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Os artigos veiculados neste blog podem ser utilizados pelos interessados, desde que citada a fonte: GÖLLER, Lisete. [inclua o título da postagem], in Memorial do Tempo (https://memorialdotempo.blogspot.com), nos termos da Lei n.º 9.610/98.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Família Welter - Militares


OS DESCENDENTES WELTER NA GUERRA DO PARAGUAI


A GUERRA DO PARAGUAI

A Guerra do Paraguai, o mais longo conflito armado da América do Sul, teve início na data de 13/12/1864, quando o ditador paraguaio Solano López declarou guerra contra o Brasil. O conflito envolveu a chamada Tríplice Aliança, formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai, que lutou contra aquele país, terminando somente com a morte de Solano López em 01/03/1870.


A Batalha do Avaí - Autor: Pedro Américo - Museu Nacional de Belas Artes

Há controvérsias em torno dos motivos que desencadearam esta guerra. Uma das razões seriam os planos de conquista do território brasileiro por parte do ditador paraguaio. Além disso, o Paraguai havia se manifestado contrário à invasão brasileira no Uruguai, e teria se antecipado a uma possível invasão do Império brasileiro em seu próprio território. Solano López apostava que o conflito não se estenderia por muito tempo, mas aconteceu o inverso. A guerra trouxe prejuízos ao próprio país, com a perda da maior parte de sua população, além das desastrosas consequências econômicas, sociais e políticas, que se refletem até a atualidade.

Na Guerra do Paraguai houve diversas batalhas, dentre as quais a Batalha de Curupaiti, que acabou por ferir os jovens Carlos (Karl) Welter e Pedro (Peter) Welter, vitimando-os por derradeiro. Pedro Welter (*12/04/1842 Linha Nova RS) era filho de Peter Welter e Anna Margaretha Unfried, moradores de Linha Nova RS. Ele e Carlos Welter serviram como Voluntários da Pátria, no 12º Corpo da Guarda Nacional no ano de 1865.


Distintivo do Voluntário da Pátria usado no braço esquerdo do uniforme - Fonte: Wikipedia

Carlos Welter (*Fevereiro/1842 Costa da Serra, Estância Velha RS/+antes Novembro/1867 Paraguai), o terceiro filho de meus tetravós Joseph Welter e Catharina Mossmann, era o 2º Sargento do 12º Corpo Provisório de Cavalaria da Guarda Nacional de São Leopoldo, composto por moradores desta colônia. Este Corpo, juntamente com o 11º Corpo Provisório de Cavalaria da Guarda Nacional de Santana do Rio dos Sinos, formado por moradores desta povoação, veio a formar o 1º Corpo de Caçadores a Cavalo, que, mais tarde, integrou-se ao 2º Corpo do Exército, comandado pelo Conde de Porto Alegre, o General Manuel Marques de Souza.


O Conde de Porto Alegre - Autor: H. Fleiuss

Carlos e Pedro, já integrados neste 2º Corpo do Exército, participaram da Batalha de Curuzu, quando foi conquistado o Forte de mesmo nome, situado na margem esquerda do Rio Paraguai, dentro do território deste país, tendo ocorrido na data de 03/09/1866. 


A Fortaleza de Curuzu - Autor: Cándido López

O próximo combate foi a Batalha de Curupaiti, que ocorreu no dia 22/09/1866. O ataque combinou a investida da esquadra comandada pelo Vice-Almirante Joaquim Marques Lisboa e a infantaria do 2º Corpo do Exército, sob o comando do General Guilherme Xavier de Souza, além do reforço das tropas aliadas argentinas. Estas forças foram rechaçadas com sucesso pelas tropas inimigas paraguaias. A derrota vitimou 412 militares brasileiros, além de resultar em 1.589 feridos e 10 desaparecidos. Dentre os feridos, estavam os nossos Welter.


