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Os artigos veiculados neste blog podem ser utilizados pelos interessados, desde que citada a fonte: GÖLLER, Lisete. [inclua o título da postagem], in Memorial do Tempo (https://memorialdotempo.blogspot.com), nos termos da Lei n.º 9.610/98.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Família Strasser - 1ª Comunhão (Eucaristia) - Ramo Elisabetha Strasser


ELISABETHA STRASSER E ESPOSO JOSÉ GÖLLER


Lembrança da 1ª Comunhão de Elisabetha Strasser - Vigário Pe. Franz Trappe - Ivoti (ex-Bom Jardim) RS - 20/04/1879 - Foto: Acervo de Lisete Göller

1ª Comunhão de Augusta Göller, filha de José Göller e Elisabetha Strasser e neta dos imigrantes Georg Strasser e Elisabetha Schwind. Lembrança da Comunhão, com dedicatória no verso ao irmão Jacob Göller Sobrinho e à cunhada Idalina Schmitz Göller: “Lieber Bruder und Schwägerin, Andenke von eure Liebender Auguste” – Foto de estúdio, estilo cartão postal, provavelmente realizada em Montenegro RS - Por volta de 1918 – Foto: Acervo de Vânia Marli Goeller

1ª Comunhão de Egon Göller e Maria Gerda Göller, filhos de Jacob Göller Sobrinho e Idalina Schmitz, netos de José Göller e Elisabetha Strasser e bisnetos dos imigrantes Georg Strasser e Elisabetha Schwind – Pareci Novo RS, 18/02/1935 – Foto: Acervo de Lisete Göller

1ª Comunhão de Vânia Marli Goeller, filha de Flávio Albino Göller e Gescy Jesus, neta de Jacob Göller Sobrinho e Idalina Schmitz, bisneta de José Göller e Elisabetha Strasser e trineta dos imigrantes Georg Strasser e Elisabetha Schwind – Porto Alegre RS, 10/10/1952 – Foto: Acervo de Lisete Göller

1ª Comunhão de Roque Göller, filho de Egon Göller e Philomena Giuseppe Göller, neto de Jacob Göller Sobrinho e Idalina Schmitz, bisneto de José Göller e Elisabetha Strasser e trineto dos imigrantes Georg Strasser e Elisabetha Schwind – Porto Alegre RS, 26/10/1958 – Foto: Acervo de Lisete Göller

1ª Comunhão de Roberto Wagner, filho de Maria Gerda Göller Wagner e Arlindo Wagner, neto de Jacob Göller Sobrinho e Idalina Schmitz, bisneto de José Göller e Elisabetha Strasser e trineto dos imigrantes Georg Strasser e Elisabetha Schwind – Porto Alegre RS, 18/10/1959 – Foto: Acervo de Lisete Göller

1ª Comunhão de Lisete Göller, filha de Egon Göller e Philomena Giuseppe Göller, neta de Jacob Göller Sobrinho e Idalina Schmitz, bisneta de José Göller e Elisabetha Strasser e trineta dos imigrantes Georg Strasser e Elisabetha Schwind – Porto Alegre RS, 20/10/1963 – Foto: Acervo de Lisete Göller


domingo, 19 de março de 2017

Família Schuster - Álbum de Família - Franz Anton Schuster - Ramo João Schuster


IMIGRANTE FRANZ ANTON SCHUSTER E ESPOSA BARBARA SAUSEN

RAMO JOÃO SCHUSTER (FILHO DO IMIGRANTE FRANZ ANTON SCHUSTER) E ELISABETHA RITTER


José Antonio Klafke, filho de Catharina Barbara Schuster e Augusto Klafke e neto de João Schuster e Elisabetha Ritter - Foto: Irony Schlosser


terça-feira, 7 de março de 2017

Família Göller - Histórias I


A IGREJA SÃO JOSÉ E AS ANTIGAS ESCOLAS ST. JOSEFSCHULE E MARIENSCHULE


Na antiga Rua São Rafael, atual Av. Alberto Bins, a Igreja de São José (direita), a escola Marienschule (esquerda) e a escola St. Josefschule (no canto à direita) – Década de 1930


Os primeiros imigrantes alemães que se radicaram na cidade de Porto Alegre não dispunham de um templo próprio, por isso realizavam as devoções religiosas na Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Mas havia muitos atritos com as Irmandades do Rosário e de São Benedito, por exemplo, com relação ao uso do órgão e ao horário dos ensaios do coral. Por este motivo, optaram pela criação de um novo núcleo religioso, que foi chamado de Comunidade de São José dos Alemães, e que foi estabelecida formalmente na data de 21 de janeiro de 1871.


