NICOLA ABARNO
Nicola Maria Abarno ou Nicola Abarno, meu bisavô, nasceu em 19/02/1842 na cidade de San Fele, Província de Potenza, situada na região da Basilicata, ao sul da Itália. Foi batizado em 20/02/1842 na Igreja Católica de San Fele. Era filho de Francesco Abarno e de Angela Maria Crisonino (Vide Família Abarno II). Nicola teve 12 filhos decorrentes de três uniões, sendo que, com a quarta esposa, não teve filhos.
Assinatura de Nicola Abarno |
A PROFISSÃO
Constou no registro de casamento de Nicola Abarno que este exercia a profissão de Comerciante. Pelos registros de nascimento de seus primeiros filhos, até o ano de 1874, ele exerceu a profissão de Ferreiro (Fabbro Ferraio). No ano de 1877, aparece como Proprietário no registro do filho Francescantonio Abarno.
O CASAMENTO COM ANGELA MARIA DE VICO (1ª ESPOSA)
Nicola Abarno casou-se aos 23 anos, em primeiras núpcias, com Angela Maria De Vico (*19/07/1847 San Fele, Província de Potenza, Itália/+04/03/1897 Quarai RS, Brasil), com 18 anos, filha de Nicola De Vico e Mariantonia Liccione, na data de 02/11/1865, na cidade de San Fele. O casal teve 5 cinco filhos. Angela Maria teve uma irmã chamada Maria Nicola De Vico, que se casou com Francesco Liccione, filho de Sebastiano Liccione e Maria Giuseppe Navarra, na data de 05/06/1867 na cidade de Melfi, onde o noivo e a família deste residiam. Este fato liga a família materna Liccione de Angela Maria à cidade de Melfi.
Registro de casamento de Nicola Abarno e Angela Maria De Vico em San Fele |
Vico - Brasão (Itália) |
Família: Vico; Cidades: Genova (Liguria) e Catania (Sicilia); Descrição: albero di quercia accollata da una vite entrambi nodriti su terrazzo di verde uscente dalla punta tutto al naturale su azzurro - leone rampante verso il tronco a destra di oro posto sul terrazzo su azzurro.
Cognome Vico: sembra avere un nucleo importante tra torinese cuneese e savonese, uno nell’anconetano ed uno nel consentino, dovrebbero derivare dai tanti tiponimi contenenti la radice Vico (villagio) o anche dal nome medioevale Vicus derivato dall’aferesi di nome Ludovicus o Ollovicus. Personaggio famoso è stato il filosofo e storico napoletano Gian Battista Vico (1688-1744). Fonte: Cognomix.it
Cognome Vico: sembra avere un nucleo importante tra torinese cuneese e savonese, uno nell’anconetano ed uno nel consentino, dovrebbero derivare dai tanti tiponimi contenenti la radice Vico (villagio) o anche dal nome medioevale Vicus derivato dall’aferesi di nome Ludovicus o Ollovicus. Personaggio famoso è stato il filosofo e storico napoletano Gian Battista Vico (1688-1744). Fonte: Cognomix.it
OS FILHOS DO PRIMEIRO CASAMENTO
I-Angela Maria Abarno I (*06/09/1866 San Fele, Província de Potenza, Itália/+19/01/1872 San Fele, Província de Potenza, Itália);
II-Mariantonia Abarno I (*26/01/1869 San Fele, Província de Potenza, Itália/+17/07/1870 San Fele, Província de Potenza, Itália);
III-Mariantonia Abarno II (*03/11/1871 San Fele, Itália/+1931 Artigas, Uruguai), que na América adotou o nome de Maria Antonia, casou-se com Leone Di Bendetto (*11/07/1845 Saracena, Provincia de Consenza, Itália/+05/03/1928 Quaraí RS), filho de Innocenzio Di Benedetto e Maria Gagliardi, em 03/10/1888, na cidade de Salto, Uruguai.
I-Angela Maria Abarno I (*06/09/1866 San Fele, Província de Potenza, Itália/+19/01/1872 San Fele, Província de Potenza, Itália);
II-Mariantonia Abarno I (*26/01/1869 San Fele, Província de Potenza, Itália/+17/07/1870 San Fele, Província de Potenza, Itália);
III-Mariantonia Abarno II (*03/11/1871 San Fele, Itália/+1931 Artigas, Uruguai), que na América adotou o nome de Maria Antonia, casou-se com Leone Di Bendetto (*11/07/1845 Saracena, Provincia de Consenza, Itália/+05/03/1928 Quaraí RS), filho de Innocenzio Di Benedetto e Maria Gagliardi, em 03/10/1888, na cidade de Salto, Uruguai.
O registro de nascimento de Mariantonia Abarno em San Fele |
Maria Antonia partiu de San Fele, na Itália, com a mãe Angela Maria, o irmão Francescantonio e o avô Francesco, no mês de fevereiro de 1887, tendo chegado a Buenos Aires na data de 01/05/1887. Após a chegada, estes foram residir com o seu tio Vitor Abarno em Salto, Uruguai. Foi nesta época que conheceu Leone Di Bendetto, que era Comerciante em Quarai, no Rio Grande do Sul, sendo amigo de seu tio de longa data, pois Vitor residiu e trabalhou nesta cidade durante vários anos. Maria Antonia casou-se com Leone na data de 03/10/1888, na casa de Vitor, na cidade de Salto. O casal foi morar em Quaraí e, mais tarde, na cidade de Artigas, Uruguai.
Leone Di Benedetto, conhecido vulgarmente como Francisco Miranda, nasceu na data de 15/09/1853, em Saracena, na Província de Cosenza, Itália, filho de Innocenzio Di Benedetto, falecido, e de Maria Gagliardi, esta residente na Itália em 1888, ano do casamento do filho. Quando Leone aportou no Uruguai vindo da Itália, começou a trabalhar como Jornaleiro (Diarista), numa das turmas da estrada de ferro, sendo apelidado pelos colegas por ‘Miranda’, em virtude da amizade com o seu companheiro de casa chamado Miranda, com quem Leone morou por muitos anos. Este adotou o distintivo de ‘Francisco’, que se popularizou entre os trabalhadores, já que Leone desempenhava as funções de Barbeiro aos domingos, fazendo a barba dos companheiros, os quais o convenceram de que não poderia usar o nome de uma ‘fera’, ou seja, Leone ou Leão, naquele ofício. Assim sendo, ficou conhecido como ‘Francisco Miranda’, até mesmo quando passou a trabalhar como Comerciante Ambulante, resolvendo adotá-lo em definitivo.