A Batalha de Curupaiti - Autor: Cándido López


A informação da participação de Carlos Welter na Guerra do Paraguai foi obtida através da escritura de compra de uma parte do Lote nº 14, na Picada 48, localidade de Ivoti RS, por parte de sua mãe, a viúva Catharina Mossmann Welter (que já possuía 2/3 deste lote), na data de 05/11/1867. No documento constou que o filho Carlos Welter, na época com 25 anos de idade, falecera no Exército, que se encontrava no Paraguai, sem ter deixado descendentes (Arquivo Público do RS, São Leopoldo, Livro Transmissões/Notas nº 14, fls. 129 v a 130 v). Através da literatura sobre o assunto, chegou-se à listagem que continha o seu nome, a graduação de 2º Sargento, a sua situação de ferido na Batalha de Curupaiti e a de não retorno ao Brasil. Na mesma listagem, constou como ferido nesta batalha e não retornado ao Brasil o Soldado Pedro Welter. (BECKER, 1968, p. 196)




Oficiais da Guerra do Paraguai


OS VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA

No ano de 1865 foram organizados dois corpos da Guarda Nacional, compostos por moradores de Santana do Rio dos Sinos e de São Leopoldo.

O 11º Corpo Provisório de Cavalaria da Guarda Nacional de Santana do Rio dos Sinos (atualmente Capela de Santana RS) partiu para o Paraguai em 12/12/1865, a bordo do navio Galgo e era constituído de seis companhias de 18 a 20 homens, com um oficial para cada 5 homens. 

O 12º Corpo Provisório de Cavalaria de São Leopoldo, no qual estavam os Welter, embarcou para Rio Pardo em 14/10/1865, transitando por Santa Maria e atingindo São Borja em 08/03/1866. O Corpo atravessou o rio Uruguai a nado, permanecendo por alguns dias em São Tomé. Depois, marchou por terra até Corrientes, na Argentina, daí sendo transportado por via fluvial até o Passo da Pátria. (MOREIRA BENTO, 1976, p. 138)


Uniformes dos Caçadores a Cavalo - 1866 - Fonte: Biblioteca Nacional Digital

Estes dois corpos foram reorganizados e passaram a constituir em 18/07/1866 o 1º Corpo de Caçadores a Cavalo, que participou de quase todos os combates, desde a tomada do forte de Curuzu em 03/09/1866, até o último em Cerro Corá em 01/03/1870, ao final da Guerra do Paraguai. (BECKER, 1968, p. 77 a p.79 e MOREIRA BENTO, 1976, p. 138). No ano de 1866, esta brigada passou a fazer parte do 2º Corpo do Exército, sob o comando do Conde de Porto Alegre. (BECKER, 1968, p. 152).

Nota1: o 2º Corpo de Caçadores a Cavalo, que também participou da Batalha de Curupaiti, além de outras, era composto de alemães e descendentes de Pelotas. (BECKER, 1968, p. 80)


A BATALHA DE CURUZU

A Batalha de Curuzu ocorreu alguns dias antes da Batalha de Curupaiti: 

Enquanto o 1º Corpo de Exército ficou acampado em Tuiuti, o 2º Corpo de Exército, ao qual pertencia o 12º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional de São Leopoldo, sob o comando do General Manuel Marques de Souza (Barão de Porto Alegre) foi transportado pela esquadra brasileira o rio Paraguai acima, desembarcando nas proximidades do forte de Curuzu, que tinha sido tomado a 3 de setembro de 1866. Nessa operação, o Barão de Porto Alegre colocou a cavalaria de Guardas Nacionais de São Leopoldo, que formava o grosso do 1º Corpo de Caçadores a Cavalo, na ponta do ataque, onde se comportou de modo excelente. (BECKER, 1968, p. 76)


A BATALHA DE CURUPAITI

O começo desta batalha ocorreu no dia 22/09/1866, quando o Exército da Tríplice Aliança atacou a fortaleza paraguaia de Curupaiti, sendo este derrotada de forma avassaladora pelos paraguaios.