A antiga Igreja do Rosário - Porto Alegre RS

No começo, a Comunidade realizava seus cultos numa casa alugada na Rua Marechal Floriano, que foi reformada pelo arquiteto Johann Grünewald (*24/05/1832 Königswinter, Alemanha/+1910 Porto Alegre RS), para se transformar numa capela. 

Neste texto de Achylles Porto Alegre, na obra História Popular de Porto Alegre, o autor revela o destino do prédio da antiga Igreja de São José, na Rua Mal. Floriano em Porto Alegre:

“Esta igreja, que foi situada à RUA DE BRAGANÇA (hoje Marechal Floriano), pouco abaixo da Rua da Ponte (atual Riachuelo) tem a sua história, que não deixa de ser interessante. Quando a conheci, era um teatrinho acanhado (TEATRO DOM PEDRO II), quase sem fundos. Naquela época, a cidade não tinha necessidade de um teatro de mais vastas dimensões. Porto Alegre teria, então, cerca de vinte mil almas. Não era a povoação que é hoje. O teatro que tínhamos condizia com o nosso adiantamento. Apesar, porém, das suas estreitas proporções, aí representaram artistas de real merecimento, como o Florindo, a Gabriela e muitos outros. Furtado Coelho, que foi, mais tarde, uma das glórias do teatro português, fez aí a sua estreia: aí a águia ensaiou os seus primeiros voos. 


A antiga Igreja de São José, na Rua Mal. Floriano Peixoto

Foto: Virgílio Calegari – IGREJA SÃO JOSÉ, Rua Marechal Floriano Peixoto, década de 1900 (reprodução de Porto História PH/Porto Alegre: biografia duma cidade).


Quando construíram o São Pedro, o TEATRINHO da rua de Bragança foi de todo abandonado. Por esse tempo, florescia a sociedade musical FIRMEZA E ESPERANÇA, que o adquiriu por compra. Todas as noites reunia-se aí um grupo de moços sérios e trabalhadores que nos momentos de ócio dedicavam ao estudo da música. Os rapazes de então eram diferentes dos de hoje. Não viviam à noite flanando pela Rua da Praia, a discutirem política às esquinas e à porta das lojas, com uma flor no peito do fraque, charuto à boca, com uns ares de importância e picareta enterrado até as orelhas. 

Em pouco tempo, a Firmeza e Esperança fez desaparecer o palco, os camarotes, a platéia, tudo finalmente que ali existia. O aspecto teatral sumiu-se, e ficou um salão nu, extenso, sem uma divisão de tijolo, sem um repartimento de tábuas, um salão apropriado a bailes. E como o salão era assim, o Mingote Cacique, que tinha a veleidade de julgar que ninguém dançava como ele, organizou aí uma sociedade bailante, a que deu o nome de CAMPESINA, não sei por que motivo. O que é fora de dúvida é que houve aí reuniões magníficas e de saudosas recordações. A gente dançava até o romper do dia e saía-se de lá pesaroso. Mais tarde, fundou-se aí também o PARTHENON “LITERÁRIO, uma associação de sonhadores que viviam a cantar como as cigarras, sem cuidarem nos dias tristes de inverno, que em breve lhes vinha bater à porta.” 

Com o passar dos anos, a Comunidade de São José veio a ser proprietária de um grande terreno na antiga Rua São Rafael, atual Av. Alberto Bins, nome este que foi adotado a partir de 1936. Nesta rua calma e perto do centro de Porto Alegre, foram construídos prédios com finalidades comunitárias, com ênfase nas escolas.


