sábado, 28 de junho de 2014

Família Kossmann - A Viagem de Navio


RELATO DA VIAGEM DO NAVIO ORESTES QUE TROUXE A FAMÍLIA KOSSMANN PARA O BRASIL

Carta do imigrante Mathias Franzen aos seus parentes na Alemanha.

Fonte: O Quadriênio 1827-1830 da Imigração e Colonização Alemã no Rio Grande do Sul, Tomos I e III, de Husche & Astolfi.
Obs.: as fotos são apenas ilustrativas (Fonte: Internet).


“Da Colônia Alemã de São Leopoldo, não distante da cidade de Porto Alegre, na Província do Rio Grande do Sul, no Império do Brasil, escrita em 27 de agosto de 1832.

Ao meu cunhado Mathias Rockenbach, em Pünderich, com sua esposa e cinco enteados; de Mathias Franzen, natural de Pünderich.

Bem-amado cunhado:

Se a Santa Trindade, até o dia em que receberem esta carta, conservou os meus muito amados parentes e os de minha esposa Susana Mass, assim como nossos amigos em nossa terra, em boa saúde, bem-estar, felicidade, paz, alegria, concórdia e contentamento; se a Santíssima e Dulcíssima Virgem e abençoada Mãe de Deus e vosso Santo Anjo da Guarda e protetor os abrigaram, protegeram e abençoaram, então eu com minha mulher e nossos sete filhos, nos alegraremos e tanto mais agradecemos, glorificamos e louvamos a Providência Todo-poderosa.

Quanto a nós, comunico-lhes que Deus Todo-misericordioso nos guiou com saúde e felicidade a esta terra longínqua, estranha, grande e semisselvagem, onde passamos – graças a Deus – bem e alegres e muito saudáveis, onde nada falta para a manutenção de nossas necessidades físicas.

Depois de uma viagem de quatro semanas por terra, chegamos em 21 de junho de 1828 a Bremen.


A cidade de Bremen - 1828

Após treze semanas de permanência em Bremen, a 12 de setembro, subimos o rio Weser de barco para tomar o grande Olbers.


Bremerhaven situa-se na margem esquerda da bacia do Rio Weser


Ancorado em Bremerhaven, embarcamos no navio, que ainda ficou quatorze dias no porto. Zarpamos no dia 26 de setembro de 1828; entramos no Mar do Norte e passamos ao oceano, felizes e com saúde. Tivemos uma travessia penosa, mas não perigosa. Nenhum de nós ficou doente, mas de 800 passageiros que estavam a bordo, entre adultos e crianças, quarenta e sete morreram e encontraram seu túmulo nas ondas do mar.


O Olbers parte de Bremerhaven no dia 26/09/1828


Nota da Pesquisadora: A Família Kossmann perdeu um de seus membros antes da partida, segundo o último Rapport efetuado pelo funcionário do Bureau Imperial-Brasileiro, Martin Henrici, que acusa o falecimento de uma criança “Cosmann”. O número final de passageiros na partida, com os acréscimos e perdas por morte foi de 797 pessoas.


A 17 de dezembro de 1828, chegamos ao Rio de Janeiro, a principal cidade do Brasil, vencendo 3.400 horas desde a partida de Bremen. Na Armação, tivemos de ficar sete semanas.


"Ponta da Armação em Niterói" pelo pintor Henri Chamberlain - 1819/1820


Num navio português, pequeno, enfrentamos novamente o mar e chegamos em sete dias ante a cidade de Rio Grande e de lá, em cinco dias, diante de Porto Alegre. No dia 10 de março de 1829, aportamos, com prazer e completa saúde, nesta província habitada por mais de 15.000 alemães e pisamos, pela primeira vez, o abençoado solo da cidade de São Leopoldo, fundada um pouco antes por alemães. Lá, porém, ficamos só dois dias e partimos para a moradia de um colono alemão no campo, ou seja, em terras sem matas, cuja colônia delimitava-se com a enorme floresta virgem.


Nota da Pesquisadora: Mathias Franzen, cuja colônia situava-se na entrada de São José do Hortêncio, embarcou no barco costeiro Marquês de Viana, na primeira leva de imigrantes para o Rio Grande do Sul, que partiu do Rio de Janeiro na data de 07/02/1829. A Família Kossmann fez parte da segunda leva, a qual deixou o Rio de Janeiro em 08/02/1829 no bergantim Orestes, chegando ao porto de Rio Grande RS em 25 dias. Após, embarcaram no iate de Manoel José de Leão, navegando pela Lagoa dos Patos até Porto Alegre durante 5 dias. Os passageiros foram conduzidos na canhoneira chamada 18 de Outubro, que os levou até São Leopoldo no dia 18/03/1829. A terceira e última leva viajou no bergantim Dez de Maio.