Leone Di Benedetto estabeleceu uma casa comercial na cidade de Quarai desde o ano de 1875, tendo conhecido Maria Antonia Abarno, a filha de Nicola Abarno, no ano de 1887 (ano da chegada de Maria Antonia com a mãe, irmão e avô à América), quando esta tinha 16 anos de idade. O casamento foi realizado em 03/10/1888, na Calle Guaviyú, na cidade de Salto, Uruguai, onde a noiva residia com o seu tio Vitor Abarno. Leone tinha 43 anos de idade (conforme seu resgistro de nascimento na Itália), e se dizia possuidor de uma modesta fortuna, provedor dos meios necessários até mesmo para preparar o enxoval de sua noiva, já que Nicola Abarno não contribuiu com nada para o casamento da filha.
Segundo a certidão de casamento, Maria Antonia (constou erroneamente 18 de agosto de 1872 como sendo a data de seu nascimento) vivia com seu tio Vitor Abarno, na Calle Guaviyú, na cidade de Salto, Uruguai. O pai Nicola residia em Alegrete (nesta época ele já havia constituído outra família). A mãe Angela Maria também seria domiciliada em Alegrete. O avô paterno, Francisco Abarno, é referido como o pai adotivo, presente ao ato de casamento, prestando este o seu consentimento. A avó, Angela Maria Crisonina, era falecida. O casamento religioso ocorreu após o ato civil (Juzgado de Paz de la Primera Seccion Judicial del Departamento del Salto, Extracto del Registro de actas del Estado Civil, N. 3419). Obs.: o sobrenome Benedetto é escrito de diversas formas nos registros dos descendentes. Nesta postagem, foi adotada a forma Di Benedetto, pois é a que consta no registro de nascimento de Leone na Itália.
Leone Di Benedetto, conhecido vulgarmente como Francisco Miranda, nasceu na data de 15/09/1853, em Saracena, na Província de Cosenza, Itália, filho de Innocenzio Di Benedetto, falecido, e de Maria Gagliardi, esta residente na Itália em 1888, ano do casamento do filho. Quando Leone aportou no Uruguai vindo da Itália, começou a trabalhar como Jornaleiro (Diarista), numa das turmas da estrada de ferro, sendo apelidado pelos colegas por ‘Miranda’, em virtude da amizade com o seu companheiro de casa chamado Miranda, com quem Leone morou por muitos anos. Este adotou o distintivo de ‘Francisco’, que se popularizou entre os trabalhadores, já que Leone desempenhava as funções de Barbeiro aos domingos, fazendo a barba dos companheiros, os quais o convenceram de que não poderia usar o nome de uma ‘fera’, ou seja, Leone ou Leão, naquele ofício. Assim sendo, ficou conhecido como ‘Francisco Miranda’, até mesmo quando passou a trabalhar como Comerciante Ambulante, resolvendo adotá-lo em definitivo.
Leone Di Benedetto estabeleceu uma casa comercial na cidade de Quarai desde o ano de 1875, tendo conhecido Maria Antonia Abarno, a filha de Nicola Abarno, no ano de 1887 (ano da chegada de Maria Antonia com a mãe, irmão e avô à América), quando esta tinha 16 anos de idade. O casamento foi realizado em 03/10/1888, na Calle Guaviyú, na cidade de Salto, Uruguai, onde a noiva residia com o seu tio Vitor Abarno. Leone tinha 43 anos de idade (conforme seu resgistro de nascimento na Itália), e se dizia possuidor de uma modesta fortuna, provedor dos meios necessários até mesmo para preparar o enxoval de sua noiva, já que Nicola Abarno não contribuiu com nada para o casamento da filha.
Segundo a certidão de casamento, Maria Antonia (constou erroneamente 18 de agosto de 1872 como sendo a data de seu nascimento) vivia com seu tio Vitor Abarno, na Calle Guaviyú, na cidade de Salto, Uruguai. O pai Nicola residia em Alegrete (nesta época ele já havia constituído outra família). A mãe Angela Maria também seria domiciliada em Alegrete. O avô paterno, Francisco Abarno, é referido como o pai adotivo, presente ao ato de casamento, prestando este o seu consentimento. A avó, Angela Maria Crisonina, era falecida. O casamento religioso ocorreu após o ato civil (Juzgado de Paz de la Primera Seccion Judicial del Departamento del Salto, Extracto del Registro de actas del Estado Civil, N. 3419). Obs.: o sobrenome Benedetto é escrito de diversas formas nos registros dos descendentes. Nesta postagem, foi adotada a forma Di Benedetto, pois é a que consta no registro de nascimento de Leone na Itália.