A Avenida Alberto Bins (à esquerda)


No ano de 1904 a Comunidade de São José fundou a Escola de São José - St. Josefschule - para meninos, onde trabalharam os Irmãos Maristas até o final de 1923, sendo substituídos pelos professores leigos que vieram da Renânia no ano seguinte. A escola veio a receber anos mais tarde a denominação de Roque Gonzales.


A Escola de São José fundada em 1904

Fundaram também a Escola de Maria - Marienschule - para meninas, no ano de 1914, onde atuaram as irmãs franciscanas alemãs de Nonnenwört, que já haviam trabalhado anteriormente no Colégio dos Anjos, que existia em Porto Alegre. Mais tarde, a escola recebeu a denominação de Nossa Senhora Medianeira, que deixou de existir posteriormente.


A Escola de Maria fundada em 1914

Desta forma, a Comunidade conseguiu dar continuidade ao ensino do alemão para as novas gerações, além de ofertar uma educação de alto nível através destas duas escolas. Na mesma rua, existia o prédio da Hilfsvereinschule, escola que foi fundada na data de 03/09/1895 pela Sociedade Alemã de Amparo Mútuo. Situava-se em frente à Igreja São José e às Escolas de São José e de Maria, onde hoje existe o Hotel Plaza São Rafael, inaugurado em 1973. Mais tarde veio a se transformar no Colégio Farroupilha.


O Colégio Farroupilha na Década de 1950

Quando a Comunidade de São José optou por erguer um templo maior, foi escolhida a a Rua São Rafael. A pedra fundamental da Igreja São José foi colocada no dia 31 de dezembro de 1922. A conclusão da igreja, em estilo de basílica, aconteceu no ano de 1924, antes das comemorações do Centenário da Imigração Alemã no Rio Grande do Sul. O projeto da igreja teve como autor Joseph Lutzenberger, importante arquiteto e artista plástico de origem alemã, que se radicou no país.  Os altares de mármore foram confeccionados pelo escultor André Arjonas.


A torre da Igreja São José (à esquerda) aparece na foto da Avenida Otávio Rocha, quando o Zeppelin voou sobre Porto Alegre no ano de 1934


No livro Cem Anos de Germanidade no Rio Grande do Sul – 1824-1924, de Amstad, há outra informação interessante sobre este tema: as Irmãs do Coração de Maria, ordem religiosa com sede em Viena, possuíam uma casa para órfãos e uma escola para negros. A casa situava-se “ao lado da casa-mãe, junto à capela de São Rafael”.


A Igreja de São José na Avenida Alberto Bins


O interior da Igreja São José

Em meados dos Anos 1920, os bisavós José Göller e Elisabetha Strasser Göller saíram do município de Pareci Novo, para fixar residência em Porto Alegre, no endereço da antiga Rua São Rafael, nº 467, nos fundos da Igreja São José, que possui este número até a atualidade. Segundo informações obtidas, José administrava um pensionato masculino que era mantido pelas freiras. Este pensionato está relacionado com a Escola de São José. Na data de 07/09/1933, ocorreu o falecimento de minha bisavó neste mesmo endereço. No pensionato, residia João Mayer, filho de Carlos Mayer e Carlota Ermel, que veio a se casar com a filha de José, Leopoldina Göller, que residia anteriormente em Pareci Novo. O casamento foi realizado na data de 24/04/1937 neste município do interior do Rio Grande do Sul.


Meus bisavós José Göller e Elisabetha Strasser Göller

Com o decorrer do tempo, o bisavô José Göller deixou a administração do pensionato nas mãos do genro e da filha, voltando para o interior, a fim de morar com a família de sua filha Hilda em Parobé RS, até o seu falecimento em 09/06/1941 na mesma cidade. Leopoldina Göller Mayer hospedou no pensionato os sobrinhos Egon (meu pai), Flávio e Victor, quando estes vieram morar definitivamente em Porto Alegre.


