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domingo, 23 de novembro de 2014

A Origem e o Significado dos Sobrenomes Alemães




Fonte: Artigo do Wikipedia na língua espanhola, sugerido por Jorgelina Fischer – Argentina

(tradução livre do espanhol por Lisete Göller)


O estudo etimológico de sobrenomes alemães começou no final da Idade Média. A maioria dos sobrenomes alemães foi gerada a partir de apelidos. Estes são classificados em quatro grupos, com base na origem do apelido: um ou mais prenomes, designações de ofício, atributos físicos e referências geográficas (incluindo as referências ao nome de uma edificação). Além disso, muitos sobrenomes descrevem uma característica específica, que corresponde à área de onde eles se originaram dentro do seu dialeto.

Muitas vezes os nomes se tornaram sobrenomes, quando algumas pessoas foram identificadas através do nome de seu pai, ou seja, com um patronímico. Por exemplo, o nome Ahrend tornou-se, ao longo do tempo, Ahrends, adicionando ao final -s, no caso do genitivo alemão (no alemão a frase Ahrends Sohn equivalente no português a "filho de Ahrend"). Exemplos de sobrenomes: Ahrends, Burkhard, Wulff, Friedrich e Benz. Uma vez que muitos dos primeiros registros urbanos foram escritos em latim, era frequente o uso do plural -i do genitivo como, por exemplo, Jakobi ou Alberti, ou escrito com Y em Mendelssohn Bartholdy.

A designação de ofícios é a forma mais comum na formação dos sobrenomes. Qualquer pessoa com uma ocupação incomum acabaria sendo identificado com ele. Exemplos: Schmidt (ferreiro), Müller (moleiro), Meier (administrador de uma granja, relacionado com Mayer ou Meyer), Schulze (prefeito), Fischer (pescador), Schneider (alfaiate), Maurer (pedreiro), Bauer (agricultor), Metzger ou Fleischer (açougueiro), Töpfer ou Toepfer (oleiro).

Os nomes de características físicas foram adotados como sobrenomes em casos como Kraus (cabelo encaracolado), Schwarzkopf (cabeça preta), Klein (pequeno), Gross (grande).

As denominações geográficas foram derivadas desses sobrenomes gentílicos, como Kissinger (de Kissingen), Schwarzenegger (de Schwarzenegg), Busch (bosque), Bayer (Bavária, Bayern no alemão). Böhm indica que a família vem da região tcheca da Bohemia.

Um caso particular é o de sobrenomes derivados de nomes de lugares ou construções. Antes de se nomear e dar numeração às ruas, e até muito mais tarde, muitas edificações importantes possuíam nomes, tais como pousadas, fábricas e fazendas. Elas eram geralmente conhecidas pelas pessoas que nelas viviam; os moradores recebiam os seus nomes através do nome da edificação ou da área em que habitavam. Podia ser combinado com uma profissão: Rosenbauer (fazendeiro de rosas, em uma fazenda chamada 'rosa'); Kindlmüller (criança do moleiro, um moinho chamado 'a criança do Natal’, ‘filho pródigo’ ou ‘filho ou criança do rei’). Também se usava o nome diretamente: Bär (Urso); Engels (de Engel, anjo).

A imigração, muitas vezes incentivada pelas autoridades locais, também trouxe sobrenomes estrangeiros para as regiões de língua alemã. De acordo com a história regional, as condições geográficas e econômicas predominantes em diferentes épocas, muitos sobrenomes têm uma origem francesa, holandesa, italiana, húngara ou eslava (por exemplo, polaco). Às vezes, eles têm sobrevivido em sua forma original, com outra ortografia, que foi adaptada para o alemão (a terminação eslava -ic se tornou -itz ou -itsch no alemão, e se pronuncia "ich"). Com o passar do tempo, a ortografia tem sido frequentemente alterada para refletir a pronúncia real em alemão (Sloothaak, holandês Sloothaag). No entanto, em alguns casos, como os huguenotes franceses que emigraram para a Prússia, a grafia de seu sobrenome foi preservada, mas com a pronúncia natural de nativos alemães: Marquard marca a pronuncia em francês, mas em seguida passou a se pronunciar Markuart, como se fosse um sobrenome alemão.