O casal teve 13 filhos:
III-1-Innocencio di Benedetto (Chipollino) (*07/01/1889 Quaraí RS/+14/05/1949 Santana do Livramento RS), sapateiro, casou-se, em primeiras núpcias, com Agripina Leites de Moraes (*1889/1890 Uruguai/+Uruguai), filha de Pedro Alcântara Leites de Moraes e Maria Idalina de Los Santos, por volta de 1918, em Artigas, Uruguai, tendo as gêmeas Ines Di Benedetto e NN Di Benedetto, esta natimorta. Possivelmente tenham tido, ainda, um filho chamado Victor, que se tornou farmacêutico e residia em Montevidéu, Uruguai; Innocencio casou-se, em segundas núpcias, com Honorina Gonçalves Dutra (*05/01/1895 Santana do Livramento RS/+05/12/1955 Santana do Livramento RS), filha de Candido Dutra e Clementina Gonçalves, por volta de 1928, em Santana do Livramento, com quem teve as gêmeas Eni e Eloah e o filho Ely. Por erro do cartório e confusão do pai Leone, o sobrenome ficou sendo Chipollino, cuja origem vem da bisavó paterna, que acabou se perpentuando como sobrenome dos descendentes;
III-2-Maria Di Benedetto (*11/01/1890 Quaraí RS/+06/01/1971 Artigas, Uruguai), casada com Pedro Telmo Vellozas de Moura (*14/04/1885 Artigas, Uruguai/+09/06/1945 Artigas, Uruguai), filho de Eladio Vellozas San Pelayo e Lydia de Moura, na data de 24/10/1914, em Artigas, Uruguai, tendo o casal tido 2 filhos: Juan Carlos Vellozas (*11/09/1920 Alegrete RS/+02/01/1984 Montevidéu, Uruguai), casado com Nelida Renne Pereira Reverbel de Vellozas e Blanca Helena Vellozas (*26/07/1924 Alegrete RS/+Uruguai);
III-3-Vicente Di Benedetto (*16/01/1892 Quaraí RS/+01/02/1970 Alegrete RS), casado com Alice da Silveira Scheufler (*10/09/1908 Alegrete RS/+07/06/1992 Porto Alegre RS), filha de Hugo Scheufler e Carlota da Silveira, na data de 07/03/1931, em Alegrete RS. Tiveram 4 filhos: Maria Antonia, Gaspar, Lira e Zuleika. Vicente foi Comerciante em Alegrete e em Quaraí RS;
III-4-Caettano Di Benedetto (*04/05/1893 Quaraí RS/+17/04/1971 Porto Alegre RS - local de sepultamento), casado com Dalmira Brittes (*23/02/1892 Alegrete RS/+19/03/1966 Alegrete RS), filha de Salustiano Brites e Amélia Borges, na data de 08/05/1915 Alegrete RS, tendo o casal 8 filhos: Fausto Brites Di Benedetto (*07/12/1916 Alegrete RS/+01/12/1985 Alegrete RS), casado em primeiras núpcias com Dinorá Ricciardi dos Santos e, em segundas núpcias, com Alzira Barbosa; José Antônio Brites Di Benedetto (*02/04/1919 Alegrete RS/+18/05/1992 Santana do Livramento RS) casado em primeiras núpcias com Lourdes da Rosa Fernandes e, em segundas núpcias, com Eloá Magalhães Pinto; Amélia Brites Di Benedetto (*22/10/1921 Alegrete RS); Conceição Brites Di Benedetto (*08/06/1925 Alegrete RS/+29/03/1982 Porto Alegre RS), que foi casada com Ruy Basso (*15/01/1914 Porto Alegre RS/+28/10/1988 Porto Alegre RS); Antonio Brites Di Benedetto (*18/02/1927 Alegrete RS); Salustiano Brites Di Benedetto (*18/02/1927 Alegrete RS/+25/10/1951 Porto Alegre RS); Leão Brites Di Benedetto (*25/02/1929 Alegrete RS/+07/07/2005 Canoas RS), casado em primeiras núpcias com Alba (*07/07/1927 Uruguaiana RS/+04/10/1984 Canoas RS), em segundas núpcias com Eva Sirlei Mendes e, em terceiras núpcias, com Genir Cazanato (*15/01/1953 Ibiraiaras RS); Vitor Brites Di Benedetto (*14/02/1932 Alegrete RS/+07/06/1953 Canoas RS). Caettano era Comerciante e Criador;
III-5-Sábas Di Benedetto (*05/12/1894 Artigas, Uruguai/+31/05/1968 Alegrete RS), casado com Emma Rodrigues de Freitas (*19/12/1899 Alegrete RS/+27/07/1992 Porto Alegre RS), filha de Jacinto de Freitas e Rita Lopes, na data de 01/06/1918, em Alegrete RS, não tendo o casal deixado filhos. Sábas Di Benedetto era Criador;
Sábas Di Benedetto, neto de Nicola Abarno |
III-6-Atanasio Di Benedetto (*11/01/1896 Artigas, Uruguai/+Antes 1928);
III-7-NN Di Benedetto (*21/01/1897 Artigas, Uruguai/+21/01/1897 Artigas, Uruguai), menina natimorta;
III-8-Antonio Di Benedetto (*01/01/1898 Artigas, Uruguai+Após 1971 Artigas, Uruguai) casou-se, em primeiras núpcias, com Joana Odete Rubim (*RS/+Artigas, Uruguai), tendo 4 filhos: Domingos Moacir, Nelson, José e Nelli; casou-se, em segundas núpcias, com uma uruguaia, tendo tido outros filhos;
III-9-Maria Magdalena Di Benedetto (*03/04/1899 Quaraí RS/+Após 1928), deficiente intelectual, conforme informação de familiares;
III-10-Nicola Di Benedetto (*24/07/1900 Quaraí RS/+12/05/1903 Quaraí RS), aos 3 anos de idade, às 10 h da manhã, quando brincava na cozinha de sua casa, não se sabe como, teve as vestes pegado fogo. Saiu aos gritos da cozinha, tendo o pai lhe acudido, acabando por queimar as próprias mãos. Benedetto veio a falecer neste mesmo dia, às 5 horas da tarde. Foi noticiado o fato pelo Jornal Fronteira de Quaraí. Fonte: Jornal A Federação, Edição nº 119, Ano 1903;
III-11-Angela Maria Di Benedetto (*21/09/1901 Quaraí RS) casou-se com Ramón Alvarez Rivero (*03/02/1889 Tamanduá, Artigas, Uruguai), filho de Nicolás Alvarez e Ana Rivero, em 16/06/1923, Artigas, Uruguai, tendo pelo menos 4 filhos: Maria, Saul Fernando, Esther e Ismael;
III-12-Carmano (Carmelo) Di Benedetto (*06/04/1904 Alegrete RS/+01/09/1910 Artigas, Uruguai);
III-13-Victor Di Benedetto (*31/08/1908 Alegrete RS), casado com Luiza Domingues Ruiz (*25/05/1910 Quaraí RS), filha de Luiz Domingues Ruiz e Porphiria de Los Santos, em 18/05/1938 Artigas, Uruguai, tendo pelo menos 4 filhos: Maria Esther, Victor Leone, Ramón Ignacio e Miguel Angel. Victor Di Benedetto era Comerciante, tendo residido em Quaraí, Artigas e Montevidéu.
IV-Angela Maria Abarno II (*15/02/1874 San Fele, Província de Potenza, Itália/+06/08/1876 San Fele, Província de Potenza, Itália);
V-Francisco Antonio (Francescantonio) Abarno (*03/04/1877 San Fele, Província de Potenza, Itália/+17/09/1914 Artigas, Uruguai) casou-se com Honorina Withmann (*29/09/1888 Uruguaiana RS/+31/05/1976 Alegrete RS), filha de John Withmann e Clara de Souza, na data de 04/03/1905 na cidade de Artigas, Uruguai. Foi registrado no dia 04/04/1877 em San Fele. Era Comerciante.