Leopoldina Göller Mayer com o filho (à esquerda) e meu pai (à direita) na área externa do pensionato - 1936


Foto de meu pai (à esquerda) e um casal de amigos junto à fachada lateral do Pensionato e Colégio , por volta dos anos 1939-1940

Segundo relato de minha mãe, quando veio da cidade de Alegrete para estudar em Porto Alegre, na data de 05/03/1945, esta foi morar em regime de internato no Colégio Nossa Senhora Medianeira, o sucessor da Escola de Maria, onde ficou até o ano de 1946. Ela estudava no antigo Ginásio Ruy Barbosa, que funcionava na Rua dos Andradas até o ano citado. Depois, o Ginásio se mudou para a Av. Oswaldo Aranha, onde hoje está situado o Túnel da Conceição. O Ginásio Ruy Barbosa encerrou as suas atividades na década de 1970.


A minha mãe com as colegas do Ginásio Ruy Barbosa, estas ainda uniformizadas - Porto Alegre 1945

Naquela época, ela conheceu o meu pai, que residia no pensionato masculino da antiga Escola São José, que era administrado pelo seu avô. Com a proibição do uso da língua alemã durante a II Grande Guerra, a Sankt Josefschule e a Marienshcule, tiveram que trocar forçosamente as suas denominações. 


Foto de meu pai no pensionato, tendo ao fundo a fachada lateral da Igreja São José - 1939-1940

Na atualidade, o Colégio Unificado funciona no mesmo endereço da Igreja (Av. Alberto Bins, nº 467), nas dependências do antigo prédio da Escola São José (nos fundos e ao lado da Igreja). O prédio da Escola de Maria não existe mais há muitas décadas. A leitora Fátima Gimenez, que estudou no Colégio Nossa Senhora Medianeira até o ano de 1968, informa que este se situava onde existia o Centro de Eventos Plaza São Rafael e que, felizmente, foi conservada a grutinha com a imagem de um anjo e de Nossa Senhora.

Entre os anos 1970 e 1980, o prédio do Colégio Medianeira abrigou o Instituto São José, que oferecia ensino de 1º e 2º Graus. Depois da venda do Instituto, foi construído no local o Centro de Eventos do Plaza São Rafael, ocupado por vários anos. Atualmente (2023), no prédio funciona o Centro Clínico Gaúcho, situado no nº 509 da Av. Alberto Bins.


O Centro de Eventos Plaza São Rafael ocupa hoje o lugar do antigo prédio da Escola de Maria, que antecedeu o Colégio Nossa Senhora Medianeira - Foto: Plaza Hotéis


A grutinha de Nossa Senhora e o Anjo, ao lado da escadaria, que conduzia à entrada do Colégio Nossa Senhora Medianeira. Foto: Fátima Gimenez 


À esquerda, o prédio do Centro Clínico Gaúcho, que sucedeu o Centro de Eventos Plaza São Rafael – Foto: Google Street View


Fontes de Pesquisa

“Hundert Jahre Deutschtum in Rio Grande do Sul: 1824-1924” (Cem Anos de Germanidade no Rio Grande do Sul: 1824-1924), editado em 1924 pela Verband deutscher Vereine - Federação das Associações Alemãs, em Porto Alegre, pela Typographia do Centro e lançada em português pela Editora Unisinos de São Leopoldo, RS, 1999, 646 páginas, tradução do historiador Prof. Dr. Arthur Blasio Rambo. 

A Colonização Alemã e o Rio Grande do Sul, volumes I e II, Jean Roche. Ed. Globo, 1969. Pg. 25. 

Wikipedia 

Associação Beneficente Educacional 1858 - 150 Anos O Passar dos Tempos e a Educação - A Excelência na História do Colégio Farroupilha 

Fotos

Internet e Arquivo Pessoal



DEPOIMENTO DA LEITORA MARIA EDUARDA GONÇALVES DE MELO: 


Foto de Maria Eduarda com as colegas, tirada na escadaria do lado esquerdo da Igreja São José, que dava acesso ao Instituto Nossa Senhora Medianeira, com o Padre Olmiro Allgayer à frente e a Irmã Elisabeth Hilgert (de véu branco) à direita, a encarregada da Turma – Porto Alegre – Anos 1960

Sempre que relembro de minha infância e juventude, lamento o fato de não ter mais fotos do Instituto Nossa Senhora Medianeira, escola que frequentei quando criança, de 1959 até 1965, ou seja, do 3º ano primário, até completar o ginásio. Abro aqui um parêntese. Nos relatos que li no seu blog, verifiquei que nenhumas das ex-alunas do Instituto Medianeira mencionam um fato importante: o colégio, no curso primário, tinha, sim, o nome de Instituto Nossa Senhora Medianeira, mas o ginásio era denominado Escola Comercial Antonio Bard. Não sei se essas pessoas frequentaram somente o primário naquela escola, ou se esqueceram desse detalhe...


