Texto gentilmente cedido por Paulo Cesar Schmaedecke, sobre a família de Henrique Schmaedecke, casado com Frederica Tisot, filho de Guilherme Schmaedecke e Anna Bokorny, e neto do imigrante Ernst Schmaedecke e de Christina Kossmann.
RELEMBRANDO O PASSADO
(artigo do Jornal Folha – Ajuricaba RS – 27/01/2018)
JOVELINA SCHMAEDECKE, FILHA DE HENRIQUE
Nesta semana, resgatamos um breve histórico sobre o passado de Henrique e Frederica Schmaedecke e sua filha Jovelina, os quais contribuíram significativamente para a construção da comunidade ajuricabense.
Jovelina nasceu em 1º de junho de 1919, sendo a primeira diretora da Sociedade Beneficente de Ajuricaba. Concluiu o Ensino Fundamental e trabalhou também como diretora de hospital em Coronel Barros e Santa Catarina. Sua irmã, Leonda Maria Kocoureck, foi a primeira mulher no município de Ajuricaba a realizar o ato do voto.
Jovelina Schmaedecke |
Quando Jovelina ainda era pequena, Ajuricaba possuía um clube, localizado onde hoje está situada a antiga CRT e a Câmara de Vereadores, que inicialmente se chamava de Deutschen Farain Haus, que tem o significado de Casa de Festas Alemã. Porém, com a 2ª Guerra Mundial, as pessoas foram obrigadas a deixar de falar a língua de origem e tiveram que mudar o nome do mesmo, que passou a se chamar Clube 19 de Outubro, em homenagem à data de emancipação de Ijuí, pois Ajuricaba ainda não havia sido emancipada. Somente após a emancipação que o clube passou a se chamar 29 de Maio.
Clube Allgemeiner Verein, depois Clube 19 de Outubro, inaugurado em 1928 |
Nos primeiros anos do município, poucas coisas existiam pelas ruas de Ajuricaba. Havia uma casa comercial, que pertencia à Olinto Queiroz, a farmácia de Juvenal Leonardo, a ferraria de Antonio Henn, além de um hospital de madeira, pertencente à parteira Juliana Von Helden. Onde hoje se localiza a Loja Rouparia, existia um hotel, pertencente a José Pettenom. Havia também um médico que tinha o nome de Visconcin, mas que era mais conhecido por Barbeta. Além disso, havia um moinho, pertencente a Antonio Henn, localizado próximo ao campo do Internacional, que possuía um gerador, disponibilizando luz e era cuidado pelo filho Henrique Henn, pois, se uma pessoa ligasse um chuveiro, diminuía a energia de todos os outros moradores ou até mesmo ‘caía’ a luz, sendo que os demais ficavam na escuridão.
Jovelina lembra com tristeza da época em que passou a Coluna Prestes¹ pelo nosso município. Recorda que seu pai, juntamente com Juvenal e Eduardo Prauchner, acabaram se retirando, indo se esconder no campo de uma fazenda distante: “Naquela época o finado pai havia comprado bastante milho, e eles entraram, levaram pra fora todo o milho, todo o trigo, tudo, tudo, e aqueles cavalos pisavam em cima e estragaram tudo. Nós ficamos só com a roupa do corpo. O que eles não levaram eles estragavam”.
Na época existia apenas um carro no município, que pertencia a Rodolfo Kreär, um Ford 29. Este senhor era o único que possuía gasolina, que os soldados vinham buscar com a sua esposa, já que ele também havia se escondido na fazenda.
A senhora Schmaedecke conta também que eram obrigadas a se esconder no porão e tinham muito medo de tiros das armas que os representantes de Prestes carregavam: “Quando os homens voltaram, nós não tínhamos mais roupa, daí a mãe teve que ir até a loja comprar tecido pra costurar pra nós, porque naquela época não era como agora que se compram as roupas prontas; lá tinha que costurar e fazer as próprias roupas. Os documentos e as escrituras foram salvos, porque a finada minha mãe guardou todos eles em um bauzinho pequeno e levou para o meio do mato, em meio às unhas-de-gato, no potreiro da senhora Nina Schmidt, lá os soldados não foram. Naquela época eu e minha mãe usávamos roupa preta, pois nós estávamos de luto pelo falecimento da minha irmã mais velha.”
Dona Jovelina relata que o Capitão Henrique Schmaedecke, natural de São Sebastião do Caí, foi professor municipal da Escola Rodrigues Alves, foi também juiz de paz e subintendente. Recebeu posteriormente o título de capitão, pois na época era comum ser designado pela bondade e pelos trabalhos realizados junto à sua comunidade.
Henrique Schmaedecke |
Antiga residência de Henrique Schmaedecke |
Henrique realizou o corte da fita no ato de inauguração da caixa d’água no ano de 1959, que hoje está em meio à Praça Notélio Mariotti de Ajuricaba. A família da senhora Jovelina residia em uma casa onde hoje se localiza a livraria ‘Xica Loca’.
Atualmente a rua ao lado da Praça Notélio Mariotti, em frente à Radio Cultura FM, possui o nome de Henrique Schmaedecke, e sabemos que foi assim denominada devido à sua importância na sociedade e aos seus feitos para com a comunidade ajuricabense.
Rua Henrique Schmaedecke antigamente e na atualidade |
Aniversário de 100 Anos de Jovelina Schmaedecke – 01/06/2019 - Foto: Paulo Cesar Schmaedecke |
(1) A Coluna Prestes foi um movimento político militar ocorrido entre 1925 e 1927, ligado ao tenentismo, movimento este que foi criado devido à insatisfação com a República Velha e as suas reivindicações foram a exigência do voto secreto, a defesa do ensino público e a obrigatoriedade do ensino secundário, para toda a população, além de acabar com a miséria e a injustiça social no Brasil. O movimento foi liderado por Carlos Prestes.
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