O sobrenome Pies, que vem dos ancestrais de minha avó paterna, foi desenvolvido na publicação Família Pies 1ª Parte – Ancestrais e Imigrantes. A descoberta de imigrantes de mesma ascendência, com este sobrenome, vindos da Alemanha, mas sem que tivessem qualquer contato ou conhecimento sobre suas origens comuns, levou ao desenvolvimento de um interessante estudo, que resultou nesta publicação.
Os irmãos Peter e Jacob Pies imigraram no Rio Grande do Sul, porém em épocas diferentes. Seus pais eram Michael Pies e Elisabeth Gräf, os avós Johann Peter Pies e Susanna Wendling, os bisavós Johann Pies e Anna Maria Lucia Pies, os trisavós Jakod Der Jüngere Pies e Maria Margaretha Pies e os tetravós Simon Pies e Anna Bach.
O nosso ancestral em comum, em linha direta, é Simon Pies, casado com Anna Bach (meus octavós), sendo que estes eram os tetravós dos imigrantes Peter e Jacob Pies, conforme demonstrado acima. Assim sendo, desta análise resulta que somos primos em 11º grau, no que concerne ao sobrenome Pies. Segue o relato da trajetória dos dois irmãos no Rio Grande do Sul.
O IMIGRANTE PETER PIES
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Peter Pies e Família – Fonte: Site da Família Pies |
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Peter Pies |
1. Peter Pies nasceu em 29/09/1843, em Beltheim, Renânia-Palatinado, Alemanha, onde exerceu as profissões de professor e carpinteiro, sendo de religião católica. Aos 28 anos, ainda solteiro, decidiu emigrar para o Brasil. Segundo o site da Família Pies, Peter embarcou na data de 06/04/1872, no navio Arnold, que partiu do porto de Hamburgo, juntamente com outros 163 imigrantes, com destino ao Rio Grande do Sul. Após a longa travessia pelo Oceano Atlântico, que teria levado 2 meses e 14 dias, o navio finalmente chegou ao Rio de Janeiro, no dia 18/06/1872.
O brigue-escuna Arnold era um tipo de embarcação à vela, armada com dois mastros e com uma combinação de velas quadradas e latinas, que lhe conferia um bom desempenho em diferentes condições de vento. O Arnold foi construído no norte da Alemanha. O Capitão daquela época chamava-se Hermann Lenger.
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Brigue semelhante ao Arnold – Fonte: site ship-mode-today.de |
Cerca de um mês depois, os imigrantes seguiram viagem ao Rio Grande do Sul. Consta na Relação dos Colonos Chegados à Província no ano 1872, fl. 7 verso, nº 88, o nome de Pedro Pies, que chegava aos 28 anos ao Rio Grande do Sul, em 18/07/1872, tendo como destino Nova Petrópolis (Códice C-298, AHRGS).
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Pedro Pies na Relação dos Colonos Chegados à Província – 1872 – Códice C-298, AHRGS |
A vinda de Peter e dos demais imigrantes deu-se por contrato de introdução de colonos, estabelecido entre Caetano Pinto & Irmão com Simão Holtzweissig & Cia. É interessante referir que o serviço de acomodação de colonos, alimentação, tratamento a bordo dos navios em que vieram, não sofreu a menor queixa do contratante. Ressalta-se também que, naquela época, havia uma grande oposição oficial da Alemanha, no que dizia respeito ao engajamento de colonos. Por parte do Brasil, esperava-se que esse inconveniente fosse contornado com o passar do tempo.
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Peter Pies, nº 6, no Registro Geral dos Colonos do Contrato para Introdução de Colonos Caetano Pinto & Irmão com Simão Holtzweissig & Cia. – Códice C-96 AHRGS |
Analisando-se essa documentação, constata-se que Peter não seguiu como o previsto, para a colônia de Nova Petrópolis, fato este que não parecia ser tão incomum na época, pois é dito, num dos relatórios ao Presidente da Província de São Pedro, que alguns colonos deixavam de seguir para o destino designado, depois de chegarem a outras colônias, por se acharem mais próximos do porto de embarque do Caí. Além disso, há relato de que Nova Petrópolis não havia progredido muito na época da chegada de Peter, pois, dos 284 colonos que se destinavam àquela colônia, apenas 35 haviam nela fixado residência.