Como soe acontecer em todas as guerras, as vitórias não são consecutivas. Também surgem os reveses, e tal ocorreu na Batalha malograda de Curupaiti. Segundo Carlos Von Koseritz, esse revés deve-se ao comando infeliz do Barão de Porto Alegre. Naquela batalha, aliás, o referido militar colocou os alemães e descendentes novamente na ponta do ataque, de maneira que dessa vez o corpo de São Leopoldo, tal qual todos os demais corpos que participaram dessa operação malograda, sofreu pesadas baixas. Repelidos pelos paraguaios, aquelas forças brasileiras tiveram de recuar até a altura do forte de Curuzu, onde permaneceram por quase um ano, sofrendo constantes baixas por força de epidemias, principalmente pelo cólera morbus. (BECKER, 1968, p. 76)

Foram consideráveis as baixas sofridas pelo 2º Corpo do Exército na malograda Batalha de Curupaiti e, consequentemente, também as do 1º Corpo de Caçadores a Cavalo, que foi elogiado em várias ordens do dia. Da turma de São Leopoldo e arredores faleceram em combate os Sargentos Jacob Schilling, Carlos Hartz e o soldado Jakob Timm. Na relação dos feridos encontramos os seguintes nomes: Eduard Lamp, Jacob Calsing, Mathias Dilly, Peter Tatsch, Jakob Docknorn, Peter Rübenich (que posteriormente faleceu num hospital), 2º Sargento Karl Welter, Johann Innoque (?), Carl Innoque (?), Heinrich Petry, Emanuel Blatt, 2º Sargento Peter Schmiedinger, Jakob Maurer, Quartel-mestre Karl Schnell, Peter Quelien (?), 1º Tenente Andreas Ries, Sargento Brodt, Josef Eugen Diehl (2º Sargento), Wilhelm Ciltener (= Kiltner), Sargento Josef Sauer, Mathias Henz, Heinrich Efbareveul (= Ohlweiler), Peter Fritscher (= Fritsch), Martin Schuck (= Schuh), Johann e Peter Velter (= Welter), Christian Chaver (=Schäfer), Georg Clock (ou Kluck?), Jakob Cornelho (=? Cornelius), Herbeider (=?Heinrich, Horbach ou Horbater) e Jakob Creceder (= Kressler) de Dois Imãos, falecido mais tarde em consequência dos ferimentos recebidos na Batalha de Curupaiti. Como se vê da relação acima, os nomes alemães estão com uma grafia bastante deturpada e nem sempre é fácil descobrir a grafia certa, já que na língua alemã não existem regras ortográficas para os nomes próprios. (BECKER, 1968, p. 78 e p. 79)

Depois de seis anos de guerra, Caxias foi chamado para liderar o Exército brasileiro, o qual reorganizou as tropas e venceu as últimas batalhas, até chegar à Capital Assunção no ano de 1869. A última batalha foi liderada pelo Conde D’Eu. No ano de 1870, a guerra chega ao seu final, quando foi morto Francisco Solano Lopez na Batalha de Cerro Corá.

Dos remanescentes dos nove corpos rio-grandenses que lutaram na Guerra do Paraguai, ou seja, 10% dos que haviam inicialmente partido, foi formado o 39º Batalhão de Voluntários da Pátria, que era composto por cerca de 400 homens, dos quais mais ou menos um terço era de origem alemã, sendo recebidos entusiasticamente em Porto Alegre ao meio-dia de 28/04/1870. Os militares esperavam ansiosamente a oportunidade de pedirem a baixa do serviço militar, para se unirem aos seus familiares, mas tiveram que esperar até o dia 6 de junho, até que viesse a papelada que ainda estava no Paraguai, sendo assim possível proceder ao cálculo de seus respectivos soldos.


TRECHOS DOS DIÁRIOS DOS VETERANOS DE GUERRA REFERENTES ÀS BATALHAS DE CURUZU E CURUPAITI

Diário de Campanha do Capitão Pedro Werlang (*1836 São José do Hortêncio/+1921) – 1866


O Capitão Pedro Werlang - Fonte: Becker, 1968

Foi 1º Sargento do 6º Corpo Provisório de Cavalaria da Guarda Nacional de Rio Pardo em 04/11/1864, tornou-se 1º Tenente do final da campanha e foi condecorado com a Ordem da Rosa, no grau de Cavalheiro.

