunhas Dr. Gaspar Saldanha, advogado, Geraldo Ouriques Ribeiro, criador, Francina Ribeiro e Itália Hoffmann (sobrinha de Rosa Abarno). Gil Ouriques Ribeiro era pintor, um artista de talento. Mais tarde, exerceu a profissão de alfaiate. Ao final da década de 1920, início da de 1930, o casal foi residir na cidade de Bagé RS. Gil Ribeiro faleceu em seu domicílio em 13/07/1971, aos 79 anos de idade, de câncer renal, e Carmen Abarno Ribeiro faleceu na data de 07/01/1982, aos 82 anos, de insuficiência respiratória, no Hospital São Sebastião em Bagé. O casal foi sepultado no Cemitério Municipal desta cidade. O casal teve 8 filhos:
Carmen Abarno |
XI-1-José Nicolau Abarno Ribeiro (*05/08/1920 Alegrete RS/+09/09/1980 Bagé RS), solteiro, sem filhos, era alfaiate. Foi sepultado no Cemitério Municipal de Bagé;
XI-2-Newton Abarno Ribeiro (*12/01/1922 Bagé RS/+29/07/2013 Rio de Janeiro RJ) foi casado em primeiras núpcias com Irinea da Costa, tendo os filhos: Gil da Costa Ribeiro e Rosa Helena da Costa Ribeiro, residentes no Rio de Janeiro. Casou-se em segundas núpcias com Dagmar Chaves Vasques, com quem teve a filha Nilmar Vasques Ribeiro. Era militar, Primeiro-Tenente do 6º Regimento de Cavalaria do Exército Brasileiro, residindo no Estado do Rio de Janeiro;
Newton Abarno Ribeiro |
XI-3-Gentil Abarno Ribeiro (*18/09/1924 Alegrete RS/+04/08/2004 Bagé RS) casou-se com Maria José Pereira (*22/08/1926 Lavras do Sul RS/+31/12/1985 Bagé RS), filha de Teófilo Pereira e Maria Altina Figueiredo, na data de 18/09/1951, em Bagé RS. O casal teve 2 filhas: Maria da Graça Pereira Ribeiro e Neusa Pereira Ribeiro. Era ferroviário. Foi sepultado no Cemitério da Santa Casa de Caridade de Bagé;
XI-4-NN Abarno Ribeiro (*14/05/1927 Alegrete RS/+14/05/1927 Alegrete RS);
XI-5-Lizena Abarno Ribeiro (*14/02/1930 Bagé RS/+08/08/2002 Porto Alegre RS) casou-se com Getúlio Martins Brasil (*RS/+07/08/2004 Porto Alegre RS), na data de 30/07/1966, em Bagé RS, com quem teve dois filhos: Sergio Ricardo Ribeiro Brasil e Luiz Antônio Ribeiro Brasil, este pertencente à Brigada Militar do RS. Lizena era professora aposentada e residia em Gravataí RS. Foi sepultada no Cemitério da Santa Casa de Porto Alegre;
Lizena Abarno Ribeiro |
XI-6-Rosa Helena Abarno Ribeiro (*16/10/1931 Bagé RS/+11/05/2010 Bagé RS), solteira, sem filhos. Foi sepultada no Cemitério da Santa Casa de Caridade de Bagé;
XI-7-Aírton Abarno Ribeiro (*10/02/1934 Bagé RS/+18/12/2021 Porto Alegre RS) casou-se com Dilsa Silva Vigil (*01/05/1934 Bagé RS/+31/12/2019 Porto Alegre RS), filha de Belmiro Espiridião Vigil e Erocilda Silva, na data de 28/12/1954, em Bagé RS. Era bancário aposentado. O casal teve 5 filhos: Aírton Filho, Elenara Virginia, Marta Berenice, Marcus Flavius e Sandra Christina;
XI-8-Guido Abarno Ribeiro (*18/08/1936 Bagé RS/+27/04/2013 Porto Alegre RS) casou-se em primeiras núpcias com Maria Ilma da Rosa Pons (*15/12/1939 Bagé RS), filha de Favorino da Silveira Pons e Eloá da Rosa, na data de 24/01/1958, em Bagé RS, tendo o casal tido duas filhas: Lucimara e Carmen Lucia. Guido teve uma união com Ivete Borges Costa, tendo a filha Jacqueline e, em segundas núpcias, com Iara Regina Liemes Flores, na data de 27/03/2012, em Porto Alegre, sendo que o casal não teve filhos. Foi sepultado no Cemitério Parque Jardim de Paz em Porto Alegre.