O casamento veio a fornecer o local de residência de Peter Pies. Conforme o registro de casamento no Livro da Paroquia de Ivoti, ele era morador da Picada Salvador, nome antigo de Salvador do Sul. Assim sendo, na data de 21/01/1873, às 9h da manhã, casava-se com Christina Katharina Braun *25/03/1851 Bickenbach, Renânia-Palatinado, Alemanha, moradora de Picada Café, filha de Nicolau Braun e Anna Maria Weber, imigrados por volta de 1855. A cerimônia religiosa foi realizada na Capela de São João, que se situa em Picada Feijão, localidade do interior de Ivoti RS. Foram testemunhas Thiago Weber e Paulo Schneider. Os primeiros lotes de Picada Feijão pertenceram à antiga Picada Café, o que explica a proximidade da residência da noiva e o local de casamento.
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Christina Catharina Braun |
O casal veio a se estabelecer em Nova Palmira, chamada anteriormente de Picada Palmeira, que pertencia à freguesia de São José do Hortêncio. O local de residência é mencionado no batismo do primeiro filho de nome Pedro, batizado na Igreja Matriz de São Pedro, em Ivoti. Mais tarde, a Paroquia de Santo Inácio (Alto Feliz) abrangeu a área da picada, que passou a se chamar Nova Palmira do Caí, pois este distrito veio a pertencer ao Município de São Sebastião do Caí. Lá nasceram os 9 filhos do casal.
No ano de 1911, a família emigrou para Campina das Missões RS. O território desta cidade integrava a antiga Colônia Guarani, que recebeu cerca de 7 mil imigrantes, de diversas nacionalidades. Dela, origiaram-se os núcleos de Serro Azul (Cerro Largo), Laranjeira (Ubiretama) e Nickel (Campina das Missões). Nesta última, a imigração alemã ocorreu entre os anos de 1910 e 1911. Conforme o Registro de Lotes da Colônia, Peter Pies adquiriu o Lote nº 59, na Linha Butiá, Seção VII, na data de 09/10/1911, com uma área de 250.000 m², com preço total de 325 mil réis. A esposa Christina também adquiriu em seu nome o Lote nº 61, nas mesma linha, seção, área e data de aquisição. A partir deste ano, os filhos do casal compraram os seus próprios lotes, neles estabelecendo as suas moradias e lavouras (Livro-Sa266, 1911-1920 AHRGS).
Com o passar dos anos, Peter veio a residir num dos lotes da Linha Nickel, onde veio a falecer aos 86 anos, na data de 26/05/1930, de gripe influenza, conforme o registro de óbito, sendo sepultado no cemitério da comunidade desta mesma linha. Neste domicílio, veio a falecer a esposa Christina, no dia 04/03/1942, aos 90 anos, de causa ignorada, igualmente sepultada no mencionado cemitério.
OS FILHOS DE PETER PIES E CHRISTINA KATHARINA BRAUN
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A viúva Christina Braun e seus filhos, com exceção de Maria Pies Kunrath, que se encontrava ausente na ocasião – Fonte: Site da Família Pies |
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Pedro Pies Filho |
1.1. Pedro Pies Filho nasceu em 22/01/1874, na antiga colônia de Nova Palmira, tendo sido batizado na Igreja Matriz de São Pedro, em Ivoti RS, em 10/03/1874. Foi proprietário de lotes nas linhas Butiá, Amadeu e Primeiro de Março. Solteiro e sem filhos, não foi localizado o seu registro de óbito.
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João Pies |
1.2. João Pies nasceu em 16/05/1876, em Nova Palmira, sendo batizado na Capela de Santos Reis, em 03/05/1876, conforme o registro do Livro de Batismos da Paroquia de São José do Hortêncio. A referida capela situava-se no atual Município de Vale Real RS. João casou-se, no rito religioso, com Regina Freiberger (*20/08/1880 Vale Real RS/+28/07/1953 Campina das Missões RS), filha de Nicolau Freiberger e Anna Catharina Rauber, na data de 04/07/1899, na Capela de São Rafael, em Nova Palmira, conforme consta no Livro de Casamentos da Igreja de Santo Ignácio. Casaram-se posteriormente, no rito civil, na data de 21/12/1900, no Cartório do Município de Feliz RS.