A preposição von (“de”) foi usada para distinguir a nobreza. Por exemplo, se alguém foi Barão da cidade de Veltheim, sua família será von Veltheim. Nos tempos modernos, as pessoas pertencentes à nobreza acrescentam "von" ao seu nome. Por exemplo, para Johann Wolfgang Goethe, seu nome seria Johann Wolfgang von Goethe. Esta prática terminou com a abolição da nobreza, na Alemanha e na Áustria, em 1919. Em algumas áreas da Suíça, von é usado em nomes geográficos e não nobres, por exemplo, von Däniken (a cidade de Däniken). O mesmo acontece nos Países Baixos e em Flandres, onde se fala flamengo (uma língua muito semelhante ao alemão), onde este sobrenome era muito comum. Muitos nomes de cidades acabaram resultando em sobrenomes flamengos (Van Gogh, Van Keulen, Van Gulik, Van Bon, etc.).

Os judeus de língua alemã não adotaram sobrenomes até os séculos XVIII e XIX. Alguns eles mesmos podiam escolher, criando sobrenomes com dois nomes que soassem bem. Exemplos: Goldblum (flor de ouro), Rosenthal (Vale das Rosas), Rothschild (escudo vermelho), Schwarzschild (revestimento preto), Silberschatz (tesouro de prata), Stein (pedra). Em outros casos, a administração atribuía os sobrenomes aos funcionários, o que, por vezes, resultava numa situação humilhante. Alguns nomes tradicionais alemãs foram adotados para evitar chamar a atenção, como Meyer ou Löwe, o que poderia se referir tanto à palavra alemã ‘Löwe’ (leão) ou à tribo judaica de Leví. A terminação alemã -mann deve ser distinguida de –man, sufixo judeu, mas, obviamente, isto não pode ser generalizado.

Quanto aos sobrenomes originariamente locais, são numerosos os que apresentam características de dialetos locais, como no caso das terminações atuais dos diminutivos no sul da Alemanha, Áustria e Suíça como -l, -el, -erl, -le ou -li, como Kleibl, Schäuble ou Nägeli (de 'Nagel', prego).

Muitos nomes de famílias não têm uma conexão óbvia com uma comunidade, ocupação ou estilo de vida. Um deles é Geier, que se refere a um pássaro, uma cidade ou uma história oral de origem camponesa que se refere a um mito: o de que os bebês humanos foram roubados de uma aldeia por pássaros gigantes, e que foram devolvidos os seus cativos, depois que os aldeões atacaram e destruíram os seus ninhos.





segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Viagens - Rio Pardo RS


Espaço Cultural Panatieri - Foto: Arquivo Pessoal


MEMÓRIAS DE RIO PARDO (Em Memória de Johann Joseph Welter)



A partir das descobertas que fiz através de minhas pesquisas sobre a família de meu tataravô Joseph Welter, imigrante vindo de Buch, cidade da Renânia-Palatinado, Alemanha, nasceu o desejo de conhecer Rio Pardo, cidade onde meu ancestral estabeleceu sua última morada. Fazer viagens com esta finalidade é um acontecimento especialmente importante para todos aqueles que desejam conhecer as suas origens e resgatar a sua história. Para isto, é necessário buscar no tempo presente vestígios do passado, além de procurar reconstituir o cenário real onde os acontecimentos se desenrolaram. Contava eu com poucos dados, como o antigo nome da rua e a descrição da casa onde Joseph e a sua família haviam morado no longínquo ano de 1856. Acreditava que, com um pouco de sorte e intuição, poderia chegar àquele local que provavelmente estaria muito diferente daquele existente há mais de 150 anos. Felizmente, Rio Pardo ainda conserva muitos de seus prédios históricos que são testemunhos de importantes acontecimentos até mesmo da História do Rio Grande do Sul.



A antiga Rua da Ladeira - Foto: Arquivo Pessoal


Com esperanças na bagagem, algumas anotações e a câmera fotográfica, cheguei a Rio Pardo num dia frio e ensolarado do mês de julho de 2007. À medida que me aproximava mais e mais da cidade, algo mágico começava a acontecer. É difícil descrever em palavras, mas posso tentar traduzir como uma suave sensação de paz, algo sublime e reconfortante, que foi pouco a pouco fazendo morada em meu espírito. Há coisas que acontecem sem ter uma explicação racional, e acredito que o significado de tal acontecimento transcendeu a minha limitada compreensão.



Uma janela no tempo - Foto: Arquivo Pessoal



Assim, depois de estar instalada no hotel, saí a caminhar pela rua principal, chegando à antiga Rua da Ladeira, hoje denominada Rua Dr. Júlio de Castilhos, que conservou as suas características coloniais graças ao seu providencial tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional. Era o meu ponto de partida, pois sabia que alguma de suas transversais seria a rua que procurava. Naquele ano de 1856, era chamada de Rua da Praia, rua que talvez nem existisse mais... O problema central era conhecer o seu nome na atualidade. Já havia recebido uma informação incorreta anteriormente, obtendo um nome que correspondia ao da rua principal, o que me confundiu por algum tempo.



