quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Memórias de uma Cidade - Tradições Portuguesas


ROMARIA PORTUGUESA – PORTUGAL E SUAS FESTAS POPULARES


1ª Edição da Romaria Portuguesa – Portugal e Suas Festas – Foto: Romaria Portuguesa - Facebook

A Igreja das Dores foi palco da 1ª Edição da festa de Porto Alegre inspirada nas tradicionais festas e romarias portuguesas, já que o culto a Nossa Senhora das Dores foi trazido pelos portugueses. Inicialmente, a festa estava programada para acontecer no mês de outubro, dentro dos festejos dos 185 anos da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, mas, em função do tempo chuvoso, a festa foi transferida para o dia 25/11/2017. As atrações abrangeram música, dança, literatura, artesanato, gastronomia e missa comemorativa. A Igreja de Nossa Senhora das Dores situa-se no Centro Histórico de Porto Alegre RS, na Rua dos Andradas, nº 597, sendo considerada a mais antiga existente na atualidade. Vejamos um pouco de sua história.




HISTÓRIA DA IGREJA DAS DORES

A devoção a Nossa Senhora das Dores foi trazida ao Brasil pelos portugueses por volta do ano de 1770. Em Porto Alegre, o culto já era realizado em 1779, através de devotos que mandavam rezar uma missa especial às sextas-feiras, num dos altares laterais com a imagem da Padroeira, na antiga sede da Matriz da Mãe de Deus. Esta era a principal igreja de Porto Alegre, que, posteriormente, veio a se tornar a Catedral Metropolitana. O núcleo de fiéis evoluiu para uma Irmandade e, mais tarde, foi elevada à Ordem Terceira, formada por leigos católicos vinculados à Ordem dos Servos de Maria, uma ordem religiosa de frades que cultuavam devoção a Nossa Senhora das Dores. Depois, uma freguesia autônoma foi criada em 24/10/1832, quando se desmembrou da paróquia da Madre de Deus, mas somente em 1859, por indicação de Dom Pedro II, recebeu um pároco que era o Padre José Soares do Patrocínio Mendonça. 


Numa imagem panorâmica vemos, ao lado da Capela do Espírito Santo (primeira à esquerda), a Igreja Matriz da Mãe de Deus, futura Catedral Metropolitana, na Praça Mal. Deodoro, e a Igreja das Dores (dir.), de frente para o Guaíba – Final da Década de 1910

A pedra fundamental do prédio da Igreja de Nossa Senhora das Dores foi lançada em 02/02/1807. No ano de 1813, foi concluída a capela-mor, e a imagem de Nossa Senhora foi trasladada da Matriz para a nova igreja. A consagração da igreja ocorreu em 10/05/1868, através do Bispo Dom Sebastião Dias Laranjeira. A partir de doações, o templo foi sendo ampliado e modificado. Foram acrescidas as escadarias de 63 degraus em 1873, e as torres, no estilo barroco português, foram concluídas somente no final do Século XIX. Somente em 1904 as obras chegaram ao seu término.


A Igreja das Dores quando ainda não tinha os campanários – 1890 – Fonte: Igreja das Dores - Facebook

Uma vez inaugurado o corpo da igreja, coube ao prior, Capitão Mar e Guerra Manuel de Oliveira Paes embelezar e emparelhar o templo. De 1869 a 1873 foi construída a imponente escadaria, com verbas provenientes de loterias, concedidas para este fim pelo governo da Província. O terreno na frente da igreja foi recebido pela Irmandade em 1859, com 124 palmos sob o alinhamento da Rua da Praia. Neste local, até 1857, eram executados os condenados à forca. Para a construção da escadaria, era condição da intendência de que a Ordem Terceira construísse um cais, que foi executado através de auxílio financeiro do Prior da época: o conhecido e influente comerciante Lopo Gonçalves Bastos. Desde então, a centenária escadaria das Dores é palco para diversas atividades artísticas e religiosas: Procissões, festas juninas, apresentação de orquestras, esquetes teatrais e o aniversário da Capital dos Gaúchos.