Conforme as informações constantes nos registros, o casal morou no 3º distrito de São Leopoldo (Feliz RS) e no Travessão Santo Antonio, que pode corresponder ao atual bairro de Santo Antonio, em Farroupilha RS, posto que foi registrado o filho Jacob Ferdinand, no Cartório desta cidade.
João era agricultor como o seu pai. Ao chegar na colônia de Campina das Missões, adquiriu dois lotes na Linha Pacca, nos anos de 1915 e 1918 respectivamente. Por sua vez, Regina adquiriu um lote na Linha Doze, no ano de 1912. Durante a união de 43 anos, o casal teve 9 filhos: Cecília Elisabetha, Frederico Miguel, Jacob Ferdinand (Fernandez), Maria Hildegard, Affonso, Valentino, Veronica, Lourenço e Vicente.
A esposa Regina faleceu aos 72 anos, por infarto do miocárdio, na data de 28/07/1953, no hospital da cidade de Campina das Missões, sendo sepultada no Cemitério da Linha Nickel. João faleceu aos 66 anos, em seu domicílio, em 17/09/1942, o qual foi sepultado no mesmo cemitério.
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Jacob Pies |
1.3. Jacob Pies nasceu em 27/10/1878, em Nova Palmira, tendo sido batizado na casa de João Lenhart, na data de 20/11/1878, conforme consta no Livro de Batismos de Santo Ignácio. Agricultor, casou-se com Anna Maria Puhl (*04/02/1887 Nova Palmira RS/+13/05/1970 Cândido Godói RS), filha de João Baptista Puhl e Catharina Arenhardt, em 12/05/1909, no Cartório de Feliz RS. Faz-se necessária uma observação: na época, Feliz era denominada ‘Julio de Castilhos’, não havendo qualquer relação com o atual município com este mesmo nome, na região central do Estado.
A família residiu em Vale Real (Kronenthal), na Forqueta (na época linha colonial que existia no distrito de Nova Palmira) e em Feliz. Ao mudarem-se para Campina das Missões, Jacob comprou um lote na Linha Amadeu no ano de 1913. Depois de 46 anos de união matrimonial, tiveram 6 filhos: Leopoldo, Bernardo, Mathilde, Valentim, Josefina e José. O filho Valentim era militar e faleceu aos 23 anos, por febre tifóide, no Hospital Militar de Santo Ângelo RS. José faleceu aos 6 anos, em decorrência de ferimentos ocasionados por um coice de cavalo.
Jacob faleceu aos 77 anos, em seu domicílio, na data de 24/09/1956, por doença cardíaca, sendo sepultado no Cemitério da Linha Cândido Godói (que era distrito de Santa Rosa RS). A esposa Anna Maria faleceu aos 83 anos, de causa ignorada, em seu domicílio, no dia 13/05/1970, no já emancipado Município de Cândido Godói. Foi sepultada no Cemitério Municipal.
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Maria Pies |
1.4. Maria Pies nasceu em Nova Palmira, na data de 25/06/1882. Foi batizada na Capela de Santos Reis, no atual Município de Vale Real, em 11/07/1882, conforme o livro da Paroquia de Santo Ignácio. Casou-se no religioso com João Kunrath (*24/06/1881 Feliz RS/+11/06/1963 Feliz RS), filho de Jakob Kunrath e Anna Barbara Bartel, na data de 16/05/1911, na Capela de São Rafael, em Nova Palmira. O casamento civil foi realizado em 21/10/1912, no Cartório de Feliz RS.
Os Kunrath não se radicaram em Campina das Missões, como os demais familiares Pies, mas viveram na cidade de Feliz. O casal teve 4 filhos: Anastasia, José Alexius, João Vicente e Maria Francisca. José Alexius foi ordenado sacerdote em 30/11/1944. Maria Pies faleceu aos 84 anos, na data de 07/05/1967 e o esposo João Kunrath, aos 81 anos, em 11/06/1963, ambos na cidade de Feliz RS.