Atestado de Conclusão do Primário no Instituto Medianeira

De minha parte, tenho certeza do que estou dizendo. Tenho inclusive um Atestado de Conclusão do Curso Primário, fornecido pelo Instituto Nossa Senhora Medianeira, incluindo as notas, datado de 14 de dezembro de 1961, assinado pela Madre Maria José Fontoura, assim como o convite de formatura da Escola Comercial. Antonio Bard, que aconteceu dia 17 de dezembro de 1965. Detalhe: a referida escola, mesmo sendo de nível ginasial, que na época era de 4 anos, nos conferia o diploma de Auxiliar de Escritório, Datilografia e Estenografia. Isto está mencionado no convite para a Formatura, que guardo até hoje. Os paraninfos foram o Prof. Victor Pedro de Oliveira, identificado como sendo M. D. Inspetor Federal da E.C.A.B. e, como Paraninfo Religioso, o Pe. Olmiro Allgayer, S.J., religioso que durante anos nos acompanhou, sendo o capelão da Igreja São José.

Para teres uma ideia, na primeira série do ginásio, tínhamos uma matéria específica para afazeres domésticos, na verdade Economia Doméstica. Não eram aulas de culinária, ou algo semelhante, era muito mais voltada a conscientização do papel da mulher dentro de casa, de suas responsabilidades e da importância de tudo que lhes caberia fazer, organizar, ter responsabilidades com esposo, filhos. Tudo dito de forma muito tranquila, sem qualquer conotação com relacionamentos, sexo, nem nada disso, apenas enaltecendo o papel da mulher, dentro do lar e perante a sociedade. Menciono isto, para tentar explicar o quanto tudo era diferente dos tempos atuais, Assim compreendendo, pode-se bem imaginar o quanto um curso com bases comerciais como aquele, ensinando datilografia, estenografia e princípios básicos para auxiliares de escritório, era inovador, além de preparar futuras mulheres para o mercado de trabalho.

Foi no ginásio que aprendi o que era e como se confeccionavam slips, que eram os documentos contábeis preenchidos em todos os setores de qualquer empresa e que serviam de base para os registros na contabilidade. Atualmente, não se usam mais, claro, porque todos os dados são passados para o computador, organizados e finalizados na contabilidade, mas naquele tempo era assim que funcionava. Para você ter uma ideia do quanto era fundamental esse conhecimento, quando mais tarde fui fazer o curso técnico de contabilidade na escola noturna do Farroupilha, eu me salientava pelos conhecimentos adquiridos anteriormente, ou seja, já fora preparada antecipadamente para as atividades contábeis. 

Analise o quanto a Escola Antonio Bard era visionária para o futuro papel daquelas moças no mercado de trabalho. Penso, hoje analisando os fatos, que mesmo que a referida escola tenha sido criada por freiras, quem idealizou seu currículo deve ter sido alguém com o pensamento muito adiante de seu tempo. Afinal, mulheres preparadas para o lar, e obtendo tantos conhecimentos, que até então só interessariam aos homens...


Formatura do Ginásio na Escola Comercial Antonio Bard

A entrega dos diplomas aconteceu na sede da União Social São José, na Av. Alberto Bins, 467, ou seja, num salão que ficava nos fundos da Igreja, onde também existia o pensionato masculino, que lembro existir ali, mas não recordo se era exatamente em cima do salão da comunidade, onde aconteciam as cerimônias de formatura, bem como reuniões e outros eventos da escola, inclusive um concerto de um pianista famoso, que assisti, mas infelizmente não recordo o nome. No referido salão, havia um piano de propriedade da Comunidade Alemã. 