Registro de nascimento de Francescantonio Abarno em San Fele |
Francescantonio adotou a grafia Francisco Antonio Abarno |
O casal teve cinco filhos:
V-1-Élbio Nicola Withmann Abarno (*20/03/1907 Artigas, Uruguai/+17/01/1925 Uruguaiana RS). Era Soldado do 5º Regimento de Cavalaria de Uruguaiana. Solteiro, faleceu de febre tifóide aos 17 anos de idade. Foi sepultado no Cemitério Público de Uruguaiana;
V-2-José Carlos Withmann Abarno (*08/08/1908 Artigas, Uruguai/+17/03/1909 Artigas, Uruguai);
V-3-Aída Ramona Withmann Abarno (*06/10/1910 Artigas, Uruguai/+06/04/1994 Alegrete RS). Casou-se com Pedro Calixto (*19/12/1894 Província de Monte Líbano, Líbano/+1968 Rivera, Uruguai), filho de Calixto Husenan e Emília Husenan, na data de 19/11/1950, em Alegrete RS. Pedro Calixto era viúvo de Emília Elsset (*1890 Província de Monte Líbano, Líbano/+21/05/1946 Alegrete RS), tendo com esta um único filho chamado Tuff Calixto. Aída Abarno foi morar com o esposo na cidade de Rivera, Uruguai. Esteve em Alegrete após a morte do filho da irmã Zoly Withmann (Mazeza), retornando após àquela cidade uruguaia. Não teve filhos. Faleceu por insuficiência cardíaca, sendo sepultada no Cemitério Municipal de Alegrete;
V-1-Élbio Nicola Withmann Abarno (*20/03/1907 Artigas, Uruguai/+17/01/1925 Uruguaiana RS). Era Soldado do 5º Regimento de Cavalaria de Uruguaiana. Solteiro, faleceu de febre tifóide aos 17 anos de idade. Foi sepultado no Cemitério Público de Uruguaiana;
V-2-José Carlos Withmann Abarno (*08/08/1908 Artigas, Uruguai/+17/03/1909 Artigas, Uruguai);
V-3-Aída Ramona Withmann Abarno (*06/10/1910 Artigas, Uruguai/+06/04/1994 Alegrete RS). Casou-se com Pedro Calixto (*19/12/1894 Província de Monte Líbano, Líbano/+1968 Rivera, Uruguai), filho de Calixto Husenan e Emília Husenan, na data de 19/11/1950, em Alegrete RS. Pedro Calixto era viúvo de Emília Elsset (*1890 Província de Monte Líbano, Líbano/+21/05/1946 Alegrete RS), tendo com esta um único filho chamado Tuff Calixto. Aída Abarno foi morar com o esposo na cidade de Rivera, Uruguai. Esteve em Alegrete após a morte do filho da irmã Zoly Withmann (Mazeza), retornando após àquela cidade uruguaia. Não teve filhos. Faleceu por insuficiência cardíaca, sendo sepultada no Cemitério Municipal de Alegrete;
V-4-Maria Angela Withmann Abarno (Marica) (*15/01/1912 Artigas, Uruguai/+28/05/1986 Alegrete RS) era solteira e não teve filhos. Aposentada, faleceu tendo como causa-mortis arteriosclerose e derrame cerebral. Foi sepultada no Cemitério Municipal de Alegrete;
V-5-Hector Domingos Abarno (*26/04/1914 Artigas, Uruguai/+29/06/1981 Alegrete RS) casou-se com Antonia da Silva (*03/01/1922 Alegrete RS/+26/11/1989 Alegrete RS), filha de Florêncio José da Silva e Rosa Muniz, na data de 22/04/1954, em Uruguaiana RS (casamento civil). Por volta de 1925, foi residir em Alegrete. Hector faleceu de infarto e AVC e Antonia de câncer de pâncreas. O casal foi sepultado no Cemitério Municipal de Alegrete. Foi o único descendente do primeiro casamento a prosseguir com o sobrenome Abarno. São filhos de Hector:
V-5-Hector Domingos Abarno (*26/04/1914 Artigas, Uruguai/+29/06/1981 Alegrete RS) casou-se com Antonia da Silva (*03/01/1922 Alegrete RS/+26/11/1989 Alegrete RS), filha de Florêncio José da Silva e Rosa Muniz, na data de 22/04/1954, em Uruguaiana RS (casamento civil). Por volta de 1925, foi residir em Alegrete. Hector faleceu de infarto e AVC e Antonia de câncer de pâncreas. O casal foi sepultado no Cemitério Municipal de Alegrete. Foi o único descendente do primeiro casamento a prosseguir com o sobrenome Abarno. São filhos de Hector:
V-5-1-Elbio da Silva Abarno (*13/11/1947 Alegrete RS/+01/03/2021 Brasília RS) casou-se com Sônia Maria Pacheco Furquim (*28/07/1953 Manoel Viana RS), na data de 10/09/1969, em Manoel Viana RS. Elbio era Sargento da Reserva do Exército, trabalhando na Diretoria de Civis, Inativos e Pensionistas do Exército. Residiu em Brasília e, após, no Cruzeiro Novo, Distrito Federal. Teve os filhos: Adriano, Luciana, Rogério, Andréia, Hector Domingos e Valéria;
Elbio e Sonia Abarno com os netos |
V-5-2-Vanda Rosinha da Silva Abarno (*04/09/1948 Uruguaiana RS/+06/03/2024 Florianópolis SC) casada com Edson Hélio Dutra Amorim (*03/10/1951 Alegrete RS), filho de Ary de Oliveira Amorim e Terezinha de Jesus Dutra de Mello, na data de 05/07/1973, em Alegrete RS, com quem teve duas filhas: Mirela e Milena. Residia em Florianópolis SC;
V-5-3-NN da Silva Abarno (*04/09/1949 Alegrete RS/+04/09/1949 Alegrete RS);
V-5-4-Jorge da Silva Abarno (*25/12/1951 Uruguaiana RS) casou-se com Roseli de David (*20/06/1957 Mata RS). Residiram em Alegrete e, após, mudaram-se para Porto Alegre RS. São seus filhos Rafael, Rômulo e Marcelo e os netos Gabriel e Antônia. Trabalhou no Banco do Brasil S. A.;
Jorge com os filhos e neto |
Filhos de Hector Domingos Abarno e Antonia da Silva (da esq. p/dir.): Jorge, Vanda Rosinha e Elbio |
Obs.: Zoly Withmann (Mazeza) (*1920/1921 Alegrete RS/+10/06/1976 Alegrete RS), meia-irmã dos filhos de Honorina e Francisco Antonio, solteira, aposentada, teve um único filho, Paulo Ubiratan Withmann (*21/02/1947 Alegrete RS/+30/04/1955 Alegrete RS), que faleceu em idade escolar, quando este subiu em um caminhão em movimento, caindo debaixo dele. Faleceu por insuficiência respiratória, pois era asmática, aos 55 anos de idade. Foi sepultada no Cemitério Municipal de Alegrete.