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Jazigo de Maria Pies Kunrath e de sua filha Anastasia Kunrath – Cemitério Católico de Feliz – Foto: Genealox Genealogia |
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Jazigo de João Kunrath e do filho José Alexius Kunrath – Cemitério Católico de Feliz – Foto: Genealox Genealogia |
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Jazigo de João Vicente Kunrath e da esposa Maria Armella Scherer – Cemitério Católico de Feliz – Foto: Genealox Genealogia |
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Pedro José Pies |
1.5. Pedro José Pies era agricultor e nasceu em Nova Palmira, na data de 14/06/1884. Foi batizado numa casa particular, no referido distrito, em 14/11/1884, constando o registro no Livro da Paroquia de Santo Ignácio. Casou-se com Guilhermina Hillesheim (*17/07/1893 Nova Palmira RS/+29/08/1969 Campina das Missões), filha de Lorenz Hillesheim e Margarida Schons, em 06/02/1913, no Cartório de Feliz. Como não foi localizado o casamento religioso, o mesmo deve ter ocorrido por volta de 1912, posto que Pedro José adquiriu dois lotes nas linhas Doze e Butiá, no referido ano. Em 1915, adquiriu outro lote na Linha Primeiro de Março. Mais tarde, estabeleceram-se na Linha Amadeu, onde o casal residiu até o falecimento deste.
O casal permaneceu unido por 47 anos, de cuja união resultaram 8 filhos: Antonio, Marcos, Vitus, Anna Maria, Pedro, Amália, Augustino e Wendelino. Pedro José Pies faleceu aos 75 anos, no dia 31/07/1959, na estrada, nos subúrbios de Campina das Missões, em decorrência de um acidente de caminhão. Foi sepultado no Cemitério da Linha Nickel. A esposa Guilhermina faleceu aos 76 anos, de causas naturais, em 29/08/1969, em domicílio, na Linha Amadeu, sendo sepultada no mesmo cemitério.
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Nicolau Pies |
1.6. Nicolau Pies, agricultor, nasceu em 15/03/1887, na Linha Forqueta, naquela época dentro dos limites de Nova Palmira, que, por sua vez, era distrito de São Sebastião do Caí, conforme consta em seu registro de batismo, no livro da Paroquia de Santo Ignácio. O batismo ocorreu numa casa particular existente nesta linha. Nicolau casou-se civilmente, com Maria Margarida Jung (*24/07/1885 Picada Feijão, Ivoti RS/+20/08/1966 Campina das Missões RS), filha de Guilherme Jung e Luiza Schmitz, em 23/09/1914, no Cartório de Ubiretama RS. O casamento religioso deve ter ocorrido no mesmo ano.
Antes do casamento, Nicolau adquiriu dois lotes nas linhas Butiá e Amadeu, na colônia de Campina das Missões. Depois do casamento, adquiriu outro lote na Linha Oito de Maio. Já ao tempo do falecimento de Nicolau e de sua esposa, a família residia na Linha Nickel.
Abre-se aqui um parêntese: com grata satisfação descobri que Nicolau se casou com Maria Margarida Jung, filha de Guilherme Jung, por ser este irmão de João Jung, que foi casado com Margarida Göller, filha de meu trisavô Johann Göller. Por sua vez, a mãe de Maria Margarida, Luiza Schmitz, era filha de Ignês Schmitz e neta de Philipp Schmitz (chamado de O Pequeno ou Júnior), meu tetravô. Ignês foi casada com José Schmitz, sendo este filho de Philipp Jakob Schmitz (O Grande ou Sênior). Ambas famílias Schmitz eram sobreviventes do quase naufrágio de seu navio no Canal da Mancha.
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Casamento de Nicolau Pies e Maria Margarida Jung – 1914 – Ubiretama RS - Fonte: Site Família Pies |
Nicolau e Maria Margarida foram casados por 35 anos, de cujo consórcio nasceram 7 filhos: Aloys (Aloisius), Daniel, Edwig, Anastácia, Bertholdo, Maria e Benedito. Os filhos Daniel e Benedito radicaram-se em Palma Sola, Santa Catarina.