A Família Kossmann saiu do RJ num bergantim como este: com velas quadrangulares em dois mastros


Dez meses moramos lá. Nesse tempo, eu e minha filha Catarina sofremos de febre durante treze semanas. Minha mulher, porém, Peter Joseph e meus outros filhos, Anna Barbara, Christina, Anna Maria e Johannes, estiveram sempre bem dispostos. Depois que Deus, o Senhor, ajudou-me a levantar, fui seguidamente, com meu filho mais velho, para a minha colônia na mata virgem, duas horas a dentro, para roçar, queimar e plantar. No dia de Ano Novo de 1830, nós a habitamos, depois de nela havermos construído uma casa de madeira de 18 pés (5,4 m) de largura e 26 pés (7,8 m) de comprimento, tapada com sapé. As paredes eram de barro, com tampos. Janelas com vidros são raras; é muito caro o vidro e também desnecessário devido ao tempo, geralmente agradável.

Para chegar (de São Leopoldo) à minha colônia, é necessário cruzar o rio (Cadeia). Ela situa-se no começo da Picada do rio Cadeia e tem o n.° 3. Na picada, através da floresta, em linha reta, existe um total de 110 colônias, cinquenta e cinco à direita e cinquenta e cinco à esquerda. A minha mede 100 braças (Ruthen) de largura (220 m) e 180 braças de comprimento (3.900 m). Compõe-se totalmente de mato, mas é terra plana, na maior parte, e muito boa, onde todas as frutas medram sem estrumação.

Nos primeiros tempos, aquilo que necessitávamos para sobreviver tinha que ser transportado a cavalo por caminhos penosos, atravessando matos. Graças aos subsídios recebidos per capita (Kopigeld) durante um ano, ou seja, 40 Táleres por mês e, durante um quarto de ano, 20 Táleres, foi-nos possível adquirir os meios de sobrevivência e também comprar animais. Mas muito mais possuiríamos, juntamente com o que eu ganhava com minha profissão de sapateiro, se não nos tivessem cancelado nove meses dos mencionados subsídios e os demais que os primeiros colonos ainda receberam.

Nesses dois anos e oito meses, desde que estamos na nossa colônia, com boa saúde, comprei duas vacas com terneiros, dois cavalos de sela, vinte porcos, e temos mais de 1.000 galinhas, também dois cães de caça. Todas as semanas fazemos dinheiro com a manteiga, que vale 13 Groschen de prata (Silbergroschen) o meio quilo (Pfund); com as galinhas, das quais cada uma vale 13 Groschen de prata, e com os ovos, cujo quarto (de dúzia) custa 10 Groschen. Não nos é possível consumir todas as frutas que com tanta fartura crescem aqui. Vendemos também feijão; pelo branco, recebemos 8 francos (Franken) por meio moio (Malter), pelo preto, 6 francos; pelo milho (Welschkorn), 20 francos; pelo arroz beneficiado, 16 francos; pelo arroz com casca, 10 francos; pelo centeio (Deutsches Korn) paga-se 20 francos por meio moio. Pelas batatas, que se colhem duas vezes por ano, paga-se por meio moio, só 3 francos; semeia-se e planta-se batatas três vezes por ano, no dia de São João, no mês de setembro e pela festa do Natal. Cultivei, este ano, 150 quilos (drei zentner) de tabaco, que renderam 5 Silbergroschen por meio quilo (Pfund). Ele aqui é melhor e mais gostoso que na Alemanha. Gostaria de mandar uma boa partida deste meu tabaco aos meus conterrâneos e mais ainda gostaria de que viessem pessoalmente e fumassem à vontade.