Zoly Withmann (Mazeza) |
A EMIGRAÇÃO DA ITÁLIA DE NICOLA ABARNO (Ver mais detalhes em Família Abarno I)
Na listagem de emigrantes da cidade de San Fele do ano de 1881 temos:
Nº 4 - Abarno Nicola di Francesco cgto Angela Maria de Vico fu Nicola, figli Maria Antonia 10, Francescantonio 4, C. da Verdesca.
Nicola Abarno, filho de Francesco Abarno, casado com Angela Maria de Vico (pai falecido Nicola de Vico), com os dois filhos sobreviventes (as outras três filhas faleceram na infância) Mariantonia e Francescantonio, residentes na Contrada da Verdesca.
Nicola partiu sem a mulher e os filhos, juntamente com o pai Francesco e o irmão Vitor. Os três devem ter desembarcado no porto de Buenos Aires, pois os emigrantes normalmente entravam na América do Sul através do porto da capital argentina. Os registros de chegada de passageiros imigrantes pesquisados através de entidades especializadas abrangeram os anos de 1882 a 1960. Não foi encontrado até o momento o registro de chegada de Nicola Abarno, seu pai Francesco e o irmão Vitor, por não ter sido encontrada a listagem de 1881. Quanto ao Uruguai, consultado o Archivo General de la Nación, situado em Montevidéu, este declarou que somente possui uma base de dados sobre imigrantes entre os anos de 1840 a 1870. Informou, ainda, que no período de 1880 a 1900, houve um incêndio que destruiu praticamente toda a documentação migratória deste período.
Segundo relato de Leone Di Benedetto, Nicola Abarno partiu para a América no ano de 1881 e, depois de residir no Uruguai, veio para o Rio Grande do Sul, onde exerceu a profissão de comerciante ambulante, fixando-se por último na cidade de Alegrete, na Rua Bento Manuel, esquina com a Rua Floriano Peixoto. Sua mulher e filhos ficaram esquecidos na Itália por muitos anos, contando estes apenas com o produto do trabalho de Angela Maria de Vico como meio de subsistência. Anos mais tarde, graças ao seu trabalho e ao auxílio de parentes, a família viajou para a América em 1887, a fim de procurar por aquele que os havia esquecido, e que já havia constituído uma família clandestina (Arquivo Público do RS, Ação de Sonegados, Nº 1921, Ano 1900, Alegrete, 24/08/1900).
Depois de chegarem à América, Nicola, o pai Francesco e o irmão Vitor foram para a cidade de Salto, Uruguai, onde a esposa deste último, grávida de Gavina Abarno, o esperava, ao lado da primeira filha, Angela Maria. Porém, Vitor possuía residência e negócios na cidade de Quarai no Rio Grande do Sul. Na certidão de nascimento da filha Gavina Abarno, cujo registro foi feito na data de 24/02/1882 pela sogra em Salto, Uruguai, esta afirma que o pai Vitor Abarno estava residindo na cidade de Quarai. Francesco e o filho Nicola acompanharam Vitor e sua família até esta cidade do Rio Grande do Sul, onde Nicola exerceu a profissão de comerciante ambulante. Em meados de 1882, Nicola radicou-se na cidade de Alegrete RS, estabelecendo a sua casa de negócios. Neste ano, Vitor foi residir definitivamente em Salto, na casa onde a falecida sogra morava. Francesco provavelmente tenha acompanhado o filho Vitor, mas retornou à Itália em 1886, ou no início de 1887, para trazer à América a nora e os netos, filhos de Nicola Abarno.
A EMIGRAÇÃO DE ANGELA MARIA DE VICO, FILHOS E O SOGRO FRANCESCO ABARNO (Ver mais detalhes em Família Abarno I)
Na listagem de emigrantes de 1887 temos:
Nº 1 - Abarno Francesco fu Carlo a. 71 Bue Air 10 Feb.
Francesco Abarno (filho do falecido Carlo Abarno), com destino a Buenos Aires, partida prevista em 10/02/1887.
Nº 52 - de Vico Angela Maria fu Nicola a. 38 con figli “Abarno Maria Nicola” a. 14, “Francesco” a. 10 Bue Air 8 Feb.
Angela Maria de Vico (filha do falecido Nicola De Vico), com os filhos (aqui há uma confusão, pois em lugar de Mariantonia é colocado o nome de Maria Nicola), com 14 anos e Francesco (Francescantonio) com 10 anos, com destino a Buenos Aires, com partida prevista em 08/02/1887. Obs.: na Itália, usa-se o sobrenome antes do nome, para designar uma pessoa.
Francesco, a nora e os netos partiram de San Fele para Buenos Aires no navio Umberto I. Este navio fazia um percurso primeiramente de Nápoles a Gênova, de onde partia para a América, detalhe obtido pela análise de um acidente que aconteceu durante este percurso em outubro de 1887. Os emigrantes partiam de trem de San Fele a Nápoles. Como a viagem durava 22 dias, a família Abarno deve ter partido de Gênova no final do mês de março de 1887. Após a chegada em Buenos Aires, na data de 01/05/1887, os Abarno foram residir na cidade de Salto, Uruguai.
Nota 1: as listagens de emigrantes foram obtidas no Site da Sociedade San Felese de New Jersey, EUA, a qual se baseou no livro do Professor Pietro Stia, nascido e residente em San Fele, intitulado “San Fele La Grande Emigrazione”, que trata dos impactos culturais e econômicos que a emigração causou à cidade na segunda metade do Século XIX, incluindo também listagens de emigrantes, as quais foram parcialmente utilizadas pela referida Sociedade.