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O casal Nicolau e Maria Margarida com seus 7 filhos – c. 1926 – Campina das Missões RS - Fonte: Site Família Pies |
Nicolau faleceu aos 62 anos, de causa ignorada em 01/12/1949, em seu domicílio na Linha Nickel e foi sepultado na mesma linha. A esposa Maria Margarida faleceu aos 81 anos, em domicílio, sendo sepultada no referido cemitério.
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Miguel Pies |
1.7. Miguel Pies nasceu em 12/06/1889, em Nova Palmira e foi batizado na Capela de São Rafael, na data de 15/06/1889, segundo o Livro de Batismos da Igreja de Santo Ignácio. Casou-se com Leopoldina Lenz (*08/07/1899 Estrela RS/+05/12/1974 Campina das Missões RS), filha de Nicolau Lenz e Filomena Kochhann, no dia 19/05/1923, no Cartório de Campina das Missões. O casamento religioso deve ter ocorrido no ano de 1921.
Miguel, que era agricultor, antes do casamento havia comprado dois lotes de terras na Linha Butiá, em Campina das Missões, nos anos de 1912 e 1915, porém, ao falecer, residia na Linha Nickel, com sua família. A união com Leopoldina durou 37 anos, tempo em que nasceram os seus 10 filhos: Marco, Silvestre, Ignácio, Bernardo Léo, Otilia, Anna, Felicita, Canísio, Affonso Roque e Maria.
Falecido de causa ignorada em seu domicílio, em 24/12/1960, em Campina das Missões, Miguel foi sepultado no Cemitério da Linha Nickel, onde residia. A esposa Leopoldina faleceu aos 75 anos, em 05/12/1974, sem assistência médica e foi sepultada, segundo consta no registro, no Cemitério Católico, provavelmente na mesma Linha Nickel.
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Bernardo Pies |
1.8. Bernardo Pies nasceu em 01/06/1894, em Nova Palmira, onde foi batizado, na Capela de São Rafael, no dia 10/06/1894, conforme registro existente no Livro de Batismos da Igreja de Santo Ignácio.
No ano de 1912, comprou um lote na Linha Doze e, em 1916, outro lote na Linha Pacca, onde exercia a profissão de agricultor, tendo residido nesta última linha até o seu falecimento.
Bernardo casou-se com Helena Maria Troes (Trös) (*23/10/1907 São Vendelino RS/+23/07/1990 Palotina PR), filha do alemão Peter Troes e da brasileira Maria Neis, estes residentes em São Sebastião do Caí RS. O casamento civil foi realizado no Cartório de Campina das Missões, na data de 25/02/1939. Estima-se que o casamento religioso tenha ocorrido em 1935.
A união do casal durou cerca de 24 anos, da qual resultaram 8 filhos: Maria Melania, Christina, Cirilla Rita, Pedro Themoteo, Basílio Rafael, Cirilo Arnor, Expedito e Tecla. Esta última filha radicou-se e veio a falecer na cidade de Santa Rita, no Paraguai. Bernardo faleceu aos 65 anos, no dia 18/08/1959, em seu domicílio, na Linha Pacca, de causa ignorada, sendo sepultado no Cemitério da Linha Nickel. A esposa Helena Maria faleceu aos 82 anos, de insuficiência cardíaca, em seu domicílio, na data de 23/07/1990, na cidade de Palontina PR, onde foi sepultada.
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Lápide do túmulo de Bernardo Pies, no Cemitério de Linha Nickel, em Campina das Missões RS – Foto: Flavio Bartzen |
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Anna Pies |
1.9. Anna Pies nasceu em 26/05/1895, em Nova Palmira, sendo batizada na Capela de Santos Reis, atualmente existente no Município de Vale Real ou Kronenthal, em 07/06/1896, conforme registro no Livro de Batismos da Igreja de Santo Inácio. Casou-se com Mathias Jung (*06/02/1897 Picada Feijão, Ivoti RS/+04/06/1979 Toledo PR), agricultor, filho de Guilherme Jung e Luiza Schmitz, ou seja, era irmão de Maria Margarida Jung, cujos elos entre as famílias Göller e Schmitz foram explanados anteriormente. O casamento foi realizado em 23/09/1922, no Cartório de Campina das Missões, sendo que possivelmente tenham casado no religioso no ano de 1921.