Crescem aqui todas as plantas de campo e de jardim que existem na Alemanha, menos as frutas tipicamente alemãs, mas só por faltaram ainda as correspondentes sementes. As frutas tropicais (Südfrüchte) que aqui se produzem são: laranjas, bananas, pêssegos, figos, toranja (Pomeranzen), limas, limões, abacaxis, melancias e melões. Também dá muita cana-de-açúcar, também uvas, mas são muito prejudicadas pelas formigas que as devoram juntamente com as folhas. Cultivamos cânhamo e linho, que colhemos duas vezes por ano. Algodão e árvores oleaginosas existem com fartura. A mandioca, isto é, uma raiz que dá farinha, é um alimento básico e cresce em abundância. A raiz mansa dessa espécie, o aipim, tem um sabor mais agradável do que a batata inglesa. A mandioca, a brava, é moída em moinhos até tornar-se farinha fina que se conserva muito tempo e que é usada pelos portugueses em lugar de pão; é posta, também em muitas comidas e enviada para além-mar. As batatas da terra são doces e saborosas. As abóboras (Bobern) têm forma de garrafões; as melhores delas têm gosto de cenoura; a maior parte serve como alimento para animais; das suas sementes fabricamos óleo para cozinhar, que é tão bom que a garrafa é paga a dois francos. Nas árvores das matas encontra-se muito mel silvestre e, resumindo, posso dizer que existem tantas frutas alimentícias e saborosas que precisaria mais duas folhas de papel para descrevê-las. O solo do mato é tão generoso que não é preciso volvê-lo com o arado, basta revirá-lo levemente com a enxada e eliminar o inço e os galhos.

Quanto ao pão, só comemos o branco. Moemos a farinha em nosso próprio moinho. Existem aqui moinhos movidos à água e a vento, moinhos para óleo e farinha para serrar e aplainar madeiras. O forno para fazer nosso pão fica do lado da casa. A farinha ainda não pode ser ensacada porque, até agora, não existe pano para sacos. Com minha profissão (sapateiro), que exerço muito, ganho bastante dinheiro. Um par de botas custa 24 francos, um par de sapatos 10 francos; o couro não é tão caro como na Alemanha. Existem aqui já 12 diversos curtumes alemães. Uma pele de couro cru custa 12 francos, o couro curtido 32 francos. O dinheiro é muito raro e ainda não tem valor. A caça é livre; há animais diversos. Guarda-bosques não existem e também não são necessários. Aqui há leões, tigres, gatos monteses, veados, cervos, tamanduás, antas, tatus, cotias, macacos, javalis, etc. Nenhum animal selvagem é perigoso para o homem. Há pássaros muito bonitos como tucanos, avestruzes, cegonhas, galinholas, papagaios, que comem muito milho, colibris, e vários outros. Nenhum pássaro parece-se com espécies alemãs. Entre os insetos nocivos distinguem-se, além das formigas – que já muitas vezes têm tirado as pessoas para fora da cama durante a noite -, os bichos-de-pé, que penetram nos pés das pessoas e que podem tornar-se muito perigosos. As cobras não são tão bravas como se pensa, não pisando nelas, não mordem.

Nesta província reina o clima mais saudável. Não é quente demais nem frio demais. O ar é puro, a água, doce e saborosa. Raramente há neve e, quando cai, logo é derretida pelo sol. Ultimamente, em duas noites, 19 e 20 deste mês (agosto de 1832), geou da grossura da lâmina de uma faca de pão. No mais, verdeja e floresce tudo sem cessar. Os animais sempre têm alimento. A natureza está constantemente em evolução. Em junho, julho e agosto, chove seguidamente; são os meses de inverno. O calor é bem suportável; não é tão forte, como se julga na Alemanha, motivo por que aqui o café dá pouco ou nada. Só raramente ouve-se falar de doenças, de mortes ou de pestes nos animais. Os temporais, fortes, mas inofensivos, limpam e refrescam o ar. As árvores e a grama estão sempre verdes; nenhuma folha parece-se com as alemãs. Na floresta encontra-se a melhor madeira para construção e para móveis, sendo as mais nobres pagas na Alemanha com muito dinheiro. Crescem cedro, louro, canjarana (Kascharannen) e a verdadeira palmeira, cujas folhas foram postas no caminho que Jesus Cristo percorreu até Jerusalém e que são cortadas do domingo de ramos.

Taxas e impostos são totalmente desconhecidos por nós. Por dez anos estamos livres deles, depois desse prazo, pouco ou nada nos será exigido. Por isso, os cobradores e oficiais de justiça (Hüissiers) aqui, graças a Deus, não mandam. A profissão de açougueiro não tem procura, pois cada um abate o seu gado para o próprio consumo. Comemos carne todos os dias. Assim que um porco é consumido, abatemos logo outro, o que estiver mais gordo no momento. A subsistência nós a temos em abundância. Ah, se eu tivesse aqui comigo todos aqueles que lá na Pátria alienaram, como eu, seus bens, a saber: Mathias Barzen, Anton Baum, Kaspar Thielmann, Friedrich Dahm, Peter Dahm e Anton Dahm e todos os outros, eu teria suficiente para todos se saciarem!

