Fonte: Artigo do Wikipedia na língua espanhola, sugerido por Jorgelina Fischer – Argentina
(tradução livre do espanhol por Lisete Göller)
O estudo etimológico de sobrenomes alemães começou no final da Idade Média. A maioria dos sobrenomes alemães foi gerada a partir de apelidos. Estes são classificados em quatro grupos, com base na origem do apelido: um ou mais prenomes, designações de ofício, atributos físicos e referências geográficas (incluindo as referências ao nome de uma edificação). Além disso, muitos sobrenomes descrevem uma característica específica, que corresponde à área de onde eles se originaram dentro do seu dialeto.
Muitas vezes os nomes se tornaram sobrenomes, quando algumas pessoas foram identificadas através do nome de seu pai, ou seja, com um patronímico. Por exemplo, o nome Ahrend tornou-se, ao longo do tempo, Ahrends, adicionando ao final -s, no caso do genitivo alemão (no alemão a frase Ahrends Sohn equivalente no português a "filho de Ahrend"). Exemplos de sobrenomes: Ahrends, Burkhard, Wulff, Friedrich e Benz. Uma vez que muitos dos primeiros registros urbanos foram escritos em latim, era frequente o uso do plural -i do genitivo como, por exemplo, Jakobi ou Alberti, ou escrito com Y em Mendelssohn Bartholdy.
A designação de ofícios é a forma mais comum na formação dos sobrenomes. Qualquer pessoa com uma ocupação incomum acabaria sendo identificado com ele. Exemplos: Schmidt (ferreiro), Müller (moleiro), Meier (administrador de uma granja, relacionado com Mayer ou Meyer), Schulze (prefeito), Fischer (pescador), Schneider (alfaiate), Maurer (pedreiro), Bauer (agricultor), Metzger ou Fleischer (açougueiro), Töpfer ou Toepfer (oleiro).
Os nomes de características físicas foram adotados como sobrenomes em casos como Kraus (cabelo encaracolado), Schwarzkopf (cabeça preta), Klein (pequeno), Gross (grande).
As denominações geográficas foram derivadas desses sobrenomes gentílicos, como Kissinger (de Kissingen), Schwarzenegger (de Schwarzenegg), Busch (bosque), Bayer (Bavária, Bayern no alemão). Böhm indica que a família vem da região tcheca da Bohemia.
Um caso particular é o de sobrenomes derivados de nomes de lugares ou construções. Antes de se nomear e dar numeração às ruas, e até muito mais tarde, muitas edificações importantes possuíam nomes, tais como pousadas, fábricas e fazendas. Elas eram geralmente conhecidas pelas pessoas que nelas viviam; os moradores recebiam os seus nomes através do nome da edificação ou da área em que habitavam. Podia ser combinado com uma profissão: Rosenbauer (fazendeiro de rosas, em uma fazenda chamada 'rosa'); Kindlmüller (criança do moleiro, um moinho chamado 'a criança do Natal’, ‘filho pródigo’ ou ‘filho ou criança do rei’). Também se usava o nome diretamente: Bär (Urso); Engels (de Engel, anjo).
A imigração, muitas vezes incentivada pelas autoridades locais, também trouxe sobrenomes estrangeiros para as regiões de língua alemã. De acordo com a história regional, as condições geográficas e econômicas predominantes em diferentes épocas, muitos sobrenomes têm uma origem francesa, holandesa, italiana, húngara ou eslava (por exemplo, polaco). Às vezes, eles têm sobrevivido em sua forma original, com outra ortografia, que foi adaptada para o alemão (a terminação eslava -ic se tornou -itz ou -itsch no alemão, e se pronuncia "ich"). Com o passar do tempo, a ortografia tem sido frequentemente alterada para refletir a pronúncia real em alemão (Sloothaak, holandês Sloothaag). No entanto, em alguns casos, como os huguenotes franceses que emigraram para a Prússia, a grafia de seu sobrenome foi preservada, mas com a pronúncia natural de nativos alemães: Marquard marca a pronuncia em francês, mas em seguida passou a se pronunciar Markuart, como se fosse um sobrenome alemão.
A preposição von (“de”) foi usada para distinguir a nobreza. Por exemplo, se alguém foi Barão da cidade de Veltheim, sua família será von Veltheim. Nos tempos modernos, as pessoas pertencentes à nobreza acrescentam "von" ao seu nome. Por exemplo, para Johann Wolfgang Goethe, seu nome seria Johann Wolfgang von Goethe. Esta prática terminou com a abolição da nobreza, na Alemanha e na Áustria, em 1919. Em algumas áreas da Suíça, von é usado em nomes geográficos e não nobres, por exemplo, von Däniken (a cidade de Däniken). O mesmo acontece nos Países Baixos e em Flandres, onde se fala flamengo (uma língua muito semelhante ao alemão), onde este sobrenome era muito comum. Muitos nomes de cidades acabaram resultando em sobrenomes flamengos (Van Gogh, Van Keulen, Van Gulik, Van Bon, etc.).
Os judeus de língua alemã não adotaram sobrenomes até os séculos XVIII e XIX. Alguns eles mesmos podiam escolher, criando sobrenomes com dois nomes que soassem bem. Exemplos: Goldblum (flor de ouro), Rosenthal (Vale das Rosas), Rothschild (escudo vermelho), Schwarzschild (revestimento preto), Silberschatz (tesouro de prata), Stein (pedra). Em outros casos, a administração atribuía os sobrenomes aos funcionários, o que, por vezes, resultava numa situação humilhante. Alguns nomes tradicionais alemãs foram adotados para evitar chamar a atenção, como Meyer ou Löwe, o que poderia se referir tanto à palavra alemã ‘Löwe’ (leão) ou à tribo judaica de Leví. A terminação alemã -mann deve ser distinguida de –man, sufixo judeu, mas, obviamente, isto não pode ser generalizado.
Quanto aos sobrenomes originariamente locais, são numerosos os que apresentam características de dialetos locais, como no caso das terminações atuais dos diminutivos no sul da Alemanha, Áustria e Suíça como -l, -el, -erl, -le ou -li, como Kleibl, Schäuble ou Nägeli (de 'Nagel', prego).
Muitos nomes de famílias não têm uma conexão óbvia com uma comunidade, ocupação ou estilo de vida. Um deles é Geier, que se refere a um pássaro, uma cidade ou uma história oral de origem camponesa que se refere a um mito: o de que os bebês humanos foram roubados de uma aldeia por pássaros gigantes, e que foram devolvidos os seus cativos, depois que os aldeões atacaram e destruíram os seus ninhos.