Consta no livro de registros de lotes da colônia de Campina das Missões, que Anna adquiriu um lote em seu nome, na Linha Pacca, no ano de 1916. Após um longo período de permanência na colônia, possivelmente nos anos 1960, a família migrou para a cidade de Toledo, no Paraná, fixando residência na localidade de Dez de Maio.
O casal esteve unido por cerca de 58 anos, união esta que resultou no nascimento de 3 filhos: Hilda, Bernardo Léo e Wendelino. Anna faleceu aos 96 anos, de AVC, em domicílio, na localidade de Dez de Maio, em Toledo PR, onde foi sepultada. Mathias faleceu aos 82 anos, em 04/06/1979, de câncer de face, na mesma localidade, sendo também ali sepultado.
O IRMÃO JACOB PIES
2. Jacob (Joseph) Pies nasceu em 11/09/1845, em Beltheim, Renânia-Palatinado, Alemanha. O nome Joseph consta no Familienbuch de Beltheim, com a ressalva de que era também conhecido como Jacob. Este emigrou para o Rio Grande do Sul anos mais tarde da partida de seu irmão Peter. Pela informação que consta no Arquivo de Koblenz, Jacob e sua família teriam saído da Alemanha para o Brasil em 25/01/1885. Jacob era agricultor e de religião católica.
Jacob casou-se no rito religioso com Anna Maria Müller, nascida em 05/02/1847, em Mannebach, distrito de Beltheim, filha de Johann Peter Müller e Margaretha Pörsch, na data de 29/01/1872, em Beltheim e, no civil, em 26/06/1872, em Kastellaun. O casal teve sete filhos na Alemanha e uma filha no Rio Grande do Sul. Com o casal, imigraram apenas três filhos, visto que os demais haviam falecido na Alemanha. Não foi possível localizar, até o momento, a listagem de chegada da família no ano de 1885. Esta não foi encontrada nas listagens do porto de Hamburgo do referido ano, nem nas de Bremen, assim como nos registros de entrada de imigrantes no site do Arquivo Nacional. Da mesma forma, não foi encontrada a chegada da família no Rio Grande do Sul. É possível que tenham partido do porto de Antuérpia, na Bélgica, mas as listagens deste porto não existem mais. Como a única filha nascida no Brasil, Christina, nasceu em 05/07/1885, constata-se que Anna Maria havia partido grávida da Alemanha. Provavelmente, os Pier tenham chegado ao país em meados do mês de março de 1885.
Jacob Pies e sua família eram moradores da Forqueta Baixa ou Linha Forqueta. No passado, essa linha localizava-se no território de Nova Palmira, que, por sua vez, era distrito de São Sebastião do Caí. Em Nova Palmira, moravam o irmão Peter e sua família naquela época, o que explica a escolha da família por este lugar. Na atualidade, Forqueta Baixa pertence ao Município de Vale Real (antiga Kronenthal), e Nova Palmira ao Município de Caxias do Sul. Anos mais tarde, quando o irmão Peter e a família migraram para a colônia de Campina das Missões, onde compraram lotes de terras, Jacob, sua mulher e filhos os acompanharam, porém, em determinado momento, o casal e apenas o filho Johann preferiram se estabelecer na cidade de Cerro Largo, que na época era o 6º distrito de São Luiz Gonzaga.
O local específico de residência do casal Jacob e Anna Maria pode ter sido a Linha Isabela, onde o filho Johann vivia com a sua esposa. Posteriormente, esta localidade veio a fazer parte do distrito de São Francisco; mas podem ter residido na antes denominada Linha Olga, que foi aberta em 1909, pois os mesmos foram sepultados no cemitério desta linha. A Linha Olga era popularmente referida como Linha São Francisco, sendo assim chamada, porque havia nela uma escola-capela, construída em 1912, capela esta que foi dedicada a São Francisco. Esta é a gênese do distrito de mesmo nome, onde foi erigida a igreja, tendo ao lado o cemitério da comunidade.