Da formatura de ginásio que mencionei, tenho as fotos, onde os paraninfos aparecem. Também no mesmo local, tenho uma foto da primeira audição de piano onde me apresentei, porque tive a oportunidade de estudar piano na mesma escola, por aproximadamente seis anos, como aluna da Professora Ione Rambo e da Irmã Clemência. Desta última guardo gratas recordações, porque essa irmã, muito atenciosa e cuidadosa comigo, sabendo que meus pais não tinham muitas posses, me auxiliava emprestando ou doando livros de música, para assim eu continuar meu aprendizado. E ainda mais, como eu não tinha piano em casa, ela também autorizava que eu permanecesse na escola, aguardando a liberação de um dos três pianos do local, para que eu pudesse treinar as peças que me eram repassadas em aula. Como esquecer tanto carinho? Impossível.


A primeira audição de piano de Maria Eduarda no Salão da Comunidade de São José

O nome dessa pequena escola de música mantida pelas irmãs no Medianeira era Instituto Musical Villa Lobos. Talvez não fosse exatamente reconhecida como escola, isto porque as avaliações para passarmos de nível de aprendizado eram feitas numa escola de música que ficava, se não estou enganada, próximo à Praça Otávio Rocha, mas não tenho certeza. Mas éramos avaliadas por professores dessa escola de música, e recebíamos as notas correspondentes, que nos habilitavam ou não a seguir o aprendizado de piano no Medianeira. Tenho os boletins de avaliação, com as notas, fornecidos pelo Instituto Musical Villa Lobos, onde o mesmo existia como Anexo ao Instituto Medianeira.

Em seguida a conclusão do ginásio, era minha intenção frequentar a Escola Técnica Farroupilha, que funcionava no prédio à direita da igreja São José, mas em princípio isto me pareceu impossível, porque era à noite. Mesmo eu morando com meus pais no Edifício Aspecir, que fica na Av. Alberto Bins, esquina com a Rua da Conceição, onde foi construída a elevada da Conceição, portanto a uma quadra e meia de distância da escola, estudar à noite, parecia inadequado para uma moça de 15 anos. Mesmo assim, depois de muita insistência, no ano seguinte consegui convencer meus pais que era o melhor e, finalmente consegui ingressar na referida escola e me formar em Técnica em Contabilidade.


Turma do 1º Ano do Curso de Técnico de Contabilidade da Escola Técnica Farroupilha - 1967

Da formatura, além do diploma, guardo o convite e fotos. Ao ler os nomes que constam no convite, lembro sempre com carinho dos professores, do diretor, do secretário, pessoas estas maravilhosas que a vida generosamente colocou em meu caminho, entre eles, o Prof. Edwin Bischoff, professor de Contabilidade, que, no ano seguinte, reencontrei quando fui trabalhar no Grupo Gerdau. Trabalhamos durante anos nesta Empresa. A celebração religiosa foi na igreja São José, às 9 h e 30 min do dia 13/12/1969, com a presença do um padre e um pastor. Foi a primeira vez em que eu assisti a uma cerimônia ecumênica, e achei emocionante, porque muitos de meus colegas não eram católicos e, assim, pudemos celebrar todos juntos.  Era um fato inovador para a época, e bem diferente do que acontecia nos tempos do Medianeira, onde éramos, por assim dizer, aconselhadas, a nem sequer olhar para o colégio em frente, justamente o Farroupilha, por não ser católico. A entrega dos certificados, aconteceu às 19 horas nas dependências do Colégio Farroupilha nas Três Figueiras, onde recebi o certificado pelas mãos de nosso paraninfo, Sr. Plínio Gilberto Kroeff, na época Presidente da Fiergs.


Formandos do Curso de Técnico de Contabilidade da Escola Técnica Farroupilha, onde vemos Maria Eduarda (1ª à direita) - 1969

O Antigo Colégio Farroupilha foi transferido em 1962 para a Rua Carlos Huber, 425, no Bairro Três Figueiras. Naquela ocasião, não sabíamos que aquele magnífico prédio da Alberto Bins seria demolido para a construção do Hotel Plaza. O colégio foi transferido, porém o curso técnico, que funcionava à noite, permaneceu ali na Comunidade São José. Eu entrei para a referida escola, em 1967, portanto, 5 anos depois. Não sei exatamente quando a escola passou a funcionar ali, acredito que tenha sido quando da transferência do colégio para as Três Figueiras. A dúvida é, se antes disso, funcionava no antigo Colégio em frente à igreja. Acredito que sim. O que se ouvia, tanto do diretor na época, prof. Walter Jakob Striebel, quanto do secretário Elvino, pessoas sempre muito acessíveis para dar qualquer informação, era que a escola ficara ali, porque os alunos daquele curso, por ser à noite, em sua maioria trabalhavam no centro, e seria praticamente impossível fazê-los irem até as Três Figueiras. Se o fizessem, a maioria desistiria do curso. e este não era este o objetivo.

