No ano de 1865 foram organizados dois corpos da Guarda Nacional, compostos por moradores de Santana do Rio dos Sinos e de São Leopoldo.
O 11º Corpo Provisório de Cavalaria da Guarda Nacional de Santana do Rio dos Sinos (atualmente Capela de Santana RS) partiu para o Paraguai em 12/12/1865, a bordo do navio Galgo e era constituído de seis companhias de 18 a 20 homens, com um oficial para cada 5 homens.
O 12º Corpo Provisório de Cavalaria de São Leopoldo, no qual estava Carlos Welter, embarcou para Rio Pardo em 14/10/1865, transitando por Santa Maria e atingindo São Borja em 08/03/1865. O Corpo atravessou o rio Uruguai a nado, permanecendo por alguns dias em São Tomé. Depois, marchou por terra até Corrientes, na Argentina, daí sendo transportado por via fluvial até o Passo da Pátria. (MOREIRA BENTO, 1976, p. 138)
Estes dois corpos foram reorganizados e passaram a constituir em 18/07/1866 o 1º Corpo de Caçadores a Cavalo, que participou de quase todos os combates, desde a tomada do forte de Curuzu em 03/09/1866, até o último em Cerro Corá em 01/03/1870, ao final da Guerra do Paraguai. (BECKER, 1968, p. 77 a p.79 e MOREIRA BENTO, 1976, p. 138). No ano de 1866, esta brigada passou a fazer parte do 2º Corpo do Exército, sob o comando do Conde de Porto Alegre. (BECKER, 1968, p. 152).
Nota1: o 2º Corpo de Caçadores a Cavalo, que também participou da Batalha de Curupaiti, além de outras, era composto de alemães e descendentes de Pelotas. (BECKER, 1968, p. 80)
A BATALHA DE CURUZU
A Batalha de Curuzu ocorreu alguns dias antes da Batalha de Curupaiti:
Enquanto o 1º Corpo de Exército ficou acampado em Tuiuti, o 2º Corpo de Exército, ao qual pertencia o 12º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional de São Leopoldo, sob o comando do General Manuel Marques de Souza (Barão de Porto Alegre) foi transportado pela esquadra brasileira o rio Paraguai acima, desembarcando nas proximidades do forte de Curuzu, que tinha sido tomado a 3 de setembro de 1866. Nessa operação, o Barão de Porto Alegre colocou a cavalaria de Guardas Nacionais de São Leopoldo, que formava o grosso do 1º Corpo de Caçadores a Cavalo, na ponta do ataque, onde se comportou de modo excelente. (BECKER, 1968, p. 76)
A BATALHA DE CURUPAITI
O começo desta batalha ocorreu no dia 22/09/1866, quando o Exército da Tríplice Aliança atacou a fortaleza paraguaia de Curupaiti, sendo este derrotada de forma avassaladora pelos paraguaios. Escreveu Becker:
Como soe acontecer em todas as guerras, as vitórias não são consecutivas. Também surgem os reveses, e tal ocorreu na Batalha malograda de Curupaiti. Segundo Carlos Von Koseritz, esse revés deve-se ao comando infeliz do Barão de Porto Alegre. Naquela batalha, aliás, o referido militar colocou os alemães e descendentes novamente na ponta do ataque, de maneira que dessa vez o corpo de São Leopoldo, tal qual todos os demais corpos que participaram dessa operação malograda, sofreu pesadas baixas. Repelidos pelos paraguaios, aquelas forças brasileiras tiveram de recuar até a altura do forte de Curuzu, onde permaneceram por quase um ano, sofrendo constantes baixas por força de epidemias, principalmente pelo cólera morbus. (BECKER, 1968, p. 76)