No dia 10 de agosto o Barão de Porto Alegre embarcou com o 2º exército e dirigiu-se rio Paraguai acima, desembarcando logo abaixo do forte Curuzu; nossas forças estavam protegidas pela frota. Na data imediata o 2º exército deu assalto às trincheiras de Curuzu e as tomou. A 12 de setembro veio o Governador Lopes acompanhado de parlamentares, diversos generais e um piquete e postou-se entre as linhas. Foi ele recebido pelos Generais Mitre e Flores. No local foi erigida uma barraca para nela se discutir. Durante três dias não se ouviu um só tiro, pois havia armistício. A trégua durou de 12 a 15 do mesmo mês. Neste espaço de tempo o General Mitre enviou uma divisão de infantaria argentina para reforçar o exército em Curuzu. A 16 de madrugada o 2º exército assaltou o grande forte de Curupaiti. Apesar de toda a valentia e denodo, o 2º exército foi forçado a empreender terrível retirada depois de lutar uma hora. Sofremos 4.000 baixas e mais 2.000 dos argentinos aliados. No dia 25 de setembro partiu o General Flores para assistir à sua eleição. A 17 de novembro chegou o General Marquês de Caxias, assumindo o supremo comando das tropas. (BECKER, 1968, p. 126 e p. 127)


Diário de Campanha do Capitão Jacob Franzen (*Montenegro/+16/10/1912 Montenegro) – 1866


O Capitão Jacob Franzen - Fonte: Becker, 1968

Nomeado Alferes em 14/08/1865 do 11º Corpo de Guarda Nacional, foi condecorado com a Ordem da Rosa, no grau de Cavalheiro.

Recebemos ordens para seguir para Tuiuti, o que fizemos em marcha noturna. A brigada passou a fazer parte do 2º corpo do Exército sob o comando do Conde de Porto Alegre. Dali marchamos até a fortaleza de Curuzu que foi tomada de assalto e onde perdemos cerca de 800 homens, entre mortos e feridos. A 22 de setembro tivemos de assaltar Curupaiti, onde fomos rechassados, sob as ordens do General Mitre e perdemos 3000 homens. Em seguida foi o nosso corpo incorporar-se num Corpo de Pontoneiros, no qual continuei servindo até o final da guerra. (BECKER, 1968, p. 152)


Diário de Campanha do 2º Sargento Christiano Spindler (*10/09/1846 Campo Bom/+23/11/1928 Campo Bom) – 1866


O 2º Sargento Christiano Spindler

Integrou o 12º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional.

Fomos embarcados dia 2 de setembro e desembarcados dia 3, atacamos e tomamos Curuzu. Dia 22 atacamos Curupaiti e fomos totalmente vencidos. Diariamente sofremos sob os bombardeios até que deixamos Curuzu em 4 de julho de 1867. (BECKER, 1968, p. 169)


BIBLIOGRAFIA

PETRY, Leopoldo. São Leopoldo. São Leopoldo RS: Editora Rotermund, 1964.

BECKER, Klaus. Alemães e Descendentes – do Rio Grande do Sul – na Guerra do Paraguai. Canoas RS: Editora Hilgert & Filhos Ltda., 1968.

MOREIRA BENTO, Cláudio. Estrangeiros e Descendentes na História Militar do Rio Grande do Sul – 1635 a 1870. Porto Alegre RS: Editora A Nação e Instituto Estadual do Livro, 1976.

DONATO, Hernâni. Dicionário das Batalhas Brasileiras. São Paulo SP: Ibrasa, 1996.


domingo, 14 de junho de 2015

Família Kossmann - Casas Antigas


IMIGRANTE CHRISTINE KOSSMANN E ERNST SCHMAEDECKE - RAMO GABRIEL SCHMAEDECKE E MAGDALENA CHRISTMANN


No ano de 1920, a família de José Reinaldo Schmaedecke, filho de Gabriel Schmaedecke e Magdalena Christmann, adquiriu uma propriedade na cidade de Puerto Rico, Misiones, Argentina, que atualmente pertence ao Frigorífico San Francisco S. A., tendo o pedreiro Pablo Dapper construído neste terreno a casa de moradia da família, que foi concluída em 1923.