Quanto à localização dos prédios. O nº 467 era o endereço oficial da Igreja São José, embora também tenha igual escadaria para a esquerda da entrada da Igreja, que dava acesso ao nº 509, endereço do Instituto Medianeira. A entrada pelo nº 467 dava igualmente acesso ao Colégio Roque Gonzales, de meninos. Vale salientar que este mesmo número oficialmente também seria para o tal pensionato masculino, bem como ao salão, que referi anteriormente, onde aconteciam diversos eventos, inclusive as formaturas do Medianeira e do Roque Gonzales. A entrada para o Roque Gonzales era feita através de uma escada, que dava acesso ao prédio. Nunca transitei por ali, porque era proibido para nós. O único contato que havia entre os alunos dos dois colégios era às sextas-feiras, quando todos eram levados para a missa, as meninas ocupavam os bancos do lado esquerdo e os meninos do lado direito, sem qualquer contato.

No nº 467, à direita da igreja S. José, ficava a Escola Técnica noturna do Colégio Farroupilha, onde fiz o Curso Técnico Contábil, que na ocasião nos habilitava a assinar nas empresas como contadores, balancetes, balanços, declarações de renda, enfim, tudo que representasse legalmente a contabilidade da empresa, o que foi substituído anos depois pelos formados nos cursos superiores de Ciências Contábeis. 

Mais tarde, quando frequentava a Escola Técnica Farroupilha, à noite, também o acesso era pela nº 467, só que entravamos por outra porta independente, mais ao fundo desse prédio da frente.  Para chegarmos até lá, havia uma elevação no terreno, a exemplo do que acontecia no Medianeira, por esse motivo havia a escada de acesso pela lateral do prédio, como dá para perceber na foto que publicaste do Medianeira, só que, pelo lado do Roque Gonzales, se visualizavam dois pátios, em níveis diferentes, com alguns degraus junto a Igreja, dando-lhes acesso.

Assim, os que desejassem entrar no prédio antigo que aparece na foto no blog identificada como Escola São José, fundada em 1904, subiam a tal pequena escada, aquela que menciono ser acesso à secretaria da igreja. Os que precisassem chegar à Escola Técnica Farroupilha, ou ao salão de eventos, ou o tal pensionato, teriam que passar pelos dois pátios, em desnível, usando a escadaria junto à igreja.

Quanto aos pensionatos, estes eram independentes. O das moças ficava dentro do prédio do Medianeira, acima dos quartos das irmãs, e o masculino, com certeza, nos fundos da Igreja, fazendo divisa com as salas de música. Só não tenho certeza do acesso para esse último pensionato, como disse, acredito que fosse na mesma área de acesso/entrada para o salão. Não sei.

Quanto à Escola Técnica Farroupilha, o acesso era lá no final do terreno, nos fundos da construção antiga do Roque Gonzales. Minha dúvida é se alguma das salas de aula ficava fora ou dentro desse prédio, porém isoladas deste. Lembro que a secretaria e biblioteca ficavam logo na entrada e depois dobrávamos à direita para chegarmos às salas de aula, que eram três, portanto, talvez fizessem parte do prédio da frente, sem que percebêssemos. 

Assim, o portão de acesso, nº 467, servia tanto como entrada para o Roque Gonzales, quanto para o Farroupilha, ou para o único salão, que, como lhe disse, era da comunidade da Igreja. Este salão era bem junto à Igreja, mas depois dela, e não faziam comunicação. A entrada para o pensionato, nunca cheguei a visualizar, acredito que também fosse nos fundos da igreja, e com entrada para a esquerda, porque a entrada para o salão era para a direita. Mas uma coisa é certa, as duas construções, que imagino fossem germinadas, ficavam na divisa do terreno. Não lembro, porque provavelmente não existia, qualquer janela que ficasse do lado esquerdo de quem estava no salão sentado, mas somente o palco, bem extenso, que provavelmente ficava com as costas para a divisa à direita.