Prédio do Espaço Cultural Panatieri - Foto: Arquivo Pessoal


Mas uma ajuda providencial chegou inesperadamente: na Casa Panatieri encontrei, por uma agradável coincidência, a tia de uma ex-colega dos tempos do Colégio Sévigné, Elvira Panatieri, que me deu o nome de um senhor que conhecia em detalhes a história da cidade. Sou grata até hoje a esta pessoa, o Sr. José Ernesto Wunderlich, que me forneceu não só o nome atual, Rua General Câmara, mas também informações importantes sobre a casa e até mesmo o acesso a fotos antigas existentes em seu precioso acervo.



O antigo sobrado no ano de 2007 - Foto: Arquivo Pessoal


Lá estava o antigo sobrado de esquina: a “casa de sobrado coberta com soteia, localizada na Rua da Ladeira, fazendo esquina com a Rua da Praia, dando para o Passo da Jacuí”. Com o passar dos anos, havia sofrido severas alterações, passando por um incêndio desolador que havia devorado o madeirame que havia no seu interior. Mas as suas paredes ainda estavam de pé, edificadas desde um tempo que naquela época não saberia precisar (a construção teve seu término em meados de 1852). A soteia (ou açoteia) era um eirado ou terraço que se construía por cima das casas. Na casa de meu tataravô, este terraço era lateral à mesma. Contou-me o Sr. José Ernesto que este foi inicialmente construído em madeira e, posteriormente, foi substituído por tijolos. A soteia era a pista mais importante para o reconhecimento da casa. Hoje, porém, ela só existe nas fotos antigas. Seguem outros trechos que escrevi sobre a história dos Welter:



Detalhe do andar superior do sobrado - Foto: Arquivo Pessoal


“A família Welter mudou-se a seguir para a cidade de Rio Pardo. Não sabemos exatamente o ano da mudança, porém encontramos a escritura de compra de uma casa naquela cidade na dada de 09/07/1855. No documento está registrado que Joseph era credor de Carlos (Johann Carl) Oestereich (Östereich). Tendo Carlos falecido em 12/06/1855 nesta cidade e deixado dívidas pendentes, o filho André (Andreas), havia pedido à Justiça autorização para efetuar a venda e saldar a dívida. Tratava-se de uma casa de sobrado coberta, com sotéia, isto é, com um terraço na edificação, localizada na histórica Rua da Ladeira (Rua Júlio de Castilhos), fazendo esquina com a Rua da Praia (Rua General Câmara) que dava para o Passo do Jacuí. De um lado, fazia divisa com a casa pertencente a José Ignácio da Silveira e, de outro, com a casa de João Fischer. Na casa havia um local para negócios (no andar de baixo) e a mercadoria existente também entrou na transação. O valor da casa foi de 3 Contos de Réis (3.000.000) e os móveis e certa quantidade de mercadorias (descrita como “molhados”, ou seja, bebidas) pelo valor de 2 Contos de Réis (2.000.000), totalizando 5 Contos de Réis (5.000.000). Deste total foi a abatido o valor da dívida que era de 3 Contos e 180.000 Réis (3.180.000), recebendo de Joseph o valor em dinheiro de 1 Conto e 820 mil Réis (1.820.000) (Arquivo Público do RS, Transmissões, Rio Pardo, Livro nº 14, pág. 6, 1º Cartório).” 


O sobrado por volta de 1870


“Neste local, Joseph estabeleceu a sua casa de negócios comercializando diversas mercadorias, tais como: alimentos e bebidas (café, vinho, aguardente, cerveja inglesa, genebra, conhaque, absinto, capilé, latas de sardinha, pimenta do reino, canela, cravo, erva-doce, cominho, chás, alfazema, melado, vinagre, sal, erva, farinhas, feijão preto, arroz, açúcar, bacalhau e rapadura); mercadorias diversas (sabão, velas, chifres de vaca, charutos, fósforos, fumo, azeite, louças, utensílios de cozinha, pólvora, material de costura, linhas em novelos, botões de madrepérola, tinta de escrever e rapé); vestuário (tamancos, chapéus de palha, fazendas como chita, algodão e tecidos para calças, chapéus de Braga, lenços de seda, retalhos, paletó de riscadinha e pares de meias, inclusive para senhoras); ferragens (chumbo de caça, tesouras de alfaiate, cadinhos de ourives, balanças, foices, correntes), dentre outras mercadorias. Pela existência do crédito referido junto ao comerciante Carlos Oestereich, comprova-se que Joseph já era comerciante. Naquele tempo, as mercadorias vindas de Porto Alegre chegavam ao porto de Rio Pardo e iam para frente da Capela de São Francisco, onde ficavam por cinco horas para comercialização.”