As casas de José Reinaldo Schmaedecke na Argentina: a primeira foi construída em 1923 (no canto, à direita) e, ao lado, a segunda que foi construída em 1929 (à esquerda); estas moradas estão ligadas por uma passagem coberta - Puerto Rico, Misiones, Argentina - 20/10/2014. Foto: Celia Steffen Hillebrand


Com a chegada dos últimos filhos que nasceram na Argentina, a casa ficou pequena e José Reinaldo e a esposa Marta Paulina decidiram construir uma casa mais ampla, cuja construção também foi realizada por Pablo Dapper, que a concluiu em 1929, sendo ocupada pela família neste mesmo ano. Ambas as casas são separadas, mas estão unidas por uma passagem coberta. Atualmente, encontram-se desocupadas e seus atuais proprietários tem em mente um projeto de transformá-las num Museu Histórico.



Detalhe da casa de José Reinaldo Schmaedecke, construída em 1929 - Puerto Rico, Misiones, Argentina - 20/10/2014. Foto: Celia Steffen Hillebrand



Família Kossmann - Casas Antigas


IMIGRANTE CHRISTINE KOSSMANN E ERNST SCHMAEDECKE - RAMO GUILHERME SCHMAEDECKE E ANNA BOKORNY


Leopoldina Schmaedecke, filha de Guilherme Schmaedecke e Anna Bokorny, era casada com Friedrich Wilhelm Rauber, cuja família vivia em Santa Emília, localidade de Venâncio Aires RS. Friedrich exercia a profissão de professor na escola masculina deste distrito. A família possuía junto à vivenda um moinho acionado por roda d’água, que era administrado por Leopoldina. Nesta casa, os Rauber viveram até a mudança para a cidade de Santo Cristo RS, chamada de Boa Vista naquela época.


A casa de Leopoldina Schmaedecke e Friedrich Wilhelm Rauber, à esquerda, na localidade de Santa Emília, e o acesso ao moinho à direita, entre os anos de 1914 e 1919 - Venâncio Aires RS. Foto: Acervo de Guido Rauber


sábado, 13 de junho de 2015

Família Kossmann - Casas Antigas


IMIGRANTE MARIA ANNA KOSSMANN E ANDREAS SCHUSTER - RAMO PEDRO SCHUSTER E BARBARA WELTER


Foto dos Anos 1940 da casa que pertenceu à Catharina Schuster, filha de Pedro Schuster e Barbara Welter, casada com Jacob Schmitz, onde viveu com sua família na cidade de Pareci Novo RS. A casa passou para a filha Idalina Schmitz, minha avó, casada com Jacob Göller Sobrinho, tendo nela vivido até o seu falecimento no ano de 1970. Foto: Arquivo Pessoal

Família Kossmann - Histórias


DESCENDENTES DE CHRISTINE KOSSMANN E ERNST SCHMAEDECKE EM PUERTO RICO, MISIONES, ARGENTINA – RAMO GUILHERME KOSSMANN E ANNA BOKORNY


O autor da pesquisa é o Dr. Guido Rauber, bisneto de Guilherme Kossmann e Anna Bokorny, trineto dos imigrantes Christine Kossmann e Ernst Schmaedecke e tataraneto dos genearcas Johann Peter Kossmann e Genoveva Rosbch.

Seus avós, Leopoldina Schmaedecke e Friedrich Wilhelm Rauber, nos primeiros anos de matrimônio, realizado em 07/07/1891 em Alto Feliz RS, viveram na cidade gaúcha de Bom Princípio. Posteriormente, a família residiu em Santa Emília, distrito de Venâncio Aires e, mais tarde, na cidade de Santo Cristo. No ano de 1920, a família radicou-se definitivamente em Puerto Rico, Misiones, Argentina.