XII-Lizena (Licena) Abarno (*22/02/1901 Alegrete RS/+20/08/1931 Alegrete RS), registrada por Nicola Abarno (CRCPN Alegrete, Livro A, fl. 115, Reg. nº 102), casou-se com Euclides Rodrigues da Silva (*25/08/1897 Alegrete RS/+Alegrete RS), na data de 05/09/1918, na cidade de Alegrete RS. Uma das testemunhas do casamento religioso foi Eulália Rodrigues, filha de criação de Alfonsina Abarno, sua meia-irmã, e Miguel Lorenzo, conhecido amigo de Nicola Abarno (Cúria de Uruguaiana, Livro de Casamentos de Alegrete nº13, fl. 95 v). Casaram-se no civil na mesma data (CRCPN de Alegrete, Livro B-5, fl. 176 v, Reg. 64). Não tiveram filhos. Faleceu repentinamente do coração, na escola onde era professora. Conta-se que era uma ótima desenhista. Sua sobrinha, que recebeu o seu nome, também desenhava muito bem. Foi sepultada no Cemitério Municipal de Alegrete.
Lizena Abarno |
Ao fundo, Maria Angela Abarno e Aída Abarno; sentadas Lizena Abarno, Rosa Basile Abarno (4ª esposa de Nicola) e Carmen Abarno; à frente Gil Ribeiro - Por volta de 1930 - Alegrete RS |
O CASAMENTO COM ROSA BASILE (4ª ESPOSA)
Nicola, após o falecimento de Eugenia Belhomet, casou-se com Rosa Basile (*1853 Albânia/+27/09/1940 Alegrete RS), solteira, filha de Nicola Basile (*17/05/1815 Barile, Potenza, Itália/+18/04/1895 Barile, Potenza, Itália) e de Maria Teresa Traversi (*01/05/1817 Barile, Potenza, Itália/+07/04/1900 Barile, Potenza, Itália), na data de 11/05/1903, na cidade de Alegrete RS. A cerimônia religiosa foi realizada na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição Aparecida do Alegrete. Foram testemunhas Francisco Lourenço (Lorenzo) e Rafael Pausardi (Cúria de Uruguaiana, Livro Casamentos de Alegrete nº 12, fl. 55). O casamento civil foi realizado na casa de Domingos Basile, irmão da noiva e Alfaiate de profissão. No ato, Nicola fez a doação de uma casa na Rua Silveira Martins, no valor de 3 contos e 800 mil réis à Rosa (CRCPN Alegrete, Livro B - 2, nº 21, fl. 165).
Assinaturas de Nicola Abarno e Rosa Basile |
Rosa criou as duas filhas menores do casamento de Nicola com Eugênia: Carmen e Lizena. Faleceu de câncer genital aos 89 anos, no Hospital de Caridade, às 18 horas do dia 27/09/1940, tendo firmado o atestado de óbito o Dr. Luiz Cabral Guimarães (CRCPN Alegrete, Livro C – 26, nº 378, fl. 272). Rosa foi sepultada no jazigo da Família Abarno, junto ao esposo, no Cemitério Municipal de Alegrete. Consta na certidão de óbito a sua condição de proprietária em Alegrete. O casal não teve filhos. Pela sua foto, vemos que ela possuía olhos claros. Curiosidade: em 1903, (época do casamento com Rosa Basile) havia 20 casas térreas na Rua Bento Manoel, e 12 casas térreas na Rua Mal. Floriano (O Município de Alegrete, Luiz Araújo Filho - Porto Alegre: Ed. Corag, 1985). Naquela época, não havia sobrados, nem casas sobradadas. Rosa Basile era irmã de Domingos Basile, que exercia a profissão de alfaiate na primeira década de 1900 em Alegrete.