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A Igreja de São Francisco e o Cemitério de Vila São Francisco – Cerro Largo RS – Fonte: Goggle Street View |
A esposa Anna Maria faleceu em 26/03/1918, aos 71 anos de idade, em sua residência, em Cerro Largo, de morte natural e sem assistência médica, por complicações relacionadas à sua bronquite asmática. Embora não conste o local de sepultamento, provavelmente tenha sido no mesmo cemitério em que seu marido Jacob foi sepultado poucos anos depois, na Linha Olga. Jacob Pies faleceu em 21/01/1921, aos 75 anos de idade, em sua residência, sem assistência médica, cuja morte é atribuída à hidropisia, possivelmente relacionada com problemas cardíacos e/ou renais. Conforme seu registro de óbito, Jacob foi sepultado no cemitério localizado na Linha Olga. Como já referido, este corresponde ao Cemitério da Vila São Francisco, junto à Igreja Católica, erigida no distrito de mesmo nome.
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Localização da Igreja e do Cemitério de São Francisco – Fonte: Google Street View |
OS FILHOS DE JACOB PIES E ANNA MARIA MÜLLER
2.1. Peter Pies (*31/10/1872 Beltheim/+23/09/1873 Beltheim). Não imigrante.
2.2. Jacob Pies II (*13/09/1874 Beltheim/+27/11/1942 Campina das Missões RS) era agricultor e residente na Linha Pacca, em Campina das Missões. Quando chegou a esta colônia, comprou o Lote nº 54, na Linha Doze, Seção VI, na data de 10/11/1912. Este parece ter sido o primeiro local de moradia e, possivelmente, também de seus pais. Jacob II faleceu aos 68 anos de idade, de miocardite e anasarca. Foi sepultado no cemitério da Linha Nickel, na mesma cidade. Era solteiro e não teve filhos.
2.3. Johann Pies (*31/01/1876 Beltheim/+03/04/1965 Alecrim RS), agricultor, casou-se com Elisabetha Rosa Theisen (*04/07/1877 Vale Real (Kronenthal) RS, +11/09/1977 Alecrim RS), agricultora, filha de José Theisen e Elisabetha Rauber, na data de 22/06/1918, no Cartório de Cerro Largo. O casal morava na Linha Isabela, que foi integrada ao atual distrito de São Francisco, em Cerro Largo.
Johann faleceu em 03/04/1965, aos 89 anos, de morte natural e sem assistência médica, em sua residência, na localidade de Lajeado Pilão, na cidade de Alecrim. Foi sepultado no cemitério desta localidade. Elisabetha Rosa, conhecida por Rosa, faleceu em 11/09/1977, aos 90 anos de idade, de morte natural e sem assistência médica, em sua residência na mesma localidade.
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Localização do Cemitério de Lajeado Pilão, localidade de Alecrim RS – Fonte: Google Street View |
O casal teve duas filhas:
2.3.1. Lidvina Pies (*10/12/1918 Cerro Largo RS/+07/05/2004 Alecrim RS), foi registrada no Cartório de Campina das Missões, por um amigo ou parente, que informou que esta havia nascido na Linha Isabela, em Cerro Largo. Casou-se com Alfredo Scherer (*04/03/1919 Cerro Largo RS/+25/09/1993 Alecrim RS), comerciante, filho de João Scherer e Otilia Preussler, em 30/12/1940, no Cartório de Campina das Missões, onde a noiva residia, na Linha Pacca. A família, possivelmente nos Anos 1950, foi residir na cidade de Alecrim, onde o casal veio a falecer. Tiveram teve nove filhos: Almeci, Erneldo, Similda, Evelácio, Lucia, Mário, Silverio, Jacinta e Luiz.
Lidvina faleceu em 07/05/2004, aos 85 anos, de insuficiência cardíaca, no hospital da cidade de Alecrim. Foi sepultada no cemitério de Lajeado Pilão. O esposo Alfredo faleceu em 25/09/1993, aos 85 anos, sem assistência médica, em sua residência em Alecrim, sendo sepultado no mesmo cemitério.