O casal Leopoldina Schmaedecke e Friedrich Wilhelm Rauber - Foto: Acervo de Guido Rauber


O Dr. Guido Rauber, inicia o seu relato a partir da origem e história dos Herzog, sobrenome de sua mãe Ella Herzog, prosseguindo com a chegada destes imigrantes ao departamento de Misiones, Argentina. Após, o autor faz esta mesma análise com relação ao sobrenome Rauber, transmitido por seu pai José Alexius Rauber. Na segunda parte, o autor relata o histórico de seus avós Friedrich Wilhelm Rauber e Leopoldina Schmaedecke, reportando-se também às suas origens na Alemanha. Por fim, encerra o estudo resgatando a sua história, a de seus pais e de seus irmãos, dentro do Brasil e da pátria Argentina. Trata-se de um ótimo trabalho de genealogia e história, que nos revela detalhes até então desconhecidos deste ramo da Família Kossmann, sendo-nos permitida a sua divulgação no texto original.


O casal José Alexius Rauber e Ella Herzog - 1927. Foto: Acervo de Guido Rauber

Los Herzog – Rauber en Puerto Rico - Misiones
Autor: Guido Rauber
Link:




Família Kossmann - Histórias


DESCENDENTES DE CHRISTINE KOSSMANN E ERNST SCHMAEDECKE EM PUERTO RICO, MISIONES, ARGENTINA – RAMO GABRIEL SCHMAEDECKE E MAGDALENA CHRISTMANN


Ana Wilma Schmaedecke, viúva de Eugênio Scherf - Puerto Rico, Misiones, Argentina - 12/03/2014


Ana Wilma Schmaedecke concedeu uma entrevista em 12/03/2014 à imprensa local, com relação a uma reportagem sobre a história da Elaboradora de Vinos - Bodega, de Sebastián Arnoldo Groth, em Puerto Rico, cujo trecho a seguir foi destacado:

“Ana Wilma SCHMÄDECKE, hija de José Reinaldo SCHMÄDECKE y de Marta Paulina LENZ, nacida en Brasil en 1920, llega a PUERTO RICO con 3 meses de vida ese mismo año. Luego casada con Eugenio SCHERF con quien tuvo 10 hijos, actualmente viuda; en relación a la Elaboradora de Vinos – Bodega, de Sebastián Arnoldo GROTH, nos relataba que conocía la mencionada elaboradora de vinos por haber vivido sus padres, calle por medio, frente a la propiedad del Sr. GROTH, y que en razón de ello puede confirmar una serie de datos del emprendimiento vitivinícola de GROTH- Los restos de José Reinaldo SCHMÄDECKE, fallecido en Puerto Rico y los de Marta Paulina LENZ, nacida el 14.11.1896 y fallecida el 04.03.1927 descansan hoy en el Cementerio de Puerto Rico. Parte de ésta HISTORIA INEDITA se basa en datos proporcionados por la Viuda de SCHERF”.

Ana Wilma Schmaedecke, hoje com 94 anos de idade, é filha de José Reinaldo Schmaedecke e Marta Paulina Lenz, neta de Guilherme Schmaedecke e Magdalena Christmann, bisneta de Christine Kossmann e Ernst Schmaedecke.

A história de seu pai José Reinaldo Schmaedecke, em breves linhas, nos foi enviada pelo primo Dr. Guido Rauber: “José Reinoldo SCHMÄDECKE y su esposa Marta Paulina LENZ llegaron a Puerto Rico desde Cerro Azul, Brasil, con dos hijos nacidos en ese país: Jose Silvino y Ana Wilma (nacida el 14.06.1920). Del matrimonio Schmädecke/Lenz nacen en Puerto Rico dos hijos argentinos: Avelino e Irene Schmädecke”.

Depois da viuvez, José Reinaldo casou-se novamente em 1940 com uma viúva brasileira, que tinha dois filhos de seu primeiro casamento. Deste segundo matrimônio, o casal teve dois filhos.




quinta-feira, 11 de junho de 2015

Família Kossmann - Militares


OS DESCENDENTES KOSSMANN NA GUERRA DO PARAGUAI


A GUERRA DO PARAGUAI

A Guerra do Paraguai, o mais longo conflito armado da América do Sul, teve início na data de 13/12/1864, quando o ditador paraguaio Solano López declarou guerra contra o Brasil. O conflito envolveu a chamada Tríplice Aliança, formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai, que lutou contra aquele país, terminando somente com a morte de Solano López em 01/03/1870.