Basile - Brasão (Itália) |
Família: Basile; d'azzurro, al bracio destro armato d'argento, impugnante in sbarra una lancia, combattente il dragone posto al terzo cantone, accompagnati, al 1º cantone, da una cometa e al quarto dalla croce di Malta, il tutto dello stesso.
O LOCAL DE RESIDÊNCIA DE NICOLA ABARNO
O último endereço de Nicola foi a Rua Mal. Floriano Peixoto, nº 21 (antigo número), esquina com a Rua Bento Manoel, em Alegrete RS. Na atualidade, estas ruas não se cruzam mais, pois parte da Rua Mal. Floriano deu lugar à Rua Daltro Filho. A casa de esquina ainda existe, sendo hoje em dia uma casa comercial.
INFORMAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE NICOLA ABARNO
Na data de 24/02/1890, a Secretaria da Câmara da Intendência Municipal de Alegrete iniciou os “Assentamentos dos Recusados Estrangeiros que não aceitaram a naturalização”, na forma do Decreto de 10/12/1889. Constam no documento o registro de recusa de Nicola Abarno no livro da Intendência e o dia de seu comparecimento que foi em 14/05/1890: “Declaro que quero permanecer cidadão do Reino da Itália, País de meu nascimento.” No dia 14/03/1890, constou a recusa de Potito Di Napoli, seu cunhado.
A saudosa prima Alfonsina Juliani Giuseppe trouxe de suas memórias de infância a informação de que o bisavô Nicola era conhecido pela austeridade na educação de seus filhos. Como ele não se deixava fotografar, não foi possível encontrar nenhuma foto sua. Conta um senhor da cidade de São Francisco de Assis que, quando este era menino pobre em Alegrete, Nicola pagava a gurizada para que coletassem gafanhotos para ele pudesse degustar esta exótica iguaria. Nicola gostava de corridas de cavalos, apostando seguidamente e perdendo às vezes quantias expressivas...
No seu inventário (Arquivo Público do RS, Alegrete, Órfãos e Ausentes, Nº 2.301, Maço 103, Estante 66, Ano 1918), constaram os seguintes bens no seu inventário: dinheiro depositado em caderneta na filial de Alegrete do Banco da Província, valores a receber de devedores e relativos a empréstimo italiano com seus respectivos títulos de obrigações; mercadorias da casa comercial; utensílios; uma casa na Rua Mal. Floriano nº 21, esquina com a Rua Bento Manoel; uma casa na Rua Bento Manoel nº 30; uma casa na Rua Bento Manoel nº 32 (esta casa coube à filha Alfonsina Abarno Giuseppe), uma casa na Rua Bento Manoel nº 34; uma casa na Rua Bento Manoel nº 36; uma casa na Rua Mal. Floriano nº 45; uma casa na Rua Mal. Floriano nº 10 e uma casa na Rua Mal. Floriano nº 8.
A SOCIEDADE ITALIANA DE ALEGRETE
Nicola foi membro da Società di Mutuo Soccorso - Unione Italiana, de Alegrete, fundada em 15/08/1883. A sociedade tinha a finalidade de prestar auxílio aos seus associados, promovendo o seu melhoramento moral, econômico e humanitário. Os sócios doentes obtinham auxílio financeiro, médico e farmacêutico. O prédio da Sociedade Italiana foi construído em estilo renascença somente no ano de 1907, na antiga Rua Ipiranga, nº 27, atual Rua Gaspar Martins. Uma curiosidade: a partir de 1875, começaram a chegar os primeiros imigrantes italianos em Alegrete.
O FALECIMENTO DE NICOLA ABARNO
Nicola faleceu às 14 horas do dia 15/05/1918, aos 76 anos de idade, por câncer de próstata, sendo o óbito atestado pelo Dr. Pietro Pitella (este médico italiano não deixou descendentes) e foi sepultado no Cemitério Municipal de Alegrete (CRCPN Alegrete, Livro C-9, nº 141, fls. 33 verso e 34). No mesmo túmulo, estão sepultados: a esposa Rosa, a filha Lizena, o neto Francisco Abarno Giuseppe, a esposa deste, Carmen Juliani, a bisneta Alfonsina Abarno Giuseppe e o genro Rocco Di Giuseppe.
Ver a continuação: Família Abarno 7ª Parte – Ancestrais e Descendentes – Alfonsina Abarno
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