2.3.2. Tecla Pies (*21/09/1921 Cerro Largo RS/+RS), casou-se com Afonso Scherer (*10/01/1921 Cerro Largo RS/+25/04/1968 Santo Cristo RS), agricultor, filho de João Scherer e Otilia Preussler, na data de 03/10/1942, no Cartório de Cerro Largo. A família foi residir em Alecrim RS, provavelmente nos Anos 1950, acompanhando a irmã Lidvina. O esposo Afonso faleceu aos 47 anos, de leucemia, no Hospital de Caridade de Santo Cristo. Foi sepultado no cemitério de Lajeado Pilão, em Alecrim. Não foi possível localizar o óbito de Tecla Pies. O casal teve cinco filhos: Edi, Olivia, Nelci, Eli e o caçula René.
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Vista do Cemitério de Lajeado Pilão – Alecrim RS – Fonte: Google Street View |
2.4. Pedro (Peter) Pies Sobrinho (*17/09/1877 Beltheim/+27/08/1952 Campina das Missões RS), agricultor, residia na Linha Amadeu, Seção VII, Lote nº 19, comprado em 21/01/1912. Faleceu em domicílio, aos 74 anos de idade, tendo como causa colapso cardíaco. Foi sepultado no cemitério da Linha Nickel. Era solteiro e não teve filhos.
2.5. Johann Peter Pies (*04/09/1879 Beltheim/+06/09/1879 Beltheim). Não imigrante.
2.6. NN Pies (*05/04/1833 Beltheim/+05/04/1833 Beltheim). Sexo desconhecido. Não imigrante.
2.7. NN Pies (*08/05/1884 Beltheim/+08/05/1884 Beltheim). Sexo desconhecido. Não imigrante.
2.8. Christina Pies (*05/07/1885 Forqueta Baixa, Vale Real RS/+15/01/1971 Campina das Missões RS), foi batizada na data de 15/09/1885, numa residência particular, pelo Padre Ludivico van Nüss, em cujo registro foi declarado, que era nascida na Linha Forqueta onde viviam os seus pais. Foram padrinhos: José Ody e Christina Pies. O registro de batismo consta no livro da Igreja de Santo Inácio (Alto Feliz).
Christina casou-se no rito civil com Nicolau Theisen (*17/06/1890 Vale Real RS/ +30/05/1965 Campina das Missões RS), agricultor, filho de José Theisen e Elisabetha Rauber, na data de 01/12/1928, no Cartório de Campina das Missões. Nicolau era irmão de Elisabetha Rosa, casada com Johann Pies, seu cunhado. A data de nascimento adotada neste estudo consta em seu batismo, na antiga Capela de Santos Reis, atual Igreja de Vale Real, sendo que, no registro civil, feito tardiamente, constou a data de 10/05/1891.
Nicolau comprou seu primeiro Lote nº 55, na Linha Butiá, Seção VII, na data de 20/11/1912, em Campina das Missões, porém, anos mais tarde, estabeleceu-se na Linha Amadeu, neste município. Faleceu aos 74 anos de causas naturais e sem assistência médica, em seu domicílio, tendo sido sepultado no cemitério da Linha Nickel. Christina Pies faleceu aos 85 anos de idade, sem assistência médica, no mesmo domicílio, sendo sepultada no cemitério acima citado. O casal teve 8 filhos: João José, Amália Cecília, Luis Pedro, Maria Lidvina, Hilda Florentina, Wilibaldo Leopoldo, Emma e Verônica. Estas duas últimas filhas eram irmãs gêmeas.
Fontes:
Arquivo Histórico do Estado do Rio Grande do Sul;
Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul;
Family History Library (FHL book 943.515/H1 W39h, film 1183696 Itens 3-6);
Genealogista Dieter Loyo;
Google Street View;
Relatório do Agente Intérprete da Colonização, apresentado ao Presidente da Província de São Pedro, pág. 4, Ano 1873 Hemeroteca da Biblioteca Nacional;
Livros Eclesiásticos da Igreja Católica;
Livros de Registro Civil;
Site da Família Pies;
Site do Familyserch;
Site do MyHeritage.
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