A Batalha do Avaí (Detalhe) - Autor: Pedro Américo - Museu Nacional de Belas Artes

Há controvérsias em torno dos motivos que desencadearam esta guerra. Uma das razões seriam os planos de conquista do território brasileiro por parte do ditador paraguaio. Além disso, o Paraguai havia se manifestado contrário à invasão brasileira no Uruguai, e teria se antecipado a uma possível invasão do Império brasileiro em seu próprio território. Solano López apostava que o conflito não se estenderia por muito tempo, mas aconteceu o inverso. A guerra trouxe prejuízos ao próprio país, com a perda da maior parte de sua população, além das desastrosas consequências econômicas, sociais e políticas, que se refletem até a atualidade.


Oficiais Brasileiros na Guerra do Paraguai

Na Guerra do Paraguai houve diversas batalhas, dentre as quais a Batalha de Curupaiti, da qual participou Peter Schmaedecke (*18/04/1842 São Leopoldo RS), filho de Christine Kossmann e Ernst Schmaedecke, como 2º Sargento no 2º Corpo do Exército, comandado pelo Conde de Porto Alegre, o General Manuel Marques de Souza. Ao 2º Corpo do Exército haviam sido incorporados o 11º Corpo Provisório de Cavalaria da Guarda Nacional de Santana do Rio dos Sinos (atual Capela de Santana RS), que era formado por moradores desta povoação, assim como o 12º Corpo Provisório de Cavalaria da Guarda Nacional de São Leopoldo, composto por moradores desta colônia, que faziam parte das unidades paramilitares chamadas de Voluntários da Pátria, e que se destinavam a reforçar os efetivos das forças militares do Exército Brasileiro.


Distintivo de Voluntário da Pátria usado no braço esquerdo do uniforme - Fonte: Wikipedia


A BATALHA DE CURUPAITI


A Batalha de Curupaiti ocorreu no dia 22/09/1866. O ataque combinou a investida da esquadra comandada pelo Vice-Almirante Joaquim Marques Lisboa e a infantaria do 2º Corpo do Exército, sob o comando do General Guilherme Xavier de Souza, além do reforço das tropas aliadas argentinas. Estas forças foram rechaçadas com sucesso pelas tropas inimigas paraguaias. A derrota vitimou 412 militares brasileiros, além de resultar em 1.589 feridos e 10 desaparecidos. Dentre os feridos, estava o jovem Peter Schmaedecke, com a idade de 24 anos. Na relação de participantes da guerra, não consta a informação de que ele tenha retornado da mesma. (BECKER, 1968, p. 193)



Trincheira de Curupaiti - Autor: Cándido López

Escreveu Klaus Becker:

Como soe acontecer em todas as guerras, as vitórias não são consecutivas. Também surgem os reveses, e tal ocorreu na Batalha malograda de Curupaiti. Segundo Carlos Von Koseritz, esse revés deve-se ao comando infeliz do Barão de Porto Alegre. Naquela batalha, aliás, o referido militar colocou os alemães e descendentes novamente na ponta do ataque, de maneira que dessa vez o corpo de São Leopoldo, tal qual todos os demais corpos que participaram dessa operação malograda, sofreu pesadas baixas. Repelidos pelos paraguaios, aquelas forças brasileiras tiveram de recuar até a altura do forte de Curuzu, onde permaneceram por quase um ano, sofrendo constantes baixas por força de epidemias, principalmente pelo cólera morbus. (BECKER, 1968, p. 76)