A Igreja das Dores no final do Século XIX – Fonte: Blog Por Porto Alegre

O projeto original da Igreja Nossa Senhora das Dores foi traçado no estilo barroco colonial, porém, ao longo do tempo, a necessidade de sua readequação levou à contratação do arquiteto Júlio Weise, que reelaborou a fachada no estilo eclético, com influência germânica. No interior do templo, elementos barrocos convivem com as concepções neoclássicas. Além disso, possui um rico acervo, composto por cerca de dois mil itens, por isso há planos de ser futuramente sede de um Museu de Artes Sacras. Na atualidade, depois de ter passado por diversas restaurações, a igreja foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN). 


Detalhes da atual Igreja – Fotos: Lisete Göller


OS PRIMEIROS REGISTROS ECLESIÁSTICOS

O primeiro batismo foi realizado em 27/03/1859, referente ao menino João da Silveira, filho de João José da Silveira e Florentina Joaquina da Conceição. O primeiro casamento foi realizado em 19/03/1859, sendo os noivos Manoel da Costa Cardoso e Antonia Lourenço do Espírito Santo. O primeiro registro de óbito, ocorrido em 21/03/1859, foi o de Israel Soares de Paiva, natural de Porto Alegre, aos 65 anos, sendo viúvo de Dona Belmira de Souza Lima e Paiva. Os registros foram feitos pelo pároco, Padre José Soares do Patrocínio Mendonça.


ATRAÇÕES DA ROMARIA PORTUGUESA – PORTUGAL E SUAS FESTAS POPULARES

No dia da Romaria Portuguesa, a tarde foi chuvosa. Por esta razão, a festa foi realizada no salão paroquial. Na abertura, visita às barraquinhas de gastronomia e artesanato portugueses.


Artesanatos tipicamente portugueses e tamancos com temática portuguesa pelo Atelier Mãos e Artes; quadros retratando Portugal da Coisas da Beltrana – Fotos: Romaria Portuguesa – Facebook


Doces portugueses da confeitaria Amo.te Lisboa; vinhos e espumantes portugueses trazidos da Porto a Porto; na barraquinha da Casa de Portugal, representada pelo Chef Joaquim Rodrigues, Bolinhos de Bacalhau e Bacalhau a Gomes de Sá - Fotos: Romaria Portuguesa – Facebook


Apresentação de música portuguesa comandada por Antônio Leitão, que integrou o grupo Boinas Brancas da Casa de Portugal – Foto: Lisete Göller


Na apresentação de trechos de obras dos poetas Fernando Pessoa e Florbela Espanca, além dos romancistas Eça de Queiroz e José Saramago, a jornalista e Mestre em Literatura pela UFRGS, Patrícia Lima, fez uma leitura destes autores portugueses – Foto: Lisete Göller


Um momento muito aguardado: a Dança Açoriana apresentada pelo Rancho Folclórico da Casa dos Açores do RS – Foto: Lisete Göller


O grupo Rancho Folclórico foi fundado em 25/07/1992, com o apoio do Governo Regional dos Açores, Portugal – Foto: Lisete Göller


Karine da Cunha, uma catarinense radicada no Rio Grande do Sul, apresentou “Cantoras Portuguesas”, interpretando algumas canções da nova geração de cantoras da música portuguesa – Foto: Romaria Portuguesa – Facebook


Depois da Missa Comemorativa na Igreja das Dores, o grupo Alma Lusitana, criado em 2005, fez o show de encerramento da Romaria Portuguesa, com fados e músicas portuguesas – Foto: Romaria Portuguesa – Facebook


Foto: Dayane Alencar


Um comentário:

  1. Venham na segunda edição da Romaria este domingo das 12 às 22 horas em frente à escadaria da Igreja das Dores!!!

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