Foram consideráveis as baixas sofridas pelo 2º Corpo do Exército na malograda Batalha de Curupaiti e, consequentemente, também as do 1º Corpo de Caçadores a Cavalo, que foi elogiado em várias ordens do dia. Da turma de São Leopoldo e arredores faleceram em combate os Sargentos Jacob Schilling, Carlos Hartz e o soldado Jakob Timm. Na relação dos feridos encontramos os seguintes nomes: Eduard Lamp, Jacob Calsing, Mathias Dilly, Peter Tatsch, Jakob Docknorn, Peter Rübenich (que posteriormente faleceu num hospital), 2º Sargento Karl Welter, Johann Innoque (?), Carl Innoque (?), Heinrich Petry, Emanuel Blatt, 2º Sargento Peter Schmiedinger, Jakob Maurer, Quartel-mestre Karl Schnell, Peter Quelien (?), 1º Tenente Andreas Ries, Sargento Brodt, Josef Eugen Diehl (2º Sargento), Wilhelm Ciltener (= Kiltner), Sargento Josef Sauer, Mathias Henz, Heinrich Efbareveul (= Ohlweiler), Peter Fritscher (= Fritsch), Martin Schuck (= Schuh), Johann e Peter Velter (= Welter), Christian Chaver (=Schäfer), Georg Clock (ou Kluck?), Jakob Cornelho (=? Cornelius), Herbeider (=?Heinrich, Horbach ou Horbater) e Jakob Creceder (= Kressler) de Dois Imãos, falecido mais tarde em consequência dos ferimentos recebidos na Batalha de Curupaiti. Como se vê da relação acima, os nomes alemães estão com uma grafia bastante deturpada e nem sempre é fácil descobrir a grafia certa, já que na língua alemã não existem regras ortográficas para os nomes próprios. (BECKER, 1968, p. 78 e p. 79)
Depois de seis anos de guerra, Caxias foi chamado para liderar o Exército brasileiro, o qual reorganizou as tropas e venceu as últimas batalhas, até chegar à Capital Assunção no ano de 1869. A última batalha foi liderada pelo Conde D’Eu. No ano de 1870, a guerra chega ao seu final, quando foi morto Francisco Solano Lopez na Batalha de Cerro Corá.
Dos remanescentes dos nove corpos rio-grandenses que lutaram na Guerra do Paraguai, ou seja, 10% dos que haviam inicialmente partido, foi formado o 39º Batalhão de Voluntários da Pátria, que era composto por cerca de 400 homens, dos quais mais ou menos um terço era de origem alemã, sendo recebidos entusiasticamente em Porto Alegre ao meio-dia de 28/04/1870. Os militares esperavam ansiosamente a oportunidade de pedirem a baixa do serviço militar, para se unirem aos seus familiares, mas tiveram que esperar até o dia 6 de junho, até que viesse a papelada que ainda estava no Paraguai, sendo assim possível proceder ao cálculo de seus respectivos soldos.
DESERÇÃO
O ofício do Tenente-Coronel Antonio José da Rocha Junior, Comandante do 12º Corpo de Cavalaria de Guardas Nacionais, datado de 19/02/1866, o qual foi expedido do “Acampamento em marcha no Paço do Umbú”, contém a relação de 104 nomes dos Praças deste Corpo, que desertaram desde 02/07/1865 até 31/01/1866. Nela encontramos o nome de Jacob Mossmann (*08/02/1848 Lomba Grande, Novo Hamburgo RS/+Santa Cristina do Pinhal RS), com 18 anos de idade, filho de Johann Mathias Mossmann e Clara Diehl. A deserção seguramente possibilitou ao jovem Jacob obter posteriormente uma numerosa descendência. O documento se encontra no Arquivo Histórico do Estado do Rio Grande do Sul. (BECKER, 1968, p. 179)
BIBLIOGRAFIA
PETRY, Leopoldo. São Leopoldo. São Leopoldo RS: Editora Rotermund, 1964.
BECKER, Klaus. Alemães e Descendentes – do Rio Grande do Sul – na Guerra do Paraguai. Canoas RS: Editora Hilgert & Filhos Ltda., 1968.
MOREIRA BENTO, Cláudio. Estrangeiros e Descendentes na História Militar do Rio Grande do Sul – 1635 a 1870. Porto Alegre RS: Editora A Nação e Instituto Estadual do Livro, 1976.
DONATO, Hernâni. Dicionário das Batalhas Brasileiras. São Paulo SP: Ibrasa, 1996.