Foram consideráveis as baixas sofridas pelo 2º Corpo do Exército na malograda Batalha de Curupaiti e, consequentemente, também as do 1º Corpo de Caçadores a Cavalo, que foi elogiado em várias ordens do dia. Da turma de São Leopoldo e arredores faleceram em combate os Sargentos Jacob Schilling, Carlos Hartz e o soldado Jakob Timm. Na relação dos feridos encontramos os seguintes nomes: Eduard Lamp, Jacob Calsing, Mathias Dilly, Peter Tatsch, Jakob Docknorn, Peter Rübenich (que posteriormente faleceu num hospital), 2º Sargento Karl Welter, Johann Innoque (?), Carl Innoque (?), Heinrich Petry, Emanuel Blatt, 2º Sargento Peter Schmiedinger, Jakob Maurer, Quartel-mestre Karl Schnell, Peter Quelien (?), 1º Tenente Andreas Ries, Sargento Brodt, Josef Eugen Diehl (2º Sargento), Wilhelm Ciltener (= Kiltner), Sargento Josef Sauer, Mathias Henz, Heinrich Efbareveul (= Ohlweiler), Peter Fritscher (= Fritsch), Martin Schuck (= Schuh), Johann e Peter Velter (= Welter), Christian Chaver (=Schäfer), Georg Clock (ou Kluck?), Jakob Cornelho (=? Cornelius), Herbeider (=?Heinrich, Horbach ou Horbater) e Jakob Creceder (= Kressler) de Dois Imãos, falecido mais tarde em consequência dos ferimentos recebidos na Batalha de Curupaiti. Como se vê da relação acima, os nomes alemães estão com uma grafia bastante deturpada e nem sempre é fácil descobrir a grafia certa, já que na língua alemã não existem regras ortográficas para os nomes próprios. (BECKER, 1968, p. 78 e p. 79)


Nota: O sobrenome Schmaedecke aparece como Schmiedinger.


Depois de seis anos de guerra, Caxias foi chamado para liderar o Exército Brasileiro, o qual reorganizou as tropas e venceu as últimas batalhas, até chegar à Capital Assunção no ano de 1869. A última batalha foi liderada pelo Conde D’Eu. No ano de 1870, a guerra chega ao seu final, quando foi morto Francisco Solano Lopez na Batalha de Cerro Corá.

Dos remanescentes dos nove corpos rio-grandenses que lutaram na Guerra do Paraguai, ou seja, 10% dos que haviam inicialmente partido, foi formado o 39º Batalhão de Voluntários da Pátria, que era composto por cerca de 400 homens, dos quais mais ou menos um terço era de origem alemã, sendo recebidos entusiasticamente em Porto Alegre ao meio-dia de 28/04/1870. Os militares esperavam ansiosamente a oportunidade de pedirem a baixa do serviço militar, para se unirem aos seus familiares, mas tiveram que esperar até o dia 6 de junho, até que viesse a papelada que ainda estava no Paraguai, sendo assim possível proceder ao cálculo de seus respectivos soldos.


DESERÇÃO

O ofício do Tenente-Coronel Antonio José da Rocha Junior, Comandante do 12º Corpo de Cavalaria de Guardas Nacionais, datado de 19/02/1866, o qual foi expedido do “Acampamento em marcha no Paço do Umbú”, contém a relação de 104 nomes dos Praças deste Corpo, que desertaram desde 02/07/1865 até 31/01/1866. Nela encontramos o nome de Ernesto Schuster (*1844 Dois Irmãos RS/+30/11/1931 Harmonia RS), com 22 anos de idade, filho de Maria Anna Kossmann e Andreas Schuster. A deserção seguramente possibilitou ao jovem Ernesto, casado há poucos meses, obter uma numerosa descendência. O documento se encontra no Arquivo Histórico do Estado do Rio Grande do Sul. (BECKER, 1968, p. 179)


BIBLIOGRAFIA

PETRY, Leopoldo. São Leopoldo. São Leopoldo RS: Editora Rotermund, 1964.

BECKER, Klaus. Alemães e Descendentes – do Rio Grande do Sul – na Guerra do Paraguai. Canoas RS: Editora Hilgert & Filhos Ltda., 1968.

MOREIRA BENTO, Cláudio. Estrangeiros e Descendentes na História Militar do Rio Grande do Sul – 1635 a 1870. Porto Alegre RS: Editora A Nação e Instituto Estadual do Livro, 1976.

DONATO, Hernâni. Dicionário das Batalhas Brasileiras. São Paulo SP: Ibrasa, 1996.