Estaríamos completamente contentes e felizes, se não houvesse um grande mal: os selvagens, que, já há tempo, tornaram a mata insegura e que já roubaram a vida de 21 conterrâneos alemães. Esses selvagens, que descendem da Índia, eram aqui os aborígenes, antes dos portugueses tomarem posse desta terra. Depois foram empurrados para a mata virgem, onde poderiam muito bem se alimentar das ricas caças, frutas e vegetações, se não tivessem que saciar seus instintos sanguinários e de saque. Furtam principalmente utensílios de ferro. O estampido das armas os assusta muito e os faz fugir. Ainda no dia 16 de abril deste ano (1832), a quatro horas daqui (Rosenthal), assassinaram 11 pessoas, adultos e pequenos, entre os quais Gaspar Göllner, de Bertlich, com sua mulher e três filhos menores; dois filhos só restaram deste homem infeliz, agora órfãos de pai e mãe. Depois desses acontecimentos, os alemães mudaram-se das colônias dos fundos e construíram suas casas, uma ao lado da outra, no meio desta picada e também na minha região, no começo. Assim não corremos mais grande perigo, e Deus, o Senhor, nosso único socorro, queira nos proteger com Sua Misericórdia contra os selvagens, mas temos que estar sempre vigilantes como soldados de prontidão perante o inimigo.

Ainda uma coisa, que é a mais importante, nos falta: um culto divino e regular em alemão. Tivéssemos nós igrejas e escolas alemãs aqui, que satisfeitos, felizes e contentes poderíamos estar! De padres estrangeiros e igrejas portuguesas e capelas, o país está cheio, mas não temos padres alemães nem professores verdadeiros. Os cultos são celebrados muito longe daqui: até São Leopoldo são sete horas. A confissão é feita por nós a um Sr. Padre português que não sabe alemão. Infelizmente, vamos raramente à missa. O caminho, especialmente com o tempo chuvoso, é muito difícil de transitar por causa das águas. Pedimos, por isso, encarecidamente, aos nossos bem-amados parentes e amigos de nossa Pátria, que rezem aos domingos na santa missa e em casa e nos incluam em suas orações, como nós aqui, tanto na missa como na oração de casa, nunca os esquecemos, estando sempre em amor e rogos a Deus.

Escolas regulares como na Alemanha não existem aqui e as que existem ficam distantes demais para que possamos mandar nossos filhos. Isso nos obriga a instruí-los em casa, da melhor maneira possível. Meu filho Peter Joseph já viajou por toda esta terra, e por isso domina bem a língua portuguesa. Aqui existem muitos portugueses, dos quais, a maior parte, não sabe o número de gado vacum e cavalar que têm no campo. Na cidade e nos campos há muitos negros e mestiços escravos, que são criados e serviçais dos estrangeiros ricos. Mas chega de falar da terra brasileira. Pra descrever tudo seria preciso um livro inteiro.

Agora quero informar ainda aos meus patrícios: que Christoph Walter, de Briedel, Mathias Burg, de Burg, e seu genro Daniel Rockenbach, e Joh. Stephan Fritzen moram a uma hora longe de mim, gozam de perfeita saúde e prosperidade, com mulher e filhos. Meus vizinhos mais próximos são Jacob Tatsch, de Reversbeuren, e Michael Junges, natural de Saarlouis. Minha filha mais velha casou com Jacob Kuhn, de Albershausen, perto de Ungkirchen, vive já há dois anos em feliz matrimônio e tem a sua colônia a um quarto de hora daqui.

Gostaríamos ansiosamente de saber e ouvir, pai e mãe aflitos, como vai nossa amada filha do coração, Gertrude. Pudéssemos nós tê-la conosco, pudéssemos vê-la só uma vez! Esperamos que ela esteja com saúde e bem disposta como quando ainda todos nos encontrávamos juntos. Deus a abençoe e permita que ela sempre vá bem! As muitas e mais amistosas saudações ao Reverendíssimo Sr. Padre Jacobus Theers, em Pünderich. Pedimos com submissão que o mesmo, no santo sacrifício da missa, nos queira incluir e nos tenha presentes afetuosamente. Saúdo reiteradamente meu amigo Nicolaus Schmitz, sua esposa e filhos, Egidius Heyz com sua mãe e seu filho, Kaspar Kalfels com esposa e filhos; ainda saúdo afetuosamente todos os amigos e conhecidos. Da mesma forma, minha mulher, Susanna Franzen, nascida Mass, saúdo seus irmãos e suas irmãs no Alf e todos os seus conhecidos. O Senhor mestre-escola Joseph Holden também seja saudado com toda a dedicação! A todos abençôo, congratulo e desejo em constante prosperidade, onde andem e onde estejam. Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, que é louvado por todos nós, dirija-os segundo a Sua vontade, dê-lhes toda felicidade da vida, e que pensem seguidamente em nós.