A Capela de São Francisco - Foto: Arquivo Pessoal


O sobrado, após a morte de meu tataravô, em 13/02/1856, passou a pertencer ao negociante Jacob Luchsinger, que era o locatário de minha tataravó Catharina Welter, nascida Mossmann, tendo o encargo de vender certa quantidade de gêneros. Parte destes, ela levou para Ivoti, para onde se mudou com os filhos, e parte foi vendida em leilão em Rio Pardo, rendendo, porém, menos do que valiam. “Somente em 04/09/1858 foi lavrada a escritura de venda para Jacob Luchsinger, através de procuração feita a Apolinário Francisco Ferreira Guimarães. Foi vendida por 1 Conto e 650.000 Réis (1.650.000) em três pagamentos: 1 Conto de Réis à vista e dois de 325.000 Réis, no prazo de seis e nove meses respectivamente. Catharina estava morando em Picada 48, localidade de Ivoti com os seus filhos (Arquivo Público do RS, Transmissões, Rio Pardo, Livro nº 16, 2º Notário). Jacob Luchsinger nasceu em Glarus na Suíça. Casou-se com a viúva de Friedlin Schmidt, Louise Christine Fayette, filha de Guillaume Fayette e de Christine Schönhardt. Guillaume Fayette era calvinista, nascido em Genebra, na Suíça, e era relojoeiro (Imigrantes Alemães – 1824/1852, Gilson Justino da Rosa). O casal teve um único filho: João Rodolfo Miguel Luchsinger, que se casou com Guilhermina Eichenberg, na data de 12/07/1873, em Rio Pardo (Cúria Metropolitana de Porto Alegre, Casamentos, Rio Pardo, Livro 5-B, pág. 377)."



Joseph Welter foi sepultado no antigo cemitério que existia atrás da Igreja Matriz de Rio Pardo, onde hoje se situa a casa paroquial - Foto: Arquivo Pessoal



O sobrado nos anos 1940 (na esquina, à esquerda)


A casa, segundo me informaram, pertencia a uma família de Rio Pardo, tendo esta a intenção de vendê-la. Uma reforma seria o mais desejável, dado que é muito antiga e se encontra justamente na rua mais famosa da cidade. Além disto, pelo valor sentimental que possui para mim, seria a realização de um sonho e a preservação da memória de meu tataravô Joseph Welter. Há pouco tempo, obtive outras informações. O incêndio relatado anteriormente originou-se na Padaria Sperb, que funcionava no andar térreo. O telhado teria ruído após a minha visita a Rio Pardo. Mas o melhor ainda estava por vir: foi uma grande satisfação saber que, no ano de 2001, a casa havia sido tombada como patrimônio histórico do Município de Rio Pardo, e deverá ser restaurada de forma a restabelecer a sua arquitetura original. No ano de 2009, a casa apareceu no selo de comemoração dos 200 Anos da Câmara de Vereadores do Município.


Obs.: Ver as postagens sobre A Genealogia de um Sobrado, que revela a origem do mesmo.




Nota 1: O senhor José Ernesto Wunderlich, ao qual devo gratidão por haver me ajudado nesta busca pelos meus antepassados, faleceu em 17/12/2017, na cidade de Rio Pardo. Que esteja em paz junto a Deus! José Ernesto foi um dos fundadores da UNEAMA (União dos Ex-Alunos Amigos do Auxiliadora) e participou ativamente da luta pelo restauro do prédio da Antiga Escola Militar. Participou ainda da Diretoria do Centro Regional de Cultura Rio Pardo como Tesoureiro. Era conhecedor exímio da história de Rio Pardo e um amante da cultura brasileira (Fonte: Centro Regional de Cultura de Rio Pardo). 









Nota 2: Deixo aqui registrado o meu agradecimento ao grande jornalista, poeta, escritor e Diretor do Jornal de Rio Pardo, um apaixonado pela história desta cidade, Rogério Lima Goulart, que me forneceu informações valiosas para a minha pesquisa. Este faleceu no dia 12/06/2019, em Porto Alegre, depois de lutar bravamente pela vida.  