Nota 2: os registros de passageiros imigrantes pesquisados através de entidades especializadas abrangeram os anos de 1882 a 1960. Não foi encontrado até o momento o registro de chegada de Nicola Abarno, por não ter sido divulgada ainda a listagem de 1881.
O FALECIMENTO DE ANGELA MARIA DE VICO ABARNO
Segundo a Certidão de Casamento da filha Maria Antonia Abarno Di Benedetto, realizado em 03/10/1888, na cidade de Salto, Uruguai, Angela Maria residiu na cidade de Alegrete, o que deve ter ocorrido por certo período. No registro do neto Atanásio Di Benedetto, na data de 11/01/1896, no Cartório de Artigas, Uruguai, está registrado que Angela Maria de Vico residia nesta cidade. No dia 11/03/1897, falecia Angela Maria, vítima de tifo abdominal, sendo sepultada na cidade de Quarai RS. Não deixou testamento. Segundo consta na fl. 8, verso, dos autos da Ação de Sonegados, movida por Maria Antonia Abarno Di Benedetto, Leone Di Benedetto e Francisco Antonio Abarno contra Nicola Abarno lê-se: ‘Certifico que revendo o livro de óbitos a cargo desta Intendência, no segundo livro, à página 29, consta o seguinte: Sepultou-se no Cemitério Público às 4 horas da tarde em cova número do terceiro quadro, primeira linha, falecida ontem às 3 horas da tarde, vítima de tifo abdominal, conforme o atestado do Doutor Manoel Marques da Silva Acauan, Angela Maria de Vigo (Vico), com setenta e nove anos de idade (teria na verdade 49 anos), natural do Reino da Itália. Foi sepultada com a autorização do Subintendente. E, para os fins convenientes, eu, Fiscal da Intendência, fiz este assento que assino. Quarai, 12/03/1897. João Baptista de Magalhães Farias. Quarai, 23/06/1900. O administrador do Cemitério. Arthur Fernandes da Luz’. Nicola no processo afirma que uma certidão passada pelo zelador do cemitério e extraída do registro de óbitos da Intendência de Quarai não tinha fé pública ou força jurídica (autos do processo). No mesmo processo, consta que Maria Antonia havia falecido em Quarai RS.
Nota da Pesquisadora: O Cartório de Registro Civil de Quarai foi instalado em 12/01/1889, sendo que os livros incluem óbitos ocorridos a partir de 05/01/1889. Existem os chamados Livros de Cemitério, ou Livros de Óbitos, que infelizmente só se tem notícia do Volume 4 (a partir de 1910), em diante. O registro referente à Angela Maria de Vico, conforme a certidão acima, encontra-se no Volume 2. Consultado o Cartório de Quarai, acerca do paradeiro dos livros anteriores, este não respondeu à indagação da pesquisadora, mas um funcionário do cemitério de Quaraí informou que os antigos livros desapareceram num incêndio. Os Livros de Óbitos do Cartório de Alegrete RS foram consultados e uma consulta ao Cartório de Artigas também foi feita, mas não foi encontrado o seu registro de óbito nestas cidades.
No inventário de Angela Maria (Arquivo Público do RS, Alegrete, Inventários, Cível e Crime, Nº 164, Maço 5, Estante 68, Ano 1897), sendo inventariante Nicola Abarno, consta que os bens inventariados foram: um prédio situado na Rua Mal. Floriano Peixoto, esquina com a Rua Bento Manoel, com duas portas e uma janela em cada frente, sem forro, estando sem assoalhos os cinco lances que a esta serviam, além de uma quadra de sesmaria de campo no 1º Distrito, sito no Jacaraí (talvez Jacaquá, hoje 3º Distrito de Alegrete). As despesas com o funeral de Angela em San Eugenio (Artigas) totalizaram 1 conto e 800 mil réis e foram deduzidos do montante. A filha Mariantonia e seu esposo foram representados por procuração, dado que residiam na cidade de Quarai, no mesmo Estado do RS, que pertencia naquela época à Comarca de Alegrete. O filho Francescantonio ou Francisco Antonio era solteiro, tendo 24 anos na época do inventário. Os dois filhos desistiram da herança em favor do pai Nicola. No inventário, não constava a certidão de óbito, e a data e local de sepultamento não estão corretos.
Na época do inventário, Artigas chamava-se San Eugenio ou San Eugenio Del Cuareim (em português São Eugênio do Quarai), que foi fundada em 12/09/1852 por Don Carlos Catalan. A sua posterior denominação, Artigas, foi dada em homenagem a José Gervasio Artigas, herói nacional do Uruguai. Já o Departamento de Artigas, na República Oriental do Uruguai, separou-se do Município de Alegrete em 12/10/1851.
Leone Di Benedetto, a esposa Maria Antonia Abarno e o cunhado Francisco Antonio Abarno propuseram no ano de 1900 uma ação contra Nicola Abarno, reivindicando os bens sonegados por ele por ocasião do inventário da sogra e mãe dos demais, Angela Maria de Vico. Nicola, no ano de 1897, propôs-lhes um ‘inventário amigável’, sendo que os herdeiros declaravam na ação terem sido ludibriados por ele, que alegava estado de pobreza, pedindo-lhes que desistissem da herança a seu favor. Além disso, negava na época a idade real do filho menor de 21 anos, dizendo que este já teria completado 24 anos de idade. Sendo este menor, não poderia desistir da herança, sem a intervenção de um curador, acusando-o de perjúrio. Afirmaram que Nicola ocultou a maior parte dos bens constantes no inventário, e que teria prestado informações inexatas, com a data e o local de falecimento de Angela Maria, as despesas médicas e com o funeral, as quais teriam sido pagas por Leone Di Benedetto, tendo Nicola efetuado apenas o reembolso de uma parte. No inventário, depois do cálculo, foi descontado o valor que Nicola havia pagado como ressarcimento a Leone Di Benedetto de parte das despesas médicas e de sepultamento, o valor de 1.800 réis, isto é, ele anulou o ressarcimento. Mas não foi aceito pelo Juízo, por não ter sido feita a comprovação. Teve que pagar as taxas e impostos também sobre este valor. Por seu turno, Nicola alegou que inventariou a casa e uma quadra de sesmaria de campo em Alegrete. As mercadorias da casa de negócio e outros valores não entraram no inventário, pois este alega que o passivo da casa de comércio era maior que o ativo. Consta no processo que era comerciante estabelecido desde 1895. Não reconheceu Leone Di Benedetto como genro, mas, sim, Francisco Miranda, um mascate de campanha e, depois, comerciante em Quarai. A testemunha João Paulo de Freitas Valle, empregado público, disse que em outubro ou novembro de 1888 estava em Salto, quando efetuou o casamento da filha de Nicola em casa do irmão Vitor, alfaiate, e que se tratava de Francisco Miranda e não Leone Benedetto (Arquivo Público do RS, Ação de Sonegados, Nº 1.921, Ano 1900, Alegrete, 24/08/1900).