Querido cunhado, muito lhe pedimos que me escreva tão breve quanto possível. Com saudade, ansiosamente aguardamos uma carta sua para, finalmente, saber de uma vez como vão indo todos os queridos lá em casa. Já duas vezes escrevemos a vocês, mas infelizmente ficamos até agora sem resposta. Por isso, peço ainda uma vez, encarecidamente, escrevam-me logo, comuniquem-me muitas novidades da guerra, peste, pragas ou paz e como está agora a Alemanha, pois jornais não recebemos na mata virgem. Por cartas recebidas (por outros), sabemos que a situação continua difícil na Alemanha. Do nosso Imperador que há tempo se encontra na Europa, também nada sabemos. Peço, portanto, que me mandem, quanto antes, notícias e muitas novidades.

Escrevam o endereço assim: Ao colono Mathias Franzen, na Picada Rio Cadeia, ou Bernardino Schneitze, n.° 3, na Colônia de São Leopoldo, perto da cidade de Porto Alegre, na Província do Rio Grande do Sul, no Brasil. Mandem a carta por posta franca até Hamburgo, envolvida numa cinta com o endereço de Sua Excelência o Cônsul Geral do Reino da Prússia, Barão Carl Wilhelm von Theremin, no Rio de Janeiro, para que gentilmente a faça chegar até nós. Assim feito, resta-me a mim, a minha esposa e a meus filhos a esperança de receber uma carta de vocês.

Meu filho Peter Joseph manda muitas lembranças a Johann Kalfels e aos irmãos Franz Gippert e Matermis Gippert e deseja-lhes, afetuosamente, prosperidade. Também a vós, muito querido cunhado Mathias Rockenbach, além de vossa querida esposa e filhos, desejamos a melhor prosperidade. Adeus, vivam muito bem, vivam sempre e eternamente bem! A Santíssima Trindade seja vossa proteção e vosso socorro para todo o sempre! A Santíssima Virgem, a pura, seja vosso consolo, ajuda, força e bálsamo! Em vida e na morte, sim, até no túmulo, sou aquele que nunca vos tem esquecido, vosso fiel cunhado. Pelas lágrimas, tenho que terminar e, por isso, eu vos saúdo a todos milhares de vezes. Lembrem-se de mim em vossos corações e representem-me em meu lugar na igreja. Adeus, em constante paz, nunca um mal vos atinja. Eu sou vosso cunhado que vos quer de todo o coração,

Mathias Franzen”


Nota da Pesquisadora: a carta de Franzen apresenta incorreções e lacunas que conflitam com os dados históricos, porém o relato dos fatos ocorridos durante a viagem do Olbers são de grande importância histórica.






4 comentários:

  1. Relato importante e muito interessante sobre a vinda dos imigrantes!
    Determinação, ousadia, sofrimento, esperança, trabalho e gratidão, expressos com pureza d"alma nesta minuciosa carta. Obrigada pela divulgação. Dois de meus antepassados vieram nessa mesma viagem: Nikolaus Bierenfeld e Suzanna Rambo. Obrigada pelas informações. Beatriz Rode

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  2. Obrigada por postar cheguei aqui por conta de outra família que passou a imagem igual. Fazendo a busca por imagem. Como estou fazendo o estudo Genealógica é de suma importância porque esclarece um j de famílias que vieram neste mesmo Navio.
    Do Paraná existe um tronco familiar de descendentes Alemães que já chegam ao ano 1400 em fontes. Me interessou muito porque se vê a forma que se entrelaçadas elas.

    Porque temos no nome ascendência e descendentes que são destas famílias.

    Um ex a família Kremmer que consta que eles receberam a nossa família chegando nas novas Colônias e agora temos parentes casados com pessoas desta família.

    É muito importante saber a história.

    Obrigada pelo testemunho.

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  3. Olá sou da família kosmann estou procurando dos meus antepassados que vieram da Alemanha o pai de Benjamin kosmann

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