Na Praia dos Ingazeiros



A RUA DO SOBRADO

(Lisete Göller – 2007)

A rua do antigo sobrado
Dobra há tanto tempo esta esquina
Que não sabe onde é que foi parar
Aquele nome tão bonito que tinha.

E vive assim, há séculos esquecida
Das andanças dos que por ela passaram,
Pudesse eu lhe devolver as lembranças,
E as canções tão antigas que por ela ecoaram.

Ruazinha infinita que dá para o rio,
Procuro-te em vão nos mapas do passado,
Mas outra denominação veio a desviar teu curso
Que só me resta agora inventar teu traçado...


Texto revisado do ano de 2007, além de fotos de Rio Pardo que formam o meu acervo.



Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal


Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal


Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal


Gruta ao lado da Igreja Matriz - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



Casa de Cultura de Rio Pardo, antiga Escola Militar - Foto: Arquivo Pessoal



Museu Barão de Santo Ângelo - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



Igreja Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



O antigo Espaço Cultural Panatieri - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal 



Igreja de São Francisco - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



Igreja de São Francisco - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



Igreja de São Francisco - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



Prédio da Prefeitura Velha - Secretaria de Turismo e Cultura de Rio Pardo - Foto: Arquivo Pessoal



Antigo Forum - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



Instituto Medianeira - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



A antiga Rua da Ladeira - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



A imagem de Nossa Senhora do Rosário - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



O Rio Jacuí - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



Café Sabor & Arte - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



Hotel Recanto do Imperador - Rio Pardo RS - Foto: Arquivo Pessoal



Viagens - Rio Pardo RS


A Tranqueira Invicta Rio Pardo Pelos Viajantes da Câmera

Turismo fotográfico da Câmera Viajante – Escola de Fotografia, Cinema e Design - Porto Alegre RS


Viagens - Rio Pardo RS


Divulgação de um excelente trabalho sobre a história de Rio Pardo RS.


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Família Schuster - Histórias


LEILA SCHUSTER


A Miss Brasil Leila Schuster - Foto: Site Miss Schuster


A nossa eterna Miss Brasil nasceu em Porto Alegre e é filha de Fernando Schuster e Dalva Nunes, neta de Pedro Schuster e Maria Cecilia Klafke, bisneta de Francisco Alexandre Schuster e Maria Frantz, trineta de Henrique Schuster e Rita Winck, tataraneta de Franz Anton Schuster e Barbara Sausen e pentaneta de Adam Schuster e Anna Barbara Müller, estes últimos genearcas da Família Schuster. Casou-se em primeiras núpcias com Helio Vianna, com quem teve o filho Klaus Schuster Vianna e, em segundas núpcias, com José Luiz Gandini.




Leila Cristine Schuster iniciou-se como modelo nas passarelas gaúchas com 15 anos e, aos 17 anos, foi eleita Miss Brasil 1993. No mesmo ano, ficou em 7º lugar no concurso de Miss Universo. 





Trabalhou como modelo em diversos países e, de volta ao Brasil, em 1995, foi convidada a apresentar o programa Agenda Cultural, na TV CNT carioca. Por conta disto, decidiu cursar Comunicação Social – Jornalismo, na Universidade do Rio de Janeiro. Nesta área, trabalhou nos programas Circuito Rio na CNT, e Beleza de Mulher na TV Record. Foi empresária do ramo de organização de eventos, realizando cursos e workshops para misses sobre etiqueta social, passarela e dicção. Especialista em Desenho de Moda pelo Instituto Marangoni, de Milão, hoje é empresária de Moda e também estilista da marca Miss Schuster, especializada em camisaria feminina, cuja madrinha é Gisele Bündchen. Leila possui uma coluna semanal no Programa Amaury Júnior na Rede TV, assinando colunas na revista Go Where Luxo e na revista Única.






quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A Genealogia de um Sobrado - 4ª Parte

Autora: Lisete Göller


VI-Braun Irmãos & Cia. Ltda.


No dia 20/10/1950, José Borges Sobrinho e sua esposa Regina Maurília de Barros compareceram ao Cartório para realizar a escritura de compra e venda do sobrado, tendo como compradora a firma Braun Irmãos & Cia. Ltda, com sede na cidade de Rio Pardo. Na escritura constam, além da descrição do imóvel, os números do sobrado: 711 e 717 (Livro nº 142, nº 1.38, fls. 60 e 61 verso). O sobrado foi vendido pelo valor de 40 mil cruzeiros, incluindo-se o terreno da propriedade. Na data de 18/02/1961, foi feita a averbação de uma benfeitoria: uma construção feita pela adquirente de um prédio de alvenaria, com frente para a Rua General Câmara, com 14 metros, anexo ao sobrado, tendo 7 metros de frente a fundo. Segue a informação de que posteriormente foi vendida parte do terreno e o prédio sito a Rua General Câmara. 