Ver a continuação: Família Abarno 5ª Parte – Ancestrais e Descendentes – Nicola Abarno (2)
Na listagem de emigrantes da cidade de San Fele do ano de 1881 temos:
Nº 4 - Abarno Nicola di Francesco cgto Angela Maria de Vico fu Nicola, figli Maria Antonia 10, Francescantonio 4, C. da Verdesca.
Nicola Abarno, filho de Francesco Abarno, casado com Angela Maria de Vico (pai falecido Nicola de Vico), com os dois filhos sobreviventes (as outras três filhas faleceram na infância) Mariantonia e Francescantonio, residentes na Contrada da Verdesca.
Nicola partiu sem a mulher e os filhos, juntamente com o pai Francesco e o irmão Vitor. Os três devem ter desembarcado no porto de Buenos Aires, pois os emigrantes normalmente entravam na América do Sul através do porto da capital argentina. Os registros de chegada de passageiros imigrantes pesquisados através de entidades especializadas abrangeram os anos de 1882 a 1960. Não foi encontrado até o momento o registro de chegada de Nicola Abarno, seu pai Francesco e o irmão Vitor, por não ter sido encontrada a listagem de 1881. Quanto ao Uruguai, consultado o Archivo General de la Nación, situado em Montevidéu, este declarou que somente possui uma base de dados sobre imigrantes entre os anos de 1840 a 1870. Informou, ainda, que no período de 1880 a 1900, houve um incêndio que destruiu praticamente toda a documentação migratória deste período.
Segundo relato de Leone Di Benedetto, Nicola Abarno partiu para a América no ano de 1881 e, depois de residir no Uruguai, veio para o Rio Grande do Sul, onde exerceu a profissão de comerciante ambulante, fixando-se por último na cidade de Alegrete, na Rua Bento Manuel, esquina com a Rua Floriano Peixoto. Sua mulher e filhos ficaram esquecidos na Itália por muitos anos, contando estes apenas com o produto do trabalho de Angela Maria de Vico como meio de subsistência. Anos mais tarde, graças ao seu trabalho e ao auxílio de parentes, a família viajou para a América em 1887, a fim de procurar por aquele que os havia esquecido, e que já havia constituído uma família clandestina (Arquivo Público do RS, Ação de Sonegados, Nº 1921, Ano 1900, Alegrete, 24/08/1900).
Depois de chegarem à América, Nicola, o pai Francesco e o irmão Vitor foram para a cidade de Salto, Uruguai, onde a esposa deste último, grávida de Gavina Abarno, o esperava, ao lado da primeira filha, Angela Maria. Porém, Vitor possuía residência e negócios na cidade de Quarai no Rio Grande do Sul. Na certidão de nascimento da filha Gavina Abarno, cujo registro foi feito na data de 24/02/1882 pela sogra em Salto, Uruguai, esta afirma que o pai Vitor Abarno estava residindo na cidade de Quarai. Francesco e o filho Nicola acompanharam Vitor e sua família até esta cidade do Rio Grande do Sul, onde Nicola exerceu a profissão de comerciante ambulante. Em meados de 1882, Nicola radicou-se na cidade de Alegrete RS, estabelecendo a sua casa de negócios. Neste ano, Vitor foi residir definitivamente em Salto, na casa onde a falecida sogra morava. Francesco provavelmente tenha acompanhado o filho Vitor, mas retornou à Itália em 1886, ou no início de 1887, para trazer à América a nora e os netos, filhos de Nicola Abarno.
A EMIGRAÇÃO DE ANGELA MARIA DE VICO, FILHOS E O SOGRO FRANCESCO ABARNO (Ver mais detalhes em Família Abarno I)
Na listagem de emigrantes de 1887 temos:
Nº 1 - Abarno Francesco fu Carlo a. 71 Bue Air 10 Feb.
Francesco Abarno (filho do falecido Carlo Abarno), com destino a Buenos Aires, partida prevista em 10/02/1887.
Nº 52 - de Vico Angela Maria fu Nicola a. 38 con figli “Abarno Maria Nicola” a. 14, “Francesco” a. 10 Bue Air 8 Feb.
Angela Maria de Vico (filha do falecido Nicola De Vico), com os filhos (aqui há uma confusão, pois em lugar de Mariantonia é colocado o nome de Maria Nicola), com 14 anos e Francesco (Francescantonio) com 10 anos, com destino a Buenos Aires, com partida prevista em 08/02/1887. Obs.: na Itália, usa-se o sobrenome antes do nome, para designar uma pessoa.
Francesco, a nora e os netos partiram de San Fele para Buenos Aires no navio Umberto I. Este navio fazia um percurso primeiramente de Nápoles a Gênova, de onde partia para a América, detalhe obtido pela análise de um acidente que aconteceu durante este percurso em outubro de 1887. Os emigrantes partiam de trem de San Fele a Nápoles. Como a viagem durava 22 dias, a família Abarno deve ter partido de Gênova no final do mês de março de 1887. Após a chegada em Buenos Aires, na data de 01/05/1887, os Abarno foram residir na cidade de Salto, Uruguai.
Nota 2: os registros de passageiros imigrantes pesquisados através de entidades especializadas abrangeram os anos de 1882 a 1960. Não foi encontrado até o momento o registro de chegada de Nicola Abarno, por não ter sido divulgada ainda a listagem de 1881.
