A FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
A ideia de fazer o curso de Ciências Contábeis veio-me à mente no final dos Anos 1980. Queria fazer algo que oferecesse possibilidades de realizar novos concursos, que não tivesse um campo de trabalho tão limitado quanto o da Nutrição em termos de serviço público, além de realizar-me profissionalmente. A época do vestibular, janeiro de 1992, foi também de transição na área do meu trabalho. No ano anterior, havia frequentado o Curso Azambuja, que funcionava na Rua dos Andradas. Naquele tempo, era um curso preparatório para o vestibular. Não fiz todas as matérias, mas somente aquelas que eu achava que eram necessárias. Foi assim que enfrentei o meu 2° vestibular na UFRGS, aos 35 anos de idade.
De volta ao Vestibular... |
Lembro-me que fiquei sabendo do resultado em Capão Novo. A mãe me deu a notícia por telefone. Foi um alívio e uma alegria. No começo, fazia todas as matérias, mas depois fui limitando as minhas escolhas durante os semestres seguintes, além de pedir trancamentos. O curso todo rendeu uns bons 10 anos da minha vida. Algumas matérias eu aproveitei dos cursos de Farmácia e de Nutrição.
A culpa é do I Ching! |
Lembro-me que uma vez joguei o I Ching para ver no que daria tal aventura, e este dizia, em breves palavras, que somente teria sucesso se tivesse sempre em mente os meus objetivos de maneira bem clara. Acho que é verdade, pois do contrário teria largado o curso no meio do caminho. No começo, estranhei a postura dos colegas em relação ao curso, bem mais descompromissados do que os meus ex-colegas do curso de Farmácia.
Os meus tropeços iniciais foram em Contabilidade Financeira I e Análise de Balanços I, cujos professores me abstenho de citar os nomes. No geral, tive poucos professores dignos de nota para recordar, como a Maria de Lourdes, a Lavínia, o Aírton e a Ana Maria Pellini. A maioria não tinha a menor noção do que era didática.
A maior parte do curso foi preenchida com matérias das áreas de Economia, Administração, Direito, Matemática e outras bugigangas. Elas consumiram muito esforço e tempo. Talvez por levar tantos anos para me formar é que tenha ficado assim tão extenuada. Gostava do curso, mas ele é realmente bom quando é praticado. Se fôssemos direto ao assunto, seria mais rápido e produtivo. Falando de outra forma, ele peca por termos muito pouca prática dentro do curso.
No final da minha jornada, simplesmente inventaram uma reforma no currículo que foi ridícula. Fiquei com uma matéria a mais para fazer, sendo que o seu conteúdo já tinha sido dado em outras disciplinas. Fizeram de tudo: mudaram nomes, passaram de obrigatórias para eletivas, fiquei com um monte destas, e o tempo para eu finalizar o curso ficou maior...
Das matérias que mais gostei, teve a Análise Administrativa – outro nome de Organização e Métodos -, a Análise de Custos e a Auditoria Fiscal II. Esta última me despertou a vontade de fazer concurso na área de fiscalização do imposto de renda. Anteriormente, queria me aprofundar na área de Contabilidade Pública, embora ache que ela se pareça mais com um balaio de gatos do que qualquer outra coisa. Para mim, pelo menos naquela época, seria de certa forma mais produtivo trabalhar na área pública. Gostei também da área de Perícia Contábil, mais do que de Auditoria, pois naquela se vai realmente a fundo...
Colegas do último semestre do Curso de Ciências Contábeis e de Ciências Atuariais |
O meu último semestre foi de amargar. Em 2001, teve uma greve enorme na UFRGS, e o segundo semestre começou em dezembro, indo 2002 adentro. Por isso, no nosso convite ficou impressa a charada: Formandos 2001/2. Nele, fiz as duas últimas disciplinas. Pior foi saber que deveria prestar o famigerado Provão para ter o diploma. Um tormento a mais para passar. Depois, chegou a vez do exame do Conselho...
Formandos de Ciências Contábeis e Atuariais - Reitoria da UFRGS - 07/06/2002 |
A formatura realizou-se no dia 07/06/2002, numa noite chuvosa, fria e ventosa. De um lado, estava feliz por estar finalizando o curso, com direito a todas aquelas estripulias típicas dos formandos, mas, por outro lado, na vida pessoal foi um dia tristemente melancólico. Porém recebi telegramas, flores, uma cesta dos colegas de trabalho e alguns telefonemas de parentes e amigos. Todas estas manifestações me deixaram mais reconfortada, pois não há outro caminho a não ser o de seguir em frente...
Recebendo os cumprimentos da Reitora Wrana Maria Panizzi |
Sinto saudades da UFRGS. Durante este longo período – contando desde 1982, ou seja, desde os tempos do curso de Farmácia -, muitas coisas aconteceram na minha vida. Foram 20 anos de acontecimentos dos mais diversos, e posso dizer que passei quase que metade da minha vida por lá. Ganhei coisas, perdi outras, mas, como se diz por aí, depois das perdas vêm os ganhos... Na verdade, tudo se alterna como no ciclo das mutações do I Ching. Ainda bem que no final das contas, o Ativo acabou sendo maior do que o Passivo...
Livres para Sempre! |
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