A partir desta época, o sobrado passa a ser conhecido como o Sobrado Braun. Alfredo Fernando Braun (*26/08/1891 Santa Cruz do Sul RS), casado com Helma Haas (*10/03/1892 Santa Cruz do Sul RS), era ferreiro, vindo da cidade de Santa Cruz do Sul RS, para trabalhar na construção de barcaças em Rio Pardo. Alfredo era filho do imigrante Ferdinand Braun (*18/12/1844 Baden-Baden, Baden-Württemberg, Alemanha/+14/01/1921 Santa Cruz do Sul RS), professor de música, que chegou ao Brasil no ano de 1861, estabelecendo-se na Linha Rio Pardinho, uma localidade de Sinimbu RS. Ferdinand Braun era casado com Anna Frölich. Alfredo Fernando Braun teve os filhos Albino Teodoro, Julinho Afonso, Nelson, Frida Regina, Brunilda e Marta. 

A família Braun atuou em diversos ramos do mercado, inclusive no de transportes. No ano de 1956, a Empresa Citral, concessionária de serviços públicos no ramo dos transportes coletivo de passageiros, adquiriu a Braun & Cia Ltda, outra empresa de Alfredo Braun, que possuía quatro ônibus naquela época. Alfredo veio a falecer em 27/06/1970 na cidade de Rio Pardo, tendo os demais sócios e membros da família continuado com os negócios. O filho Albino Braun fundou em 13/11/1950 o Aeroclube dos Dragões, nome dado em homenagem aos militares do antigo Forte, cuja pista de pousos e decolagens situava-se na várzea do Rio Pardo, em frente à antiga viação férrea, transferindo-se em 1962 para o Bairro Boa Vista, por causa das enchentes. Albino fez o curso de mecânico e de instrutor para formar novos pilotos, que somaram ao longo do tempo pelo menos uma centena de profissionais. O filho Julinho Braun, que também era mecânico, exerceu a profissão até a aposentadoria, chegando a ser proprietário de duas concessionárias de automóveis (Jornal Gazeta do Sul, Edição 11/10/2010).

Na data de 16/11/1979, houve a dissolução da Sociedade, havendo a transmissão do sobrado por parte de Braun Irmãos & Cia. Lida. à viúva Helma Haas Braun, domiciliada em Rio Pardo e Julinho Afonso Braun, seu filho, comerciante, também domiciliado em Rio Pardo. Constam no documento as medidas que até este ponto do relato não eram conhecidas: “pela frente, onde mede 20,95 metros, com a Rua Dr. Julio de Castilhos; pelos fundos, onde mede 19,85 metros com terreno de Julinho Afonso Braun; pelo lado direito, com 24,90 metros com a Rua General Câmara e, pelo lado esquerdo, partindo da Rua Julio de Castilhos, por uma linha reta de 15,15 metros, formando ai um ângulo reto, onde dobra a esquerda e segue por uma linha reta de 5,75 metros, formando ai outro ângulo reto e dobra a direita e segue até os fundos por uma linha reta de 11, 35 metros, divide-se com terrenos de Julinho Afonso Braun”.

Helma Haas Braun faleceu do dia 27/07/1980 em Rio Pardo. Assim sendo, a sua parte relativa ao sobrado coube de herança ao filho Julinho Afonso Braun, mecânico, casado na data de 12/02/1944 com Azir Yocchims Braun. Julinho Braun viveu com sua família no sobrado e, em determinada época, alugou uma parte do andar térreo para a Padaria Sperb. Nos anos 1990, um incêndio neste estabelecimento veio a comprometer o futuro do sobrado, tornando-o cada vez mais difícil e incerto. Alguns anos se passaram... 

P. S.: Julinho Braun faleceu na data de 19/11/2014.


A incorporação do sobrado ao Patrimônio Histórico e Cultural do Estado


Rio Pardo através da criação da Lei Municipal nº 08, de 27/04/1979 arrolou inicialmente 35 bens considerados de valor histórico e cultural de expressiva tradição para a cidade, ressalvando que, após o processo de inventariação, poderia incluir novos bens que viessem a ser atingir este status. Este processo de inventário ocorreu em 2001, ano em que a referida lei passou a integrar o Plano Diretor Municipal de Rio Pardo. Esta lei disciplina as restrições e intervenções nos prédios e até mesmo do entorno, visando preservar as características originais dos elementos que formam o conjunto. Assim, por exemplo, nas fachadas devem ser mantidos os elementos arquitetônicos e o aspecto externo deve ser preservado.