O FALECIMENTO DE ANGELA MARIA DE VICO ABARNO
Segundo a Certidão de Casamento da filha Maria Antonia Abarno Di Benedetto, realizado em 03/10/1888, na cidade de Salto, Uruguai, Angela Maria residiu na cidade de Alegrete, o que deve ter ocorrido por certo período. No registro do neto Atanásio Di Benedetto, na data de 11/01/1896, no Cartório de Artigas, Uruguai, está registrado que Angela Maria de Vico residia nesta cidade. No dia 11/03/1897, falecia Angela Maria, vítima de tifo abdominal, sendo sepultada na cidade de Quarai RS. Não deixou testamento. Segundo consta na fl. 8, verso, dos autos da Ação de Sonegados, movida por Maria Antonia Abarno Di Benedetto, Leone Di Benedetto e Francisco Antonio Abarno contra Nicola Abarno lê-se: ‘Certifico que revendo o livro de óbitos a cargo desta Intendência, no segundo livro, à página 29, consta o seguinte: Sepultou-se no Cemitério Público às 4 horas da tarde em cova número do terceiro quadro, primeira linha, falecida ontem às 3 horas da tarde, vítima de tifo abdominal, conforme o atestado do Doutor Manoel Marques da Silva Acauan, Angela Maria de Vigo (Vico), com setenta e nove anos de idade (teria na verdade 49 anos), natural do Reino da Itália. Foi sepultada com a autorização do Subintendente. E, para os fins convenientes, eu, Fiscal da Intendência, fiz este assento que assino. Quarai, 12/03/1897. João Baptista de Magalhães Farias. Quarai, 23/06/1900. O administrador do Cemitério. Arthur Fernandes da Luz’. Nicola no processo afirma que uma certidão passada pelo zelador do cemitério e extraída do registro de óbitos da Intendência de Quarai não tinha fé pública ou força jurídica (autos do processo). No mesmo processo, consta que Maria Antonia havia falecido em Quarai RS.
Nota da Pesquisadora: O Cartório de Registro Civil de Quarai foi instalado em 12/01/1889, sendo que os livros incluem óbitos ocorridos a partir de 05/01/1889. Existem os chamados Livros de Cemitério, ou Livros de Óbitos, que infelizmente só se tem notícia do Volume 4 (a partir de 1910), em diante. O registro referente à Angela Maria de Vico, conforme a certidão acima, encontra-se no Volume 2. Consultado o Cartório de Quarai, acerca do paradeiro dos livros anteriores, este não respondeu à indagação da pesquisadora, mas um funcionário do cemitério de Quaraí informou que os antigos livros desapareceram num incêndio. Os Livros de Óbitos do Cartório de Alegrete RS foram consultados e uma consulta ao Cartório de Artigas também foi feita, mas não foi encontrado o seu registro de óbito nestas cidades.
No inventário de Angela Maria (Arquivo Público do RS, Alegrete, Inventários, Cível e Crime, Nº 164, Maço 5, Estante 68, Ano 1897), sendo inventariante Nicola Abarno, consta que os bens inventariados foram: um prédio situado na Rua Mal. Floriano Peixoto, esquina com a Rua Bento Manoel, com duas portas e uma janela em cada frente, sem forro, estando sem assoalhos os cinco lances que a esta serviam, além de uma quadra de sesmaria de campo no 1º Distrito, sito no Jacaraí (talvez Jacaquá, hoje 3º Distrito de Alegrete). As despesas com o funeral de Angela em San Eugenio (Artigas) totalizaram 1 conto e 800 mil réis e foram deduzidos do montante. A filha Mariantonia e seu esposo foram representados por procuração, dado que residiam na cidade de Quarai, no mesmo Estado do RS, que pertencia naquela época à Comarca de Alegrete. O filho Francescantonio ou Francisco Antonio era solteiro, tendo 24 anos na época do inventário. Os dois filhos desistiram da herança em favor do pai Nicola. No inventário, não constava a certidão de óbito, e a data e local de sepultamento não estão corretos.
Na época do inventário, Artigas chamava-se San Eugenio ou San Eugenio Del Cuareim (em português São Eugênio do Quarai), que foi fundada em 12/09/1852 por Don Carlos Catalan. A sua posterior denominação, Artigas, foi dada em homenagem a José Gervasio Artigas, herói nacional do Uruguai. Já o Departamento de Artigas, na República Oriental do Uruguai, separou-se do Município de Alegrete em 12/10/1851.
Leone Di Benedetto, a esposa Maria Antonia Abarno e o cunhado Francisco Antonio Abarno propuseram no ano de 1900 uma ação contra Nicola Abarno, reivindicando os bens sonegados por ele por ocasião do inventário da sogra e mãe dos demais, Angela Maria de Vico. Nicola, no ano de 1897, propôs-lhes um ‘inventário amigável’, sendo que os herdeiros declaravam na ação terem sido ludibriados por ele, que alegava estado de pobreza, pedindo-lhes que desistissem da herança a seu favor. Além disso, negava na época a idade real do filho menor de 21 anos, dizendo que este já teria completado 24 anos de idade. Sendo este menor, não poderia desistir da herança, sem a intervenção de um curador, acusando-o de perjúrio. Afirmaram que Nicola ocultou a maior parte dos bens constantes no inventário, e que teria prestado informações inexatas, com a data e o local de falecimento de Angela Maria, as despesas médicas e com o funeral, as quais teriam sido pagas por Leone Di Benedetto, tendo Nicola efetuado apenas o reembolso de uma parte. No inventário, depois do cálculo, foi descontado o valor que Nicola havia pagado como ressarcimento a Leone Di Benedetto de parte das despesas médicas e de sepultamento, o valor de 1.800 réis, isto é, ele anulou o ressarcimento. Mas não foi aceito pelo Juízo, por não ter sido feita a comprovação. Teve que pagar as taxas e impostos também sobre este valor. Por seu turno, Nicola alegou que inventariou a casa e uma quadra de sesmaria de campo em Alegrete. As mercadorias da casa de negócio e outros valores não entraram no inventário, pois este alega que o passivo da casa de comércio era maior que o ativo. Consta no processo que era comerciante estabelecido desde 1895. Não reconheceu Leone Di Benedetto como genro, mas, sim, Francisco Miranda, um mascate de campanha e, depois, comerciante em Quarai. A testemunha João Paulo de Freitas Valle, empregado público, disse que em outubro ou novembro de 1888 estava em Salto, quando efetuou o casamento da filha de Nicola em casa do irmão Vitor, alfaiate, e que se tratava de Francisco Miranda e não Leone Benedetto (Arquivo Público do RS, Ação de Sonegados, Nº 1.921, Ano 1900, Alegrete, 24/08/1900).
Ver a continuação: Família Abarno 5ª Parte – Ancestrais e Descendentes – Nicola Abarno (2)