A igreja foi construída na frente do terreno, mas com acesso para os dois lados. Do lado direito, foi construída a escola Roque Gonzales e, do lado esquerdo, o prédio do Medianeira, com a grutinha encostada nas paredes da igreja. As duas dependências, não tinham qualquer ligação, com certeza, a não ser passando-se por dentro da igreja ou pela rua e entrando no outro portão.

O Medianeira, em sua construção original, acolhia o dormitório das Irmãs, e, em cima, o pensionato das moças, Essa área era de acesso restrito. O mais próximo que chegávamos era subindo uma escadaria, que ficava no meio de um pátio coberto de uso da escola, e só a usávamos para ir à secretaria da escola, que ficava no primeiro andar. Se continuássemos a subir por ela, chegaríamos ao pensionato, mas isto era proibido, Neste prédio, ficavam as salas de aula do primário, por isso o pátio coberto para os recreios. Posteriormente foi construído um novo espaço, térreo, com duas salas, que eram de uso exclusivo para aulas curriculares do ginásio comercial. Outras matérias eram dadas nas salas mais antigas e as mais específicas, como datilografia e prática de escritório, eram em locais próximos da secretaria, no primeiro andar. 

As salas de música, com quatro pianos, ficavam entre as duas construções, porém, tem um detalhe, essas salas eram coladas a divisa do terreno, fazendo divisa à esquerda da construção antiga e à esquerda com o que eu acredito fosse a entrada do tal pensionato masculino, e/ou entrada para o salão de eventos. Sem qualquer acesso a eles.  Em seguida a essas salas de música, estavam as duas salas construídas para o ginásio. Tenho certeza disso, Tanto que essas duas salas de aula só tinham janelas e a porta de entrada e vistas para o pátio do recreio, à esquerda, porque à direita, ficavam os fundos da igreja, que não conseguíamos visualizar.


As Cotovias de São Francisco na escadaria da Igreja São José

Lembrei-me agora de um fato interessante, Não lembro exatamente o ano, mas sei que foi em razão da comemoração dos 60 anos de algum fato relacionado com a Comunidade em questão. Tenho que contar... A irmã M. Virgília Dorsan, nossa sempre ativa e também maestra do coral das meninas, as "Cotovias de São Francisco" de quem orgulhosamente também participei por muitos anos, resolveu nos ensinar uma canção em alemão, para que apresentássemos na referida data.  Com a maior dificuldade, é claro, tentamos memorizar as palavras em alemão e, acredite, conseguimos. Não lembro mais a letra da música, mas lembro com clareza da melodia, cantarolo até hoje, quando me lembro do fato. Só sei que o estribilho, diz (atenção vou escrever como se diz, por favor desculpe-me, se for alguma coisa inconveniente): ‘Fidera lá lá, fidera lá lá fidera lá lá lá lá...’ Lembro que nos disseram que era uma canção muito conhecida dos imigrantes alemães... Ah, foi um sucesso, não sei se pela execução, ou por nossa coragem em executá-la...


As Cotovias de São Francisco no Coro da Igreja São José

Moro desde 1999 na grande Florianópolis SC.  Anos depois, voltei a Porto Alegre e, com muitas saudades, retornei à Av. Alberto Bins, de onde meus pais haviam se mudado em 1971 e, com tristeza, verifiquei não existirem mais as tão queridas Escolas. Felizmente, preservaram a grutinha, que tantas vezes parei para rezar antes de subir as escadas de acesso para o Medianeira. Durante a visita à Igreja São José, tive a felicidade de reencontrar um antigo amigo, muito querido, que serviu de inspiração, para que eu sonhasse aprender piano: o professor e organista da igreja, Antonio Darci von Frühauf. Ele foi, e creio que ainda o seja, o organista da Igreja São José. Isto desde os Anos 60. Na ocasião em que o reencontrei, ele estava comemorando os 45 Anos de organista da igreja.