O Inventário do Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul foi realizado através de um convênio entre Governo do Estado do Rio Grande do Sul – Secretaria de Estado da Cultura, SEDAC – CPHAE e Secretaria da Educação, SEC/Pres. Rep. – Instituto Brasileiro de Políticas Culturais, IBPC/RS, sendo publicada no ano de 2001 a relação de 103 bens, dentre eles o chamado Sobrado Braun (Referência PRS 99.0051.0003), supostamente construído no ano de 1896 (44 anos depois)...

Retroagiremos na legislação. Na Constituição de 1934 coube à União e aos Estados a proteção de bens de valor histórico e artístico e as belezas naturais. Já na Constituição de 1937 esta responsabilidade foi estendida aos Municípios. A necessária normatização sobre o processo de tombamento veio com o Decreto-Lei nº 25/1937, definindo que: “o tombamento é o instituto jurídico pelo qual se faz a proteção do patrimônio histórico e artístico, que se efetiva quando o bem é inscrito no livro do tombo”. No mesmo ano, foi criado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), responsável pela definição dos aspectos considerados de valor patrimonial na cidade, buscando a identidade nacional através de elementos característicos específicos do povo brasileiro. Na Constituição de 1988, a definição de patrimônio cultural foi devidamente ampliada, seguindo uma tendência mundial. 

A partir da modernização administrativa do Ministério da Educação e Cultura – MEC foi criado o Departamento de Assuntos Culturais (DAC) e o então Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Além destes, foi criado o Sistema Integrado de Reconstrução de Cidades Históricas (PCH). Na esfera estadual, o Patrimônio Histórico foi instituído na Constituição do Estado do Rio Grande do Sul (Título II, Capítulo II, Seção II, artigos 221 a 223 e Emendas Constitucionais nº 36 e nº 45), determinando que o Poder Público deva proteger o patrimônio cultural através de tombamento e outras ações para sua conservação e proteção. 

No ano de 2001, destaca-se a criação do Estatuto da Cidade, Lei 10.257/2001, que disciplina o ordenamento territorial das cidades, bem como confere ao poder público municipal preferência para adquirir imóveis urbanos de interesse histórico, cultural ou artístico que não sejam mantidos por particulares, a fim de assegurar sua proteção, o que é denominado direito de preempção. Depois, a Lei Municipal nº 12.003/2003 delimitou e declarou a área histórica da cidade de Rio Pardo como integrante do Patrimônio Cultural do Estado, incorporando os prédios inventariados e acrescentando a ele os espaços públicos abertos e o entorno, lembrando que a Rua da Ladeira ou Rua Julio de Castilhos já havia sido tombada como Patrimônio Nacional, sendo esta considerada um espaço aberto.

Uma avaliação técnica do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico de Rio Pardo (DPHARP), em 8 de janeiro de 2007, apontou que a construção do sobrado se encontrava sem condições básicas de uso, devido ao desabamento da estrutura da cobertura e deterioração das paredes internas e entrepisos. O mesmo laudo destacou o valor cultural do prédio, com características das construções dos séculos XVIII e XIX (Jornal Correio do Povo, Edição 10/10/2010). Foi neste mesmo ano que a pesquisadora visitou Rio Pardo e viu pela primeira vez o sobrado, lamentando o estado do imóvel e a falta de perspectiva para o mesmo. Restava-lhe acompanhar as notícias de longe, através de uma pessoa conhecida que nascera em Rio Pardo, mas residia em Porto Alegre. No ano de 2009, a casa apareceu no selo de comemoração dos 200 Anos da Câmara de Vereadores do Município.




VII-Ricardo Borges Moraes


Uma vitória por vez. O tombamento puro e simples não é uma garantia efetiva de que o imóvel seja restaurado, pois os recursos públicos sabidamente não conseguem contemplar todos os imóveis tombados. Quem estaria disposto a abraçar esta empreitada? Quem direcionaria recursos para um árduo trabalho de longo prazo? Seria preciso alguém que, por algum motivo, talvez incompreensível para a maioria das pessoas, viesse a se identificar com a casa de sobrado e que compreendesse a sua essência. A centenária construção guarda em silêncio a história daqueles que nela viveram ou estiveram de passagem. Esta história, cujo período de tempo ultrapassa um século e meio, incluiu inúmeros ritos de passagem: nascimentos, casamentos, decessos e outros tantos eventos importantes na vida das pessoas. Em certo sentido, a casa adquiriu sua própria ‘alma’ através da inevitável convivência humana no lento passar dos anos. Mas a realidade é que o sobrado centenário estava se desfazendo em ruínas, sob a ameaça de serem sepultadas para sempre as memórias que guardava, até o inevitável dia em que tudo seria transformado em poeira inútil levada pela mão do tempo... 


Foto: Lisete Göller - 2014


Foto: Lisete Göller - 2014


Foto: Lisete Göller - 2014


A reforma do sobrado teve o seu início em 2011, e continua a ser restaurado neste ano de 2014. Entramos no compasso de espera. Pelo que observamos das fotos, praticamente a metade da construção original conseguiu chegar ao Século XXI. Passados 162 anos, o sobrado ainda faz parte do nosso tempo presente. Mas ele conseguiu ir além: conquistou o seu lugar no futuro, dentro da paisagem urbana da cidade histórica de Rio Pardo.


Foto: Lisete Göller - 2014


Foto: Lisete Göller - 2014


O sobrado ainda em reforma - 2018 – Foto: André Hammann


Detalhe construtivo da fachada do sobrado (creio chamar-se sapata) – 2018 – Foto: André Hammann


FINAL DA 4ª PARTE  (à espera de um Epílogo)





sábado, 1 de novembro de 2014

Memórias de Estudante III - Os Idiomas


O FRANCÊS


O gosto pela língua francesa é uma coisa bem antiga. No meu tempo, ensinavam o francês no Colégio Sévigné. Não sei se ainda continuam a ensinar este idioma. Na época em que fazia o curso de Geografia na PUC, no ano de 1978, matriculei-me na Aliança Francesa, cuja antiga sede era na Rua João Manoel, quase esquina com a Rua dos Andradas em Porto Alegre. Naquela época vigia o método “De Vive Voix”, que não me agradou nem um pouco, pois para mim era importante apreender ao mesmo tempo a pronúncia, o significado e a escrita, diversamente do que nele acontecia.

Anos mais tarde, voltei à Aliança Francesa, lá estudando entre os anos de 1994 a 1999. Faltavam apenas dois semestres para completar o curso básico de quatro anos, que coincidiram com uma época de turbulências na minha vida. O último semestre foi muito triste em termos de escola. Houve a venda da sede da Aliança para a escola de inglês Yazigi, a qual procedeu às reformas que se acharam necessárias, derrubando até mesmo paredes, paredes estas que foram as nossas salas de aula... As últimas aulas e o exame foram feitos no último andar, que ainda estava intacto. Neste mesmo andar, a Aliança continuou funcionando por mais algum tempo, mas as turmas de francês passaram a existir de uma maneira mais restrita, isto é, nem todos os níveis eram oferecidos a cada semestre. Aquele era o “nosso espaço” que estava deixando de existir. Vão ficar as saudades do Bar da Aliança, tão aconchegante e com acesso a um pequeno terraço, das aulas aos sábados, quando ali nos reuníamos para conversar e lanchar descontraidamente... 

Depois de um longo afastamento, voltei a estudar no Instituto Roche no ano de 2004, desta vez a partir do começo do curso. Foi neste período em que viajei pela primeira vez à França, seguindo um roteiro chamado Tour de France VI, que contou com a presença do Professor de Francês e Historiador Alexandre Aimé Ernest Roche. Aproveito este post para fazer uma homenagem póstuma ao eminente Mestre, embora não tenha sido sua aluna de francês diretamente. Ele faleceu, após uma longa jornada de vida riquíssima, na data de 21/12/2011.


Com o Prof. Alexandre Roche - Honfleur, Normandia, França, 2005

Nova parada. Os estudos de francês só retornaram a partir do ano de 2008, na nova sede da Aliança Francesa, de forma alternada com as aulas de alemão e de italiano, e até mesmo de inglês. Cheguei ao nível intermediário, entrando na nova nomenclatura de ensino europeia, que acabou ocasionando um descompasso, por motivos que deixo de referir, mas que me fizeram deixar para trás a Aliança Francesa, talvez para sempre... Quem sabe algum dia volte a estudar esta língua que me acompanhou desde os bancos de escola, e que é tão bonita e sonora... 


Uma das turmas da Aliança Francesa - Porto Alegre RS, 17/12/2011